sexta-feira, 1 de agosto de 2025

ORAÇÃO A MARIA, RAINHA DA MISERICÓRDIA

 ORAÇÃO A MARIA, RAINHA DA MISERICÓRDIA

(Santo Afonso Maria de Ligório)

Mãe de Deus e senhora minha, Maria.
Como se apresenta diante de uma grande rainha
um pobre maltrapilho e chagado,
assim me apresento diante de Vós, rainha do céu e da terra.
De vosso trono sublime, dignai-vos
volver vossos olhos para mim, pobre pecador.
Deus vos tornou tão rica
para que possais socorrer os pobres,
e vos fez rainha da misericórdia
para que possais aliviar os miseráveis.
Olhai e tende misericórdia de mim.
Olhai por mim e não me abandoneis,
tornai-me de pobre pecador em santo.
Vejo que eu nada mereço e, por minha ingratidão,
deveria ser privado de todas as graças
que, por vós, me teria dado meu Senhor.
Porém, vós, que sois rainha da misericórdia,
não procurais por méritos,
mas misérias e necessidades por socorrer.
E quem poderia ser mais pobre e necessitado do que eu?
Virgem excelsa, eu sei que vós,
que sois a rainha do universo,
sois também a minha rainha.
Por isso, de maneira muito especial,
quero dedicar-me ao vosso serviço,
para que disponhais de mim de bom agrado.
Como São Boaventura, queria vos dizer: Senhora,
estou ao vosso serviço,
para que possais me moldar e me dirigir.
Não me abandoneis a mim mesmo,
mas sede minha guia,
colocai-me sob vosso arbítrio
e corrigi-me, se não vos obedecer,
porque serão para mim mais salutares
as reprimendas que vierem por vossas mãos.
Estimo mais ser vosso servo
do que senhor da terra inteira.
"Sou todo vosso, salvai-me" (Sl 118, 94).
Tomai-me para vós e protegei-me.
Não quero ser de mim mesmo, a vós me entrego.
E se, no passado, vos servi mal,
perdendo belas ocasiões de vos honrar,
agora em diante quero tornar-me um dos vossos servos
mais amorosos e leais.
Não quero que ninguém venha a me superar
em vos honrar e amar, minha doce rainha.
Assim vos prometo,
com vossa ajuda, assim hei de cumprir. 
Amém.

01 DE AGOSTO - SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO

ROGAI POR NÓS!

PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS

OS PAPAS DA IGREJA (XXV)

 



quinta-feira, 31 de julho de 2025

31 DE JULHO - SANTO INÁCIO DE LOYOLA

 


Ad Maiorem Dei Gloriam 

Para a Maior Glória de Deus

O fundador da Companhia de Jesus e autor dos 'Exercícios Espirituais' buscou a via da santidade pelo completo despojamento de si, pelo abandono completo de sua vontade aos desígnios da Divina Providência, abstraindo-se de todo comodismo humano na sua caminhada espiritual para Deus. Eis aí a santidade das atitudes extremas, das decisões moldadas por uma fé intrépida, pela ação de um 'sim' sem rodeios ou incertezas. Uma vida de conversão e de entrega generosa a Deus, testemunho eloquente da fé cristã coerente e tenaz, levada às últimas consequências. 

Inácio Lopez nasceu na localidade de Loyola, atual município de Azpeitia, no País Basco/Espanha, em 31 de maio de 1491. De família rica, levou vida mundana até ser ferido gravemente numa perna na batalha de Pamplona. Na longa convalescença e pela leitura da vida de grandes santos, decidiu abandonar os bens terrenos e viver para a glória de Deus, quando tinha então 26 anos. Entre 1522 e 1523, escreveu os chamados 'Exercícios Espirituais', uma síntese de sua própria conversão e método de evangelização para uma vida espiritual em plenitude. Em 1528, ingressou na Universidade de Paris e a 15 de agosto de 1534, com mais seis companheiros, entre eles São Francisco Xavier, fundou a Companhia de Jesus, tornando-se sacerdote e assumindo o cargo de superior-geral da ordem jesuítica em 1540, com a aprovação do Papa Paulo III. Santo Inácio morreu em Roma, em 31 de julho de 1556, aos 65 anos de idade. Foi canonizado em 12 de março de 1622 pelo Papa Gregório XV. Em 1922, o Papa Pio XI declarou Santo Inácio padroeiro dos Retiros Espirituais.

ORAÇÃO DE SANTO INÁCIO DE LOYOLA

Tomai Senhor, e recebei
Toda minha liberdade,
A minha memória também.
O meu entendimento
E toda minha vontade.
Tudo que tenho e possuo,
Vós me destes com amor.
Todos os dons que me destes,
Com gratidão vos devolvo:
Disponde deles, Senhor,
Segundo vossa vontade.
Dai-me somente 
O vosso amor, vossa graça.
Isto me basta,
Nada mais quero pedir.

quarta-feira, 30 de julho de 2025

O REFÚGIO DOS TEMPOS FINAIS


Hoje, quero conduzir-vos pela mão como uma mãe; quero conduzir-vos cada vez mais profundamente nas profundezas do meu Imaculado Coração. O meu coração deve ser um refúgio para vós, no qual deveis viver e a partir do qual deveis contemplar todos os acontecimentos deste mundo. Se viver cada momento neste refúgio, será sempre aquecido pelo meu amor e pelo amor do meu Filho Jesus. A cada dia que passa, este mundo mergulhará cada vez mais profundamente na frieza do egoísmo, da sensualidade, do ódio, da violência, da infelicidade. Diante da grande escuridão, a noite do ateísmo que envolverá tudo descerá sobre o mundo. É especialmente então que meu Imaculado Coração será seu refúgio e sua luz. Não temam nem o frio nem a escuridão, porque vocês estarão no Coração de sua Mãe, e de lá vocês indicarão o caminho a uma grande multidão de meus pobres filhos errantes (05/01/74).

Meu Coração Imaculado é o seu refúgio mais seguro e o meio de salvação que, neste momento, Deus dá à Igreja e à humanidade (08/12/75).

Entrem no meu Imaculado Coração: é o refúgio que a Mãe lhes oferece. Nele encontrarão tudo o que preparei para vocês, a fim de atravessarem as terríveis horas de purificação que agora estão vivendo... ... Quem não entrar neste refúgio será levado pela grande tempestade que já começou a se formar (03/06/78).

Existem males de ordem social, tais como divisões e ódio, fome e pobreza, exploração e escravidão, violência, terrorismo e guerra. Para se protegerem de todos esses males, convido-os a se colocarem sob o abrigo do refúgio seguro do meu Imaculado Coração (07/06/86).

O Senhor me revestiu da sua luz e o Espírito Santo me revestiu de sua potência, assim Eu apareço como um grande sinal no céu, Mulher vestida de sol, porque tenho a missão de subtrair a humanidade do domínio do enorme dragão vermelho... Por isto, Eu formo, para Mim, o exército dos meus filhos... em todas as partes do mundo (14/05/89).

Então, todos os dias, Eu me apresento diante do trono do meu Senhor numa atitude de profunda adoração, abro a porta de ouro do Meu Coração Imaculado e ofereço nos meus braços todos estes filhos... (14/05/89)

Como Noé, em nome do Senhor, convidava a entrar na arca aqueles que deviam ser salvos do dilúvio, assim agora tu, meu mais pequenino menino, em nome de sua Mãe Celeste, deves convidar a entrar no refúgio do meu Coração Imaculado aqueles que devem ser protegidos, defendidos e salvos... (15/03/93)

Agora que a grande prova chegou, sentir-me-eis de maneira extraordinária junto a todos vós, para ser o grande sinal de consolação e de segura esperança, nestes últimos tempos de purificação e da grande tribulação (15/08/93).

(Excertos da obra 'Aos Sacerdotes, Filhos Prediletos de Nossa Senhora', Pe. Gobbi)

'O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus' 

(Nossa Senhora de Fátima)

Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: 'Mulher, eis aí teu filho'. Depois disse ao discípulo: 'Eis aí tua mãe'
(Jo 19,26-27)

terça-feira, 29 de julho de 2025

ORAÇÃO PARA ANTES DE LER AS SAGRADAS ESCRITURAS

 

Ó Deus Eterno e Pai de bondade que, para nosso conhecimento e consolação, nos deixaste escrita a tua Sagrada Palavra! Preserva minha compreensão de todo erro ao lê-la; livra-me do espírito de soberba para que eu siga fielmente os ensinamentos daquela que nos deste como mestra infalível da verdade, a Santa Igreja Católica, e dá-me um coração dócil e generoso para que eu saiba praticar os teus ensinamentos divinos. Eu te imploro esta graça pelos méritos daquele que é nosso caminho, nossa verdade e nossa vida, Jesus Cristo, teu único Filho e nosso Senhor, em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da graça, que contigo e com o Espírito Santo vive e reina, Deus, pelos séculos dos séculos. Amém.

segunda-feira, 28 de julho de 2025

FRASES DE SENDARIUM (LVII)

 

'Todo o tempo que não usamos para Deus é tempo perdido' 

(São Bernardo)

Quem dera possamos ter sempre tempo de louvar ao Pai da Vida os dias que passam. E pedir, em meio às vertigens de nossas preocupações e afazeres cotidianos, que nossas ações, palavras e pensamentos estejam sempre regidos pela Vontade dos Céus!

OS PAPAS DA IGREJA (XXIV)

 



domingo, 27 de julho de 2025

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Naquele dia em que gritei, Vós me escutastes, ó Senhor!' (Sl 137)

Primeira Leitura (Gn 18,20-32) - Segunda Leitura (Cl 2,12-14) -  Evangelho (Lc 11,1-13)

  27/07/2025 - DÉCIMO SÉTIMO DOMINGO DO TEMPO COMUM

VIDA DE ORAÇÃO


Jesus em oração. Nos Evangelhos, são inúmeros os exemplos que mostram Jesus em silente oração na intimidade com o Pai. O Filho de Deus Vivo feito homem mostra e reafirma, em sua condição humana, a necessidade da oração contínua e suplicante a Deus. Nestas ocasiões, Jesus se afastava do burburinho dos homens, para rezar com piedade, recolhimento e devoção, no exemplo do modelo da oração perseverante que se eleva da terra e encontra acolhida e reflexos nos céus. É preciso rezar sempre, é preciso sempre rezar bem.

E Jesus ensina aos discípulos a Oração do Pai Nosso, síntese da perfeição da oração cristã. Em São Lucas, os Evangelhos transcrevem uma versão mais resumida da forma integral da oração como expressa por São Mateus (Mt 6, 9-13). Nas suas sete petições, suplicamos e louvamos de forma perfeita a glória e a misericórdia de Deus, assumimos a condição de criaturas necessitadas de alimento físico e espiritual para ascendermos à eternidade com Deus, definitivamente libertados do pecado e de todas as insustentáveis fragilidades da nossa natureza humana.

Rezar bem, com perseverança, insistentemente, oportuna e inoportunamente, como Abraão diante o perdão de Sodoma (Gn 18, 20-32), como Jesus ilustra com a parábola do pedido inoportuno do amigo insistente em plena madrugada: 'Amigo, empresta-me três pães...' (Lc 11,5). Deus não se cansa, Deus não se aflige, Deus não reclama de horários inapropriados ou da falta de cortesias humanas. Deus quer ouvir a nossa oração sempre, a qualquer hora, em qualquer lugar: 'Portanto, eu vos digo: pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será aberto. Pois quem pede, recebe; quem procura, encontra; e, para quem bate, se abrirá' (Lc 11, 9-10). A oração bem feita é a certeza concreta de que nossas súplicas tocaram o Coração de Deus.

A insistência e a perseverança da oração rendem frutos de graças. O poder da oração agradável a Deus é capaz de remover montanhas, obstáculos julgados intransponíveis, e de superar todos os limites conhecidos da condição humana; é capaz de realizar milagres: 'Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem!' (Lc 11, 13). O tempo de Deus conosco é a nossa vida em oração.

sábado, 26 de julho de 2025

26 DE JULHO - SÃO JOAQUIM E SANTA ANA

 

Sagrada Família com São Joaquim e Santa Ana (Nicolás Juarez, 1699)

De acordo com a Tradição Católica e documentos apócrifos antigos, os pais de Maria foram São Joaquim e Santa Ana. Ana, em hebraico Hannah, significa 'Graça' e Joaquim equivale a 'Javé prepara ou fortalece'. Ambos os nomes indicam, portanto, a  missão divina de realização das promessas messiânicas, com o nascimento da Mãe do Salvador. Segundo a mesma Tradição, os pais de Maria teriam nascido na Galileia, transferindo-se depois para Jerusalém, onde Maria nasceu e onde ambos morreram e foram enterrados.

O culto aos pais de Maria Santíssima é antiquíssimo na Igreja Oriental (como revelados nos escritos de São Gregório de Nissa e Santo Epifânio, em hinos gregos e em homilias dos Santos Padres). Os túmulos de São Joaquim e Santa Ana em Jerusalém foram honrados até o final do Século IX, numa igreja construída no local onde viveram. No Ocidente, o culto de Santa Ana é muito mais recente, com sua festa litúrgica tendo início na Idade Média, sendo formalizada no Missal Romano apenas em 1584, no tempo de Gregório XIII. A devoção a São Joaquim foi ainda mais tardia no Ocidente.

Como pais de Nossa Senhora, São Joaquim e Santa Ana são nossos avós espirituais e o calendário litúrgico instituiu a festa conjunta destes dois santos em 26 de julho, que ficou também conhecida como 'dia dos avós'. Eles são também os santos protetores da Ordem dos Carmelos Descalços (fundada no Século XVI por Santa Teresa de Ávila). No dia dos avós, o blog presenteia os nossos irmãos mais velhos com estas duas orações.

Oração a Santa Ana

Santa Ana, mãe da Santíssima Virgem, pela intercessão da Vossa Filha e do Meu Salvador, dai-me obter a graça que Vos peço, o perdão dos meus pecados, a força para cumprir fielmente os meus deveres de cristão e a perseverança eterna no amor de Jesus e de Maria. Amém.

Oração a São Joaquim

Senhor! Pela intercessão de São Joaquim, pai da Santíssima Virgem, velai pelos Vossos filhos idosos, especialmente... (nomes) que, tendo cumprido na Terra uma vida longa, possa(m) merecer de Vós a Vida Eterna no Céu. Senhor, dai-lhes o conforto de uma idade avançada, saúde do corpo e da alma, a sabedoria de envelhecer e um coração inquieto enquanto não repousar em Vós. Amém.  

sexta-feira, 25 de julho de 2025

O DOGMA DO PURGATÓRIO (CV)

Capítulo CV

Meios de se Evitar o Purgatório - Confiança na Misericórdia de Deus - Palavras de São Francisco de Sales - São Filipe Néri: 'O Paraíso é seu!'

O quinto meio para obter o favor diante do tribunal de Deus é ter grande confiança em sua misericórdia. 'Junto de vós, Senhor, me refugio. Não seja eu confundido para sempre (Sl 30,2). Certamente Aquele que disse ao bom ladrão: 'Hoje estarás comigo no Paraíso', merece bem que tenhamos uma confiança ilimitada nele. São Francisco de Sales confessou que, se considerasse apenas a sua miséria, mereceria o inferno; mas, cheio de humilde confiança na misericórdia de Deus e nos méritos de Jesus Cristo, esperava firmemente compartilhar a felicidade dos eleitos. 'E o que Nosso Senhor faria com sua vida eterna' - disse ele - 'se não fosse dá-la a nós, pobres, pequenas e insignificantes criaturas que somos, que não temos outra esperança senão a sua bondade? Bendito seja Deus! Tenho esta firme confiança no fundo do meu coração, de que viveremos eternamente com Deus. Um dia estaremos todos unidos no Céu. Tenham coragem; em breve estaremos lá!'

'Devemos' - disse ele também - 'morrer entre dois travesseiros: um, da humilde confissão de que não merecemos nada além do inferno; o outro, da confiança total de que Deus, em sua misericórdia, nos dará o paraíso'. Tendo encontrado um dia um senhor que estava cheio de medo excessivo dos julgamentos de Deus, ele lhe disse: 'Aquele que tem um desejo verdadeiro de servir a Deus e evitar o pecado não deve, de forma alguma, permitir-se ser atormentado pelo pensamento da morte e do julgamento. Se eles devem ser temidos, não é com aquele medo que desanima e deprime o vigor da alma, mas com um medo temperado pela confiança e, portanto, salutar. Espere em Deus: quem espera nele nunca será confundido'.

Lemos na Vida de São Filipe Néri que, tendo ido um dia ao Convento de Santa Marta, em Roma, uma das religiosas, chamada Escolástica, desejou falar com ele em particular. Essa senhora estava há muito tempo atormentada por um pensamento de desespero, que não ousava revelar a ninguém; mas, cheia de confiança no santo, resolveu abrir seu coração a ele. Quando ela se aproximou dele, antes que tivesse tempo de dizer uma palavra, o homem de Deus disse-lhe com um sorriso: 'Você está muito enganada, minha filha, ao acreditar que está destinada às chamas eternas: o Paraíso pertence a você!' 'Não consigo acreditar, padre!' - respondeu ela com um profundo suspiro. 'Você não acredita? Isso é loucura da sua parte, você verá. Diga-me, Escolástica, por quem Jesus morreu?' 'Ele morreu pelos pecadores'. 'Então, pois, me diga, você é uma santa? 'Ai de mim!' - respondeu ela chorando, 'sou uma grande pecadora'. 'Portanto, Jesus morreu por você, e certamente foi para abrir o Céu para você. Assim, fica claro que o Céu é seu. Quanto aos seus pecados, você os detesta, não tenho dúvidas'. A boa religiosa ficou comovida com essas palavras. A luz entrou em sua alma, a tentação desapareceu e, a partir daquele momento, aquelas doces palavras - 'o Paraíso é seu!' - a encheram de confiança e alegria.

Tradução da obra: 'Le Dogme du Purgatoire illustré par des Faits et des Révélations Particulières', do teólogo francês François-Xavier Schouppe, sj (1823-1904), 342 p., tradução pelo autor do blog.

quinta-feira, 24 de julho de 2025

quarta-feira, 23 de julho de 2025

SOBRE SOFRER OS DEFEITOS DOS OUTROS


1. Aquilo que o homem não pode emendar em si mesmo ou nos demais, deve-o tolerar com paciência, até que Deus disponha de outro modo. Considera que talvez seja melhor assim, para provar tua paciência, sem a qual não têm grande valor nossos méritos. Todavia, convém, nesses embaraços, pedir a Deus que te auxilie, para que os possas levar com seriedade.

2. Se alguém, com uma ou duas advertências, não se emendar, não contendas com ele; mas encomenda tudo a Deus para que seja feita a sua vontade, e seja ele honrado em todos os seus servos, pois sabe tirar bem do mal. Procura sofrer com paciência os defeitos e quaisquer imperfeições dos outros, pois tens também muitas que os outros têm de aturar. Se não te podes modificar como desejas, como pretendes ajeitar os outros à medida de teus desejos? Muito desejamos que os outros sejam perfeitos, e nem por isso emendamos as nossas faltas.

3. Queremos que os outros sejam corrigidos com rigor e nós não queremos ser repreendidos. Estranhamos a larga liberdade dos outros e não queremos sofrer recusa alguma. Queremos que os outros sejam apertados por estatutos e não toleramos nenhum constrangimento que nos coíba. Donde claramente se vê quão raras vezes tratamos o próximo como a nós mesmos. Se todos fossem perfeitos, que teríamos então de sofrer nós mesmos por amor de Deus?

4. Ora, Deus assim o dispôs para que aprendamos a carregar uns o fardo dos outros; porque ninguém há sem defeito; ninguém sem carga; ninguém com força e juízo bastante para si; mas cumpre que uns aos outros nos suportemos, consolemos, auxiliemos, instruamos e aconselhemos. Quanta virtude cada um possui, melhor se manifesta na ocasião da adversidade; pois as ocasiões não fazem o homem fraco, mas revelam o que ele é.

(Da Imitação de Cristo, de Thomas de Kempis)

OS PAPAS DA IGREJA (XXIII)

 



terça-feira, 22 de julho de 2025

TESOURO DE EXEMPLOS II (23/26)

 

23. UM SERMÃO OUVIDO DE LONGE

Conta o escritor Súrio que, estando Santo Antônio a pregar em certa cidade, uma senhora devota, que morava distante, tinha imenso desejo de ouvir as pregações do santo. O marido, homem perverso, não lhe permitia de modo algum. Ouvindo que, devido a multidão do povo, o santo iria pregar fora da cidade em campo aberto, a boa senhora, aflita e desconsolada, subiu ao terraço da casa para olhar, ao menos de longe, o lugar onde o santo pregava.

Coisa admirável! Apesar da grande distância, a voz do pregador chegava-lhe aos ouvidos forte e distinta, como se o púlpito estivesse ali mesmo. Admiradíssima chamou o marido, o qual, reconhecendo naquele acontecimento o dedo de Deus, entrou em si, converteu-se sinceramente, e foi dali em diante um ouvinte assíduo da palavra de Deus.

E assim recompensou Nosso Senhor a fé e o amor que aquela senhora demonstrava pela palavra divina.

24. NÃO SOMOS PAGÃOS...

➖Fique tranquilo, senhor vigário - dizia um pai de família - em nossa casa não somos pagãos. É verdade que eu não vou muito à missa e não comungo há muitos anos, mas minha mulher está na igreja todos os domingos e cumpre todos os seus deveres religiosos...
➖ Mas por que a sua mulher é tão fiel em cumprir os deveres para com Deus?
➖ Senhor vigário, por que há de ser, senão para salvar a alma?
➖ Perfeitamente! E você não tem por acaso uma alma que salvar? Porventura a sua mulher tem uma alma para os dois?

25. A DUPLA PÁSCOA DE BERRYER

Pelo fim da quaresma de 1868, o célebre advogado Berryer almoçava com o famoso historiador e literato Thiers. Este perguntou-lhe:
➖ Meu caro Berryer, vais fazer a Páscoa este ano?
➖ Espero que sim, respondeu o advogado; e até pretendo fazer duas: a primeira em Paris para cumprir meu dever e, depois, em Angerville, para servir de exemplo aos meus conterrâneos.
➖ Muito bem, Berryer; se todos seguissem o teu exemplo, a França estaria salva.

26. 'ÚLTIMA MISSA'

Há em Roma um quadro magnífico intitulado 'Última Missa', no qual estão representados os prelúdios do fim do mundo. Bem no fundo, um padre está para terminar a santa missa. Os anjos, inclinados sobre suas trombetas, esperam apenas que a missa termine, para anunciarem, ao som das trombetas, a hora da divina Justiça. 

Esse quadro é devido ao gênio do imortal pintor Leonardo da Vinci, o qual costumava dizer: 'Estou convencido de que, sem a santa missa, o mundo teria caído no abismo sob o peso de suas maldades'.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos' - Volume II, do Pe. Francisco Alves, 1960; com adaptações)

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segunda-feira, 21 de julho de 2025

FRASES DE SENDARIUM (LVI)


'A inteligência, iluminada pela fé, encontra Cristo Crucificado na cela do coração, no qual a alma vê o seu próprio nada' 

(Santa Catarina de Sena)

Jesus, quando o meu nada se extinguir de vez, que seja no abismo de Vossa Misericórdia...

OS PAPAS DA IGREJA (XXII)

 




domingo, 20 de julho de 2025

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Senhor, quem morará em vossa casa?' (Sl 14)

Primeira Leitura (Gn 18,1-10a) - Segunda Leitura (Cl 1,24-28) -  Evangelho (Lc 10,38-42)

  20/07/2025 - DÉCIMO SEXTO DOMINGO DO TEMPO COMUM

SÓ UMA COISA É NECESSÁRIA


Em meio às suas muitas viagens e peregrinações, em certa ocasião, Jesus parou para descansar na pequena comunidade de Betânia e ali se hospedou numa casa de propriedade de Marta. Marta era irmã de Maria e Lázaro, família religiosa e de posses, pela qual Jesus nutria grande apreço e amizade. Desta feita, aparentemente já se passara algum tempo sem Jesus ter estado com eles, pois, diante de sua chegada, Maria não arredava pé de sua Santa Presença, ouvindo com admiração e profunda alegria as palavras do Mestre.

Tão absorta e tão entretida estava Maria com a chegada do Senhor, que relegara ao completo esquecimento quaisquer outras tarefas ou atribuições, ainda que motivadas pela chegada de visitante de tal honra. Honra maior do que servi-lo ou preparar-lhe a refeição, era amá-lo, era estar envolvida pela sua presença, era encher o coração de graça e de se deleitar na graça do Senhor. Atitude diversa tivera a sua irmã Marta. Na praticidade e nas exigências das ações humanas, movia-se de esforços concentrados em dar ao Mestre a refeição mais ligeira e mais substanciosa. E, nesse intuito, estava imersa por completo em mil afazeres e preparativos, moldada pelo intento de oferecer uma generosa hospitalidade e propiciar uma acolhida calorosa ao Senhor em sua casa. Santas e gratas intenções do coração humano!

Foi, pois, movida por tais preocupações imediatas, que Marta abordou Jesus, buscando a sua intervenção em induzir Maria a ajudá-la nas tarefas a cumprir: 'Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha, com todo o serviço? Manda que ela me venha ajudar!' (Lc 10, 40). A hospitalidade e a docilidade da acolhida são afligidas pelas queixas e uma certa admoestação a Jesus no pedido de Marta: 'não importas?'; 'manda'... Diante de Deus, Maria se alimenta do Verbo Encarnado; diante de Deus, Marta se apequena nas suas próprias tribulações humanas.

Jesus vai conduzi-las ambas a si. Com Maria, mediante as palavras e os ensinamentos que o Evangelho não transcreveu. Com Marta, com as palavras que ressoam para todos nós: 'Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas. Porém, uma só coisa é necessária' (Lc 10, 41-42). Todas as ações humanas podem ser belas e santas, desde que comecem no espírito da Santa Presença de Deus. Por Cristo, com Cristo, em Cristo: tudo em Cristo para a glória de Deus! Maria escolheu a melhor parte porque fez a acolhida do Senhor Que Vem primeiro na alma. E esta escolha, ratificada por Jesus, é outra verdade que ressoa para cada um de nós, no agora da vida humana e no depois da eternidade: a melhor parte definitivamente 'não lhe será tirada' (Lc 10, 42).

sábado, 19 de julho de 2025

GALERIA DE ARTE SACRA (XLII)


O afresco Fractio Panis - Partição do Pão - constitui a representação mais antiga conhecida da celebração da Eucaristia, localizada na chamada 'Capela Grega', na Catacumba de Priscila, Via Salaria Nova, em Roma. Inteiramente recuperada e posteriormente descrita nos trabalhos do Padre Joseph Wilpert [Die Malereien der Katakomben Roms (1903)], a obra encimava o arco superior do altar da capela, datada da primeira metade do século II. Na mesma câmara, ao lado do afresco, está representado o sacrifício de Abraão e, no lado oposto, há também uma representação de Daniel na cova dos leões.

O registro histórico dos primórdios do cristianismo é contundente em demonstrar como as representações artísticas da celebração da Eucaristia variaram ao longo do tempo, dependendo do estado do conhecimento e da teologia da época. Nesta abordagem primitiva, a referência explícita está concentrada no ato eucarístico da partição do pão por um personagem imponente postado na extremidade de uma grande mesa: 'Unidos de coração, frequentavam todos os dias o templo; partiam o pão nas casas e tomavam a comida com alegria e singeleza de coração' (At 2,46) ou 'No primeiro dia da semana, estando nós reunidos para partir o pão...' (At 20,7). Da extremidade da mesa, este personagem, estendendo as mãos para a frente, formaliza a partição do pão diante dos demais convivas reunidos em torno da mesa e representados por 5 homens e uma mulher.. 

O significado eucarístico da imagem é corroborado por outros acessórios presentes na imagem, Com efeito, mais adiante na mesa, há dois pratos grandes, um contendo dois peixes e o outro, cinco pães. Em cada extremidade da mesa, estão presentes cestos cheios de pães - quatro cestos em uma extremidade e três na outra. Os pães e os peixes sobre a mesa apontam diretamente para a multiplicação milagrosa realizada duas vezes por Cristo. A associação deste milagre com a Santíssima Eucaristia é conhecida não apenas em outros monumentos arqueológicos, mas também na própria literatura cristã primitiva.

sexta-feira, 18 de julho de 2025

TRATADO SOBRE A HUMILDADE (XXVI)


Exame sobre a Humildade para com o Próximo

119. De acordo com a doutrina de São Tomás [2a 2æ, qu. clxi, art. 3], o primeiro ato de humildade consiste em nos submetermos a Deus, e o seguinte é submeter-nos - isto é, humilhar-nos - ao próximo por amor a Deus; como diz o Espírito Santo por meio de São Pedro: 'Sujeitem-se, portanto, a toda criatura humana por amor de Deus' [1Pd 2,13] e o mesmo Espírito Santo nos exorta através de São Paulo a nos superarmos uns aos outros em humildade: 'Com humildade, cada um considere os outros superiores a si mesmo' [Fl 2,3].

120. Ora, como o próximo pode ser seu superior, seu igual ou seu inferior, é certo que você deve praticar a humildade antes de tudo para com seu superior, o que é um preceito, pois, como diz São Pedro, tal é a vontade de Deus: 'Porque assim é a vontade de Deus' [1Pd 2,15]. Você demonstra aos seus superiores a obediência e reverência que sua condição exige? Como você recebe suas repreensões? Você sente aquela humildade de coração para com eles 'servindo de boa vontade' [Ef 6,7] que São Paulo recomenda? Há uma humildade necessária para a imitação de Cristo, 'que se humilhou, tornando-se obediente até a morte' [Fl 2,8]. Às vezes, pode haver uma desculpa de impotência ou inadvertência em não obedecer àqueles que Deus colocou acima de você, mas recusar-se a obedecer é sempre um ato de orgulho indesculpável. Como diz São Bernardo [citando São Tomás]: 'Não estar disposto a obedecer é um esforço orgulhoso da vontade' [2a 2æ, qu. clxi, art. 2].

121. Como você se comporta com os seus iguais? Você deseja estar acima deles, ser preferido a eles, não se contentando com sua própria condição? Toda vez que você sentir esse desejo em seu coração, diga a si mesmo que esse foi o pecado de Lúcifer, que disse em seu coração: 'Eu subirei' [Is 14,14]. E São Tomás ensina que a virtude da humildade consiste essencialmente em moderar esse desejo de nos exaltarmos acima dos outros.

Você se considera acima dos outros por algum dom da natureza, educação ou graça? Isso é verdadeiro orgulho, e você deve subjugá-lo com humildade, considerando-se inferior aos outros, como de fato você pode ser diante de Deus.

122. Como você se comporta com os seus inferiores? É para com eles que você deve exercer a humildade acima de tudo. 'Quanto maior fores' - diz a palavra inspirada - 'tanto mais humilha-te em todas as coisas' [Eclo 3,20]. E embora eles sejam inferiores no que diz respeito à sua condição de vida, lembra-te sempre que diante de Deus eles são teus iguais: 'Sabendo que o Senhor deles e teu está no céu, e que não faz acepção de pessoas' [Ef 6,9].

Dessa forma, você se tornará bondoso e atencioso, como aconselha São Paulo quando diz: 'Consentindo em ser humilde' [Rm 12,16]. Você os comanda com arrogância e imperiosidade, contra a vontade expressa de Deus, que não deseja que você se comporte com seus inferiores 'como senhor'? [1Pd 5,3]. E quando você é obrigado a corrigi-los, você o faz com o espírito adequado: 'Com espírito de mansidão' - como nos ensina o Apóstolo - 'considerando-se a si mesmo, para que também não seja tentado'? [Gl 6,1].

Há também outro tipo de humildade que é falsa e contra a qual somos advertidos pelo Espírito Santo quando Ele diz: 'Não sejas humilde em tua sabedoria, para que, sendo humilhado, não sejas enganado pela loucura' [Eclo 13,11]. Se você possui o talento de ensinar, aconselhar, ajudar e fazer o bem às almas dos outros, e então se retira, dizendo, como se fosse por humildade: 'Não sou bom o suficiente'; ou se você estiver em uma posição em que é seu dever corrigir, punir ou exercer autoridade, e você a abandonar por motivos de humildade, isso não é verdadeira humildade, mas fraqueza e covardia, e no que diz respeito às aparências, devemos observar a regra de Santo Agostinho: 'Para que, enquanto a humildade é observada indevidamente, a autoridade do governante não seja minada entre aqueles que devem ser submissos' [In Reg.].

Por mais que eu deva elogiá-lo por se considerar inferior em mérito a todos aqueles abaixo de você, 'no conhecimento do seu coração' - como diz tão bem São Gregório - isso não deve ser em detrimento do seu cargo, diminuindo a sua superioridade. Pois estar em uma posição superior não o impede de ser humilde de coração; mas essa humildade não deve ser um impedimento para o exercício da sua autoridade. A citação de Santo Agostinho é referida por São Tomás: 'Em segredo, considere os outros como seus superiores, aos quais você é superior em público' [2a 2æ, qu. clxi, art. 6 ad 1].

123. Temos que praticar dois tipos de humildade para com todos os nossos vizinhos: uma é de conhecimento, a outra de afeto. A humildade do conhecimento consiste em reconhecer e manter em nossa alma mais íntima que somos inferiores a todos, e é por isso que Jesus Cristo nos aconselha em seu evangelho a ocupar o lugar mais baixo: 'Sente-se no lugar mais baixo' [Lc 14,10].  Ele não nos diz para nos sentarmos em um lugar no meio, nem em um dos últimos, mas no último; isto é, devemos ter uma opinião de nós mesmos tal que nos consideremos inferiores a todos, como exclama São Bernardo: 'Que você se sente sozinho e em último lugar, não apenas não se colocando à frente dos outros, mas nem mesmo ousando se comparar com os outros' [Serm. 37 in Cant.]. A razão é que você não sabe se aqueles que você considera inferiores a si mesmo, e acima dos quais você se exalta, não são muito mais queridos por Deus e serão colocados no futuro à direita do Altíssimo.

O homem verdadeiramente humilde acredita que todos são melhores do que ele e que ele é o pior de todos. Mas você é realmente humilde assim em sua própria opinião? Você se compara facilmente com este e aquele, mas a quantos você não se prefere com o orgulho do fariseu: 'Eu não sou como os outros homens' [Lc 18,11]. Quando você se prefere aos outros, muitas vezes parece que você fala com certa humildade e modéstia, dizendo: 'Pela graça de Deus, não tenho os vícios de tal pessoa; pela graça de Deus, não cometi tantos pecados graves quanto tal pessoa'. Mas é realmente verdade que você reconhece que deve tudo isso à graça de Deus e que dá a Ele a glória, em vez de a si mesmo? Se você se estima mais do que tal pessoa, e se ela, por sua vez, se estima inferior a você, ela é, portanto, mais humilde do que você e, por essa razão, melhor. Se, pela graça de Deus, você é casto, caridoso e justo, deve se esforçar, pela mesma graça, para ser também humilde. E como você pode ser humilde se tem tanta autoestima, preferindo-se aos outros?

Quando São Paulo nos ensina que, em santa humildade, devemos acreditar que todos os outros são melhores do que nós, ele também nos ensina a maneira de conseguir isso, ou seja, não considerando o bem que temos em nós mesmos, mas o que os outros têm ou podem ter, 'cada um não considerando as coisas que são suas, mas as que são dos outros' [Fl 2,4]. Com base nisso, São Tomás fundamenta esta doutrina de que todo o mal que há no homem e é feito pelo homem vem do homem, e todo o bem que há no homem e é feito pelo homem vem de Deus; e ele diz que, por quatro razões, podemos afirmar sem hesitação que todos são melhores do que nós.

A primeira razão é considerar em nossos corações o que realmente nos pertence, ou seja, a malícia e a maldade, e considerar o que nosso próximo possui o que é de Deus, ou seja, seus inúmeros benefícios. A segunda é considerar alguma qualidade boa em particular que essa pessoa possa ter e que nós não temos. A terceira é reconhecer alguma falha em nós mesmos que a outra pessoa não tem. A quarta é ter um temor sábio de que possa haver algum orgulho secreto dentro de nós que corrompa nossas ações mais sagradas e que possamos estar enganados na opinião que temos de nós mesmos, imaginando-nos virtuosos quando não somos [2a 2æ, qu. clxi, art. 3 in 4; dist. 25, qu. ii, art. 3 ad 2].

('A Humildade de Coração', de Fr. Cajetan (Gaetano) Maria de Bergamo, 1791, tradução do autor do blog)

quinta-feira, 17 de julho de 2025

PALAVRAS DE SALVAÇÃO

Conservando-se a perfeita propriedade das duas naturezas que subsistem em uma só pessoa, a humildade é assumida pela majestade, a fraqueza pela força, a mortalidade pela eternidade. Para pagar a dívida contraída pela nossa condição pecadora, a natureza invulnerável uniu-se à natureza passível; e a realidade de verdadeiro Deus e verdadeiro homem associa-se na única pessoa do Senhor. Por conseguinte, aquele que é um só mediador entre Deus e os homens (1Tm 2,5), como exigia a nossa salvação, morreu segundo a natureza humana e ressuscitou segundo a natureza divina. Com razão, pois, o nascimento do Salvador conservou intacta a integridade virginal de sua mãe; ela salvaguardou a pureza, dando à luz a Verdade. Tal era, caríssimos filhos, o nascimento que convinha a Cristo, poder e sabedoria de Deus. Por este nascimento, ele é semelhante a nós pela sua humanidade, e superior a nós pela sua divindade. De fato, se não fosse verdadeiro Deus, não nos traria o remédio; se não fosse verdadeiro homem, não nos serviria de exemplo. Por isso, quando o Senhor nasceu, os anjos cantaram cheios de alegria: 'Glória a Deus no mais alto dos céus, e anunciaram paz na terra aos homens por ele amados' (Lc 2,14). Eles veem, efetivamente, a Jerusalém celeste ser construída pelos povos do mundo inteiro. Por tão inefável prodígio da bondade divina, qual não deve ser a alegria da nossa humilde condição humana, se até os sublimes coros dos anjos se rejubilam?

(São Leão Magno)

OS PAPAS DA IGREJA (XXI)




Bento IX foi um dos papas mais polêmicos e abomináveis da Igreja, o mais jovem a ser efetivado, o primeiro a renunciar ao cargo e o único a exercer o papado por três períodos não consecutivos (1032 a 1044; 1045 [renunciou menos de um mês depois] e 1047 - 1048).

quarta-feira, 16 de julho de 2025

GLÓRIAS DE MARIA: MÃE E FORMOSURA DO CARMELO

   

No dia 16 de julho de 1251, São Simão Stock suplicava a intercessão de Nossa Senhora para resolver problemas da Ordem Carmelita quando teve uma visão da Virgem que, trazendo o Escapulário nas mãos, lhe disse as seguintes palavras:

"Filho diletíssimo, recebe o Escapulário da tua Ordem, sinal especial de minha amizade fraterna, privilégio para ti e todos os carmelitas. Aqueles que morrerem com este Escapulário não padecerão o fogo do Inferno. É sinal de salvação, amparo e proteção nos perigos, e aliança de paz para sempre". 


Imposição e Uso do Escapulário

- Qualquer padre pode fazer a bênção e imposição do Escapulário à pessoa.

2 - A bênção e a imposição valem para toda a vida e, portanto, basta receber o Escapulário uma única vez.

- Quando o Escapulário se desgastar, basta substituí-lo por um novo.

- Mesmo quando alguém tiver a infelicidade de deixar de usá-lo durante algum tempo, pode simplesmente retomar o seu uso, não sendo necessária outra bênção.

5 - Uma vez recebido, o Escapulário deve ser usado em todas as ocasiões (inclusive ao dormir), preferencialmente no pescoço.

6 - Em casos de necessidade de retirada do Escapulário, como no caso de doenças e/ou internações em hospitais, a promessa de Nossa Senhora se mantém, como se a pessoa o estivesse usando.

7 - Mesmo um leigo pode fazer a imposição do Escapulário a uma pessoa em risco de morte, bastando recitar uma oração a Nossa Senhora e colocar na pessoa um escapulário já bento por algum sacerdote.

8 - O Escapulário pode ser substituído por uma medalha que tenha, de um lado, o Sagrado Coração de Jesus e, do outro, uma imagem de Nossa Senhora (por autorização do Papa São Pio X).
Oração a Nossa Senhora do Carmo
     Ó Virgem do Carmo e mãe amorosa de todos os fiéis, mas especialmente dos que vestem vosso sagrado Escapulário, em cujo número tenho a dita de ser incluído, intercedei por mim ante o trono do Altíssimo. 

          Obtende-me que, depois de uma vida verdadeiramente cristã, expire revestido deste santo hábito e, livrando-me do fogo do inferno, conforme prometestes, mereça sair quanto antes, por vossa intercessão poderosa, das chamas do Purgatório.

        Ó Virgem dulcíssima, dissestes que o Escapulário é a defesa nos perigos, sinal do vosso entranhado amor e laço de aliança sempiterna entre Vós e os vossos filhos. Fazei, pois, Mãe amorosíssima, que ele me una perpetuamente a Vós e livre para sempre minha alma do pecado. 

       Em prova do meu reconhecimento e fidelidade, ofereço-me todo a Vós, consagrando-Vos neste dia os meus olhos, meus ouvidos, minha boca, meu coração e todo o meu ser. E porque Vos pertenço inteiramente, guardai-me e defendei-me como filho e servidor vosso. Amém.