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segunda-feira, 3 de novembro de 2025

TESOURO DE EXEMPLOS II (51/56)


51. O QUE PODE O AMOR À FÉ CRISTÃ (I)

Em Damasco, na Síria, durante a perseguição religiosa de 1860, disseram os turcos a um menino cristão de catorze anos:
➖ Ou você se faz muçulmano, ou lhe cortamos a cabeça!
➖ Cortem-me a cabeça, se quiserem - respondeu o menino - mas eu sou e serei sempre cristão.
No mesmo instante aqueles bárbaros cumpriram a ameaça e a Igreja contou com mais um mártir.

52. O QUE PODE O AMOR À FÉ CRISTÃ (II)

Venâncio, rapaz de quinze anos, foi denunciado como cristão a Antíoco, governador da cidade de Camerino. Confessou a sua fé sem fazer caso de promessas nem de ameaças. O governador mandou açoitá-lo e depois metê-lo no cárcere. Para ali mandou um homem enganador e astuto, chamado Átalo, o qual disse que também fôra cristão, mas abandonara a fé por ver que era uma loucura privar-se dos bens presentes por uma esperança vã de futuros e deixar o que se possui pelo que nunca há de chegar. Repeliu-o Venâncio e desfez seus embustes.

Foi então o santo atirado aos leões que não lhe fizeram mal algum. Sofreu inauditos tormentos. Cansavam-se os verdugos de atormentá-lo, e ele não se cansava de padecer por Jesus Cristo. Por fim foi decapitado e entrou glorioso no céu. Sua festa celebra-se em toda a Igreja no dia 18 de maio.

53. O QUE PODE O AMOR À FÉ CRISTÃ (III)

Ao conde José Mlodeki, durante a feroz perseguição iniciada em 1863 pelo governo russo contra os católicos poloneses, despojaram-no de todos os bens, e logo lhe prometeram devolvê-los caso renunciasse á fé católica. Seus bens estavam avaliados em grande fortuna.
➖ À minha fé não se põe preço - respondeu altivamente - fiquem vocês com a minha fortuna; fico eu com a minha fé.

54. O QUE PODE O AMOR À FÉ CRISTÃ (IV)

São Francisco Solano, aos trinta anos de idade, foi um dia visitar Montilla, cidade que o vira nascer. Sua primeira visita foi à igreja paroquial de São Tiago. Ali, dirigindo-se a pia batismal, onde se tornara cristão, ajoelhou-se e rezou o Credo com a fronte apoiada sobre a pedra da pia.

55. O QUE PODE O AMOR À FÉ CRISTÃ (V)

João Henrique Fabre, um dos mais eminentes entomólogos, chamado o Homero dos insetos, dizia: 'Não posso afirmar que creio em Deus, porque eu o vejo. Sem Ele nada compreendo, sem Ele tudo são trevas. Antes me arrancarão a vida que a fé em Deus'.
E Newton inclinava a cabeça toda vez que os seus lábios proferiam o santo nome de Deus.

56. O QUE PODE O AMOR À FÉ CRISTÃ (VI)

Achando-se Schopenhauer, aquele grande renegado, em seu leito de agonia, ouviram-no exclamar: 'Meu Deus! meu Deus!'
Ao que o seu médico lhe perguntou:
➖ O que é isso? Em tua filosofia também há Deus?
➖ Ah! - respondeu o filósofo - nos sofrimentos, a filosofia sem Deus é insuficiente!

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos' - Volume II, do Pe. Francisco Alves, 1960; com adaptações)

segunda-feira, 20 de outubro de 2025

TESOURO DE EXEMPLOS II (47/50)


47. SANTO ANTONIO DE PÁDUA E A CRUZ

Santo Antônio de Pádua, ainda menino, servia de acólito na igreja da Sé, em Lisboa. Um dia, estando no coro, apareceu-lhe o diabo em forma horrível. Ó menino, sem se amedrontar, fez devotamente o sinal da cruz na grade. O diabo fugiu no mesmo instante. A cruz ficou impressa no mármore, como se este fôra de cera.

48. MORREU COM OS BRAÇOS EM CRUZ

Em 1937, na perseguição comunista, uma distinta senhora de Málaga (Espanha) foi presa pelos vermelhos. Sabendo que ia morrer, entregou a uma companheira uns objetos de ouro que levava consigo escondidos, e disse-lhe: 'Isto é para o Exército espanhol'. 

Depois, despedindo-se, pediu a todos que lhe perdoassem suas culpas e subiu ao caminhão com outras sete senhoras, das quais três eram freiras. No momento de ser fuzilada, ajoelhou-se e, segurando com ambas as mãos o Crucifixo, gritou: 'Viva Cristo-Rei! Viva a Espanha!'

Os vermelhos arrancaram-lhe das mãos à viva força o Crucifixo e o atiraram com raiva ao chão. No momento, porém, da descarga, aquela santa senhora abriu os braços em cruz, a fim de morrer como o Redentor.

49. COMO MORRE UM AVARENTO

Em Paris, estava um velho avarento estendido em seu leito de agonia. Trabalhara sem cessar durante toda a vida, não só nos dias úteis mas também nos domingos e festas de preceito, e isso para amontoar riquezas e mais riquezas. A sua divisa parece ter sido esta: 'Ouro, por ti eu vivo; por ti eu morro!'

Como estava prestes a expirar, pediu que lhe colocassem nas mãos muitas moedas de ouro. Fizeram-lhe a vontade e, assim, expirou. As moedas rolaram pelo chão. Estava morto, afinal, o gozo do ouro... Em nós, deve morrer o pecado. É palavra de São Paulo: 'Nós, cristão, devemos estar mortos para o pecado'.

50. COMO PREGAVA SÃO VICENTE

São Vicente Ferrer percorria as casas em seu ardente apostolado por cidades e vilas. Quando sua voz cheia de santa unção ameaçava castigos ou prometia prêmios eternos, os ouvintes rompiam em soluços e de seus olhos brotavam lágrimas de arrependimento. Ninguém resistia à sua palavra de fogo. 

Uma vez teve de pregar diante de um senhor de muitas posses numa festa solene e aparatosa. São Vicente esqueceu-se naquele dia de beber em suas fontes costumeiras e consultou autores, folheou livros eruditos e preparou períodos eloquentes. O sermão saiu de seus lábios perfeito, magnífico.

Aquele grande senhor quis ouvi-lo de novo no dia seguinte. O santo, arrependido de sua vaidade da véspera, foi prostrar-se, como era seu costume, aos pés do Crucifixo, e preparou-se na meditação e na presença de Deus. Subiu ao púlpito e pregou. Sua palavra foi como sempre cheia de calor e de unção. 

Terminado o sermão, disse-lhe aquele senhor de muitas posses :
➖ Hoje gostei mais do seu sermão; o senhor falou com outra convicção e com outro ardor...
➖ Senhor - replicou humildemente o santo - ontem pregou Vicente, hoje pregou Jesus Cristo! Sapienti sat...

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos' - Volume II, do Pe. Francisco Alves, 1960; com adaptações)

sábado, 4 de outubro de 2025

TESOURO DE EXEMPLOS II (43/46)

 

43. UMA VERDADEIRA EDUCADORA

Aos 20 de março de 1869 morria no Tirol (Austria) uma educadora por nome Joana da Cruz. Depois que ela deu o último suspiro, todos diziam: 'Morreu uma santa! Sim, morreu uma santa!'

Os que haviam frequentado a sua escola gostavam de contar a impressão que sentiam cada vez que a viam entrar na classe. 'Parecia-nos - diziam - que era Jesus que entrava. Falava como Jesus. Comportava-se como Jesus. De seus olhos e de todo o seu ser resplandecia a imagem de Jesus'. Aquela santa educadora revestira-se realmente de Jesus Cristo.

44. A TENTAÇÃO E O SINAL DA CRUZ

Santa Margarida, mártir, era uma donzela de rara beleza. Aos dezesseis anos de idade, dirigiu-se a seu pai, que era pagão, e disse-lhe: 
➖ Meu pai, quero confiar-lhe um segredo. O senhor é sacerdote dos ídolos; eu, porém, sou batizada e creio em Jesus Cristo.

Imediatamente apoderou-se daquele homem um furor selvagem. Atirou-se sobre a filha, como uma fera e logo mandou enviá-la ao cárcere. Na prisão apareceu-lhe o demônio, murmurando-lhe ao ouvido: 'Ora, vamos, não seja tola. Você é jovem e bela. Aí bem perto a espera um noivo pagão, rico e nobre; com ele você viverá dias felizes. Abandone a Jesus'.

Quereis saber o que fez Margarida nessa terrível tentação, nesse perigo iminente de perder a sua alma? Devotamente fez o sinal da cruz e, no mesmo instante, o demônio desapareceu. Aproximou-se dela o Anjo da Guarda e a consolou. Passados alguns dias foi Margarida conduzida ao lugar do martírio. 

Diante daquela juventude radiante, daquela formosura encantadora, o algoz ficou comovido e a espada vacilou em sua mão. Iria ele desistir de dar o golpe? Iria ela perder, a palma do martírio? Margarida fez o sinal da cruz e disse: 'Dê o golpe, irmão; a cruz é minha força!'
Inclinou a cabeça e colheu a palma do martírio. A cruz deu-lhe a Vitória.

45. POR QUE A MORTIFICAÇÃO?

São Nilo, antes de sua conversão, pecara contra a santa pureza. Converteu-se. E desde a sua conversão jamais comeu carne, jamais bebeu vinho ou outra bebida alcoólica. Comia somente legumes e frutas, bebia somente água. Renunciou, igualmente, ao seu leito macio e dormia sobre tábuas. A sua penitência, a sua mortificação foi sincera, foi perseverante; nunca mais recaiu nas antigas faltas.

Dizem os mestres espirituais que o uso de muita carne torna o homem sensual e propenso ao pecado; o vinho por sua vez, e em geral as bebidas alcoólicas, são a causa de graves tentações impuras.

46. O PODER DA CRUZ

O caso que vou contar é engraçado, mas dá-nos uma preciosa lição sobre o poder da santa cruz. Tinham os monges de certo convento o sagrado dever de descer todos os dias à igreja e, ali, sentando-se o Abade em sua grande cadeira de superior, e eles nos bancos do presbitério, cantavam os louvores de Deus.

Sucedeu que, um dia, o santo Abade Leufrido se achava adoentado em seu pobre leito e não pode descer para presidir ao oficio em sua igreja. O demônio, que vive rodeando também os santos e servos de Deus, achou que era chegada a ocasião de todos os monges lhe prestarem reverência. Tomou, pois, o hábito e a figura do Abade, desceu com os outros ao presbitério e sentou-se depressa na grande cadeira com ar de importância. Todos os monges fizeram-lhe reverência; mas um deles, chegando atrasado por vir da cela do Abade, viu com espanto outro Leufrido ali sentado.

Voltando imediatamente à cela do superior, disse alvoroçado:
➖ Dom Abade, que é isso? Estais ao mesmo tempo em dois lugares? Acabo de encontrar-vos sentado no presbítero, e estais aqui... o que é isso?
Caiu o Abade na conta do diabólico estratagema e, sentindo-se com forças bastante, foi depressa à igreja; mas, antes de entrar, no presbitério, traçou o sinal da cruz em todas as portas e janelas. Entrou, depois, no presbitério e, armado de um bom chicote molhado em água benta, começou a açoitar o fingido Abade.

O demônio fugiu espavorido e Leufrido 0 seguiu. O demônio queria passar por uma porta e, embora estivesse aberta, voltou correndo; aproximou-se de uma janela, e não conseguiu passar, porque em toda parte encontrava pela frente o sinal da cruz. O Abade surrou o demônio a valer; os monges riam-se a bandeiras despregadas; e o diabo escapou, afinal, por uma chaminé! É que o santo se esquecera de fazer ali o sinal sagrado...

Leufrido tomou, então, a palavra e explicou aos religiosos que Deus permitira aquela cena para que eles conhecessem o poder da Cruz e, nas tentações, não deixassem de benzer-se com o sinal sagrado, que o demônio tanto teme e detesta.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos' - Volume II, do Pe. Francisco Alves, 1960; com adaptações)

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

TESOURO DE EXEMPLOS II (39/42)

 

39. COMO FAZ BEM A HUMILHAÇÃO

Bem poucos conhecem, mesmo de nome, São Telmo. Chamava-se, antes, Pedro González. Era muito moço, mas seu tio, o bispo de Palência, o fez cônego daquela catedral. Era o jovem cônego muito vaidoso e gostava demais das honras e dignidades. Sua vida contrastava com a de seus colegas que andavam escandalizados com a sua conduta. 

Apesar disso, seu tio conseguiu que ele fosse eleito deão do cabido. A posse foi marcada para o dia de Natal. Chegado o dia, González vestiu um elegante traje cortesão e, montando um ginete magnificamente adornado, atravessou as ruas da cidade, com grande escândalo para o povo. Entretanto Deus, em seus insondáveis desígnios, queria servir-se da vaidade de González para impor-lhe uma profunda humilhação. Queria por esse meio levá-lo a melhores sentimentos, fazendo-o sentir quão frívolas e efêmeras são as honras deste mundo.

Chegando à grande praça de Palência, quis fazer seu cavalo corcovear graciosamente, a fim de provocar admiração do público e arrancar-lhe aplausos. Largou o cavalo a toda brida mas, no meio da carreira, o animal empacou de repente, deu um pinote e lançou o cavaleiro no meio da lama. A multidão acolheu a queda com uma estrondosa gargalhada. A vaia foi tremenda. O vaidoso deão, coberto de lama até aos olhos, não ousava levantar-se do chão. Muito salutar foi, todavia, tamanha confusão. Erguendo os olhos ao céu, exclamou: 'Como este mundo, a quem eu desejava agradar, zomba de mim? Pois bem, eu me rirei dele, vou virar-lhe as costas e mudarei de vida'. Abandonou tudo, fez-se dominicano e, com o nome de Frei Telmo, viveu e morreu como santo.

40.  A RELIGIÃO MAIS ANTIGA 

Na Inglaterra, encontraram-se certa vez um protestante e um católico. Conversa vai, conversa vem, eis que o protestante, para mexer com o outro, perguntou: 
➖ O senhor não ficaria triste de ver, depois da sua morte, suas cinzas misturadas na sepultura com as desses homens que o senhor considera hereges?
➖ Não, senhor - respondeu o católico - sabe por que? No meu testamento ordenarei que cavem a minha sepultura um pouco mais funda e, assim, minhas cinzas ficarão misturadas com as de outros católicos.

41. QUANTO VALE A ALMA

Vós, os que vendeis vossa alma por um nada (por um prazer momentâneo, pelas riquezas perecíveis, pelo fumo de uma honra vã, etc), quereis saber o que ela vale? Não vo-lo direi eu; dir-vos-á um pobre índio que viveu nas florestas, mas teve a sorte de conhecer e abraçar a verdade católica. 

Morrera então o Padre Smedt; morrera, como São Francisco Xavier, com o braço cansado de batizar pagãos e rodeado de uma coroa gloriosa de novos cristãos. Após a sua morte, penetraram nas selvas, carregados de ouro e de mulheres, uns quantos missionários protestantes. Um deles, metodista, procurou conquistar para a sua seita o chefe da tribo dos yacamas, que havia sido batizado pelo venerável Smedt.

Entre o pastor e o índio entabulou-se então este diálogo:
➖ Quanto você quer para passares para a nossa religião protestante?
➖ Muito dinheiro - respondeu o pele-vermelha.
➖ Quanto? Duzentos dólares?
➖ Muito mais.
➖ Quanto, então? 500.000 dólares?
➖ Muito mais ainda.
➖ Fala, dize a soma que queres e eu a darei.

O índio fitou-o fixamente nos olhos, atirou às costas a sua manta de couro de búfalo e, levantando a mão ao céu, segredou-lhe ao ouvido:
➖ Dai-me o que vale a minha alma!

42. O MATERIALISMO HODIERNO

A geração atual, desprezando os valores do espírito, nenhum interesse mostra pela civilização ou pela cultura. O culto exagerado do corpo manifesta por demais os eczemas da alma. O resultado é o seguinte:
A geração hodierna vê que os jornais dedicam páginas inteiras aos esportes e algumas linhas aos progressos científicos e aos assuntos religiosos. Por esses jornais (e são eles os culpados!), vê-se como um jogador, um campeão de boxe, um astro ou estrela de cinema absorvem por completo a atenção mundial. 

Há sábios trabalhando no silêncio de seus gabinetes e ninguém por eles se interessa. Perguntai aos rapazes de hoje onde fica Atenas ou Sidney, Dublin ou Granada, e responderão com indiferença: não sei! Perguntai-lhes, porém, onde está Hollywood e seus olhos brilharão de entusiasmo. Perguntai a um ginasiano quem foi Michelangelo, Pasteur ou Marconi, e ele não saberá; perguntai-lhe quem foi Greta Garbo, Pola Negri ou Rodolfo Valentino e saberão até o dia em que morreram esses tais. 

Não sabem a distância que percorre a luz num segundo, mas sabem tudo sobre o recorde de natação da última Olimpíada. Não sabem nem aproximadamente a posição ou a altura do Everest, mas sabem com exatidão os recordes dos saltadores. Não saberão dizer quantos presidentes governaram o Brasil, mas dirão os nomes e a cor dos craques, do Palmeiras ou do Flamengo. 

Deixemos, por enquanto, a apreciação dos conhecimentos religiosos desta geração que cresce, porque o ensino religioso nas escolas está mesmo em embrião. O que será, meu Deus, desta geração materializada e sem ideal superior algum?

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos' - Volume II, do Pe. Francisco Alves, 1960; com adaptações)

terça-feira, 9 de setembro de 2025

TESOURO DE EXEMPLOS II (35/38)


35. CATÓLICOS DE BATISMO

Há três classes de católicos, a saber: católicos de batismo, isto é, homens de que se sabe que são católicos porque podem apresentar uma certidão na qual consta que, um dia, foram levados à Igreja e batizados; fora disso, nem por suas crenças e nem por suas práticas, poderá alguém reconhecer que são católicos.

Há católicos domingueiros. Ao chegar o dia do Senhor, tomam o seu devocionário ou mesmo o seu missal, ou não levam nada, e vão à Igreja para ouvir missa tarde e rápida (sem sermão e nem instrução) e feito isso estão quites com Deus toda a semana.

Há católicos de todos os dias. Sabem que ninguém pode ser verdadeiramente católico, quando não o é todas as horas, e se não impregnam de espírito católico todas as suas obras, e se não se comportam como tais em toda ocasião, ordenando sua vida segundo a santa vontade de Deus.

Por que não havemos de ser católicos de verdade? Por que os católicos de batismo são legião, os domingueiros são muitos, e poucos, pouquíssimos, são os católicos de todos os dias?

36. COMO AS MODAS PEGAM

Certo dia, um mau caçador perseguía no juncal de uma lagoa numeroso bando de patos silvestres. Ao vê-lo, fugiram todos. Um, porém, ficou embaraçado e, sobre ele, disparou o caçador a sua carga de chumbos. O tiro pegou-o no rabo. As penas voaram pelos ares, sobrando só duas, tesas e ridículas, na cauda do pato. Teve vergonha de voltar deformado para o meio de seus companheiros, porquanto zombariam dele e de sua desgraça.

Fugiu, pois, para longe e, em sua vida errante, encontrou-se, um dia, junto de uma lagoa com outro bando de patos silvestres. Quando o viram chegar com aquelas duas únicas penas no rabo, os novos companheiros soltaram uma gargalhada e gritaram:
➖ Olhem este espantalho, de onde terá ele escapado?
Um dos patos mais velhos, porém, disse sisudamente:
➖ Pois olhem, parece-me um tipo interessante; talvez venha de Paris e quiçá seja por lá a última moda entre os patos.
Foram perguntar ao recém-chegado e o astuto (que ouvira a conversa) saiu galhardamente do apuro dizendo que, realmente, aquela era a última moda de Paris.
➖ E assenta-se admiravelmente - comentaram as patinhas mais novas. 

E dentro de poucos dias, essas patinhas (primeiro uma, depois as outras) foram arrancando as penas do rabo, deixando somente duas à moda do hóspede.

As patas-mães, a princípio, não gostaram muito da novidade; mas, pouco tempo depois, elas também arrancaram as penas do rabo e, pelos arredores da lagoa, só se viam patas sem as penas dos rabos. O pato ridículo triunfara sobre todo o grupo de patos.

Entre os homens, e mormente entre as mulheres, há muitas modas que se originaram à semelhança desta. Vieram através das modistas importadas de Paris ou do cinema semipagão. E como nos parecem ridículas! Quantos sacrifícios para servir à moda e quão poucos para agradar a Deus!

37.  A IGREJA INVENCÍVEL

Temeis pelo futuro da Santa Igreja, quando consideráis o ódio e o furor com que a combatem os seus inimigos? Ah! nao vos amedronteis! A história de ontem é a melhor garantia da história de hoje. Muito mais poderosos foram os inimigos da Igreja primitiva - plantinha tenra ainda - do que os perseguidores de hoje, quando ela - árvore frondosa e gigante - resiste impávida aos furacões. 

Vede o que sucedeu: quando Diocleciano foi desterrado e morreu como pobre velho desesperado... quando Galeno foi devorado pelos vermes e reconheceu num edito público a injustiça dos seus ataques... quando Maxêncio se afogou no Tibre... quando Maximino expirou no meio de dores atrozes como as que fizera sofrer aos cristãos... quando Licínio caiu sob as armas de Constantino...  

A Esposa de Cristo (a Igreja) mostrava-se jovem e triunfadora e saía das catacumbas para empreender suas conquistas vitoriosas, flutuando sobre a sua cabeça uma bandeira branca e azul, na qual estavam gravadas as palavras da eterna Verdade: 'As portas do inferno nunca prevalecerão contra ela!'

38. SALVEMO-NOS NA IGREJA

Os soldados cercam a fortaleza e estão ansiando por atacá-la.
➖ Soldados - brada o general, amanhã assaltaremos a fortaleza.
➖ Por onde, meu general?
➖ Pelo norte; estai prontos para cumprir as minhas ordens!

Todos se calam e preparam as armas. No dia seguinte, o general dá a ordem de assalto. Os soldados atiram-se como leões contra a muralha do norte e tomam a fortaleza. Alguns soldados, porém, por sua própria conta, preferiram atacar a fortaleza pelo sul e, porque desobedeceram as ordens do general, foram fuzilados no campo de batalha. Este é o poder do general; este é dever do exército.

Pois bem; a vida do homem sobre a terra é uma milícia. Somos soldados de um exército, cujo General é o próprio Deus. Viemos a este mundo sem outro fim do que este: conquistar o reino do Céu! Entretanto, Deus, o comandante supremo, nos diz: 'Fora da Igreja não há salvação!'

É inútil queremos conquistar o Céu de outra maneira com nossas próprias idéias e nossos próprios métodos. Seremos vencidos e castigados, se não empregarmos os meios e as armas que Jesus Cristo nos dá por meio da sua Igreja.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos' - Volume II, do Pe. Francisco Alves, 1960; com adaptações)

sábado, 23 de agosto de 2025

TESOURO DE EXEMPLOS II (31/34)

 

31. MALDITA LÍNGUA!

Havia um homem — diz Santo Afonso — que aparentemente levava uma vida boa, mas sempre se confessava mal. Tendo caído gravemente enfermo, foi visitá-lo o pároco, que o exortou a receber os sacramentos, porque se achava em perigo de vida. O doente, porém, não queria saber de confissão.
➖ Mas por que o senhor não quer confessar-se?
➖ Porque estou condenado - respondeu o doente. Nunca confessei com sinceridade os meus pecados e Deus, por castigo dos meus sacrilégios, agora me retira a força de repará-los.
Dito isto, começou a morder a língua, gritando:
➖ Maldita língua, que te recusaste, quando podias, a confessar todos os pecados.
E entregando-se ao desespero, e arrancando pedaços da língua, expirou. O seu corpo preto como carvão exalava um horrível mau cheiro.

32. POR QUE QUERO SER PADRE?

Ao diretor do periódico francês 'Hóstia' foi endereçada uma cartinha comovente que este publicou no número de janeiro de 1924. A carta dizia: 'Tenho dez anos e quero ser padre; mas há dois meses que estou pregado no leito com a perna esquerda engessada. Isso, porém, não é nada; se Deus quiser, hei de ser padre. O senhor talvez me pergunte por que eu quero ser padre e não engenheiro como papai, ou militar com meu tio. Eis: quero ser padre porque quero trabalhar para a glória de Deus, para salvar almas, e principalmente para poder um dia celebrar a santa missa e ter Nosso Senhor em minhas mãos. Penso que não existe coisa mais bela do que ser padre'.
Que belos sentimentos! Oh! se muitos meninos pensassem como este! Teriam mais respeito pela santa missa... e se fariam padres e salvariam muitas almas.

33. PALAVRAS DE UMA ISRAELITA

Numa paróquia da França, onde não havia nenhum sacerdote, um padre italiano encontrou uma pobre senhora que, com verdadeira amargura, se lamentava do abandono espiritual em que vivia aquela população.
Disse ela: 'Olhe, senhor padre, eu sou israelita; contudo quisera que houvesse aqui um padre católico. Quem ensinará aos nossos filhos a obediência aos pais? Quem recordará a estes homens o dever de serem honestos e bons, se não um sacerdote?'

34. MORRAMOS POR JESUS E MARIA!

No trono austro-húngaro, sentava-se naquele tempo uma mulher. Eram dias dolorosos para a gloriosa monarquia. Falecera Carlos VI e, apesar da grande inteligência e do coração magnânimo de sua filha Maria Teresa, os príncipes vizinhos iam-lhe tomando uma por uma as suas províncias e ameaçavam tomar-lhe também o trono. A infeliz rainha estava ameaçada de deixar em herança a seu filho não o diadema imperial, mas uma coroa de espinhos.

Um dia reúne, em Presburgo, os nobres húngaros que lhe haviam permanecido fiéis. Põe-se em pé diante deles e, erguendo nos braços seu filhinho, dirige-lhes estas palavras:
➖ Abandonada de todos, não tenho outro amparo a não ser a vossa generosidade. Meus amigos, em vossas mãos deponho o filho de vossos reis que de vós espera a salvação!
Ao verem aquela infortunada mãe e aquele tenro menino que se lhes confiava, os húngaros ficam comovidos e, cheios de santo entusiasmo, desembanhiaram as suas espadas e gritaram:
➖ Morramos por nossa rainha Maria Teresa!

Ao grito dos heróis, a Hungria sacode a sua letargia; correm os homens às armas, e um exército de vitória em vitória consegue arrojar para fora do país os usurpadores. Dentro de pouco tempo a paz de Aquisgrana devolvia a herança ao filho da grande rainha.

Nestes tempos calamitosos, em que vivemos, de vida materializada, de costumes pervertidos, de fé tíbia, os usurpadores vão se apoderando das formosas conquistas de Jesus Cristo. Quer nos parecer que, nesta hora trágica da humanidade, Maria Santíssima toma o seu Filhinho nos braços, põe-se em pé e nos clama:
➖ É o vosso Jesus, defendei-o!
Com nossas espadas desembainhadas, juremos-lhe lealdade. Prontos a lutar por sua glória, gritemos como os nobres da Hungria:
➖ Morramos por nosso Rei - Jesus Cristo e por nossa Rainha - a Virgem Maria!

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos' - Volume II, do Pe. Francisco Alves, 1960; com adaptações)

quinta-feira, 7 de agosto de 2025

TESOURO DE EXEMPLOS II (27/30)

 

27. VINDE E VEDE

Este fato passou-se em Milão, na Itália. Alguns estudantes riam-se de um de seus colegas que acabara de comungar na igreja de Santo Ambrósio. Diziam que aquilo nao passava de uma superstição, de um costume tolo de velhas e camponeses ignorantes.

O moço católico, sem se zangar, convidou os colegas a comparecerem no domingo seguinte na igreja de Santo Ambrósio, pois poderiam assistir a um fato muito raro, isto é, à comunhão de dois famosíssimos ignorantes. 

Chegados à igreja, o moço católico apontou para os bancos da frente e disse: 
➖ Estão vendo lá ajoelhados aqueles dois velhinhos?
➖ Sim; quem são? - perguntaram os outros. 
Aproximai-vos deles para reconheçê-los e perguntai-lhes se a missa vai começar logo. 

Os estudantes aproximaram-se dos dois velhos, que rezavam devotamente, e fizeram-lhes a pergunta. Ficaram, porém, mudos e estupefatos. Aqueles dois velhos, que acabavam de comungar, eram Alexandre Manzoni e César Cantu, dois grandes sábios.

28. DUAS PEQUENAS HEROÍNAS

Este fato é contado por um missionário que estava visitando as numerosas ilhas da sua missão na Oceania. Visitada e evangelizada uma ilha, tinha de partir para outra. A despedida era sempre dolorosa porque sabia que, por muito tempo, não poderia voltar e nem rever os seus caros filhos. 

Numa dessas excursões, deu a primeira Comunhão a duas meninas, que se tinham preparado com grande fervor e que a custo se separariam do bom missionário. O que mais as afligia era o pensamento de que, por muito tempo, não poderiam mais comungar. nem ouvir a palavra do missionário. Uma tarde, desejosas de receber em seus coraçõezinhos o Hóspede Divino, conceberam um projeto perigosíssimo e logo o puseram em prática. Entraram em sua barquinha de pesca e, encomendando-se à boa Mãe de Jesus, começaram a remar com força, esperando chegar de manhã, para a missa, até a ilha em que se encontrava o missionário. 

Aquela noite foi de vento impetuoso, as ondas estavam furiosas e a distância até a ilha era de quinze milhas! Quando arribaram à suspirada ilha, estavam ofegantes, assustadas e num estado que causava dó. Correram à igrejinha improvisada, onde o missionário celebrava o Santo Sacrifício e tomaram parte no banquete dos anjos. Com lágrimas nos olhos, o sacerdote deu a hóstia divina àquelas duas heroínas, bendizendo a Deus por lhe ter reservado tamanha consolação. No dia seguinte, viajando em sua barquinha toda enfeitada de folhagens e flores, as duas meninas chegaram à sua ilhazinha natal, acompanhada de muitas outras embarcações.

29. MUITO BEM, CARO PRÍNCIPE!

Certo dia, estavam à mesa de Frederico, o Grande, numerosos convidados. A conversa versava sobre Jesus Cristo. O rei, cada vez que pronunciava esse nome, acrescentava uma blasfêmia. 

O príncipe Carlos de Hesse, neto de Jorge II da Inglaterra, que estava presente, baixou os olhos e permaneceu silencioso. Quando o rei percebeu isso, interpelou-o com vivacidade: 
➖ Diga-me, meu caro príncipe, você acredita nessas coisas?
➖ Majestade - replicou o príncipe - estou certo de que Jesus Cristo morreu na cruz como meu Salvador, como estou certo de falar neste momento com Vossa Majestade. 

O rei ficou algum tempo absorto em seus pensamentos e depois, abraçando a Carlos, lhe disse:
➖ Muito bem, caro príncipe, você é o primeiro homem inteligente que encontrei nessa ilusão.
➖ Majestade - respondeu o príncipe - mesmo que seja eu o último, morrerei feliz nesta minha crença inabalável!

O resto da refeição decorreu em silêncio. À noite, quando Carlos de Hesse passava por um corredor do castelo, o general Tanenzien, o homem mais corpulento e musculoso do seu tempo, pôs as mãos sobre os seus ombros e, cobrindo-se de lágrimas, exclamou:
➖Bendito seja Deus que me deu vida bastante para ver um homem de coração confessar o Cristo perante o rei. 

Carlos de Hesse, que narrou essa passagem, acrescentou: as lágrimas e as felicitações daquele nobre ancião recordam-me um dos mais belos instantes de minha vida. Ó se todos tivessem a fé e a intrepidez desse principe! 

30. A CAÇA DO PARAÍSO

O eremita Santo Macedônio foi um dia surpreendido, na sua solidão, por um príncipe que, com um séquito numeroso, andava caçando na floresta vizinha.
➖ Que fazeis aqui nesta solidão, neste deserto? - perguntou o príncipe ao eremita.
➖ Permiti-me - replicou o eremita - que vos pergunte primeiro: que fazeis vós aqui?
➖ Como vedes, eu vim à caça.
➖ E eu também - disse o eremita - eu também vim à caça. O que eu procuro, porém, é um bem eterno: ando à caça do Paraíso. 

O príncipe despediu-se e partiu, meditando seriamente naquelas estranhas palavras do santo eremita: 'ando à caça do Paraíso!'

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos' - Volume II, do Pe. Francisco Alves, 1960; com adaptações)

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terça-feira, 22 de julho de 2025

TESOURO DE EXEMPLOS II (23/26)

 

23. UM SERMÃO OUVIDO DE LONGE

Conta o escritor Súrio que, estando Santo Antônio a pregar em certa cidade, uma senhora devota, que morava distante, tinha imenso desejo de ouvir as pregações do santo. O marido, homem perverso, não lhe permitia de modo algum. Ouvindo que, devido a multidão do povo, o santo iria pregar fora da cidade em campo aberto, a boa senhora, aflita e desconsolada, subiu ao terraço da casa para olhar, ao menos de longe, o lugar onde o santo pregava.

Coisa admirável! Apesar da grande distância, a voz do pregador chegava-lhe aos ouvidos forte e distinta, como se o púlpito estivesse ali mesmo. Admiradíssima chamou o marido, o qual, reconhecendo naquele acontecimento o dedo de Deus, entrou em si, converteu-se sinceramente, e foi dali em diante um ouvinte assíduo da palavra de Deus.

E assim recompensou Nosso Senhor a fé e o amor que aquela senhora demonstrava pela palavra divina.

24. NÃO SOMOS PAGÃOS...

➖Fique tranquilo, senhor vigário - dizia um pai de família - em nossa casa não somos pagãos. É verdade que eu não vou muito à missa e não comungo há muitos anos, mas minha mulher está na igreja todos os domingos e cumpre todos os seus deveres religiosos...
➖ Mas por que a sua mulher é tão fiel em cumprir os deveres para com Deus?
➖ Senhor vigário, por que há de ser, senão para salvar a alma?
➖ Perfeitamente! E você não tem por acaso uma alma que salvar? Porventura a sua mulher tem uma alma para os dois?

25. A DUPLA PÁSCOA DE BERRYER

Pelo fim da quaresma de 1868, o célebre advogado Berryer almoçava com o famoso historiador e literato Thiers. Este perguntou-lhe:
➖ Meu caro Berryer, vais fazer a Páscoa este ano?
➖ Espero que sim, respondeu o advogado; e até pretendo fazer duas: a primeira em Paris para cumprir meu dever e, depois, em Angerville, para servir de exemplo aos meus conterrâneos.
➖ Muito bem, Berryer; se todos seguissem o teu exemplo, a França estaria salva.

26. 'ÚLTIMA MISSA'

Há em Roma um quadro magnífico intitulado 'Última Missa', no qual estão representados os prelúdios do fim do mundo. Bem no fundo, um padre está para terminar a santa missa. Os anjos, inclinados sobre suas trombetas, esperam apenas que a missa termine, para anunciarem, ao som das trombetas, a hora da divina Justiça. 

Esse quadro é devido ao gênio do imortal pintor Leonardo da Vinci, o qual costumava dizer: 'Estou convencido de que, sem a santa missa, o mundo teria caído no abismo sob o peso de suas maldades'.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos' - Volume II, do Pe. Francisco Alves, 1960; com adaptações)

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sábado, 5 de julho de 2025

TESOURO DE EXEMPLOS II (19/22)

 

19. PRESTES A MORRER

Após 60 anos de casado, um pobre velho ficou gravemente enfermo e, sentindo-se no fim da vida, disse à sua velha esposa:
➖ Vou morrer. E que farás tu depois da minha morte?
➖ Quando a morte te fulminar - respondeu a velha - eu te vestirei como para uma festa e junto do teu cadáver chorarei tanto que comoverei a todos que vierem ver-te.
Disse-lhe então o velho:
➖ Sei que me queres bem, mas para que me servirão os teus gemidos e soluços? Eu não os ouvirei mais. E depois?
Respondeu a esposa:
➖Depois eu te colocarei num lindo caixão e, quando te levarem ao cemitério, eu te acompanharei chorando e te cobrirei das mais belas flores.
Ao que respondeu o velho:
➖ Agradeço-te, mas de que me servirão as flores? Eu não lhes sentirei mais o perfume... E depois?
Respondeu a esposa:
➖ Depois comprarei muitas velas para as acender todos os dias ao redor de ti.
Ao que respondeu o velho:
➖ Agradeço-te; mas de que me servirão as tuas velas? Eu não lhes vejo mais a luz... E depois?
Respondeu a esposa:
➖ Depois, quando estiveres debaixo da terra, ficarei aos pés da tua sepultura e chorarei tanto que as minhas lágrimas, atravessando a terra, chegarão a ti e te aquecerão.
Ao que respondeu o velho:
➖ Quanto me amas, querida! Mas de que me servirão as tuas lágrimas? Eu não as sentirei mais a tepidez...
Respondeu a esposa:
➖ Oh! Como é triste a morte!
Ao que respondeu o velho:
➖ A morte é bela, mas somente para aqueles que fizeram boas obras. 
E expirou. Vivamos, pois, de tal modo que, no dia de nossa morte, a lembrança das boas obras realizadas nos console.

20. APOSTOLADO DE UMA MENINA

Pregava-se o tríduo de preparação da Páscoa nas vizinhanças de Chambery. Dirigindo-se a professora, uma menina de seus doze anos disse:
➖ Peço-lhe o favor de mandar rezar na classe e levar esta oferta a Santo Antônio, para que em nossa paróquia todos façam bem a Páscoa.
➖ Tens tanto interesse em alcançar essa graça?
➖ Oh! sim, professora são principalmente duas pessoas que desejo muito ver na igreja cumprindo o seu dever, pois faz trinta anos que não recebem o bom Jesus em seus corações. Oh! se essas duas se convertessem, que felicidade para a nossa paróquia!
Começou-se a novena. Ao oitavo dia apareceu a menina toda radiante de alegria.
➖ Senhora professora, venho comunicar-lhe que as duas pessoas comungaram. Agora é preciso agradecer a Santo Antônio.

21. O QUE CAUSA MEDO AOS SANTOS

O célebre Padre Lacordaire pregava em Lyon. Nunca se tinha visto semelhante sucesso; era um delírio.
Uma noite, após uma de suas mais belas conferências, estando ele em um humilde aposento, onde costumava retirar-se para rezar e ficar recolhido, tocou para a refeição, mas ele não apareceu. Esperaram bastante e, vendo que não aparecia, um sacerdote subiu ao quarto para chamá-lo.

E, como ninguém respondesse, entrou e viu o Padre Lacordaire aos pés do crucifixo, com a cabeça entre as mãos, absorto numa oração entrecortada de soluços e gemidos. O sacerdote aproximou-se e, abraçando-o, perguntou:
➖ Padre, o que se passa?
➖ Tenho medo - respondeu o pregador.
➖ Medo? Medo de que, Padre?
➖ Tenho medo deste sucesso!

22. UMA COMUNHÃO FERVOROSA

Um grande do século, tendo-se confessado a São João Vianney, fez a sua comunhão na igreja de Ars. Aquele senhor possuía um capital de trezentos mil francos. Que é que fez então? Deu cem mil francos para a construção de uma igreja, distribuiu cem mil aos pobres e cem mil aos parentes. E depois? Deu-se inteiramente a Deus, abraçando o estado religioso e fazendo-se trapista. Que comunhão santa, uma só bastou para desgostar o homem das coisas da terra e fazê-lo abraçar as delícias do céu.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos' - Volume II, do Pe. Francisco Alves, 1960; com adaptações)

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sábado, 24 de maio de 2025

TESOURO DE EXEMPLOS II (13/15)

13. PROTESTO CONTRA OS FALSOS PROFETAS

Um nobre marquês de França foi certa vez convidado pelo Ministro do Exterior da Grécia a apertar a mão de Ernesto Renan, aquele escritor tristemente famoso que tanto injuriou a Jesus Cristo em seu livro Vida de Jesus.
O marquês, vivamente contrariado, escondeu sua mão, exclamando com voz solene: 'Jamais apertarei essa mão que esbofeteou o meu Deus!'
É triste que, também entre nós, haja quem leia e admire certos escritores ímpios, imorais e blasfemadores.

14. DÚVIDAS CONTRA A FÉ

Andava um fervoroso apóstolo do bem a pregar pelas cidades e vilas a doutrina da salvação quando, certo dia, aproximando-se dele um jovem, disse:
➖ Padre, tenho muitas dúvidas contra a fé.

O padre fitou-o demoradamente e, quando o jovem esperava uma erudita conferência sobre religião, aquele perguntou-lhe simplesmente:
➖ E quanto tempo faz que não te confessas?
➖ Não é isso, padre; não venho confessar-me, mas queria que o senhor resolvesse as minhas dúvidas.
➖ E por que não havíamos de inverter os termos: primeiro confessar-te e depois instruir-te?

E com aquela doçura que conquista os corações, converteu-o e o jovem caiu de joelhos aos seus pés, fez uma confissão sincera e demorada de suas culpas e quando terminou pós-se em pé. O padre então lhe disse:
➖ E, agora, meu filho, vamos ver aquelas dúvidas que tinhas contra a fé?
➖ Padre, agora já não tenho mais dúvidas!
Também vós andais a dizer que tendes dúvidas contra á fé. Serão mesmo dúvidas? Não serão culpas? Quanto tempo faz que não vos confessais?

15. ESTAIS SEGUROS DA VOSSA SALVAÇÃO?

Frei Gil, o bendito leigo franciscano, temendo pela sua salvação, abandonara o mundo. Urna gruta às margens de um rio ofereceu-lhe abrigo e ali vivia todo consagrado ao serviço de Deus. A água cristalina matava-lhe a sede e as árvores ofereciam-lhe seus frutos. O sol surpreendia-o em oração e as estrelas da noite eram testemunhas de suas assombrosas penitências.

Um dia, três cavaleiros, que andavam à caça, chegaram à gruta de Frei Gil. Este recebeu-os amavelmente, entreteve-se com eles sobre coisas espirituais e notou que, embora bons cristãos, gostavam mais do mundo do que de Deus.

Ao despedirem-se, um deles disse:
➖ Santo bendito, desde hoje recomenda-nos a Deus.
➖ Em verdade, senhores, vós é que haveis de pedir a Deus por mim, porque tendes mais fé e mais esperança do que eu.
➖ Como assim? Nós?
➖ Sim, disse Frei Gil, porque estou aqui retirado de todo trato com os homens, vestido de burel, dormindo no chão e sempre ando com medo de condenar-me; e vós, cercados de prazeres e comodidades, alimentando vícios e paixões, estais tão seguros de vossa salvação! Tendes, na verdade, mais fé e mais esperança do que eu.

O santo tinha razão. É preciso assegurar a nossa salvação por meio da penitência, pois a eterna Verdade diz: 'Se não fizerdes penitência, perecereis'.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos' - Volume II, do Pe. Francisco Alves, 1960; com adaptações)

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sexta-feira, 9 de maio de 2025

TESOURO DE EXEMPLOS II (10/12)


10. A GRANDEZA DO PAPADO

Encerrada a Revolução Francesa, assentou-se no trono de França um rei herdeiro dos funestos princípios da Revolução: Luís Filipe de Orléans. Thiers é o presidente do Conselho de Ministros e é, ao mesmo tempo, magnífico escritor e político a Maquiavel. Um dia está em Roma e quer ver o papa. O Santo Padre prontifica-se a recebê-lo; mas Thiers - como protestante que é - pede uma condição: não ajoelhar-se diante do papa, nem beijar-lhe a mão. Ciente dessa condição, Gregório XVI sorriu apenas. 

Entrou, afinal, nos aposentos pontifícios o famoso presidente. O papa estendeu-lhe a mão para cumprimentá-lo mas, em presença daquela imponente figura branca, Thiers sente apoderar-se de sua alma um sentimento indefinível. Vacilou um instante, caiu de joelhos e osculou o pé do Vigário de Cristo. O papa perguntou-lhe cheio de bondade:
➖ Tropeçou em alguma coisa, senhor presidente? 
E Thiers, comovido, respondeu:
➖ Santíssimo Padre, tropecei na grandeza do papado! 

11. ASSIM SÃO OS FILHOS 

Na história evangélica, encontramos cinco pais que acodem ansiosos a Jeus, intercedendo por seus filhos: um pede a saúde, outro a honra, outro a vida... Só uma vez encontramos um fiiho que pede por seu pai.

Sabeis o que pediu? Licença para ir enterrá-lo!... 

12. NÃO ZOMBAR DOS PADRES 

O célebre historiador Saiviano narra que, na cidade de Cartago, decaída de seu antigo prestígio, estava na moda desprezar os religiosos. A plebe vil, quando avistava algum padre ou religioso, escarnecia-os e dirigia-lhes nomes injuriosos. 

O castigo de Deus não se fez esperar muito. Um dia aportaram ali os terríveis vândalos. A ferro e a fogo, reduziram a cidade a um montão de ruínas, não deixando em pé nem sequer uma parede sobre a qual se pudesse escrever: 'Aqui era Cartago'. 

Foi assim que Nosso Senhor fez ver quanto ciúme tem do respeito devido aos seus ministros, dos quais dissera: 'Quem vos toca, toca a pupila de meus olhos' (Zc 2, 8); e 'quem vos despreza a mim despreza' (Lc 10, 16).

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos' - Volume II, do Pe. Francisco Alves, 1960; com adaptações)

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