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segunda-feira, 4 de setembro de 2023

BREVIÁRIO DIGITAL - LEGENDA ÁUREA (XI)

No fim da sua vida, a visão de São Beda, o Venerável, começou a falhar. Mesmo assim, ele não relaxou dos seus deveres e, com a ajuda de um guia, continuou a percorrer as aldeias e castelos onde pregava a palavra do Senhor.

Certa vez, quando atravessavam um vale ermo e pontuado por grande pedras monolíticas, foi alertado pelo guia, que dele fazia chacota, de que ali se encontrava muita gente reunida esperando em silêncio e com avidez a sua pregação. Sem delongas, o Venerável proferiu ali, naquele vale isolado e sombrio, uma bela pregação sobre os Evangelhos, enquanto o guia dormitava sobre uma pedra. Ao final do seu sermão, ao proferir as palavras 'Por todos os séculos dos séculos', imediatamente as pedras responderam a uma só voz: 'Amém!'

(Excertos da obra 'Legenda Áurea - Vidas de Santos, de Jacopo de Varazze)

Legenda Áurea constitui meramente um livro de devoção católica, acessível às pessoas comuns de todas as épocas, sem nenhum propósito de abordagem biográfica da vida dos santos sob o escopo da veracidade ou da confiabilidade histórica. Trata-se, portanto, de uma coletânea de fatos ficcionais e inverídicos (lendários) que, uma vez associados às virtudes heroicas específicas dos diferentes santos da Igreja, tinha por objetivo incrementar a devoção católica do leitor pelos santos para a sua própria santificação pessoal. Alguns deles serão publicados no blog. A excelência dos objetivos e resultados alcançados pela obra pode ser aferida pelo enorme sucesso das muitas e diversas versões e traduções realizadas desde a sua publicação original no século XIII. 


quinta-feira, 6 de julho de 2023

BREVIÁRIO DIGITAL - LEGENDA ÁUREA (X)


O papa Félix, antepassado de São Gregório, mandou construir em Roma uma magnífica igreja em honra dos santos Cosme e Damião*. Nessa igreja havia um servidor dos santos mártires a quem um câncer devorara toda uma perna. Então, durante o sono de seu devoto, os santos Cosme e Damião apareceram-lhe trazendo consigo unguentos e instrumentos. Um disse ao outro: 'Onde conseguiremos com que preencher o lugar de onde cortaremos a carne pútrida?' O outro respondeu: 'No cemitério de São Pedro Acorrentado está um etíope recém-sepultado; traga sua perna para substituir esta'. Ele foi rapidamente ao cemitério e trouxe a perna do mouro. Em seguida cortaram a perna do doente, puseram no lugar a perna do mouro, ungiram a ferida com cuidado, depois levaram a perna do doente para o corpo do mouro morto. Como, ao despertar, aquele homem não sentia mais dor, levou a mão à perna e ali não encontrou nenhuma lesão. Pegou uma vela e, não vendo nenhuma ferida na perna, pensava que não era mais ele e sim um outro que estava em seu lugar. Caindo em si, saltou da cama alegre e contou a todos o que vira dormindo e como fora curado. Em seguida foi ao cemitério e encontrou a perna do mouro cortada e a outra colocada na sua sepultura.

* São Cosme e São Damião são padroeiros de várias profissões relacionadas à área da saúde

(Excertos da obra 'Legenda Áurea - Vidas de Santos, de Jacopo de Varazze)

Legenda Áurea constitui meramente um livro de devoção católica, acessível às pessoas comuns de todas as épocas, sem nenhum propósito de abordagem biográfica da vida dos santos sob o escopo da veracidade ou da confiabilidade histórica. Trata-se, portanto, de uma coletânea de fatos ficcionais e inverídicos (lendários) que, uma vez associados às virtudes heroicas específicas dos diferentes santos da Igreja, tinha por objetivo incrementar a devoção católica do leitor pelos santos para a sua própria santificação pessoal. Alguns deles serão publicados no blog. A excelência dos objetivos e resultados alcançados pela obra pode ser aferida pelo enorme sucesso das muitas e diversas versões e traduções realizadas desde a sua publicação original no século XIII. 

quinta-feira, 22 de junho de 2023

BREVIÁRIO DIGITAL - LEGENDA ÁUREA (IX)

 

Santo Ambrósio rezava na igreja dos santos Nabor e Félix, em estado que não era totalmente desperto nem inteiramente adormecido, quando lhe apareceram dois jovens da maior beleza, vestindo trajes brancos compostos por uma túnica e um manto, calçando pequenas botinas e orando com as mãos estendidas. Na sua prece, Ambrósio pediu que se aquilo se tratasse de uma ilusão não aparecesse mais e, caso fosse algo verdadeiro, que ele tivesse outra revelação. Na hora do canto do galo, os jovens apareceram a ele da mesma maneira que antes e, três noites depois, estando inteiramente desperto, ficou surpreso ao ver aparecer uma terceira pessoa que parecia ser muito semelhante ao apóstolo Paulo, tal como vira em algumas pinturas. Os jovens ficaram calados enquanto o apóstolo dizia: 'Aqui estão aqueles [Santos Gervásio e Protásio] que, seguindo os meus conselhos, nada desejaram das coisas terrestres. No mesmo lugar em que você se encontra neste momento, a doze pés de profundidade, estão seus corpos em uma arca coberta de terra e, perto da cabeça deles, um livrinho que conta o seu nascimento e sua morte'.


Em seguida, ele convocou os bispos vizinhos, cavou a terra e encontrou tudo como Paulo dissera. Embora mais de trezentos anos tivessem se passado, os corpos foram descobertos no estado em que estariam caso tivessem sido sepultados naquela mesma hora. Dali emanava uma fragrância verdadeiramente suave e especial. Tocando o túmulo, um cego recobrou a vista e muitas pessoas foram curadas pelos méritos daqueles corpos. Na mesma hora em que se celebrava aquela solenidade, foi restabelecida a paz entre os lombardos e o Império Romano e, por isso o papa Gregório determinou que o introito da missa desses santos começasse por 'O Senhor dirigirá a seu povo palavras de paz...'. Pela mesma razão, diferentes partes do ofício relativo àqueles santos referem-se a acontecimentos ocorridos nesta época.

(Excertos da obra 'Legenda Áurea - Vidas de Santos, de Jacopo de Varazze)

Legenda Áurea constitui meramente um livro de devoção católica, acessível às pessoas comuns de todas as épocas, sem nenhum propósito de abordagem biográfica da vida dos santos sob o escopo da veracidade ou da confiabilidade histórica. Trata-se, portanto, de uma coletânea de fatos ficcionais e inverídicos (lendários) que, uma vez associados às virtudes heroicas específicas dos diferentes santos da Igreja, tinha por objetivo incrementar a devoção católica do leitor pelos santos para a sua própria santificação pessoal. Alguns deles serão publicados no blog. A excelência dos objetivos e resultados alcançados pela obra pode ser aferida pelo enorme sucesso das muitas e diversas versões e traduções realizadas desde a sua publicação original no século XIII. 

quarta-feira, 7 de junho de 2023

BREVIÁRIO DIGITAL - LEGENDA ÁUREA (VIII)


1. Um dia, durante a construção de um mosteiro, os irmãos queriam erguer uma pedra, mas não conseguiam. O grande número de homens que lá se encontrava tampouco o conseguia, quando chegou São Bento, o escravo de Deus, e benzeu a pedra, que pôde então ser erguida com facilidade. Todos entenderam que tinha sido o diabo, sentado sobre a pedra, que não permitira ser anteriormente movida. Quando o muro alcançou certa altura... o antigo inimigo reapareceu e fez derrubar o muro, cuja queda esmagou um jovem monge. Mas o escravo de Deus mandou trazer em um saco o rapaz morto e destroçado, ressuscitou-o com uma prece e mandou-o de volta para o trabalho.


2. Uma noite em que São Bento, o escravo de Deus, olhava por uma janela e orava ao Senhor, viu difundir-se pelo ar uma luz que dissipou todas as trevas da noite. Subitamente pareceu aos seus olhos que todo o mundo estava sob um único raio de sol, e ele viu sendo levada ao Céu a alma de Germano, bispo de Cápua, cuja morte, soube mais tarde, ocorrera no momento daquela visão.

3. Uma outra ocasião em que São Bento visitava sua irmã e estavam à mesa, ela lhe pediu que passasse a noite em sua casa e, como ele não queria aceitar, ela inclinou-se, apoiou a cabeça nas mãos para orar ao Senhor e, quando se ergueu, produziram-se tantos relâmpagos e trovões e a chuva caiu com tanta abundância que não se podia sair fora de casa, embora um instante antes o céu estivesse perfeitamente sereno. Fôra a torrente de lágrimas dela que havia transformado a serenidade do ar em chuva. Contristado, o homem de Deus falou: 'Que Deus todo poderoso te perdoe, minha irmã. O que você fez?' Ela respondeu: 'Eu pedi e você não quis me ouvir; pedi ao Senhor e Ele me ouviu. Saia agora, se puder!' Isso aconteceu para que eles pudessem passar a noite inteira edificando-se mutuamente em santas conversas. Três dias depois de voltar ao mosteiro, ao erguer os olhos, o santo viu a alma da irmã que penetrava nas profundezas do Céu sob a forma de uma pomba; mandou então trazer o seu corpo para o mosteiro, onde foi colocado em um túmulo que ele tinha preparado para si próprio.

(Excertos da obra 'Legenda Áurea - Vidas de Santos, de Jacopo de Varazze)

Legenda Áurea constitui meramente um livro de devoção católica, acessível às pessoas comuns de todas as épocas, sem nenhum propósito de abordagem biográfica da vida dos santos sob o escopo da veracidade ou da confiabilidade histórica. Trata-se, portanto, de uma coletânea de fatos ficcionais e inverídicos (lendários) que, uma vez associados às virtudes heroicas específicas dos diferentes santos da Igreja, tinha por objetivo incrementar a devoção católica do leitor pelos santos para a sua própria santificação pessoal. Alguns deles serão publicados no blog. A excelência dos objetivos e resultados alcançados pela obra pode ser aferida pelo enorme sucesso das muitas e diversas versões e traduções realizadas desde a sua publicação original no século XIII. 

terça-feira, 23 de maio de 2023

BREVIÁRIO DIGITAL - LEGENDA ÁUREA (VII)


Certa vez, ao cair do dia, quando Jerônimo estava sentado com seus irmãos para escutar a leitura sagrada, entrou de repente no mosteiro um leão que mancava. Vendo-o, todos os irmãos fugiram, mas Jerônimo foi ao seu encontro como se ele fosse um hóspede. O leão mostrou que estava ferido na pata e Jerônimo chamou os irmãos, ordenando-lhes que lavassem a sua pata e procurassem atentamente o lugar da ferida. Assim fazendo, descobriram que espinhos haviam machucado a planta da pata. Todo cuidado foi dedicado ao leão, que, curado, passou a morar com eles quase como um animal doméstico.

Então Jerônimo percebeu que não era tanto para curar a pata do leão, quanto pela utilidade que disso se poderia tirar, que o Senhor o enviara. A conselho dos irmãos, decidiu confiar-lhe a tarefa de conduzir ao pasto e proteger o asno que a comunidade empregava para trazer lenha da floresta. Assim foi feito. O leão cuidava do asno como um hábil pastor, servia de companheiro que todos os dias ia aos campos com ele e era seu vigilante defensor enquanto ele pastava. Só o deixava um pouco para procurar seu próprio alimento, e todos os dias na mesma hora voltava com ele para casa. 

Um dia, porém, o asno estava pastando e o leão adormeceu profundamente, quando passaram por ali mercadores com camelos, que viram o asno sozinho e o raptaram. Ao acordar, não achando seu companheiro, o leão pôs-se a correr aqui e ali, rugindo. Enfim, não o encontrando, voltou muito triste para as portas do mosteiro, e cheio de vergonha não teve coragem de entrar como fazia habitualmente. Os irmãos, vendo-o voltar mais tarde que de costume e sem o asno, acharam que, levado pela fome, ele comera o animal e não quiseram lhe dar sua ração costumeira, dizendo-lhe: 'Vá comer o que sobrou do burrico, vá saciar a sua gula'. Entretanto, como não estavam certos de que ele tivesse cometido essa má ação, foram ao pasto ver se encontravam um indício de que o asno estava morto. Não encontraram nada e foram relatar tudo a Jerônimo, que impôs ao leão a função do asno: trazer nas costas a lenha cortada. O leão suportou isso com paciência. 

Um dia, depois de cumprida sua tarefa, foi ao campo e pôs-se a correr aqui e ali desejando saber o que fora feito de seu companheiro, quando viu ao longe chegar negociantes conduzindo camelos carregados, tendo um asno na frente. O hábito nessa região é que quando se percorre uma longa distância com camelos, estes, para seguir um caminho mais direto, são precedidos por um asno que os conduz por meio de uma corda presa ao pescoço. O leão reconheceu o asno, lançou-se com terríveis rugidos sobre os negociantes e pôs todos os homens em fuga... [Após o retorno do asno], o leão começou a correr pelo mosteiro, cheio de alegria, como fazia antigamente, prostrando-se aos pés de cada irmão. Parecia, brincando com a cauda, pedir perdão por uma falta que não cometera.

(Excertos da obra 'Legenda Áurea - Vidas de Santos, de Jacopo de Varazze)

Legenda Áurea constitui meramente um livro de devoção católica, acessível às pessoas comuns de todas as épocas, sem nenhum propósito de abordagem biográfica da vida dos santos sob o escopo da veracidade ou da confiabilidade histórica. Trata-se, portanto, de uma coletânea de fatos ficcionais e inverídicos (lendários) que, uma vez associados às virtudes heroicas específicas dos diferentes santos da Igreja, tinha por objetivo incrementar a devoção católica do leitor pelos santos para a sua própria santificação pessoal. Alguns deles serão publicados no blog. A excelência dos objetivos e resultados alcançados pela obra pode ser aferida pelo enorme sucesso das muitas e diversas versões e traduções realizadas desde a sua publicação original no século XIII. 

quinta-feira, 4 de maio de 2023

BREVIÁRIO DIGITAL - LEGENDA ÁUREA (VI)

São Basílio estava prestes a morrer, prostrado pela doença que o consumia. Mandou chamar então um judeu chamado José, médico consumado de quem o homem de Deus gostava muito e pretendia converter. José tomou o pulso de Basílio, viu que ele estava à beira da morte e pediu aos serviçais: 'Preparem tudo que for necessário para seu sepultamento, porque ele está prestes a expirar'. Ao ouvir aquilo, Basílio disse-lhe: 'Você não sabe o que fala'. José replicou: ''Acredite, meu senhor, quando o sol morrer hoje, você morrerá também'. Basílio replicou: 'O que você dirá, se eu não morrer hoje?' José respondeu: 'Isso não é possível, senhor'. Basílio insistiu: 'E se eu ainda estiver vivo amanhã na sexta hora, o que você diria?' José respondeu: 'Se você sobreviver até essa hora, eu mesmo morrerei'. Então Basílio lhe disse: 'Pois bem, morra para o pecado a fim de viver para Cristo', ao que José respondeu: 'Entendo o que quer dizer; caso você viva até essa hora, farei aquilo a que me exorta'. 

Então o bem aventurado Basílio, que segundo as leis naturais devia morrer logo, obteve do Senhor um adiamento da morte e viveu até a nona hora do dia seguinte. Vendo aquilo, José ficou estupefato e converteu-se a Cristo. Basílio, com a força da alma superando a fraqueza do corpo, levantou-se da cama, foi à igreja e batizou José. Depois disso, retornou ao seu leito e imediatamente rendeu a alma a Deus. Ele viveu por volta do ano 370 do Senhor. 

(Excertos da obra 'Legenda Áurea - Vidas de Santos, de Jacopo de Varazze)

Legenda Áurea constitui meramente um livro de devoção católica, acessível às pessoas comuns de todas as épocas, sem nenhum propósito de abordagem biográfica da vida dos santos sob o escopo da veracidade ou da confiabilidade histórica. Trata-se, portanto, de uma coletânea de fatos ficcionais e inverídicos (lendários) que, uma vez associados às virtudes heroicas específicas dos diferentes santos da Igreja, tinha por objetivo incrementar a devoção católica do leitor pelos santos para a sua própria santificação pessoal. Alguns deles serão publicados no blog. A excelência dos objetivos e resultados alcançados pela obra pode ser aferida pelo enorme sucesso das muitas e diversas versões e traduções realizadas desde a sua publicação original no século XIII.  

quinta-feira, 20 de abril de 2023

BREVIÁRIO DIGITAL - LEGENDA ÁUREA (V)

Aproximando-se a feliz hora da morte do bem-aventurado Bernardo [São Bernardo de Claraval], ele disse aos seus irmãos: 'Deixo-lhes três observâncias que procurei seguir com dignidade ao longo da presente vida. Nunca quis escandalizar alguém, e se isso aconteceu algumas vezes, procurei ocultá-lo. Sempre dei mais crédito ao sentimento dos outros que aos meus. Nunca busquem vingança de nada. Eis o que lhes deixo, caridade, humildade e paciência'.

Assim, depois de realizar muitos milagres, fundar 160 mosteiros e compilar muitos livros e tratados, terminou a sua vida e dormiu nas mãos do Senhor, rodeado por seus filhos, no ano do Senhor de 1153, com cerca de 63 anos. Depois de sua morte sua glória foi manifestada a muitos. 

Numa ocasião, apareceu ao abade de um mosteiro e disse-lhe que o seguisse: 'Vamos até o monte Líbano. Eu subirei e você permanecerá embaixo'. Perguntado porque queria subir, respondeu: 'Quero aprender'. Admirado, o abade perguntou: 'Pai, o que você pode aprender, se supera a todos em conhecimento?' Ao que o santo respondeu: 'Aqui não há ciência e nem verdadeiro conhecimento, lá em cima está a plenitude da sabedoria e de toda a verdade'. Dizendo isso, desapareceu. O abade anotou o dia e a hora que esse fato aconteceu e, não muito depois, soube que aquele tinha sido o exato momento em que o santo terminara os seus dias nesta vida.

(Excertos da obra 'Legenda Áurea - Vidas de Santos, de Jacopo de Varazze)

Legenda Áurea constitui meramente um livro de devoção católica, acessível às pessoas comuns de todas as épocas, sem nenhum propósito de abordagem biográfica da vida dos santos sob o escopo da veracidade ou da confiabilidade histórica. Trata-se, portanto, de uma coletânea de fatos ficcionais e inverídicos (lendários) que, uma vez associados às virtudes heroicas específicas dos diferentes santos da Igreja, tinha por objetivo incrementar a devoção católica do leitor pelos santos para a sua própria santificação pessoal. Alguns deles serão publicados no blog. A excelência dos objetivos e resultados alcançados pela obra pode ser aferida pelo enorme sucesso das muitas e diversas versões e traduções realizadas desde a sua publicação original no século XIII.  

terça-feira, 28 de março de 2023

BREVIÁRIO DIGITAL - LEGENDA ÁUREA (IV)


Um cavaleiro, cujo castelo ficava ao lado de uma estrada, espoliava sem piedade os viajantes, mas cotidianamente saudava a Virgem, mãe de Deus, e nada que acontecesse fazia-o passar um dia sem realizar a saudação. Certa feita, um santo religioso passava por ali e o cavaleiro mandou que o espoliassem, mas o santo homem rogou aos assaltantes que o conduzissem até seu senhor porque tinha certos segredos a lhe comunicar. 

Levado diante do guerreiro, pediu-lhe que reunisse todas as pessoas da sua família e de seu castelo, para lhes pregar a palavra de Deus. Quando todos estavam reunidos, o religioso disse: 'Não estão todos aqui, ainda falta alguém'. Como lhe garantissem que todos estavam presentes, ele insistiu: 'Olhem bem, e verão que falta alguém'. Então um deles percebeu que o camareiro não viera. O religioso disse: 'Sim, é ele que está faltando'.

Imediatamente mandaram buscá-lo, mas ao ver o homem de Deus ele virava os olhos de forma horrível, agitava a cabeça como louco e não ousava aproximar-se. O santo homem falou: 'Eu te conjuro, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, a nos dizer quem és e a revelar diante dessa gente o motivo de ter vindo aqui'. E o camareiro respondeu: 'Ai de mim! É por ter sido conjurado e forçado que revelo não ser homem, mas um demônio que assumiu o aspecto humano, permanecendo assim quatorze anos com este cavaleiro. Nosso príncipe mandou-me aqui para observar com atenção o dia em que ele não recitaria a saudação à Maria, a fim de então me apoderar dele e estrangulá-lo sem demora, pois morrendo sob o efeito de suas más ações ele seria nosso. Mas como todos os dias ele dizia a saudação, não pude exercer poder sobre ele. Dia após dia eu o vigio com cuidado, e ele não passou um só sem saudá-la'. 

Ouvindo isso, o cavaleiro foi tomado de grande pavor, jogou-se aos pés do homem de Deus, pediu perdão, e a partir desse dia mudou sua maneira de viver. O santo homem disse ao demônio: 'Eu te ordeno, demônio, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, saia daqui e nunca mais vá a um lugar onde alguém invoque a gloriosa Mãe de Deus'. Imediatamente o demônio desapareceu e, com reverência e gratidão, o cavaleiro deixou o santo homem partir.

(Excertos da obra 'Legenda Áurea - Vidas de Santos, de Jacopo de Varazze)

Legenda Áurea constitui meramente um livro de devoção católica, acessível às pessoas comuns de todas as épocas, sem nenhum propósito de abordagem biográfica da vida dos santos sob o escopo da veracidade ou da confiabilidade histórica. Trata-se, portanto, de uma coletânea de fatos ficcionais e inverídicos (lendários) que, uma vez associados às virtudes heroicas específicas dos diferentes santos da Igreja, tinha por objetivo incrementar a devoção católica do leitor pelos santos para a sua própria santificação pessoal. Alguns deles serão publicados no blog. A excelência dos objetivos e resultados alcançados pela obra pode ser aferida pelo enorme sucesso das muitas e diversas versões e traduções realizadas desde a sua publicação original no século XIII.  


quarta-feira, 8 de março de 2023

BREVIÁRIO DIGITAL - LEGENDA ÁUREA (III)

São Sátiro sofreu o martírio com o seu irmão Saturnino, com Revocato, com a irmã deste, Felicidade*, e com Perpétua*, mulher de linhagem nobre. Como o procônsul pediu que oferecessem sacrifício aos ídolos e eles obstinadamente se recusaram, foram colocados na prisão. Sabendo disso, o pai de Perpétua correu à prisão dizendo: 'Filha, o que você fez? Desonrou sua família, jamais alguém de nossa linhagem foi preso'. Ao saber que sua filha era cristã, pulou sobre ela e quis arrancar-lhe os olhos com os dedos, depois foi embora urrando. A bem-aventurada Perpétua teve uma visão, que relatou no dia seguinte aos seus companheiros: 

Vi uma escada de ouro de admirável grandeza e que ia até ao Céu e era tão estreita que apenas uma pessoa, e pequena, podia subir por ela. À direita e à esquerda estavam fixadas lâminas e espadas de ferro pontiagudas e brilhantes, de sorte que quem subia não podia olhar nem em volta nem para baixo, sendo forçado a manter-se sempre reto, rumo ao Céu. Sob a escada, um dragão medonho e enorme amedrontava quem queria subir. Vi também Sátiro nos degraus do alto, olhando para nós e dizendo: 'Não temam esse dragão, subam com confiança a fim de estarem comigo'.
Ao ouvir isso, todos deram graças, porque souberam que eram chamados ao martírio. Foram levados diante do juiz e, como não quiseram oferecer sacrifício, ele mandou separar Saturnino e os outros homens das mulheres, e disse a Felicidade: 'Você tem marido?' Ela: 'Tenho, mas não me preocupo com ele'. E o juiz: 'Tenha piedade de você, jovem, a fim de viver, sobretudo porque carrega um filho em seu útero'. Ela respondeu: 'Faça de mim tudo que quiser, porque jamais poderá levar-me a ceder à sua vontade'. Os pais e o marido da beata Perpétua foram até ela e levaram seu filhinho ainda na lactância. Vendo-a em pé diante do prefeito, o pai de Perpétua caiu de rosto no chão dizendo: 'Minha queridíssima filha, tenha piedade de mim, de sua infeliz mãe que aqui está e desse marido desafortunado que não poderá sobreviver a você'. Mas Perpétua permanecia imóvel. Então seu pai colocou o filho no colo dela enquanto ele próprio, a mãe e o marido, segurando-lhe as mãos e beijando-a, diziam chorando: 'Tenha piedade de nós, filha, e viva conosco'. Mas ela afastando o filho e repelindo-os disse: 'Afastem-se de mim, inimigos de Deus, pois não os conheço'.

Vendo a firmeza dos mártires, o prefeito mandou chicoteá-los duramente e depois colocá-los na prisão. Os santos, muito aflitos com Felicidade, que estava no oitavo mês de gravidez, rezaram por ela e subitamente começaram as dores do parto e ela deu à luz um filho vivo. Um dos guardas disse: 'O que você fará quando estiver na presença do prefeito, se agora já sofre tão cruelmente?'. Felicidade respondeu: 'Agora sou eu que sofro, mas lá, será Deus que sofrerá no meu lugar'. Eles foram tirados da prisão de mãos atadas às costas e levados pelas ruas despidos. Entregues às feras, Sátiro e Perpétua foram devorados por leões, Revocato e Felicidade comidos por leopardos. Quanto ao bem-aventurado Saturnino, teve a cabeça cortada por volta do ano do Senhor de 256, sob o poder dos imperadores Valeriano e Galiano.

* Santas Perpétua e Felicidade - 07 de março

(Excertos da obra 'Legenda Áurea - Vidas de Santos, de Jacopo de Varazze)

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terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

BREVIÁRIO DIGITAL - LEGENDA ÁUREA (II)


No ano do Senhor de 537, havia na Sicília um homem de nome Teófilo que administrava os bens eclesiásticos de forma tão prudente que, tendo falecido o bispo, todo o povo o aclamou como digno para o episcopado. Mas ele estava contente com a sua função e preferiu que ordenassem outro como bispo. E assim se sucedeu, mas o novo bispo o destituiu mais tarde de suas funções. Desesperado por recuperar o antigo ofício, ele procurou o conselho de um judeu especialista em magia. Este invocou o diabo que logo apareceu. Por ordem do demônio, Teófilo renegou a Cristo e à sua mãe, renunciou à condição de cristão, escreveu com o seu próprio sangue a renúncia e a abjuração, selou-o com seu anel, entregou o manuscrito selado ao demônio e colocou-se ao seu serviço. 

Na manhã seguinte, por obra do demônio, Teófilo recuperou a graça do novo bispo e a dignidade de suas funções. Quando finalmente caiu em si, lamentou muito o que fizera. Recorreu de toda devoção do seu espírito pela intervenção da gloriosa Virgem em seu socorro. A bem aventurada Maria apareceu a ele em visão, criticou a sua impiedade e mandou que renunciasse ao diabo. Fez com que reconhecesse que Cristo era o filho de Deus e que aceitasse todas as proposições da doutrina católica. Dessa forma, Teófilo recuperou a graça da Virgem e do seu filho. Como sinal de que ele recebera o perdão, ela apareceu de novo, trazendo consigo o manuscrito que ele entregara ao diabo e, após devolvê-lo, colocou-o sobre o peito dele a fim de que não mais temesse ser escravo do diabo, mas que se alegrasse por ter sido libertado pela Virgem. Depois de receber o manuscrito e exultante, Teófilo relatou ao bispo e a todo o povo o que acontecera. Admirados, todos louvaram a gloriosa Virgem. Três dias mais tarde, Teófilo adormeceu na paz do Senhor.

(Excertos da obra 'Legenda Áurea - Vidas de Santos, de Jacopo de Varazze)

Legenda Áurea constitui meramente um livro de devoção católica, acessível às pessoas comuns de todas as épocas, sem nenhum propósito de abordagem biográfica da vida dos santos sob o escopo da veracidade ou da confiabilidade histórica. Trata-se, portanto, de uma coletânea de fatos ficcionais e inverídicos (lendários) que, uma vez associados às virtudes heroicas específicas dos diferentes santos da Igreja, tinha por objetivo incrementar a devoção católica do leitor pelos santos para a sua própria santificação pessoal. Alguns deles serão publicados no blog. A excelência dos objetivos e resultados alcançados pela obra pode ser aferida pelo enorme sucesso das muitas e diversas versões e traduções realizadas desde a sua publicação original no século XIII. 

sábado, 18 de fevereiro de 2023

BREVIÁRIO DIGITAL - LEGENDA ÁUREA (I)


O papa Leão [São Leão Magno, papa da Igreja entre 440 e 461] celebrava a missa no dia da Páscoa, na igreja de Santa Maria Maior quando, ao distribuir a comunhão aos fiéis, uma mulher beijou-lhe a mão, provocando nele uma forte tentação carnal. Contra esta tentação, o homem de Deus exerceu uma cruel vingança e, no mesmo dia, amputou sua mão que o tinha escandalizado e jogou-a fora. O sumo pontífice deixou assim de celebrar como de costume os santos mistérios, o que fez correr muitos rumores entre o povo. Então Leão dirigiu-se à bem-aventurada Virgem para submeter-se inteiramente à sua determinação. Ela lhe apareceu e, com as suas santíssimas mãos, restaurou de volta a mão amputada, curou-a e ordenou que ele aparecesse em público e oferecesse o santo sacrifício ao seu Filho. Leão explicou a todo o povo o que acontecera e mostrou a todos a mão que lhe havia sido restituída. Foi ele que celebrou o concílio de Calcedônia, no qual estabeleceu que somente as virgens receberiam o véu e no qual também foi declarado que a Virgem Maria seria chamada de Mãe de Deus.

(Excertos da obra 'Legenda Áurea - Vidas de Santos, de Jacopo de Varazze)

Legenda Áurea constitui meramente um livro de devoção católica, acessível às pessoas comuns de todas as épocas, sem nenhum propósito de abordagem biográfica da vida dos santos sob o escopo da veracidade ou da confiabilidade histórica. Trata-se, portanto, de uma coletânea de fatos ficcionais e inverídicos (lendários) que, uma vez associados às virtudes heroicas específicas dos diferentes santos da Igreja, tinha por objetivo incrementar a devoção católica do leitor pelos santos para a sua própria santificação pessoal. Alguns deles serão publicados no blog. A excelência dos objetivos e resultados alcançados pela obra pode ser aferida pelo enorme sucesso das muitas e diversas versões e traduções realizadas desde a sua publicação original no século XIII. 

quinta-feira, 6 de outubro de 2022

BREVIÁRIO DIGITAL - LADAINHA DE NOSSA SENHORA (LVII)

 

CORDEIRO DE DEUS, QUE TIRAIS OS PECADOS DO MUNDO, 
tende piedade de nós.

(Ilustração da obra 'Litanies de la Très-Sainte Vierge', por M. L'Abbé Édouard Barthe, Paris, 1801)

Obs.: fim das 57 ilustrações originais da obra, que não contemplam todas as invocações que compõem atualmente a Ladainha de Nossa Senhora. 

quarta-feira, 5 de outubro de 2022

BREVIÁRIO DIGITAL - LADAINHA DE NOSSA SENHORA (LVI)

 

CORDEIRO DE DEUS, QUE TIRAIS OS PECADOS DO MUNDO, 
ouvi-nos Senhor.

(Ilustração da obra 'Litanies de la Très-Sainte Vierge', por M. L'Abbé Édouard Barthe, Paris, 1801)

terça-feira, 4 de outubro de 2022

BREVIÁRIO DIGITAL - LADAINHA DE NOSSA SENHORA (LV)

 

CORDEIRO DE DEUS, QUE TIRAIS OS PECADOS DO MUNDO, 
perdoai-nos Senhor.

(Ilustração da obra 'Litanies de la Très-Sainte Vierge', por M. L'Abbé Édouard Barthe, Paris, 1801)

sexta-feira, 30 de setembro de 2022

BREVIÁRIO DIGITAL - LADAINHA DE NOSSA SENHORA (LIV)

RAINHA CONCEBIDA SEM PECADO ORIGINAL, rogai por nós.

(Ilustração da obra 'Litanies de la Très-Sainte Vierge', por M. L'Abbé Édouard Barthe, Paris, 1801)

quarta-feira, 28 de setembro de 2022

BREVIÁRIO DIGITAL - LADAINHA DE NOSSA SENHORA (LIII)

RAINHA DE TODOS OS SANTOS, rogai por nós.

(Ilustração da obra 'Litanies de la Très-Sainte Vierge', por M. L'Abbé Édouard Barthe, Paris, 1801)

segunda-feira, 26 de setembro de 2022

BREVIÁRIO DIGITAL - LADAINHA DE NOSSA SENHORA (LII)

 

RAINHA DAS VIRGENS, rogai por nós.

(Ilustração da obra 'Litanies de la Très-Sainte Vierge', por M. L'Abbé Édouard Barthe, Paris, 1801)

sexta-feira, 23 de setembro de 2022

BREVIÁRIO DIGITAL - LADAINHA DE NOSSA SENHORA (LI)

RAINHA DOS CONFESSORES, rogai por nós.

(Ilustração da obra 'Litanies de la Très-Sainte Vierge', por M. L'Abbé Édouard Barthe, Paris, 1801)

 

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

BREVIÁRIO DIGITAL - LADAINHA DE NOSSA SENHORA (L)

RAINHA DOS MÁRTIRES, rogai por nós.

(Ilustração da obra 'Litanies de la Très-Sainte Vierge', por M. L'Abbé Édouard Barthe, Paris, 1801)

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

BREVIÁRIO DIGITAL - LADAINHA DE NOSSA SENHORA (XLIX)

 
RAINHA DOS APÓSTOLOS, rogai por nós.

(Ilustração da obra 'Litanies de la Très-Sainte Vierge', por M. L'Abbé Édouard Barthe, Paris, 1801)