segunda-feira, 12 de novembro de 2012

EXORTAÇÃO AOS MONGES (SÃO PACÔMIO DE TABENNISI)

Filho meu, vigia, seja sóbrio, para conhecer aqueles que montam armadilhas contra ti. O espírito da maldade e da incredulidade teimam em caminhar juntos; o espírito da mentira e da fraude caminham juntos; o espírito da avareza, da cobiça e o do perjúrio, da desonestidade e da inveja caminham juntos; o espírito da vaidade e o da voracidade caminham juntos; o espírito da fornicação e o da impureza caminham juntos; o espírito da inimizade e o da tristeza caminham juntos. Desgraçada a pobre alma em que estes vícios a dominarem! 

Filho meu, medita a todo o momento as palavras de Deus, persevera na fadiga, dê graças em todas as coisas, fuja dos aplausos dos homens, ama a quem te corrige no temor de Deus. Que todos te sejam de proveito, para que sejas de proveito a todos. Persevera em tua obra e em palavras de bondade. Não dês um passo adiante e outro atrás, a fim de que Deus não deixe de amar-te. A coroa, com efeito, será para quem haja perseverado. Obedece sempre mais a Deus, e ele te salvará.

Filho meu, seja misericordioso em todas as coisas. Volta-te até Deus como o que semeia e colhe, e armazenarás em teu silo os bens de Deus. Não ores ostensivamente como os hipócritas, mas renuncia a teus desejos, trabalha para Deus obrando assim por tua própria salvação. Se te fere uma paixão: amor pelo dinheiro, inveja, ódio e outras paixões, vela sobre ti, tenha um coração de leão, um coração valente, combate as paixões e destrua - as em ti.

Filho meu, fuja da concupiscência, porque esta escurece a mente e não permite conhecer o mistério de Deus. Cuida-te dos apetites do ventre, que te fazem alheio aos bens do paraíso. Cuida-te da impureza: ela provoca a ira de Deus e de seus anjos. Foge das comodidades deste mundo, para estardes na alegria do mundo futuro; não te aflijas quando fores ultrajado pelos homens, e sim aflija-te e suspira quando pecardes - este é o verdadeiro ultraje – e quando sejas persuadido por teus pecados.

Filho meu, vigia com toda a solicitude teu corpo e teu coração. Busca a paz e a pureza, que estão unidas entre si, e verás a Deus. Não tenhas disputas com nada, porque quem está em alguma disputa com seu irmão, é inimigo de Deus e quem está em paz com seu irmão está em paz com Deus. Não aprendeste agora que nada é maior que a paz que conduz ao amor mútuo? Se sentes em teu coração ódio ou inimizade, onde está tua pureza? Assim, quem odeia a seu irmão caminha nas trevas e não conhece a Deus. O ódio e a inimizade, com efeito, cegaram seus olhos e não vê a imagem de Deus. O Senhor nos mandou amar a nossos inimigos, abençoar aos que nos maldizem e fazer o bem aos que nos perseguem. 

sábado, 10 de novembro de 2012

ORAÇÃO: VENI SANCTE SPIRITUS

'Veni Sancte Spiritus' é um hino medieval prescrito para a Missa de Pentecostes na liturgia romana. A sequência tem sido atribuída a três diferentes autores: Roberto II, o Piedoso, rei da França (970-1031); Papa Inocêncio III (1161 - 1216) e Cardeal Stephen Langton (1150–1228), arcebispo de Cantuária e primaz da Inglaterra, o autor mais provável, que a teria composto por volta do ano 1200.

'Veni Sancte Spiritus' ('Vinde, Espírito Santo')

Veni Sancte Spiritus, et emitte cælitus, lucis tuæ radium.
Vinde, Espírito Santo e enviai do céu um raio de Vossa luz.

Veni pater pauperum, veni dator munerum, veni lumen cordium.
Vinde, pai dos pobres, vinde dispensador dos dons, vinde luz dos corações.

Consolator optime, dulcis hospes animæ, dulce refrigerium.
Consolador por excelência, hóspede da alma, nosso doce refrigério. 

In labore requies, in æstu temperies, in fletu solatium. 
No trabalho, sois repouso; no ardor, sois calma; no pranto, consolo. 

O lux beatissima, reple cordis intima, tuorum fidelium.
Ó luz beatíssima, penetrai até o fundo do coração dos que vos são fiéis. 

Sine tuo numine, nihil est in homine, nihil est innoxium.
Sem vossa graça, nada há no homem, nada que não lhe seja nocivo.

Lava quod est sordidum, rega quod est aridum, sana quod est saucium. 
Lavai o que é impuro, fecundai o que é estéril, ao que está ferido curai. 

Flecte quod est rigidum, fove quod est frigidum, rege quod est devium. 
Dobrai o rígido, aquecei o que é frio e o que se extraviou, guiai. 

Da tuis fidelibus, in te confidentibus, sacrum septenarium. 
Dai aos que vos são fiéis e em vós confiam, os sete dons sagrados. 

Da virtutis meritum, da salutis exitum, da perenne gaudium. Amen. 
Dai-lhes o mérito da virtude, a salvação no termo da vida, a eterna felicidade. Amém.


PORQUE NOSSA SENHORA CHORA...


MENSAGEM DE AKITA - 13 DE OUTUBRO DE 1973

"Se os homens não se arrependerem e não melhorarem, o Pai infligirá um terrível castigo para a humanidade. Será uma punição maior do que o dilúvio, nunca vista antes". 

"Fogo cairá do céu e destruirá grande parte da humanidade, tanto os bons quanto os maus, não poupando nem sequer aos sacerdotes ou fiéis. Os sobreviventes se acharão de tal maneira desolados que terão inveja dos mortos". 

"As únicas armas que restarão serão o Rosário e o Sinal deixado pelo meu Filho. Todo dia recite as orações do Rosário. Com o Rosário, reze pelo Papa, pelos bispos e padres".

"A obra do demônio se infiltrará até mesmo dentro da Igreja de tal modo que veremos cardeais se opondo a cardeais, bispos contra bispos". 

"Os padres que Me veneram serão escarnecidos, menosprezados e combatidos pelos seus confrades".

"Igrejas e altares serão pilhados". 

"A Igreja estará cheia daqueles que aceitam compromissos e o demônio afligirá muitos padres e almas consagradas a deixarem o serviço do Senhor".

"O demônio será particularmente implacável contra as almas consagradas a Deus. A ideia da perda de tantas almas é a causa de minha tristeza". 

"Se os pecados aumentarem em número e gravidade, em breve não haverá perdão para eles".

"Reze muito as orações do Rosário. Só eu poderei salvá-los das calamidades que se aproximam". 

"Aqueles que colocam a sua confiança em Mim serão salvos".

10 DE NOVEMBRO - SÃO LEÃO MAGNO


Com o falecimento do Papa São Sixto III em 440, assumiu o pontificado Leão I, arquidiácono da Igreja romana, conselheiro pontifício e homem de doutrina e palavra eloquente que, ao longo de 21 anos, defendeu a fé cristã e enfrentou heresias e a fúria das hordas invasoras que se lançavam à conquista da Europa e de Roma, mantendo, do Ocidente até o Oriente, a primazia da Sé de Roma. 

No campo dogmático, Leão I enunciou, de forma clara e contundente, a doutrina cristológica das duas naturezas - humana e divina - na pessoa única do Verbo, dogma da Igreja ratificado pelo Concílio de Calcedônia em 451, condenando de forma definitiva os desvios doutrinários de Nestório ('duas pessoas em Cristo') e dos monofisitas de Eutiques ('uma única natureza em Cristo'). 


A maior vitória de Leão I, entretanto, foi a defesa de Roma contra a barbárie pagã que invadira a Europa. Átila, o terrível chefe dos hunos, autoproclamado 'flagelo de Deus', havia cruzado os Alpes, tomado Milão e Pavia e chegado à Mântua, às portas de Roma, agora abandonada à própria sorte pelos governantes em fuga. Com muitos cardeais e membros do clero romano, e revestido das insígnias pontifícias, Leão I foi até Mântua para intimar o invasor a não empreender o ataque à Roma, a deixar a Itália e voltar às suas terras de origem. Contra todas as expectativas possíveis, foi exatamente isso que aconteceu. Aceitando a proposta do pontífice mediante um tributo anual por não saquear a cidade romana, Átila volveu seu exército em retirada. O que aconteceu naquele dia em Mântua? O que terá dito Leão I ao bárbaro invasor, reconhecido e aclamado por sua brutal impiedade, para tal reconsideração espantosa?  Os registros históricos revelam uma singular visão do invasor: 'Enquanto ele me falava, eu via, de pé a seu lado, um Pontífice de majestade sobre-humana (São Pedro). De seus olhos jorravam raios, e tinha na mão uma espada desembainhada; seu olhar terrível e seu gesto ameaçador me ordenavam conceder tudo quanto solicitava o enviado dos romanos'. Desta extraordinária intervenção divina, Leão I, para louvor e ação de graças, mandou fundir a estátua de bronze de Júpiter Capitolino e fazer com esse metal uma grande imagem do Apóstolo Pedro, que até hoje se venera na Basílica Vaticana.

O grande papa e santo faleceu em Roma no dia 10 de novembro de 461. Pelo enorme acervo de documentos teológicos, sermões admiráveis e devotada defesa dos dogmas, São Leão foi chamado Magno e declarado Doutor da Igreja em 1754.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

O CÉU É AQUI...

DA VIDA ESPIRITUAL (33)




A nossa caminhada espiritual é um espelho de duas faces: de um lado, nós imaginamos Deus com o tempo de uma vida; do outro, Deus nos contempla com os olhos da eternidade!

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

HISTÓRIAS QUE OUVI CONTAR (IV)

Uma grande multidão caminha pela ampla planície sob o sol. Velhos e crianças. Mulheres de todas as idades. Homens de todas as raças e crenças. O sol a pino. Os pés esbatem o pó da terra nua e seca, que se levanta e se dispersa ao vento. Uns correm a toda pressa, outros parecem se arrastar sobre os pés claudicantes. Muitos gritam, riem, gargalham; outros caminham em profundo silêncio. A terra seca e nua. São tantos que carregam fardos, suprimentos, sacolas e mochilas e um número sem conta traz consigo apenas a roupa do corpo, as sandálias e as mãos vazias. Um mar de gente atropela todas as estradas, todos os caminhos, todos os atalhos, todo e qualquer metro quadrado de chão. O mundo em marcha.

E, de repente, o mundo estanca. A marcha cessa e o vozerio acalma. Eis à frente, um rio colossal, de águas revoltas e turbulentas, que relutam em se manter cativas no generoso leito. Não há olhar capaz de divisar a margem oposta, nem sinal de vida além do caudal imenso. Diante o gigantesco obstáculo, a multidão vacila, se desespera, blasfema e se estertora. Diante do impossível, o homem apequenado chora. E, comprimidos contra a margem do abismo das águas pelos que chegam com as horas mais tardias, o terror nas almas se apodera. Sem ar e sem chão, o infinito espera.

'Que insensatez!' um homem se revela. 'Fazer tão grande caminhada sem rumo e direção para nada! Não podemos seguir adiante, nem voltar podemos. Morreremos todos aqui!' E caíam por terra, homens, mulheres e crianças de toda raça e feições. Uns que traziam muitos fardos e outros com a roupa do corpo; muitos que riam e outros tantos em mudez profunda. E eles caíam. E a carne agora sem ar e sem razão espancava o pó da terra nua. E, então, morriam aos milhares na borda do grande rio.

Mas, aqui e acolá, avança uma legião de peregrinos, iguais a todos os iguais, mas que não param nunca. Avançam sempre sob o sol a pino. Na planície nua. E chegam à margem do tenebroso rio. 'Loucos!' brada um outro insensato antes de cair por terra. 'Preferem se afogar na correnteza extrema a não morrer conosco, como se iguais a nós não fossem, como se não estivessem vivido em nossa companhia todo o tempo e em todos os caminhos!'. E assim bradavam os que morriam à margem do grande rio.

E o primeiro homem desta legião avança sem receio além da margem e seus pés espancam as águas turbulentas. Seu olhar mira a margem que não vê, mas que sabe estar do outro lado, tão certa quanta a margem que ficou para trás. Tão certa como a confiança de que nada é impossível, que coisa alguma pode nos separar de Deus. E, apenas com o coração inquieto daqueles que ainda não O encontraram em definitivo, avança resoluto. E caminha sobre as águas...