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terça-feira, 17 de dezembro de 2024

A SANTIDADE SEGUNDO ANTONIETA MEO

 


Esta é a história de uma santificação que não teve sete anos de história. Uma história que, sendo universal, seria apenas uma pequena história feita e construída de arroubos infantis e travessuras de crianças. Mas essa definitivamente não é a história de Antonieta Meo. Antonieta, quarta filha de Maria e Miguel Meo, nasceu em Roma em dia 15 de dezembro de 1930 e foi batizada no dia 28 do mesmo mês, na feasta dos Santos Inocentes.

Criança alegre e social, Nennolina - como era carinhosamente chamada pela família - vivia uma infância absolutamente comum e, quando ainda não tinha três anos, já frequentava as aulas e catequese espiritual do Colégio das Irmãs Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus, situado ao lado de sua casa. Pouco mais de um ano depois, a tranquilidade da família Meo foi brutalmente afetada quando a menina foi diagnosticada com um osteossarcoma a partir de exames médicos do que parecia, a prinícipio, não passar de um simples inchaço do joelho esquerdo.

Os desdobramentos da doença foram rápidos e sem paliativos. Os tratamentos por injeções de cálcio e outras medidas terapéuticas eram particularmente dolorosas. Sob os cuidados extremados da mãe, foi instada a compartilhar os seus sofrimentos aos de Jesus no Calvário, o que acatou de pronto e com singular alegria. Neste propósito, com firme e perseverante determinação, oferecia todas os seus sofrimentos em favor da Igreja, do papa, pela paz no mundo, pela salvação dos pecadores, pelos missionários e pelas crianças da África. Nada a separou dessa via dolorosa de santificação, nem mesmo quando teve a sua perna esquerda amputada em abril de 1936.


Diante da gravidade da doença, os pais de Antonieta decidiram antecipar a sua Primeira Comunhão e, para lhe dar a preparação necessária, a própria mãe se encarregou de lhe oferecer aulas de catecismo em ritmo acelerado. Mais que isso, sugeriu à filha escrever uma carta à superiora do convento onde estudava, pedindo para fazer a Primeira Comunhão no Natal daquele ano. Uma vez escrita esta primeira carta, uma sucessão interminável de outras foram escritas pela menina - um registro extraordinário de sua pequena via de santificação - encaminhadas aos Céus e endereçadas a Deus Pai, a Jesus, ao Espírito Santo, à Nossa Senhora e até mesmo a santas da Igreja, como Santa Inês e a Santa Teresinha do Menino Jesus.

Tratam-se de cartas ditadas à mãe, com os termos, gramática e recursos de uma criança que não sabia ainda escrever. Mais tarde, ela mesmo escreveu algumas com os erros próprios da sua escrita e as assinava simplesmente como 'Antonieta e Jesus'. Alguns desses registros são apresentados a seguir [com correções, mas tentando manter a ternura original de Nennolina] e, ainda que sejam poucos, nos dão uma portentosa ideia da beleza dessa alma, entregue por completo ao amos pelo Crucificado e imbuída de repentes teológicos surpreendentes, como as petições constantes em favor da Igreja e da salvação das almas.


'Querido Jesus, sofreste tanto na flagelação com paciência; quero aprender que, se me derem uma bofetada ou me insultarem, não tenho que retribuir, mas tenho que aceitar bem isso por teu amor' .

'Querido Jesus, ofereço-te todos os meus sacrifícios em reparação pelos pecados que os pecadores  cometem: mas tu ajudas-me porque sem a tua ajuda nada posso fazer... Querido Jesus, sei que sofreste tanto na cruz e, nesta semana da Paixão, quero sofrer contigo, quero sofrer pelas almas que precisam, para que se convertam'.

'Querida Senhora Imaculada, diga a Jesus que eu o amo muito. Querida Senhora, amanhã ajude-me a fazer uma boa confissão e que todos os meus pecados venham à mente e ajude-me a não cometê-los novamente e quero corrigir todos os meus defeitos para me tornar melhor e agradar a Jesus e a você, querida Senhora. Querida Senhora, amo-te muito e diz ao Espírito Santo que me ilumine e me abençoe... Querido Jesus Eucaristia, amo-te muito e estou muito feliz porque amanhã de manhã irei recebê-lo na Sagrada Comunhão. Querido Jesus, amanhã quando você estiver em meu coração, imagine que minha alma é uma maçã e, assim como as sementes estão dentro da maçã, dentro da minha alma há um armário, e assim como a semente está sob a casca das sementes brancas , então certifique-se de que dentro do armário esteja a sua graça, que seria como a semente branca e certifique-se de deixar sempre essa graça comigo'.

'Querido menino Jesus: tu és santo! Você é bom: me ajude! Dá-me esta graça: devolve-me a perna! ... Me devolva minha perninha, se quiser! Se não quiser, faça a sua vontade ... Querido Jesus, dá-me a força necessária para suportar as dores que te ofereço pelos pecadores... Querido Jesus, quero abandonar-me nas tuas mãos: faze de mim o que Tu queres!'.

'Querido Jesus, amo-te muito e quero estar sempre perto de ti. Querido Jesus, quero ser a tua lâmpada que arde perto de ti com uma chama de amor, e o teu lírio que sempre fica para enfeitar o altar e te adora... Querido Jesus, eu te amo muito, muito mesmo, ó Jesus, e quero ser a tua lâmpada e o teu lírio: o lírio que representa a pureza da alma e a lâmpada que representa a chama do amor que nunca te deixa sozinho'.

'Querido Jesus, sei que te ofendem muito. Quero reparar todas essas ofensas! Querido Jesus, se você fosse um homem como nós e se trancasse dentro de uma casa, não sentiria os insultos que lhe são feitos! Isto é o que você poderia fazer: entre no meu coração e fique fechado comigo e farei muitos sacrifícios por você e lhe direi algumas palavrinhas para consolá-lo! … Querido Deus Pai, diga a Jesus que farei um lugar agradável para ele em meu coração, para que ele possa dormir bem e descansar em meu coração!… Amado Jesus, não abandone mais o meu coração! Fique sempre comigo!

'Jesus, gostaria destas três graças: a primeira, tornar-me santa e isso é o mais importante; o segundo, dê-me almas; o terceiro, deixe-me andar bem, mas isso realmente não é muito importante'.

'Querido Jesus Crucificado, amo-te tanto e amo-te tanto que quero estar contigo no Calvário e sofro de alegria porque sei que estou no Calvário. Querido Jesus, agradeço-te por me teres enviado esta doença porque é um meio de chegar ao Céu'.


Antonieta recebeu a Primeira Comunhão no Natal de 1936, mesmo com dores e as dificuldades do aparelho ortopédico E, em maio de 1937, recebeu o Sacramento da Crisma. Em meados de junho, a doença evoluiu rapidamente pelo corpo da menina, causando-lhe espasmos e asfixia e, mesmo assim, ainda ditava as suas cartinhas. Em 3 de julho de 1937, aos seis anos e meio de idade, Antonieta Meo recebeu a sua coroa de glória no Céu. Nennolina foi reconhecida como venerável em dezembro de 2007 pelo Papa Bento XVI, que a apresentou como modelo de inspiração para as crianças do mundo inteiro.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

PALAVRAS ETERNAS (XVIII)


'Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se reconhecemos os nossos pecados, (Deus aí está) fiel e justo para nos perdoar os pecados e para nos purificar de toda iniquidade' (I Jo 1,8)

segunda-feira, 21 de agosto de 2023

DECÁLOGO CONTRA AS TENTAÇÕES


1. Não esqueça que o demônio existe.

2. Não se esqueça que o demônio é um tentador.

3. Não esqueça que o demônio é muito astuto e inteligente.

4. Mantenha-se sempre vigilante em relação aos seus olhos e coração e seja forte em espírito e virtude.

5. Confie firmemente na vitória de Cristo sobre o tentador.

6. Lembre-se de que Cristo quer você como herança de sua vitória.

7. Ouça com atenção a palavra de Deus.

8. Seja humilde e ame a mortificação.

9. Reze sem cessar.

10. Ame o Senhor teu Deus e o adore de todo o coração.

Excertos da obra 'Il Grande Tentatore', do cardeal italiano Dionigi Tettamanzi (1934 - 2017)

sexta-feira, 11 de agosto de 2023

PALAVRAS ETERNAS (XVIII)


Há quem busque o saber por si mesmo, conhecer por conhecer: 
é uma indigna curiosidade.

Há quem busque o saber só para poder exibir-se: 
é uma indigna vaidade. 

Há quem busque o saber para vendê-lo por dinheiro ou por honras: 
é um indigno tráfico.

Mas há quem busque o saber para se edificar, 
e isto é prudência.

E há quem busque o saber para edificar os outros, 
e isto é amor. 

(São Bernardo de Claraval)

terça-feira, 11 de julho de 2023

AS TRÊS VIDAS DE UM HOMEM COMUM


O católico comum - o comum dos homens que vive neste mundo com o firme propósito de viver a sua vida como criatura de Deus e que, por muitas e variadas vezes, se esquece disso - tem três vidas. Três vidas de dimensões e naturezas absolutamente distintas e incomuns. Três vidas.

A primeira vida deste homem comum é a sua história neste mundo. Uma vida feita comumente pela fuligem do tempo de algumas e poucas décadas. De idas e vindas e, sobretudo, de tropeços e atalhos. Uma vida moldada pelos sentidos e pelos sentimentos e quase sempre muitíssimo incompleta, vacilante e firmada em valores condicionalmente divinos e incondicionalmente humanos.

A segunda vida é fruto da primeira quando tangida pela misericórdia de Deus. É uma vida inteira movida pela provação e pela certeza. Não há mais a incerteza e a insensatez da primeira vida. Definitivamente não. Não há mais proveito da graça do livre arbítrio e nem os frutos das boas intenções ou das boas obras. Há apenas o sustento do dano a ser reparado que não tem mais uma magnitude do tempo. Parece ser sempre nunca, mas se tem a certeza de que termina um dia. Na primeira vida, é quase livre pensamento de que este seria um tempo de curta duração; na segunda vida, vive-se um tempo que pode ter a dimensão de um limiar ou ultrapassar em muito os limites da vida humana. Em um ou outro caso - em quaisquer casos - sempre vai ter a duração além de uma ou de muitas outras primeiras vidas. 

A terceira vida é eterna. Indescritível por palavras humanas por não ser humana. Apenas visível e sem contratempos de tempo, lugar ou circunstâncias. Eternamente divina. 

Os santos e os réprobos não têm a segunda vida. Os santos porque a temeram em cada instante de suas primeiras vidas. Os réprobos não a têm porque gastaram uma vida inteira neste mundo buscando perder a Deus no tempo e na eternidade. E terão, por isso e tão somente, uma morte eterna.

terça-feira, 4 de julho de 2023

PALAVRAS ETERNAS (XVII)


'Meus filhos, esta é a última hora. Vós ouvis­tes dizer que o Anticristo vem. Eis que já há muitos anticristos, por isso conhecemos que esta é a última hora' (1Jo 2,18)

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

PALAVRAS ETERNAS (XVI)

 

'Faça o bem enquanto há tempo. Reflita sobre a morte para viver bem e morrer bem. Pense na morte, desista do pecado, afaste-se do mundo, cuida das coisas de Deus. Prepare-se para uma boa morte com uma boa vida, pois o tempo é curto. Hoje é a minha vez, amanhã será a sua. Eu fui e você será o que eu sou. A sua escolha é agora para ter uma Eternidade. Céu Eterno. Inferno Eterno'.

sábado, 28 de janeiro de 2023

A SANTIDADE SEGUNDO GERMAINE COUSIN

A vida de Germaine Cousin* (1579 - 1601) é um mistério insondável dos desígnios divinos sobre a natureza da dor e do sofrimento nesta terra. Na percepção humana, é praticamente inconcebível a dimensão de tanto abandono e sofrimento que podem ser padecidos por uma criança inocente. E, quando descobrimos então que uma Cinderela realmente existiu, nos prostramos silenciados diante a realidade do mal.

Germana* nasceu na aldeia de Pibrac, perto de Toulouse, na França em 1579. Nasceu com a mão direita deformada e padecia de tuberculose linfonodal, uma doença caracterizada por alterações da pele e das mucosas e por tumefações ganglionares, que vai lhe impor uma saúde debilitada por toda a vida. Com a morte prematura da mãe e uma nova união do pai, viveu sob a autoridade, o desprezo e os maus-tratos de uma madrasta particularmente cruel, que a relegou a uma condição servil de trabalho escravo e a humilhações de toda ordem. Dormia sob uma escada no celeiro, fazia todo o trabalho servil na casa e ainda cuidava do rebanho de ovelhas da família sendo mantida, assim, o tempo todo, longe do convívio dos seus irmãos e irmãs. Tudo isso sob a complacência do pai que ignorou todos os seus sofrimentos. Não parece o retrato de uma personagem do reino da fantasia muito conhecida? Mas a maldade existe também em escala inimaginável no mundo real e Germana era um triste exemplo dessa realidade cruel.


E não há príncipes encantados nessa história. Germana aceitou cada minuto de uma vida de absoluta entrega a Deus pela via da santificação, moldada pela oração, humildade, caridade e sofrimento. E seus feitos foram tão espantosos quanto a sua história de vida e, no quase anonimato de uma aldeia francesa do século XVI, Deus a contemplou com milagres portentosos. Eis aqui três deles:

Ela costumava deixar o rebanho de ovelhas (para ir à missa diária) sob a guarda da Providência divina (e nunca perdeu nenhuma ovelha). Para acessar a igreja, ela tinha que transpor um pequeno riacho que cortava a aldeia. Num certo dia muito chuvoso, porém, o riacho se transformara num caudal violento, sem possibilidade de passagem, o que levara alguns camponeses a observar de perto a cena incomum. Germana nem sequer diminuiu o passo ao se aproximar da enchente e, quando tocou a água, sob a estupefação dos presentes, as águas simplesmente se separaram e ela atravessou o riacho a pé enxuto, numa simulação espantosa da abertura das águas do Jordão para a passagem da Arca da Aliança. Alcançada a margem oposta, as águas desabaram novamente ao curso tumultuado da enchente. 

Germana vivia o mandamento da caridade. Em certa ocasião, colocou alguns pedaços de pão no avental para distribuir aos pobres. Acuada no caminho pela madrasta, foi acusada de roubo à vista dos presentes na rua, sendo ordenada aos gritos para abrir o avental e apresentar publicamente a todos os produtos do seu roubo. Ao fazer isso, em vez de pães, o avental guardava flores, muitas flores, impossíveis de cultura e colheita naquela época, então o auge do inverno. A pequena pastora reproduziu em Pibrac o milagre de Santa Isabel da Hungria no século XIII! Em outra ocasião, Deus a permitiu simular um evento de Nosso Senhor, ao reproduzir o milagre da multiplicação dos pães. 


Numa certa noite de 1601, dois monges em viagem foram forçados a passar a noite em uma floresta perto de Pibrac. De repente, foram despertados por um cortejo de anjos que, envolvidos por uma luz resplandecente, movia-se em direção ao povoado. Pouco depois, o cortejo retornou da mesma forma pela floresta, trazendo agora, entre eles e em destaque, a figura de uma virgem com uma coroa de flores na cabeça. Ao chegarem ao povoado, ficaram sabendo então da história de Germana, que havia falecido no celeiro naquela noite, aos 22 anos de idade. Como no conto de fadas, a Cinderela da vida real era alçada a ser princesa nos Céus.


A partir de então, inúmeras curas milagrosas foram atribuídas a Germana e a sua fama de santidade se espalhou rapidamente, atingindo outro patamar quando o seu corpo incorrupto foi exumado, 43 anos após a sua morte, o que deu início ao processo diocesano de beatificação e canonização da humilde pastora. Foi beatificada em 1854 e, em 1867, foi declarada santa pelo papa Pio IX, que hoje veneramos como Santa Germana de Pibrac. Suas relíquias repousam na basílica erigida em sua homenagem em Pibrac. É a padroeira da Diocese de Toulouse e modelo particular de santidade para as crianças e jovens que sofrem ou sofreram maus-tratos e humilhações.

(Basílica de Santa Germana em Pibrac)

* pronuncia-se Germéne Cuzán; em português Germana de Pibrac

SANTA GERMANA DE PIBRAC, ROGAI POR NÓS!

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segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

PALAVRAS ETERNAS (XIV)

'trabalhai na vossa salvação com temor e tremor' (Fl 2,12)


'de que adianta um homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder a sua alma? (Lc 9,25)

Só uma coisa interessa no homem que morre: se está ou se não está na graça de Deus. A morte é o abismo infinito entre DEUS e o NADA

A ciência mais acabada
é a que o homem em graça se acabe,
porque no fim da jornada,
aquele que se salva, tudo sabe;
e o que não se salva, nada sabe.

Nesta vida emprestada,
fazer o bem é o que nos cabe:
aquele que se salva tudo sabe;
e o que não, não sabe nada.

(poemeto atribuído ao autor espanhol Ramón de Campoamor, tradução do autor do blog)

quinta-feira, 27 de outubro de 2022

PALAVRAS ETERNAS (XIII)

Beati pauperes spiritu, quoniam ipsorum est regnum Caelorum

'Bem-aventurados os pobres de espírito
porque deles é o Reino dos Céus!' (Mt 5,3)


Era uma vez um rei que tinha duas filhas: uma delas era de singular formosura, porte esbelto, muito atraente e vivaz; a outra, muito feia e sem atrativos, de semblante pálido e trato qualquer. Esta vendo-se tão inferior à outra, foi chorar junto ao pai, lamentando-se que ninguém a tomaria por esposa. Disse-lhe então o pai: 'Aquieta-te filha, que eu tenho determinado que quem escolher a tua irmã não levará mais dote além da sua formosura e boa conversação; mas quem escolher a ti, levará por dote todo o meu reino'. 

Eis aí a sã doutrina! Este rei é Deus e as duas irmãs são a opulência e a pobreza, filhas do mesmo pai porque Deus fez o pobre e o rico: Dives et pauper obviaverunt sibi: et utriusque operator est Dominus (Pv 22, 2). A opulência é formosa aos olhos do mundo, reluz muito, veste-se muito bem, vive contente e onde quer que vá recebe vivas e agrados. Ao contrário, a pobreza é feia e triste, tende a ser repelida e vive abandonada. Quem se casa com a opulência, porém, não leva mais nada além do dote da glória e do brilho do mundo, que logo passam. E quem recebe a pobreza e com ela vive em paz, promete-lhe Deus o Reino do Céu: beati pauperes spiritu, quoniam ipsorum est regnum Caelorum (Mt 5,3).

(Pe. Manuel Bernardes, em 'Sermões e Práticas').

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

PALAVRAS ETERNAS (XII)

'Não existiu arrependimento para os anjos depois da queda, como também não existe arrependimento para os homens após a morte'

(S. João Damasceno)

quinta-feira, 20 de maio de 2021

A SANTIDADE SEGUNDO CARLO ACUTIS

Carlo Acutis (1991 - 2006)

Há algo extraordinário na santidade de pessoas absolutamente comuns. Carlo Acutis, Chiara Badano e Anne-Gabrielle Caron são referências e modelos de santidade extraordinária para uma juventude que não se espelha nos falsos valores de um mundo atual cada vez menos cristão.

Carlo Acutis viveu apenas 15 anos nessa terra e nunca realizou feitos portentosos. Mas a sua vida simples, cotidiana e comum foi absolutamente extraordinária, não apenas como fruto de uma doação singular às graças divinas, mas pelo empenho de viver a santidade à perfeição. Tal propósito incluía amar como Jesus amava, praticar a caridade como regra cotidiana de vida, colocar-se à disposição do próximo com enorme generosidade e sem se preocupar com retribuição alguma. Praticava a oração e a eucaristia quase diária e transformava uma fé viva e autêntica em obras constantes de caridade: 'a tristeza é o olhar voltado para si; a felicidade é o olhar voltado para Deus'. 


Carlo nasceu em Londres, filho de pais italianos em viagem de trabalho - Andrea Acutis e Antonia Salzano – em 3 de maio de 1991, sendo batizado em seguida. Pouco depois - em setembro de 1991 - a família retornou à Itália e Carlo passou a viver em Milão, onde fez seus estudos e onde, em contato como um estudante de engenharia de computação, desenvolveu enorme habilidade nessa área, particularmente na elaboração de sites e desenvolvimento de programas utilizando linguagens computacionais como C++ e HTML. Neste contexto, desenvolveu um projeto de apresentação, por meio de um site especialmente desenvolvido por ele, de uma resenha, com uma rica exposição de imagens, dos principais milagres eucarísticos conhecidos no mundo. 

A síntese de sua via espiritual era a amizade com Deus: a alegria de viver na presença de Deus, o cuidado em não ofender a Divina Vontade, o empenho extremado em estar disponível a todas as graças, particularmente na posse da eucaristia diária e, caso não possível, na prática da comunhão espiritual frequente. Tudo emanado da prática da caridade constante, da cordialidade extrema ao próximo e do bom dia aos porteiros dos prédios vizinhos, aos cuidados em servir e alimentar, no anonimato e no despojamento, os moradores de rua. Tudo por Jesus e para Jesus, ou como ele próprio dizia: 'a conversão é simplesmente um olhar para o Alto'.

Em outubro de 2006, foi internado por causa de uma suposta gripe, posteriormente diagnosticada como uma leucemia particularmente agressiva. Aceitou serenamente a provação, afirmando: 'Ofereço ao Senhor os sofrimentos que terei que sofrer, pelo papa e pela Igreja, para não ter que passar pelo Purgatório e poder ir diretamente para o Céu'. Faleceu em 12 de outubro de 2006 no hospital de San Gerardo, em Monza, após ter recebido a eucaristia e a unção dos enfermos. O seu funeral já foi um reflexo da sua santidade precoce. O seu corpo foi sepultado no túmulo da família em Ternengo e, em fevereiro de 2007, transferido para o cemitério municipal de Assis, conforme seu próprio desejo, mesmo antes de passar pela doença. Em 10 de outubro de 2020, foi beatificado em Assis pelo Papa Francisco. Cerca de 10 dias antes, havia sido feita a exumação do seu corpo, constatando-se que o mesmo permanecia intacto a quaisquer processos de decomposição desde a época da sua morte.


sábado, 13 de março de 2021

PALAVRAS ETERNAS (XI)

'Tantum ardere est parum, tantum lucere vanum est: Ardere et lucere est perfectum'


'Estar aceso é pouco; iluminar apenas é coisa vã: a perfeição está em arder e iluminar'
(São Bernardo)

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

AS TRÊS DIMENSÕES DA FÉ

1. A fé é um ato da inteligência

Antes de crer examinamos primeiro se o que devemos crer é realmente revelado, Deus quer esta investigação porque exige uma obediência racional.

2. A fé é um ato da vontade

Logo que a inteligência adquiriu a certeza de que a doutrina proposta foi revelada por Deus, a vontade deve logo submeter-se à palavra divina ainda que a razão não compreenda esta doutrina em si mesma.

3. A fé é um ato da graça

A virtude ou ato é sobrenatural, quer dizer, exige a cooperação da graça. A graça é necessária por três razões: (i) Para iluminar e nortear o espírito, a fim de que não se deixe arrastar pelo erro impedindo assim que reconheça o fato da Revelação e aceite as verdades contidas nela; (ii) Para purificar e fortalecer a vontade; é preciso que a justiça comova o coração, dispondo-o a abraçar as verdades que contrariam as paixões; (iii) Para ter a faculdade de acreditar; para crer nas verdades de ordem revelada é necessária uma facilidade de ordem sobrenatural - a graça da fé.

Assim como Deus nos deu olhos e com eles a força de ver as coisas, a inteligência e com ela a força de conhecermos; assim também nos dá a fé e com a fé, a potência, a força para crermos na sua palavra, que nos é anunciada pela Igreja.

A fé dá-nos a conhecer as verdades de ordem sobrenatural, desta ordem que, elevando-nos acima dos sentidos e da simples razão nos faz viver na eternidade da vida e da glória. A fé é uma luz colocada pelo Salvador nas nossas mãos para nos conduzir e guiar no caminho do Céu. A fé é para a razão o que o telescópio é para a vista. O que já não podemos ver a olho nu, o telescópio no-lo descobre em novos mundos e novas maravilhas. Longe de contrariar a razão, a fé só lhe serve de luz ou apoio.

(Excertos da obra 'O Crucifixo - Meu Livro de Estudos', do Pe. júlio Antônio dos Santos, 1950)

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

BREVIÁRIO DA CONFIANÇA (IV)


17 DE OUTUBRO

GOLPES DE MISERICÓRDIA 

Os golpes que sofremos na vida vêm do Alto. São golpes de misericórdia, golpes de cirurgião, para curar. Ferem, causam dor, provocam gemidos? Não importa. Deixemos que o Médico Divino faça a operação necessária. Sem ela nos perderemos. Abençoemos a Mão Divina, que nos fere por misericórdia. É mão de pai, de amigo, que nos quer salvar. Não há outro remédio para nossa salvação. 

O Senhor, na Sua Providência Amorosa, decretou bater-nos, ferir-nos. Faça-se a vontade Divina, toda santa, toda amável! Um dia, no Céu, compreenderemos tudo. E' por castigo que Deus, muitas vezes, nos deixa na prosperidade. Felizes os que são batidos pela Mão Divina! E' o sinal mais certo de que caminham para a salvação. Sofremos, choramos, aflige-nos a dor? Vamos! Coragem! Deixemos que os golpes nos firam, que nos abram feridas, que as façam sangrar! Tudo será bom para o Céu. 

E' com sangue e com lágrimas que se argamassa aqui o edifício do Amor. São golpes de misericórdia ou, melhor, do Amor Misericordioso. Nas nossas aflições, é assim que devemos rezar: 'Batei, cortai, feri, meu Deus, contanto que me salve. Faça-se a Vossa Santíssima e Adorável Vontade!' Nos golpes que nos vêm do Alto, há justiça e misericórdia. A Justiça pune e expia o pecado. A misericórdia salva, purifica e nos leva ao Amor.


18 DE OUTUBRO

A MELHOR DAS ORAÇÕES 

A melhor das orações é o 'Pai Nosso' e, no 'Pai Nosso', o melhor é aquele 'Seja feita a Vossa Vontade assim na terra como no Céu'. Nesse conceito está todo o segredo da santidade. Não basta dizer: 'Senhor/ Senhor!' É mister acrescentar: 'Seja feita a Vossa Vontade'. 'Não são os que dizem: "Senhor! Senhor!" ­- diz o Evangelho - que hão de entrar no Reino dos Céus, mas som os que fazem a Vontade do Pai Eterno'. 

Pouco importam mil coroas e devoçõezinhas originais, se não sabemos conformar a nossa vontade com a Vontade de Deus.  Já  disse e repito: 'Fazer o que Deus quer e querer a que Deus faz, é  a melhor das orações'. E nisto se resume toda a vida cristã. A oração de conformidade é a mais perfeita e agradável a Nosso Senhor. Porque nos sobrecarregarmos frequentemente com tantas devoções, até com prejuízo dos deveres mais graves de estado, e observarmos todas tão escrupulosamente, se o essencial, que é o dever, talvez monótono, fica esquecido e desprezado, e não aceitamos sem revolta o que Deus Nosso Senhor nos envia de sofrimentos e cruzes? 

Digamos, sim, o 'Pai Nosso' todo dia, e com fervor. Não nos esqueçamos, porém, de que, se a prece dominical é a melhor das orações, é justamente porque naquele 'Seja feita a Vossa Vontade assim na terra como no Céu' se resume toda a nossa vida cristã.

(Excertos da obra 'Breviário da Confiança', do Mons. Ascânio Brandão, 1936)

quinta-feira, 21 de junho de 2018

A FÉ CATÓLICA


Quem quiser salvar-se deve antes de tudo professar a fé católica. Porque aquele que não a professar, integral e inviolavelmente, perecerá sem dúvida por toda a eternidade.

A fé católica consiste em adorar um só Deus em três Pessoas e três Pessoas em um só Deus. Sem confundir as Pessoas nem separar a substância. Porque uma só é a Pessoa do Pai, outra a do Filho, outra a do Espírito Santo. Mas uma só é a divindade do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, igual a glória, coeterna a majestade. Tal como é o Pai, tal é o Filho, tal é o Espírito Santo.

O Pai é incriado, o Filho é incriado, o Espírito Santo é incriado. O Pai é imenso, o Filho é imenso, o Espírito Santo é imenso. O Pai é eterno, o Filho é eterno, o Espírito Santo é eterno. E contudo não são três eternos, mas um só eterno. Assim como não são três incriados, nem três imensos, mas um só incriado e um só imenso. Da mesma maneira, o Pai é onipotente, o Filho é onipotente, o Espírito Santo é onipotente. E contudo não são três onipotentes, mas um só onipotente.

Assim o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus. E contudo não são três deuses, mas um só Deus. Do mesmo modo, o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, o Espírito Santo é Senhor. E contudo não são três senhores, mas um só Senhor. Porque, assim como a verdade cristã nos manda confessar que cada uma das Pessoas é Deus e Senhor, do mesmo modo a religião católica nos proíbe dizer que são três deuses ou senhores.

O Pai não foi feito, nem gerado, nem criado por ninguém. O Filho procede do Pai; não foi feito, nem criado, mas gerado. O Espírito Santo não foi feito, nem criado, nem gerado, mas procede do Pai e do Filho. Não há, pois, senão um só Pai, e não três Pais; um só Filho, e não três Filhos; um só Espírito Santo, e não três Espíritos Santos. E nesta Trindade não há nem mais antigo nem menos antigo, nem maior nem menor, mas as três Pessoas são coeternas e iguais entre si. Em tudo se deve adorar a unidade na Trindade e a Trindade na unidade. Quem, pois, quiser salvar-se, deve pensar assim a respeito da Trindade. 

Mas, para alcançar a salvação, é necessário ainda crer firmemente na Encarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo. A pureza da nossa fé consiste, pois, em crer ainda e confessar que Nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, é Deus e homem.

É Deus, gerado na substância do Pai desde toda a eternidade; é homem porque nasceu, no tempo, da substância da sua Mãe. Deus perfeito e homem perfeito, com alma racional e carne humana. Igual ao Pai segundo a divindade; menor que o Pai segundo a humanidade. E embora seja Deus e homem, contudo não são dois, mas um só Cristo. É um, não porque a divindade se tenha convertido em humanidade, mas porque Deus assumiu a humanidade. Um, finalmente, não por confusão de substâncias, mas pela unidade da Pessoa.

Porque, assim como a alma racional e o corpo formam um só homem, assim também a divindade e a humanidade formam um só Cristo. Ele sofreu a morte por nossa salvação, desceu aos infernos e ao terceiro dia ressuscitou dos mortos. Subiu aos Céus e está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e os mortos. E quando vier, todos os homens ressuscitarão com os seus corpos, para prestar conta dos seus atos.

E os que tiverem praticado o bem irão para a vida eterna, e os maus para o fogo eterno. Esta é a fé católica, e quem não a professar fiel e firmemente não se poderá salvar.
(Santo Atanásio de Alexandria)

quinta-feira, 14 de junho de 2018

O QUE É A FÉ?


A Fé não é um sentimento, a Fé não é da ordem natural.

A Fé é um assentimento de nosso espírito à verdade revelada por Deus; é um bem que não deriva de nossa natureza, mas lhe é dado para curá-la.

A Fé é essencialmente purificante – Fide purificans corda – Purificando pela Fé os corações (At 15,9).

A Fé esclarece o espírito e o despoja do erro; levanta o homem caído, recoloca-o no caminho de Deus: a Fé põe as bases da obra da salvação, encaminha o homem para o bem.

A Fé é essencialmente fortificante. Confortus fide, diz São Paulo (Rm 4,20); e ainda, Fide stas – se estás em pé, é pela Fé (id. 11,20).

A Fé é vivificante: 'o justo vive da Fé', diz São Paulo (Gl 3,11).

A Fé é o princípio de um mundo novo, regenerado em Jesus Cristo Nosso Senhor; a Fé é a luz que anuncia os esplendores da eternidade onde veremos Deus; a Fé é a mãe da santa Esperança e da divina Caridade.

A Fé é sobre a terra, a fonte pura de todas as verdadeiras consolações. É ainda São Paulo quem nos diz: Simul consolari per eam quae invicem est, fidem vestram atque meam –Consolemo-nos juntos na Fé que nos é comum, a vós e a mim (Rm 1,12)... e ainda: Saluta eos qui nos amant in fide – Saudai os que nos amam na Fé.

(Excertos da obra 'Cartas Sobre a Fé', do Pe. Emmanuel - André)

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

BREVIÁRIO DA CONFIANÇA (III)


29 DE DEZEMBRO

FECUNDIDADE DO SOFRIMENTO

O sofrimento é fecundo. 'O sofrimento - escreve a admirável Elisabeth Leseur - atua de um modo impetuoso em nós; primeiro, por uma espécie de renovação interior, e depois, em outros também, muitas vezes longe de nós e sem que saibamos neste mundo o que fazemos por eles. O sofrimento é um ato. Cristo fez mais na Cruz pela humanidade do que falando e trabalhando na Galileia ou em Jerusalém. O sofrimento faz a vida: ele transforma tudo o que toca e tudo o que alcança'. O sofrimento é um ato: que fórmula impressionante! Convém guardá-la. Trabalha quem sofre bem. Assim, pode salvar almas como o apóstolo da palavra, como o sacerdote missionário mais ativo e fervoroso. A grande missionária dos últimos tempos, o Anjo do Carmelo de Lisieux, experimentou o sofrimento pela salvação das almas e pôde dizer: 'Pelo sofrimento e pela perseguição, muito mais do que por brilhantes pregações, Deus quer firmar o seu reino nas almas. Nossos sacrifícios, nossos esforços e os mais obscuros dos nossos atos não estão perdidos, é minha opinião absoluta: todos têm repercussão longínqua e profunda. Este pensamento não dá lugar ao desânimo e nem à covardia. Somos pobres jornaleiros da vida'. Semeemos e Deus fará surgir a colheita. Semeemos o bem na dor e na alegria, no Tabor e no Calvário, no fiat do Getsêmani e nas Aleluias da Ressurreição. Porém, é mais fecundo o bem semeado na dor, no Calvário, no sofrimento; porque, enfim, o sofrimento é um ato. 

30 DE DEZEMBRO

REPARAÇÃO

Conheceis a palavra de Pascal, impressionante e profundamente verdadeira - 'Jesus Cristo estará agonizante até o fim do mundo; não se pode dormir durante esse tempo'? 'Dormir' - comenta o Pe. Plus - 'como pensar assim quando o Mestre está suspenso na Cruz a padecer, para muitos em vão, infelizmente?' 'Como assim?' - dizia Urias a Davi - 'O meu general Joab dorme numa tenda de campanha e eu haveria de ir descansar em um palácio? Não, não aceito este triste privilégio!' À vista do Crucificado, perde-se a vontade de viver sem a cruz. Os santos, como o Apostolo dos Gentios, sofrem todos a sublime loucura da cruz. Sofrem porque não podem sofrer ainda mais. E' a sede de Amor e essa sede só se pode satisfazer aqui no exílio de cruzes, de sofrimentos e de martírios. São Felipe Néri estava à morte, esgotado e já sem forças. O médico mandou-lhe que tomasse um caldo. Começou a tomá-lo quando de repente parou e exclamou: 'Ó meu Jesus, que diferença entre nós! Fostes cravado no duro madeiro da cruz e eu descanso num leito tão cômodo... deram-vos a beber fel e vinagre e a mim enchem-me de cuidados ... em torno de Vós quantos inimigos que Vos insultavam e, junto de mim, tantos amigos que se esforçam por me consolar...' E o santo se pôs a chorar, como Nosso Senhor Crucificado faz apaixonar os santos! Saibamos sofrer em espírito de reparação pelos nossos pecados e olhemos com mais fé, com mais amor, o nosso crucifixo!

31 DE DEZEMBRO

TE DEUM LAUDAMUS

Mais um ano que se passa. Mais um passo de gigante deu a minha vida para a eternidade. Fui feliz? Fui desgraçado? Só Vós, ó meu Deus, sabeis se tantas horas amargas, se tantos golpes que me dilaceraram o coração nestes 365 dias, foram para minha desgraça ou para minha felicidade! Te Deum laudamus! Deo gratias Alleluia! Quantos benefícios me concedeu a Vossa Misericórdia Senhor! Eu Vos agradeço. E minhas dores e lágrimas, todas as chagas que os dias sombrios deste ano me abriram no coração, aceitai-os unidos ao mérito das Vossas Chagas na Cruz, em expiação dos meus inumeráveis pecados. Senhor, Deus dos humildes, dos pobres, dos infelizes, dos que choram, tende misericórdia do meu pobre coração, tão louco e tão seduzido pelas belezas criadas, do meu coração que aspira a uma felicidade, a uma paz verdadeira que nunca pôde encontrá-la fora de Vós, vivendo, entretanto, como louca mariposa, a debater-se e queimar suas asas na falsa luz das belezas criadas. Senhor, dai-me um coração todo Vosso. Deus, ó meu Deus, solução de todos os meus problemas e meu ideal! O' Deus, povoai as solidões mais devastadas, consolai as dores mais pungentes, enchei os vazios mais profundos, aquecei os corações mais frios. Ó Vós, Senhor, que compreendeis todas as aspirações, protegeis todas as liberdades e respeitais todos os sentimentos, restaurais todas as ruínas e amparais todos os nossos esforços. Senhor, acalmai as paixões, fortalecei as vontades, sustentai os fracos, dilatai os corações. Dai-nos a paz, Deus de Misericórdia e da Verdade, meu Deus e meu Tudo! - Deus meus et omnia!

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

BREVIÁRIO DA CONFIANÇA (II)


14 DE DEZEMBRO

ABISMO SOBRE ABISMO

Meditemos com Santa Margarida Maria os abismos insondáveis do Coração de Jesus. Eis como ela nos fala, com tanta eloquência, desses abismos: 'O Coração de Jesus é um abismo de amor, onde havemos de abismar todo o amor próprio que em nós existe, com todas as suas produções más, isto é, respeitos humanos e desejos de nos satisfazer. Se estais no abismo da pobreza e desnudado de vós mesmos, ide vos abismar do Coração de Jesus. Ele vos enriquecerá. Se vos achais num abismo de fraqueza e caís a todo instante, ide vos abismar na força do Sagrado Coração, que vos fortificará e vos livrará. Se estais no abismo das misérias, ide vos abismar no Coração adorável todo cheio de misericórdia. Se vos achais num abismo de orgulho e de amor próprio, de vanglória, abismai-vos no abismo de bondade do Sagrado Coração. Se vos achais num abismo de trevas, Ele vos revestirá de Sua luz. Quando mergulhardes num abismo de tristeza, ide vos abismar no abrigo da alegria divina do Sagrado Coração de Jesus e achareis um tesouro que dissipará todas as tristezas e aflições do vosso espírito. Nas inquietações, nas dúvidas, ide vos abismar desse Adorável Coração. Se vos encontrardes num abismo de temor, abismai-vos da confiança do Coração de Jesus e o temor há de ceder lugar ao amor'. Abismo sobre abismo! Ó Jesus, dai-me cada vez mais amor e confiança na onipotência misericordiosa do Vosso Coração!

15 DE DEZEMBRO

ALMAS REPARADORAS

Hoje, mais do que em tempo algum, o mundo, para se salvar, tem necessidade de almas generosas, de almas reparadoras. 'A necessidade de reparar' - escreve o admirável Pe. Plus - 'não se impõe apenas como dedução dos princípios sobre os quais se assenta a nossa fé católica e, especialmente a doutrina do Corpo Místico e o Dogma da Redenção, impõe-se também como consequência forçosa de um ensinamento formal, constante e muitas vezes repetido por Nosso Senhor! Não nos soa aos ouvidos a palavra de Jesus: 'Fazei penitência! Fazei penitência!' Que é a penitência? Reparação. O mundo, chafurdado na lama da sensualidade, saturado de orgulho sacrílego, tem necessidade de almas reparadoras. E são poucas! Quem nos dera ter uma legião de almas como Simone Dennriel, cujo brado é o de todos os corações generosos que hoje se imolam no altar da reparação: 'Tenho necessidade de sofrer' - escreve ela - 'quero sofrer porque Jesus sofreu por mim... porque Deus o pede em expiação dos crimes do mundo. Quero sofrer, porque o sofrimento é a mais poderosa das orações,  porque o sofrimento eleva e purifica ... quero sofrer porque a felicidade se encontra no sofrimento e a minha alma anseia pela verdadeira felicidade. Non mori sed pati*. Sofrer, sofrer durante cem anos, se preciso for, para salvar almas e dar glória a Deus. Tenho necessidade de oração contínua, que é a força da alma e a chave do Céu. A oração me une a Jesus e me ajuda a suportar tudo para a sua glória. A oração é irmã do sofrimento. Ambos se unem para se oferecerem a Deus e para salvarem o mundo. Jesus não os separou em sua vida oculta, nem na Paixão e nem na Cruz'.

* não morrer, mas sofrer