sábado, 6 de dezembro de 2014

PRIMEIRO SÁBADO DE DEZEMBRO


Mensagem de Nossa Senhora à Irmã Lúcia, vidente de Fátima: 
                                                                                                                           (Pontevedra / Espanha)

‘Olha, Minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todo o momento Me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que a todos aqueles que durante cinco meses seguidos, no primeiro sábado, se confessarem*, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes à hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação.’
* Com base em aparições posteriores, esclareceu-se que a confissão poderia não se realizar no sábado propriamente dito, mas antes, desde que feita com a intenção explícita (interiormente) de se fazê-la para fins de reparação às blasfêmias cometidas contra o Imaculado Coração de Maria no primeiro sábado seguinte.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

SANTOS E MÁRTIRES (IV)

(Mártires nas Catacumbas, Jules Lenepveu, 1855)

Durante o reinado de Marco Aurélio, um grande número dos que professavam a fé em Cristo sofreu crudelíssimos tormentos e castigos. Entre eles estava Policarpo, o digno bispo de Esmirna. Sobre o seu fim e martírio julguei que seria útil legar para a história aquilo que Eusébio declara ter sido extraído de uma certa carta escrita pelos membros da sua própria igreja (de Policarpo) para todos os irmãos espalhados pelo mundo. 

"Três dias antes de ser preso, enquanto estava orando à noite, ele adormeceu e viu num sonho o seu travesseiro incendiar-se e logo consumir-se no fogo. Acordando em seguida, imediatamente relatou a visão aos circunstantes e profetizou que ele seria queimado vivo por amor de Cristo. Quando as pessoas que andavam à sua procura fecharam-lhe o cerco, ele foi induzido, por amor dos irmãos, a retirar-se para outra aldeia. Para lá, porém, logo foram os perseguidores em seu encalço. E tendo apanhado dois rapazes que moravam na vizinhança, açoitaram um deles até que este os conduziu ao retiro de Policarpo. 

Os perseguidores, tendo chegado tarde da noite, descobriram que ele já fora para a cama no alto da casa. Dali, se quisesse, ele poderia ter fugido para o interior de outra casa. Mas recusou-se, dizendo: 'Seja feita a vontade do Senhor'. Ao saber que os perseguidores haviam chegado, desceu e dirigiu- lhes a palavra com semblante alegre e agradável, de modo que eles, que nunca o haviam visto, ficaram maravilhados contemplando a sua venerável idade e gravidade e perguntavam-se por que deveriam se preocupar tanto com a captura de um homem tão velho. 

Ele imediatamente ordenou que uma mesa fosse posta, exortou-os a comer com apetite e pediu que lhe concedessem uma hora para orar sem ser molestado. Tão repleto estava ele da graça de Deus que os circunstantes ficaram assombrados ao ouvir-lhe as orações e muitos lamentaram que um homem tão venerável e piedoso devesse ser levado à morte. Depois de terminar as orações, nas quais fez menção de todas as pessoas com quem entrara em contato na vida, pequenas e grandes, nobres e comuns, e de toda a Igreja Católica disseminada pelo mundo. Chegada a hora de partir, eles o puseram sobre um jumento e o trouxeramn para a cidade. 

Lá Policarpo encontrou-se com o irenarca Herodes e seu pai Nicetes, que, fazendo-o subir para a Sua carruagem, puseram-se a exortá-lo dizendo: 'Que mal há em dizer: Senhor César e em oferecer sacrifícios e assim salvar a própria vida?' De início ele ficou em silêncio. Porém, ao ser forçado a falar, disse: 'Não agirei de acordo com os seus conselhos'. Quando perceberam que ele não se deixava convencer, dirigiram-lhe palavras grosseiras e logo o empurraram para fora da carruagem de modo que, ao descer, ele machucou a perna. Todavia, imperturbável como se nada estivesse sofrendo, foi em frente exultante, escoltado pelos guardas, até o estádio. 

Lá, em meio a um ruído tão forte que poucos conseguiam ouvir alguma coisa, uma voz veio do céu dizendo: 'Sê forte, Policarpo, e comporta-te como um homem'. Ninguém viu quem falou, mas muitos ouviram a voz. Quando ele foi trazido ao tribunal, houve um grande tumulto no instante em que a multidão percebeu que Policarpo estava preso. O procônsul perguntou-lhe se ele era Policarpo. Ao ouvir a confirmação, ele o aconselhou a negar a Cristo, dizendo-lhe: 'Olhe para si mesmo e tenha pena de sua idade avançada'. E acrescentou muitas outras frases que eles costumam dizer, tais como 'Jure pela fortuna de César', 'Arrependa-se' e 'Diga: Abaixo os ateus'.

Então Policarpo, com aspecto grave, contemplando toda a multidão no estádio e acenando-lhe com a mão, emitiu um profundo suspiro e, erguendo os olhos para o céu, disse: 'Removam-se os ateus'. Então, o procônsul insistiu com ele dizendo: 'Jure, e eu o colocarei em liberdade; renegue a Cristo'. Respondeu Policarpo: 'Há oitenta e seis anos eu O sirvo, e Ele nunca me faltou. Como então blasfemarei meu Rei, que me salvou?' O procônsul novamente insistiu: 'Jure pela fortuna de César'. Respondeu Policarpo: 'Uma vez que sempre em vão o senhor se esforça para me fazer jurar pela fortuna de César, como o senhor diz, fingindo ignorar o meu verdadeiro caráter, ouça-me declarar com franqueza o que sou. Eu sou um cristão, e se deseja aprender a doutrina cristã, marque um dia, e então poderá me ouvir'. 

Ouvindo isso, disse o procônsul: 'Tenho feras selvagens. Se não se arrepender, eu  entregarei a elas'. 'Mande trazê-las — replicou Policarpo — pois para nós o arrependimento é uma atitude ruim quando significa mudar do melhor para o pior, mas é uma atitude boa quando significa uma mudança do mal para o bem. 'Se não se arrepender, domarei você com fogo' — disse o procônsul — urna vez que despreza as feras selvagens. Então disse Policarpo: 'O senhor me ameaça com um fogo que queima durante uma hora e logo se apaga. Mas o fogo do julgamento futuro e do castigo eterno reservado para os ímpios, esse o senhor ignora. Mas por que está se delongando? Faça tudo o que lhe agradar. O procônsul mandou o arauto proclamar três vezes no meio do estádio: 'Policarpo confessou que é cristão'. Mal essas palavras foram proferidas, toda a multidão, tanto gentios quanto judeus que moravam em Esmirna, com fúria violenta se pôs a gritar: 'Este é o doutor da Ásia, o pai dos cristãos e o destruidor dos nossos deuses, que ensinou muitos a não oferecer sacrifícios e a não adorar'. 

A esta altura pediam ao asiarca Filipe para que soltasse um leão contra Policarpo. Mas ele recusou-se, alegando que havia encerrado o seu espetáculo. Então puseram-se a gritar em uníssono que ele deveria ser queimado vivo. Pois sua visão precisava se cumprir — a visão que ele tivera quando estava orando e viu o seu travesseiro incendiar-se. O povo imediatamente apanhou lenha e outros materiais secos nas oficinas e nos banhos. Nesse serviço os judeus, com a sua costumeira maldade, sentiram-se particularmente dispostos a ajudar. 

Quando quiseram amarrá-lo na fogueira, disse Policarpo: 'Deixem-me como estou. Não é preciso prender-me com pregos, pois aquele que me dá forças para suportar o fogo também me fará permanecer na fogueira sem eu querer fugir'. Assim, ele foi amarrado mas não pregado. Disse ele então: 'Ó Pai, eu te bendigo por me teres considerado digno de receber o meu prêmio entre os mártires'. Assim que ele proferiu a palavra 'Amém', os oficiais acenderam o fogo. 

A chama, formando uma espécie de arco semelhante à vela enfunada de um barco, envolveu feito um muro o corpo do mártir que estava no meio do fogo, não como carne queimando mas sim como ouro e prata sendo purificados na fornalha. Recebemos em nossas narinas um aroma semelhante ao que se evola do incenso ou de alguns outros perfumes preciosos. Finalmente, o povo maldoso, ao perceber que o seu corpo não poderia ser consumido pelo fogo, mandou que o carrasco se aproximasse e nele enterrasse a espada. Imediatamente, urna quantidade tão grande de sangue jorrou que o fogo se extinguiu. 

Mas o invejoso, maligno e despeitado inimigo do justo procurou um jeito de nos impedir de recolher o pobre corpo. De fato, algumas pessoas sugeriram a Nicetes para procurar o procônsul e pedir-lhe que não entregasse o corpo aos cristãos: 'Para evitar' — disseram eles — 'que, abandonando o crucificado, eles passem a adorar a esse'. Isso disseram depois de ouvir as sugestões e argumentos dos judeus, que também nos vigiaram quando queríamos retirar o corpo da fogueira. O centurião, percebendo a malevolência dos judeus, fez colocar o corpo no meio do fogo e queimá-lo. Recolhemos em seguida os seus ossos — mais preciosos que ouro e jóias — e os depositamos num lugar adequado". 

(Excertos da obra 'O Livro dos Mártires', de John Foxe, tradução de Almiro Pisetta)

PORQUE HOJE É A PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS


A Grande Revelação do Sagrado Coração de Jesus foi feita a Santa Margarida Maria Alacoque durante a oitava da festa de Corpus Christi  de 1675...

         “Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar seu amor. Como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelas suas irreverências, sacrilégios, e pela tibieza e desprezo que têm para comigo na Eucaristia. Entretanto, o que Me é mais sensível é que há corações consagrados que agem assim. Por isto te peço que a primeira sexta-feira após a oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa particular para  honrar Meu Coração, comungando neste dia, e O reparando pelos insultos que recebeu durante o tempo em que foi exposto sobre os altares ... Prometo-te que Meu Coração se dilatará para derramar os influxos de Seu amor divino sobre aqueles que Lhe prestarem esta honra”.


... e as doze Promessas:
  1. A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de meu Sagrado Coração.
  2. Eu darei aos devotos do meu Coração todas as graças necessárias a seu estado.
  3. Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias.
  4. Eu os consolarei em todas as suas aflições.
  5. Serei seu refúgio seguro na vida, e principalmente na hora da morte.
  6. Lançarei bênçãos abundantes sobre todos os seus trabalhos e empreendimentos.
  7. Os pecadores encontrarão em meu Coração fonte inesgotável de misericórdias.
  8. As almas tíbias se tornarão fervorosas pela prática dessa devoção.
  9. As almas fervorosas subirão em pouco tempo a uma alta perfeição.
  10. Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais empedernidos.
  11. As pessoas que propagarem esta devoção terão os seus nomes inscritos para sempre no meu Coração.
  12. A todos os que comungarem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna.

    ATO DE DESAGRAVO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS 
    (rezai-o sempre, particularmente nas primeiras sextas-feiras de cada mês)

Dulcíssimo Jesus, cuja infinita caridade para com os homens é deles tão ingratamente correspondida com esquecimentos, friezas e desprezos, eis-nos aqui prostrados, diante do vosso altar, para vos desagravarmos, com especiais homenagens, da insensibilidade tão insensata e das nefandas injúrias com que é de toda parte alvejado o vosso dulcíssimo Coração.

Reconhecendo, porém, com a mais profunda dor, que também nós, mais de uma vez, cometemos as mesmas indignidades, para nós, em primeiro lugar, imploramos a vossa misericórdia, prontos a expiar não só as nossas próprias culpas, senão também as daqueles que, errando longe do caminho da salvação, ou se obstinam na sua infidelidade, não vos querendo como pastor e guia, ou, conspurcando as promessas do batismo, renegam o jugo suave da vossa santa Lei.

De todos estes tão deploráveis crimes, Senhor, queremos nós hoje desagravar-vos, mas particularmente das licenças dos costumes e imodéstias do vestido, de tantos laços de corrupção armados à inocência, da violação dos dias santificados, das execrandas blasfêmias contra vós e vossos santos, dos insultos ao vosso vigário e a todo o vosso clero, do desprezo e das horrendas e sacrílegas profanações do Sacramento do divino Amor, e enfim, dos atentados e rebeldias oficiais das nações contra os direitos e o magistério da vossa Igreja.

Oh, se pudéssemos lavar com o próprio sangue tantas iniquidades! Entretanto, para reparar a honra divina ultrajada, vos oferecemos, juntamente com os merecimentos da Virgem Mãe, de todos os santos e almas piedosas, aquela infinita satisfação que vós oferecestes ao Eterno Pai sobre a cruz, e que não cessais de renovar todos os dias sobre os nossos altares.

Ajudai-nos, Senhor, com o auxílio da vossa graça, para que possamos, como é nosso firme propósito, com a viveza da fé, com a pureza dos costumes, com a fiel observância da lei e caridade evangélicas, reparar todos os pecados cometidos por nós e por nossos próximos, impedir, por todos os meios, novas injúrias à vossa divina Majestade e atrair ao vosso serviço o maior número possível de almas.

Recebei, ó Jesus de Infinito Amor, pelas mãos de Maria Santíssima Reparadora, a espontânea homenagem deste nosso desagravo, e concedei-nos a grande graça de perseverarmos constantes até a morte no fiel cumprimento dos nossos deveres e no vosso santo serviço, para que possamos chegar todos à Pátria bem-aventurada, onde vós, com o Pai e o Espírito Santo, viveis e reinais, Deus, por todos os séculos dos séculos. Amém.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

LITURGIA DAS HORAS

A Liturgia das Horas ou Ofício Divino é o conjunto das orações realizadas ao longo de todo o dia. Os textos correspondentes a estas orações constam de um livro chamado Breviário e compreendem sete horas canônicas: Ofício das Leituras, Laudes, Terça, Sexta, Nona, Vésperas e Completas. O Breviário em português é composto por 4 volumes, na seguinte ordem: Advento e Natal; Quaresma e Páscoa; Primeira Parte do Tempo Comum e Segunda Parte do Tempo Comum.

Ofício das Leituras é a oração que pode ser rezada em horário livre, de dia ou de noite e comporta leituras espirituais diversas (bíblicas, Padres da Igreja, vida dos santos). Laudes e Vésperas são as orações da manhã e da tarde, respectivamente, constituindo as orações mais importantes do Ofício, a primeira consagrando o dia ao Senhor e a segunda, agradecendo o trabalho do dia. As chamadas Horas Médias (Terça, Sexta e Nona) são as orações intermediárias que compõem a continuidade e a sequência de toda a liturgia orante. Finalmente, as Completas fecham o ciclo diário das orações, constituindo a oração mais curta, de agradecimento pelo dia, e de súplica, por uma noite tranquila e uma morte santa.

A Liturgia das Horas apresenta algumas variações de acordo com a natureza da mesma, mas a estrutura geral é similar a todas. Esta estrutura é explicada, a título de exemplo, para a hora das Completas, correspondente ao dia de ontem - 03/12 (textos em itálico):

(i) Invocação: constituída por um pequeno versículo (durante o qual se faz o Sinal da Cruz), seguido do Glória ao Pai (durante o qual se faz uma reverência profunda) e Aleluia (que deve ser omitido durante o tempo da Quaresma).

V. Vinde, ó Deus, em meu auxílio. 
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. 
Como era no princípio, agora e sempre. Amém. Aleluia!

(Recomenda-se fazer, neste momento, um pequeno exame de consciência e recitar um Ato Penitencial).

(ii) Hino: pequena composição poética e não bíblica, associada diretamente ao ofício que se celebra; a última estrofe é uma doxologia, em que se dá glória à Santíssima Trindade (durante a qual também se faz uma reverência profunda).

Agora que o clarão da luz se apaga, 
a vós nós imploramos, Criador: 
com vossa paternal misericórdia, 
guardai-nos sob a luz do vosso amor. 

Os nossos corações sonhem convosco: 
no sono, possam eles vos sentir. 
Cantemos novamente a vossa glória 
ao brilho da manhã que vai surgir. 

Saúde concedei-nos nesta vida, 
as nossas energias renovai; 
da noite a pavorosa escuridão 
com vossa claridade iluminai. 

Ó Pai, prestai ouvido às nossas preces, 
ouvi-nos por Jesus, nosso Senhor, 
que reina para sempre em vossa glória, 
convosco e o Espírito de Amor.

(iii) Salmodia: parte principal da liturgia constituída pelas orações proferidas por Jesus ao Pai; é composta por uma antífona, salmos, Glória ao Pai (nem sempre presente) e novamente a antífona. Nas completas, tem-se apenas um salmo ou dois salmos curtos. Em Laudes, são dois salmos, intercalados por um cântico do antigo testamento e, em Vésperas, são dois salmos, seguidos por um cântico do novo testamento. No ofício das leituras e nas horas médias, são três salmos.

Ant.1  Ó Senhor, sede a minha proteção, 
um abrigo bem seguro que me salva!

Salmo 30(31), 2-6

Súplica confiante do aflito 

Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito! (Lc 23,46).

2 Senhor, eu ponho em vós minha esperança; * 
que eu não fique envergonhado eternamente! 
= Porque sois justo, defendei-me e libertai-me, † 
3 inclinai o vosso ouvido para mim; *
apressai-vos, ó Senhor, em socorrer-me! 

– Sede uma rocha protetora para mim, * 
um abrigo bem seguro que me salve! 
4 Sim, sois vós a minha rocha e fortaleza; * 
por vossa honra orientai-me e conduzi-me! 
5 Retirai-me desta rede traiçoeira, *
porque sois o meu refúgio protetor!

6 Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito* 
porque vós me salvareis, ó Deus fiel!

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant.1 Ó Senhor, sede a minha proteção, 
um abrigo bem seguro que me salva!


Ant.2  Das profundezas eu clamo a vós, Senhor!†

Salmo 129 (130) 

Das profundezas eu clamo

Ele vai salvar o seu povo dos seus pecados (Mt 1,21).

1 Das profundezas eu clamo a vós, Senhor, * 
2  escutai a minha voz! 
– Vossos ouvidos estejam bem atentos * 
ao clamor da minha prece! 

3 Se levardes em conta nossas faltas, *
quem haverá de subsistir? 
4 Mas em vós se encontra o perdão, *
eu vos temo e em vós espero. 

5 No Senhor ponho a minha esperança, *
espero em sua palavra. 
6 A minh’alma espera no Senhor * 
mais que o vigia pela aurora. 

7 Espere Israel pelo Senhor * 
mais que o vigia pela aurora! 
– Pois no Senhor se encontra toda graça * 
e copiosa redenção. 

8 Ele vem libertar a Israel *
de toda a sua culpa.

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. * 
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant.2  Das profundezas eu clamo a vós, Senhor!

(iv) Leitura Breve: pequena leitura do texto bíblico sem qualquer introdução ou conclusão.

Leitura Breve (Ef 4,26-27)

Não pequeis. Que o sol não se ponha sobre o vosso ressentimento. Não vos exponhais ao diabo.

(v) Responsório Breve: conforme modelo padrão do Breviário (um pequeno versículo nos casos do ofício das leituras e das horas médias). 

Responsório breve

V. Senhor, em vossas mãos 
* Eu entrego o meu espírito. R.Senhor. 
V. Vós sois o Deus fiel, que salvastes vosso povo. 
* Eu entrego. Glória ao Pai. R.Senhor. 


(vi) Cântico Evangélico: modelo conforme as horas (o Cântico de Simeão - Nunc Dimitis - para as Completas,  o Magnificat para as Vésperas  e o Benedictus, cântico de Zacarias, para as Laudes). O cântico apresenta também antífona e Glória ao Pai e, às primeiras palavras, deve ser feito o Sinal da Cruz (no caso do Ofício das Leituras, os cânticos são substituídos por leituras e responsórios longos). Em outras horas, seguem orações específicas por intenções da Santa Igreja.

Cântico Evangélico

Ant. Salvai-nos, Senhor, quando velamos, 
guardai-nos também quando dormimos! 
Nossa mente vigie com o Cristo, 
nosso corpo repouse em sua paz! 

Cântico de Simeão (Lc 2,29-32) 

Cristo, luz das nações e glória de seu povo 
29 Deixai, agora, vosso servo ir em paz, * 
conforme prometestes, ó Senhor. 

30 Pois meus olhos viram vossa salvação * 
31 que preparastes ante a face das nações: 

32 uma Luz que brilhará para os gentios * 
e para a glória de Israel, o vosso povo.

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. Salvai-nos, Senhor, quando velamos,
guardai-nos também quando dormimos!
Nossa mente vigie com o Cristo,
nosso corpo repouse em sua paz!

(vii) Oração: oração e bênção final da hora, conforme modelos do Breviário.No caso das Completas, segue-se à oração uma antífona a Nossa Senhora.

Oração

Senhor Jesus Cristo, manso e humilde de coração, que tornais leve o fardo e suave o jugo dos que vos seguem, acolhei os propósitos e trabalhos deste dia e concedei-nos um repouso tranquilo, para amanhã vos servirmos com maior generosidade. Vós, que viveis e reinais para sempre. Amém.

O Senhor todo-poderoso nos conceda uma noite tranquila
e, no fim da vida, uma morte santa.
R. Amém.

Antífona Final de Nossa Senhora

Ó Mãe do Redentor, do céu ó porta,
ao povo que caiu, socorre e exorta,
pois busca levantar-se, Virgem pura,
nascendo o Criador da criatura:
tem piedade de nós e ouve, suave,
o anjo te saudando com seu Ave!

A liturgia das horas pode ser acompanhada diariamente (para o horário do dia correspondente ao acesso) no site Liturgia das Horas.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

03 DE DEZEMBRO - SÃO FRANCISCO XAVIER


Francisco nasceu no castelo de Xavier, em Navarra, na Espanha, a 7 de abril de 1506. Aos dezoito anos foi para Paris estudar, tornando-se doutor e professor. Ao conhecer Santo Inácio de Loyola, sua conversão profunda o levou a ser cofundador da Companhia de Jesus. Tornando-se sacerdote e empenhado no caminho da santidade, São Francisco Xavier (na verdade, de Xavier) foi designado por Santo Inácio a ir em missão apostólica para o Oriente, para atender o pedido feito pelo Rei João III de Portugal.

Francisco Xavier tinha 35 anos quando cruzou o oceano para evangelizar os domínios portugueses de ultramar. Nesta missão, chegou à cidade de Goa, capital das possessões portuguesas no Oriente, em 6 de maio de 1542. E ali realizou proezas de evangelização, levando as primícias da fé cristã até ao extremo sul da Índia. Neste zelo apostólico, cruzou oceanos e milhas em condições de risco extremo, perfazendo, em pouco mais de um década, uma das mais extraordinárias ações missionárias da história da Igreja. Pregou a palavra de Cristo em inúmeras incursões a áreas remotas e a diferentes povos das possessões portuguesas, da Índia, das ilhas de Málaca, das Molucas e de várias ilhas vizinhas, chegando até o Japão e, mais tarde, às costas da China, onde veio a falecer, de febre e exaustão, em 3 de dezembro de 1552, aos 46 anos.

O grande Apóstolo do Oriente realizou naquelas regiões milagres portentosos, que incluem vários episódios de ressurreições e feitos espantosos. Seu corpo incorrupto foi exposto em Goa um ano depois de sua morte e seus olhos negros se mantinham como se estivessem vivos, com um olhar penetrante. Mesmo agora, séculos depois, seu corpo incorrupto ainda pode ser visto em Goa. Foi canonizado pelo papa Gregório XV em 12 de março de 1622, junto com Santo Inácio, Santa Teresa de Jesus, São Felipe Neri e Santo Isidoro de Madri. São Francisco Xavier é proclamado pela Igreja como Patrono Universal das Missões, ao lado de Santa Teresinha do Menino Jesus.

(túmulo do santo na Basílica do Bom Jesus em Goa) 

São Francisco Xavier, rogai por nós!

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

HOMILIAS DE SÃO JOÃO CRISÓSTOMO


'Que devo fazer para alcançar a vida eterna?' 

Não era um interesse medíocre o deste jovem; ele manifesta-se como um apaixonado. Enquanto os outros homens de aproximavam de Cristo para o por à prova ou para lhe falar das suas doenças, das dos seus parentes ou ainda de outras pessoas, ele aproxima-se para conversar acerca da vida eterna. O terreno era rico e fértil, mas estava cheio de espinhos prontos a abafar as sementes (Mt 13,7). Vê como ele está realmente disposto a obedecer aos mandamentos: 'Que devo fazer para ter como herança a vida eterna?'... Nunca nenhum fariseu manifestou tais sentimentos; pelo contrário, eles estavam furiosos por serem reduzidos ao silêncio. O nosso jovem, quanto a ele, partiu com os olhos baixos de tristeza, sinal bem claro de que não tinha vindo com más intenções. Somente, ele era demasiado fraco; tinha o desejo da Vida mas retinha-o uma paixão muito difícil de ultrapassar...

'Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, distribui o dinheiro aos pobres e terás um tesouro nos céus; depois, vem e segue-me'... Ao ouvir estas palavras, o jovem afastou-se pesaroso. O evangelista explica qual é a causa daquela tristeza: é porque ele 'tinha muitos bens'. Os que têm pouco e os que estão mergulhados na abundância não possuem os seus bens da mesma maneira. Nestes, a avareza pode ser uma paixão violenta, tirânica. Neles, cada nova aquisição acende uma chama mais viva e os que são atingidos ficam mais pobres do que antes. Têm mais desejos e, contudo, sentem com mais força a sua pretensa indigência. Em todo o caso, vê como aqui a paixão mostrou a sua força... 'Como será difícil aos que possuem riquezas entrar no reino dos Céus!' Não que Cristo condene as riquezas mas antes os que são dominados por elas.

'Saiu o semeador para semear'

'Saíu o semeador para semear'. Donde é que ele saíu, aquele que está presente em toda a parte, que enche todo o universo? Como ele saíu? Não materialmente, mas por uma disposição da sua providência a nosso respeito: aproximou-se de nós revestindo-se da nossa carne. Uma vez que não podíamos ir até ele, porque os nossos pecados impediam o acesso, foi ele que veio até nós. E porque é que saíu? Para destruir a terra onde abundavam os espinhos? Para castigar os cultivadores? De modo nenhum. Veio cultivar essa terra, ocupar-se dela e nela semear a palavra da santidade. Porque a semente de que fala é, na verdade, a sua doutrina; o campo é a alma do homem; o semeador é ele próprio...

Teríamos razão em censurar um cultivador que semeasse com tanta abundância... Mas, quando se trata de coisas da alma, a pedra pode ser transformada em terra fértil, o caminho pode não ser pisado por todos os transeuntes e tornar-se um campo fecundo, os espinhos podem ser arrancados e permitir aos grãos que cresçam com toda a tranquilidade. Se isso não fosse possível, ele não teria lançado a semente. E, se a transformação não se realizou, não é por culpa do semeador, mas daqueles que não quiseram deixar-se transformar. O semeador fez o seu trabalho. Se a semente se perdeu, o autor de tão grande benefício disso não é responsável.

Nota bem que há várias maneiras de se perder a semente... Uma coisa é deixar a semente da palavra de Deus secar sem tribulações e sem cuidado, outra é vê-la sucumbir sob o choque das tentações... Para que não nos aconteça nada de semelhante, gravemos a palavra na nossa memória, com ardor e seriedade. Por muito que o diabo arranque à nossa volta, teremos força suficiente para que ele não arranque nada dentro de nós.

'Senhor, lembra-te de mim no teu reino'

'Senhor, lembra-te de mim quando vieres inaugurar o teu reino'. O ladrão não ousou fazer esta prece sem antes, pela confissão, se ter libertado do fardo dos pecados. Vê bem, cristão, a força da confissão. Ele confessou os pecados e o paraíso abriu-se-lhe; confessou os pecados e ganhou confiança bastante para pedir o reino dos céus, depois de tantos roubos cometidos…

Queres conhecer o Reino? Que vês portanto aqui que se lhe assemelhe? Tens debaixo dos olhos os pregos e uma cruz, mas essa cruz, dizia Jesus, é o próprio sinal do Reino. E eu, ao vê-Lo na cruz, proclamo-O rei. Não é próprio de um rei morrer pelos seus súditos? Ele próprio o disse: 'O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas' (Jo 10, 11). Isto é igualmente verdade para um bom rei: também ele dá a vida pelos seus súditos. Proclamá-Lo-ei portanto Rei por causa da dádiva que fez da sua vida: 'Senhor, lembra-te de mim quando estiveres no teu Reino'.

Compreendes agora que a cruz é o sinal do Reino? Eis outra prova. Cristo não deixou a sua cruz na terra, ergueu-a e levou-a com Ele para o céu. Sabemo-lo porque Ele a terá junto de Si quando voltar pleno de glória. Para perceberes o quanto esta cruz é digna de veneração, repara em como Ele a tomou como um título de glória […]. Quando o Filho do homem vier, 'o sol escurecerá e a lua perderá o brilho'. Reinará então uma claridade tão viva que até os astros mais brilhantes se eclipsarão. 'As estrelas cairão do céu. Aparecerá então no céu o sinal do Filho do homem' (Mt 24,29ss). Vês bem a força do sinal da cruz? […] Quando um rei entra numa cidade, os soldados pegam nos estandartes, içam-nos aos ombros e marcham à sua frente para anunciar a chegada régia. De igual modo, legiões de anjos precederão a Cristo, quando Ele descer do céu. Trarão aos ombros esse sinal anunciador da vinda do nosso Rei.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

PALAVRAS DE SALVAÇÃO

'A verdadeira, a única perfeição, não é ter este ou aquele tipo de vida, é fazer a vontade de Deus; é ter a vida que Deus quer, onde Ele quer, e vivê-la como Ele próprio a viveria. Quando Ele nos permite escolher, então sim, procuremos segui-l'O passo a passo o mais exatamente possível, partilhar a sua vida tal como ela foi, como os apóstolos o fizeram ao longo da Sua vida e após a Sua morte: o amor leva-nos a imitá-l'O ... 

E se um dia Deus quiser tirar-nos, por algum tempo ou para sempre, deste caminho tão belo e tão perfeito, não nos perturbemos nem nos surpreendamos. Seus desígnios são insondáveis: poderá fazer por nós, a meio ou no fim da caminho, o que fez ao geraseno no início. Obedeçamos, façamos a sua vontade ... andemos por onde Ele quiser, levemos a vida que a sua vontade designar. Mas aproximemo-nos d'Ele com todas as nossas forças em toda a parte, e vivamos todas as situações, todas as condições, como Ele próprio as teria vivido, comportando-nos como Ele se teria comportado se, pela vontade do Pai, se tivesse encontrado na situação em que nós nos encontramos...' 

(Bem Aventurado Charles de Foucauld)