(Praça do Vaticano - Canonização do Papa Pio X - 03/09/1954)
quinta-feira, 6 de março de 2014
quarta-feira, 5 de março de 2014
QUARTA DE CINZAS
Memento, homo, quia pulvis es, et in pulverem reverteris
'Lembra-te, homem, que és pó e ao pó retornarás!' (Gn 3,19). A Quarta-Feira de Cinzas é o primeiro dia do tempo da Quaresma, quarenta dias antes da Páscoa. Neste dia por excelência refletimos sobre a nossa condição mortal nesta vida e a eternidade de nossas almas na vida futura. Num tempo em que se valoriza tanto a dimensão física, a beleza do corpo, a imposição das cinzas nos desvela a dura realidade do nosso corpo mortal: apenas pó que há de se consumir em cinzas.
Esse dia dá início, portanto, a um tempo de profunda meditação sobre a nossa condição humana diante da grandeza e misericórdia de Deus. Tempo para fazer da nossa absurda fragilidade, sustentáculos da verdade e da fé; tempo para fazer de nossa pequenez e miséria, um templo de oração e um arcabouço de graças; tempo para transformar a argila pálida de nossos feitos e conquistas, em patamares seguros para a glória de Deus. Um tempo de oração, jejum e caridade. Um tempo de oração, desagravo, conversão, reparação. E um tempo de penitência, penitência, penitência...
A penitência é traduzida por atos de mortificação, seja na caridade silenciosa de um pequeno gesto, seja na determinação silenciosa de um pequeno 'não!' Pequenos gestos: uma visita a um amigo doente, uma palavra de conforto a quem padece ausências, um bom dia ainda nunca ofertado; ou um pequeno 'não': à abstinência de carne ou refrigerante ou ao fumo; abrir mão de ter sempre a última resposta ou para aquela hora a mais de sono; simplesmente dizer não a um livro, a uma música, a uma revista, a um programa de televisão. Propague o silêncio, sirva-se da modéstia; invista no anonimato, não se ensoberbeça, pratique a tolerância, estanque a frivolidade, consuma-se na obediência. Lembra-te que és pó e todas as tuas ações, aspirações e pensamentos vão reverberar em ti as glórias de Deus.
Abre-se hoje o Tempo da Quaresma: convertei-vos e acreditais no Evangelho. Pois é no Evangelho (Mt 6, 1-6.16-18) que Jesus nos dá os instrumentos para a realização de uma autêntica renovação interior: oração, jejum e caridade. Com estas três práticas fundamentais, o tempo de penitência da quaresma é convertido em caminho de santificação ao encontro de Jesus Ressuscitado que vem, na Festa da Páscoa.
segunda-feira, 3 de março de 2014
PALAVRAS DE SALVAÇÃO
'Ouvireis falar de guerras e de rumores de guerra. Atenção: que isso não vos perturbe, porque é preciso que isso aconteça. Mas ainda não será o fim.
Levantar-se-á nação contra nação, reino contra reino, e haverá fome, peste e grandes desgraças em diversos lugares.
Tudo isto será apenas o início das dores.
Então sereis entregues aos tormentos, matar-vos-ão e sereis por minha causa objeto de ódio para todas as nações.
Muitos sucumbirão, trair-se-ão mutuamente e mutuamente se odiarão.
Levantar-se-ão muitos falsos profetas e seduzirão a muitos.
E, ante o progresso crescente da iniquidade, a caridade de muitos esfriará.
Entretanto, aquele que perseverar até o fim será salvo'.
(Mt 24, 6 - 13)
Meu Deus, eu creio, adoro, espero e Vos amo e peço-Vos perdão pelos que não creem, não adoram, não esperam e não Vos amam (oração do Anjo de Portugal)
O DOM DO CONSELHO
O dom da Força que reconhecemos ser necessário para a obra da santificação do cristão, não seria suficiente para assegurar esse grande resultado, se o Divino Espírito não tomasse o cuidado de uni-lo a um outro dom que vem em seguida e afasta todo perigo. Este novo benefício consiste no dom do Conselho. A Força não podia ser deixada sozinha: precisava de um elemento que a dirigisse. O dom de Ciência não poderia ser este elemento porque, se ele esclarece a alma quanto ao seu fim e as regras gerais de conduta que ela deve seguir, não traz, no entanto, luz suficiente quanto às aplicações especiais da lei de Deus e o governo da vida.
Nas diversas situações em que podemos nos encontrar, nas resoluções que devemos tomar, é necessário que ouçamos a voz do Espírito Santo e é pelo dom de Conselho que esta voz divina chega até nós. É ela quem nos diz, se quisermos escutá-la, o que devemos fazer e o que devemos evitar, o que devemos dizer e o que devemos calar, o que podemos conservar e ao que devemos renunciar. Pelo dom de Conselho, o Espírito Santo age em nossa inteligência, assim como o dom da Força age em nossa vontade.
Este dom precioso aplica-se à vida inteira porque precisamos, sem cessar, nos decidir por um partido ou por outro e é um grande motivo de reconhecimento para com o Espírito Divino, pensar que Ele nunca nos deixa sozinhos conosco mesmos, desde que estejamos dispostos a seguir a direção que Ele nos imprime. Quantas armadilhas nos pode fazer evitar! Quantas ilusões pode destruir em nós! Quantas realidades nos mostra! Mas, para não perder suas inspirações, precisamos nos guardar do encadeamento natural das coisas, com que tantas vezes nos deixamos determinar, da temeridade que nos arrebata ao gosto da paixão, da precipitação que nos induz a julgar e a agir, mesmo quando só vemos um lado das coisas, da negligência que nos faz decidir ao azar, no temor de nos cansarmos com a procura daquilo que seria melhor.
O Espírito Santo, pelo dom de Conselho, arranca o homem de todas essas inconveniências. Reforma a natureza, tantas vezes excessiva, quando não é apática. Mantém a alma atenta àquilo que é verdadeiro, ao que é bom, ao que é verdadeiramente vantajoso. Insinua a discrição, virtude que é o complemento e como que o tempero de todas as outras, da qual Ele tem o segredo e pela qual as virtudes se conservam, se harmonizam e não degeneram em defeitos.
Sob a direção do dom de Conselho, o cristão nada tem a temer. O Espírito Santo toma a responsabilidade de tudo para ele. Que importa que o mundo reclame ou critique, que se espante ou se escandalize! O mundo se crê sábio; mas não tem o dom do Conselho. É daí que vêm, muitas vezes, as resoluções tomadas sob uma falsa inspiração e que acabam em um fim diferente do que foi proposto. E tem que ser assim; porque foi ao mundo que o Senhor disse: 'Meus pensamento não são os vossos pensamentos e meus caminhos não são os vossos caminhos'.
Clamemos, então, com todo ardor de nossos desejos, pelo Dom Divino que nos preservará do perigo de nos governarmos a nós mesmos; mas compreendamos que este dom só habita naqueles que O estimam bastante para renunciarem-se em sua presença. Se o Espírito Santo nos encontra desligados das ideias humanas, convencidos de nossa fragilidade, dignar-se-á a ser nosso Conselho; mas se somos sábios aos nossos próprios olhos, Ele retirará sua luz e nos abandonará a nós mesmos.
Não queremos que isso aconteça conosco, ó Divino Espírito! Estamos fartos de saber que correr atrás da prudência humana não nos traz vantagem e, diante de Vós, abdicamos sinceramente das pretensões de nosso espírito, tão pronto a se deslumbrar e a se iludir. Conservai em nós e dignai-Vos desenvolver com toda liberdade esse dom inefável que nos concedestes no batismo: sede para sempre nosso Conselho. 'Mostrai-nos Vossos caminhos e ensinai-nos Vossas veredas. Dirigi-nos na verdade e instruí-nos; porque é de Vós que virá a salvação e é por isso que nos prendemos à Vossa direção'.
Sabemos que seremos julgados por todas as nossas obras e por todos os nossos desígnios; mas sabemos também que não teremos nada a temer se formos fiéis à Vossa direção. Estaremos, pois, atentos 'para ouvir o que nos diz o Senhor nosso Deus', o Espírito do Conselho, seja nos falando diretamente, seja nos enviando ao mediador que quis escolher para nós. Bendito seja Jesus que nos enviou seu Espírito para ser nosso condutor e bendito seja este Divino Espírito que sempre se digna nos assistir e que nossas resistências passadas não afastou de nós!
(Excertos da obra 'Os Dons do Espírito Santo', de Dom Prosper Gueranger, Ed. Permanência, 2007)
domingo, 2 de março de 2014
'NÃO VOS PREOCUPEIS'
Páginas do Evangelho - Oitavo Domingo do Tempo Comum
Na sequência litúrgica do Evangelho de São Mateus de celebração dos ensinamentos de Jesus no Sermão da Montanha, temos neste domingo, a mensagem do Divino Mestre sobre a impossibilidade de servir, ao mesmo tempo, a Deus e às riquezas: 'Ninguém pode servir a dois senhores; pois, ou odiará um e amará o outro, ou será fiel a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro' (Mt 6, 24).
Servir... o servo fiel é aquele que coloca tudo de si, do seu tempo, de suas ações, para maior glória de Deus. Neste sentido, servir é a oferta de si mesmo, sem restrição alguma, ao amor de Deus em plenitude, como vítima de expiação e instrumento da graça divina para todos. O servo dividido entre Deus e o mundo é minado na sua fidelidade pelas paixões e vícios humanos, ficando refém das promessas ilusórias de bens passageiros e inócuos. A atração pelo mundo escraviza a alma às mazelas da servidão frouxa e interesseira.
E não existe mais infeliz servidão do que aquela que padece da escravidão às riquezas e aos bens materiais. Não que os bens materiais sejam maus ou indesejáveis em si, não se trata disso. A servidão doentia é aquela que se banqueteia da busca desenfreada de valores materiais, na sublimação da ânsia de se querer sempre mais. Para o servo infiel, nada é o suficiente, o que se tem é pouco, a meta é aumentar sempre as posses indefinidamente, a síntese da vida humana consiste em ganhar o mundo. Poderão ser ricos e senhores do dinheiro, mas serão réus da iniquidade diante de Deus.
Jesus nos ensina e proclama que Deus há de prover as necessidades do corpo dos seus escolhidos, pois que valemos muito mais que as aves do céu e que os lírios dos campo. Se a Divina Providência torna disponível as necessidades materiais dos seres inferiores, o que não faz e o quanto não zela pelas necessidades dos seus filhos, nascidos à Sua imagem e semelhança zelosos servidores do Senhor da Messe? 'Não vos preocupeis' (Mt 6, 31 e 34) porque 'Vosso Pai, que está nos céus, sabe que precisais de tudo isso' (Mt 6, 32). Para o servo fiel, tudo isso deve ser mera consequência de uma vida devotada a cumprir a Santa Vontade de Deus em tudo: 'buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo' (Mt 6, 32 - 33). Neste caminho de santificação, não existem esquecidos para Deus: 'Acaso pode a mulher esquecer-se do filho pequeno, a ponto de não ter pena do fruto de seu ventre? Se ela se esquecer, eu, porém, não me esquecerei de ti' (Is 49, 15).
sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014
10 MANEIRAS DO CATÓLICO VIVER O 'CARNAVAL DE CRISTO'
1. No silêncio e no anonimato de tua oração fervorosa, aplaque a cólera de Deus contra os homens mergulhados nas desordens e licenciosidades do carnaval.
2. Pratique, de forma anônima e recata, a piedade e a caridade extremadas a muitos de teus próximos, nestes terríveis dias da insensatez humana!
3. Afaste-se completamente de todos os espetáculos, desordens, sensualidades e demais loucuras daqueles que se embriagam dos prazeres do carnaval pela força dos costumes.
4. Reflita, de forma muito especial e reverente, a memória e a paixão do Senhor nestes dias de carnaval.
5. Busque refúgio no escondimento do mundo, com o firme propósito de manifestar a glória de Deus, nestes dias, por meio da tua vida vivida inteiramente na pequenez e na solidão .
6. Visite o Santíssimo Sacramento durante os dias de carnaval e ofereça a tua oferta de desagravo aos pecados cometidos pelos homens ensandecidos de carnaval.
7. Antecipe a tua preparação, com zelo redobrado, de continência e penitência para a Quaresma.
8. Reze, reze muito, reze o tempo inteiro, com a tua oração, o teu silêncio, o teu descanso, o teu trabalho manual, o teu trabalho mental, com as tuas ações pequenas, simples, cotidianas e boas, oferecendo-as a Cristo em reparação às injúrias e loucuras de tantos homens nestes dias de carnaval.
9. Participe de santas missas, de exercícios ou retiros espirituais ou de atos de adoração, e reze particularmente pelos teus irmãos que dissipam a graça de Deus neste tempo de insanidades.
10. 'Abraça a cruz, enterra-a no seu coração... compadeça de mim e participe da minha dor' (Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque).
O VALOR DO SANGUE DE CRISTO
'Queres conhecer o valor do Sangue de Cristo? Voltemos às figuras que profetizaram e recordemos a narrativa do Antigo Testamento: Imolai, diz Moisés, um cordeiro de um ano e assinalai as portas com seu sangue. Que dizes, Moisés? O sangue de um cordeiro tem poder para libertar o homem racional? Certamente, responde ele, não porque é sangue, mas porque prefigura o Sangue do Senhor. Se hoje o inimigo, em vez de sangue simbólico aspergido nos umbrais, vir resplandecer nos lábios dos fiéis, portas dos templos de Cristo, o sangue da nova realidade, fugirá ainda para mais longe.
Queres compreender ainda mais profundamente o valor deste Sangue? Repara donde brotou e qual é a sua fonte. Começou a brotar da cruz, e a sua fonte foi o Lado do Senhor. Estando já morto Jesus, diz o Evangelho, e ainda cravado na cruz, aproximou-se um soldado, trespassou-Lhe o Lado com uma lança e logo saíram água e sangue: água como símbolo do Batismo, sangue como símbolo da Eucaristia. O soldado trespassou o Lado, abriu uma brecha na parede do templo e eu achei um grande tesouro e alegro-me por ter encontrado riquezas admiráveis. Assim aconteceu com aquele cordeiro. Os judeus mataram um cordeiro e eu recebi o fruto do sacrifício.
Do Lado saíram sangue e água. Não quero, estimado leitor, que passes inadvertidamente por tão grande mistério. Falta-me ainda explicar-te outro significado místico. Disse que esta água e este sangue simbolizavam o Batismo e a Eucaristia. Foi deste sacramento que nasceu a Igreja, pelo banho de regeneração do Espírito Santo, isto é, pelo sacramento do Batismo e pela Eucaristia que brotaram do Lado de Cristo, por conseguinte, que se formou a Igreja, como foi do lado de Adão que Eva foi formada.
Por esta razão, a Escritura, falando do primeiro homem, usa a expressão carne da minha carne, osso dos meus ossos, que São Paulo refere, aludindo ao Lado de Cristo. Pois assim como Deus abriu o lado de Adão enquanto ele dormia, assim Cristo nos deu a água e o sangue durante o sono da Sua morte.
Vede como Cristo se uniu à Sua Esposa, vede com que alimento nos sacia. O mesmo alimento nos faz nascer e nos alimenta... Assim como a mulher se sente impulsionada pelo amor natural a alimentar com o próprio leite e o próprio sangue o filho que deu à luz, assim também Cristo alimenta sempre com o Seu Sangue aqueles a quem deu o novo nascimento.'
(Das Catequeses de São João Crisóstomo, ~350-407)
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