quinta-feira, 24 de abril de 2025
A VONTADE DE DEUS É A NOSSA SANTIFICAÇÃO!
segunda-feira, 14 de abril de 2025
TRATADO SOBRE A HUMILDADE (XXI)
terça-feira, 8 de abril de 2025
SOBRE O AMOR AOS POBRES
quinta-feira, 3 de abril de 2025
A INIQUIDADE DAS PALAVRAS MORTAS
sábado, 29 de março de 2025
QUE MINHA ALMA LOUVE AS MISERICÓRDIAS DE DEUS!
sexta-feira, 28 de março de 2025
TRATADO SOBRE A HUMILDADE (XX)
quarta-feira, 26 de março de 2025
O PERDÃO NOSSO DE CADA DIA
quarta-feira, 12 de março de 2025
SOBRE PRESUNÇÃO E PROGRESSO ESPIRITUAL
segunda-feira, 10 de março de 2025
TRATADO SOBRE A HUMILDADE (XIX)
90. É difícil para nós darmo-nos conta do nosso nada, e é difícil também referir todas as coisas a Deus sem reservar nada para nós mesmos, porque não é realmente nosso o nosso trabalho, a nossa diligência e a cooperação da nossa vontade? Admitamo-lo, mas se tirarmos a luz, a ajuda e a graça recebidas de Deus, o que é que nos resta de todas estas coisas? As nossas ações naturais só se tornam meritórias quando são amparadas espiritualmente por Cristo Jesus. É Jesus Cristo que eleva e enobrece todas as nossas ações que, por si sós, seriam totalmente insuficientes para nos proporcionar a glória da vida eterna.
O modo como a vontade é levada a cooperar com a graça é um mistério que não compreendemos completamente; mas é certo que, se formos para o céu, daremos graças pela nossa salvação unicamente à misericórdia de Deus: 'As misericórdias do Senhor cantarei para sempre' [Sl 88,2]. Podemos, pois, dizer com o santo rei Davi e estar plenamente persuadidos da sua verdade, que a natureza humana é mais fraca e mais impotente do que podemos imaginar, porque na natureza que recebemos de Deus só temos, pela queda de Adão, a ignorância do espírito, a fraqueza da razão, a corrupção da vontade, a desordem das paixões, a doença e a miséria do corpo. Não temos, portanto, nada em que nos gloriar, mas em tudo podemos encontrar motivos de humilhação. 'Humilha-te em todas as coisas' [Eclo 3,20] diz o Espírito Santo e Ele não nos diz para nos humilharmos apenas em algumas coisas, mas em todas - in omnibus.
91. A santa humildade é inimiga de certas especulações sutis; por exemplo: dizes que não podes compreender como é que tu próprio és um mero nada, no fazer e no ser, porque não podes deixar de saber que, na realidade, tu és alguma coisa e podes fazer muitas coisas; que não podes compreender porque é que és o maior de todos os pecadores, porque conheces tantos outros que são maiores pecadores do que tu; nem como é que mereces todos os vitupérios dos homens, quando sabes que não fizeste nenhuma ação digna de culpa mas, pelo contrário, muitas dignas de louvor.
Deves censurar-te por estares ainda tão longe da verdadeira humildade e pensares que podes compreender o sentido destas coisas. O verdadeiro humilde crê que é em si mesmo um simples nada, um pecador maior do que os outros, inferior a todos, digno de ser injuriado por todos por ser, mais do que todos, ingrato para com Deus. Ele sabe que este sentimento da sua consciência é absolutamente verdadeiro, e não se preocupa em investigar como é que isto torna-se verdade; o seu conhecimento é prático, e mesmo que ele não se compreenda a si próprio, e não possa explicar aos outros, com raciocínios sutis o que sente no seu coração, importa-se tão pouco com o fato de não o poder explicar como se importa com o fato de não poder explicar como é que o olho vê, a língua fala, o ouvido ouve. Daí se deduz que não é preciso ter grandes talentos para ser humilde e que, portanto, diante do tribunal de Deus, não será desculpa válida dizermos 'Não fui humilde porque não sabia, porque não compreendia, porque não estudava'. Podemos ter uma boa vontade, um bom coração, e não sermos inteligentes; e não há ninguém que não possa compreender esta verdade, que de Deus vem todo o bem que se possui e que ninguém tem nada de seu, exceto a sua própria malícia. 'A destruição é tua, ó Israel; teu socorro está somente em Mim' [Os 13,9], disse Deus pela boca do seu profeta.
92. A humildade é um meio poderoso de subjugar a tentação e, da mesma forma, as tentações servem para manter a humildade; porque é quando somos tentados que estamos praticamente conscientes de nossa própria fraqueza e da necessidade que temos da graça divina. É por isso que Deus permite que caiamos em tentação, reduzindo-nos por vezes ao próprio limite de sucumbir a ela, para que aprendamos a fraqueza da nossa virtude e o quanto precisamos do auxílio de Deus.
E até nisto podemos ver a infinita sabedoria de Deus, que dispôs que os próprios demônios, espíritos de orgulho, contribuíssem para nos tornar humildes, se soubéssemos aproveitar bem as nossas tentações. No entanto, devemos lembrar-nos de que, em todas as nossas tentações, a primeira coisa a fazer é exercitar a humildade que deriva de um conhecimento prático de nós mesmos e de como somos propensos ao mal, se Deus não estender a sua mão para nos refrear através da sua graça. Não esperemos para conhecer a nossa fraqueza até termos caído; mas conheçamo-la de antemão, e o conhecimento dela será um meio eficaz para nos impedir de cair. 'Antes da doença, toma-se um remédio; antes da doença, humilha-te' [Eclo 18, 20-21], diz a Sagrada Escritura. Os humildes nunca carecerão de graça no tempo da tentação e, com a ajuda dessa graça, tirarão proveito dessas mesmas tentações; pois a misericordiosa providência de Deus dispôs as coisas de tal modo que, com a ajuda especial da sua graça, Ele 'não deixará que nenhuma tentação se apodere de vós' [1Cor 10,13].
('A Humildade de Coração', de Fr. Cajetan (Gaetano) Maria de Bergamo, 1791, tradução do autor do blog)
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025
AOS PÉS DA CRUZ DE CRISTO
terça-feira, 25 de fevereiro de 2025
AS TRÊS FASES DA VERDADEIRA MISERICÓRDIA
sábado, 22 de fevereiro de 2025
TRATADO SOBRE A HUMILDADE (XVIII)
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025
NOLI TIMERE!
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025
O QUE É PRECISO PARA SE ALCANÇAR A SALVAÇÃO
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025
TRATADO SOBRE A HUMILDADE (XVII)
Essa reflexão, por si só, deveria bastar para nos tornar humildes e pode-se dizer que toda verdadeira humildade depende de perseverarmos seriamente nesse pensamento. Ó minha alma, serás humilhada quando, como Deus diz pelo profeta, Ele 'separar o precioso do vil' [Jr 15,19]. Assim, a essência da humildade consiste em saber discernir corretamente aquilo que me pertence e aquilo que pertence a Deus. Todo o bem que faço vem de Deus e nada me pertence senão meu próprio nada. O que eu era no abismo da eternidade? Um mero nada. E o que fiz por mim mesmo para emergir desse nada? Nada. Se Deus não me tivesse criado, onde eu estaria? No nada. Se Deus não me sustentasse a cada instante, para onde eu retornaria? Ao nada. Portanto, é claro que nada possuo de mim mesmo, exceto o nada. Mesmo em meu ser moral, nada possuo além de minha própria maldade. Quando faço o mal, isso é inteiramente obra de minha própria perversidade; quando faço o bem, isso pertence somente a Deus. O mal é fruto de minha maldade; o bem é fruto da misericórdia de Deus. Assim, separamos o precioso do vil; esta é a arte das artes, a ciência das ciências e a sabedoria dos santos.
76. Imaginemos um homem que possui muitos animais de carga que comprou para transportar os fardos que necessita. Os animais estão carregados: um com ouro, outro com livros de filosofia, matemática, teologia e direito; outro com armas; outro com vasos sagrados e vestes da Igreja; e outro com relicários contendo relíquias preciosas dos santos, e assim por diante.
Agora, se esses animais pudessem falar entre si, você acha que aquele carregado de ouro se vangloriaria de sua riqueza, e aquele carregado de livros de seu conhecimento? E que, da mesma forma, os outros se gabariam de sua bravura ou santidade, conforme a natureza de sua carga? Não seriam tais pretensões vãs e ridículas? Certamente que sim, pois os fardos ricos e preciosos carregados por esses animais pertencem ao dono e não à besta. O dono poderia ter carregado com esterco aquele que carregou com ouro ou outras coisas preciosas, e sendo seu proprietário, poderia descarregar cada animal sempre que quisesse, de modo que cada um se apresentaria diante dele como realmente é: um simples animal de carga.
Ou, como diz Santo Agostinho, imaginemos o jumento sobre o qual Jesus Cristo montou quando foi recebido pela multidão com ramos de palmeira, sendo aclamado com gritos de: 'Hosana ao Filho de Davi, Hosana!' [Mt 21,9] Quem seria tão tolo a ponto de imaginar que essas honras foram dadas ao jumento? Esses louvores não foram dados ao animal, mas a Cristo, que estava montado nele. 'O jumento deveria ser louvado? O jumento estava carregando alguém, mas Aquele que era carregado é quem estava sendo louvado' [Enarr. in Ps. xxxiii]. Apliquemos essa comparação a nós mesmos, dizendo, com Davi: 'Fiquei como um animal diante de Ti' [Sl 72,22]. E qualquer que seja o objeto de nosso orgulho, usemos essa analogia para exercitar-nos na humildade.
77. Podemos dizer, com São Tomás [12, qu. iv, art. 2], que esse nosso desejo de ser estimado, respeitado e honrado é um efeito do pecado original, assim como a concupiscência que permanece em nós mesmo após o Batismo. Mas Deus ordenou que esses apetites e desejos permanecessem em nós para que tivéssemos ocasião de nos mortificar e, por esses meios, pudéssemos conquistar o Reino dos Céus. Não devemos nos espantar nem nos entristecer ao sentir esses instintos dentro de nós. Eles pertencem à maldade de nossa natureza corrompida e são resquícios da tentação de nossos primeiros pais pela serpente, quando lhes disse: 'E vós sereis como deuses' [Gns 3,5]. Portanto, repito que esses desejos, que surgem da fraqueza e depravação de nossa natureza humana, devem ser suportados com paciência. Se esses desejos nos dominam, é porque os incentivamos e cedemos a eles; e um mau hábito que criamos por nós mesmos só pode ser curado por nós mesmos.
Portanto, a mortificação disso cabe a nós. Essa mortificação dos sentidos, inspirada pela humildade, é ensinada por Cristo na renúncia que Ele nos impôs ao dizer: 'Se alguém quiser vir após Mim, negue-se a si mesmo' [Mt 16,24]. E, portanto, devo concluir que, se não me mortificar com humildade — ou seja, esmagar meu amor-próprio e minha ânsia por estima — serei excluído como seguidor de Jesus Cristo, e, por essa exclusão, também perderei a sua graça e serei eternamente banido da participação em sua glória. Mas para praticá-la, é necessário que eu faça violência a mim mesmo, como está escrito: 'O Reino dos Céus sofre violência, e os violentos o arrebatam'" [Mt 11,12]. Quem pode obter a salvação senão fazendo violência a si mesmo?
78. Vamos ouvir, às portas do inferno, os lamentos dos condenados eternamente. Eles exclamam: 'Que proveito nos trouxe o orgulho?' [Sb 5,8]. Que uso ou vantagem nos trouxe nosso orgulho? Tudo passa e desaparece como uma sombra, e de todos aqueles males passados, nada nos resta senão a vergonha eterna de termos sido orgulhosos. Seu remorso é vão, porque é o remorso do desespero. Portanto, enquanto ainda há tempo, consideremos seriamente a questão e digamos: 'Que vantagem tirei de todo o meu orgulho? Ele me torna odioso para o Céu e para a terra, e se eu não insistir em mortificá-lo, ele me tornará odioso a mim mesmo por toda a eternidade no inferno'. Levantemos os nossos olhos para o Céu e, contemplando os santos, exclamemos: 'Vejam quanto a humildade os beneficiou! Oh, quanta glória eles ganharam por sua humildade!' Agora, a humildade é vista como loucura pelo mundo, digna apenas de desprezo e zombaria; mas chegará o tempo em que todos serão obrigados a reconhecer sua virtude e a exclamar, ao ver a glória dos humildes: 'Vejam como foram contados entre os filhos de Deus' [Sb 5,5].
Se eu for humilde, serei exaltado com aquela glória à qual Deus exalta os humildes. Ó meu Deus, humilha este louco orgulho que predomina dentro de mim. 'Tu multiplicarás a força em minha alma' [Sl 137,3] pois 'minha força me abandonou' [Sl 37,11]. E eu não quero, nem posso fazer nada sem a vossa ajuda. Em Vós coloco toda a minha confiança e vos suplico que me ajudeis. 'Mas eu sou pobre e necessitado; ó Deus, ajudai-me. Vós sois o meu auxílio e meu libertador: ó Senhor, não demoreis' [Sl 69,6].
('A Humildade de Coração', de Fr. Cajetan (Gaetano) Maria de Bergamo, 1791, tradução do autor do blog)