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sexta-feira, 14 de março de 2025

AS GRANDES HERESIAS: ARIANISMO

Na construção da civilização cristã, certamente um dos primeiros e mais relevantes debates foi pautado sobre a divindade de Jesus Cristo. Jesus era Deus ou não? Jesus era realmente Deus feito homem ou Jesus era um ser criado? O Arianismo é a heresia que nega a divindade de Cristo e proclama que Jesus foi criado por Deus como um primeiro ato da sua criação e que a natureza de Cristo era distinta da natureza divina. A heresia recebeu esta designação por ter sido defendida inicialmente por Ário, um sacerdote de Alexandria/ Egito no início do século IV.

O arianismo proclama, portanto, que Jesus é um ser criado finito com alguns atributos divinos, mas Ele não é eterno e não é divino em Si mesmo, ou seja, Jesus não seria nem totalmente Deus e nem totalmente humano e as limitações de Jesus como ser humano não têm impacto em sua natureza divina ou em sua eternidade. Nesta concepção, Jeus seria subordinado a Deus Pai, negando por princípio a consubstancialidade entre Deus Pai e Jesus Cristo. Assim, a mera interpretação direta e equivocada dos textos bíblicos revela aos arianistas que Jesus não podia 'sentir fome' ou 'ficar cansado' sendo Deus, como se tais expressões não fossem asserivas à natureza humana de Jesus. Nesta mesma linha de contestação, a expressão 'filho primogênito' dada a Jesus seria uma prova incontestável de que o Filho de Deus seria um ato de criação direta de Deus Pai.

O sofisma absurdo de Ário foi que ele ter imposto a noção de tempo à natureza eterna (atemporal) de Deus. É óbvio que, para a natureza humana, o pai existe antes do filho, pois os humanos vivem no tempo. Gerar para os seres humanos é um ato embutido no tempo e na matéria. Como Deus é eterno, o Pai dá a sua natureza espiritual, divina e atemporal ao seu Filho Unigênito e, portanto, 'antes' e 'depois' não têm nenhum sentido. Uma vertente da heresia, chamada semi-arianismo, buscou abrandar a posição ariana original, proclamando que o Filho era de uma substância semelhante ao Pai, ainda que não fosse 'da mesma substância'.

A 'lógica' herética de Ário rapidamente ganhou muitos seguidores e teve um impacto tremendo na Igreja Primitiva. O Arianismo não se limitou a influenciar vários teólogos dos primeiros séculos do cristianismo; seu impacto afetou o próprio aparecimento da Ortodoxia (o ordenamento padrão da Fé Católica) e constituiu a primeira grande controvérsia da Fé Cristã a ser decidida por um concílio ecumênico. Depois de ser excomungado em Alexandria, Ário fugiu para Cesareia, onde o bispo Eusébio o ajudou a espalhar os seus erros. Em 325, no Primeiro Concílio de Niceia, o arianismo foi condenado formalmente como heresia, proclamando que o Filho é consubstancial ao Pai, como posteriormente explicitado no Credo Niceno-Constantinopolitano.  Santo Atanásio foi o grande defensor da Fé Cristã contra essa heresia que permaneceu ainda como uma séria  ameaça à Igreja por mais de meio século e que ainda permanece viva atualmente, em muitos aspectos, entre os ensinamentos dos mórmons e das Testemunhas de Jeová.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

A FARSA DO ESPIRITISMO

Nada é mais diabólico do que que uma meia-verdade, a mentira inoculada como semente aparente da verdade. Isso é o espiritismo por essência - 'o joio no meio do trigo' (Mt 13,28) - sectarismo rasteiro que evoca doutrinamento periférico para negar de forma contundente e radical as verdades fundamentais da sã doutrina católica. Pelo simples fato de incorrer em práticas recorrentes de magia e de adivinhação, um católico deveria se abstrair por completo de qualquer vinculação com o espiritismo (incluindo acesso à literatura espírita). Mas a farsa do espiritismo é muitíssimo mais grave e ruinosa do que isso para os católicos, pois o que oferece não é apenas a simples negação de uma ou outra verdade da autêntica fé cristã, mas literalmente a supressão de todas elas:

1 - Nega o mistério, e ensina que tudo pode ser compreendido e explicado.
2 - Nega a inspiração divina da Bíblia.
3 - Nega a existência do milagre.
4 - Nega a autoridade do Magistério da Igreja.
5 - Nega a infalibilidade do Papa.
6 - Nega a instituição divina da Igreja.
7 - Nega a suficiência da Revelação.
8 - Nega o mistério da Santíssima Trindade.
9 - Nega a existência de um Deus Pessoal e distinto do mundo.
10 - Nega a liberdade de Deus.
11 - Nega a criação a partir do nada.
12 - Nega a criação da alma humana por Deus.
13 - Nega a criação do corpo humano.
14 - Nega a união substancial entre o corpo e a alma.
15 - Nega a espiritualidade da alma.
16 - Nega a unidade do gênero humano.
17 - Nega a existência dos anjos.
18 - Nega a existência dos demônios.
19 - Nega a divindade de Jesus.
20 - Nega os milagres de Cristo.
21 - Nega a humanidade de Cristo.
22 - Nega os dogmas de Nossa Senhora.
23 - Nega a nossa Redenção por Cristo.
24 - Nega o pecado original.
25 - Nega a graça divina.
26 - Nega a possibilidade do perdão dos pecados.
27 - Nega o valor da vida contemplativa e ascética.
28 - Nega toda a doutrina cristã do sobrenatural.
29 - Nega o valor dos Sacramentos.
30 - Nega a eficácia redentora do Batismo.
31 - Nega a presença real de Cristo na Eucaristia.
32 - Nega o valor da Confissão.
33 - Nega a indissolubilidade do Matrimônio.
34 - Nega a unicidade da vida terrestre.
35 - Nega o juízo particular depois da morte.
36 - Nega a existência do Purgatório.
37 - Nega a existência do Céu.
38 - Nega a existência do Inferno.
39 - Nega a ressurreição da carne.
40 - Nega o juízo final.

sábado, 15 de maio de 2021

10 QUESTÕES SOBRE UMA CERTA MISSA...

1. A Igreja Católica deve conceder exéquias eclesiásticas a pecadores públicos e manifestos, que assumiram uma vida notoriamente contrária aos princípios da autêntica fé cristã?

Não. Com uma exceção: a não ser em caso de um sinal ou manifestação explícita de arrependimento do pecador à sua condição de vida anterior.

2. Não existindo tal manifestação de arrependimento, essa concessão pode ser dada mediante atribuição específica de algum sacerdote ou de alguma diocese da Santa Igreja?

Não. Não, sem exceções.

3. Por que não?

Porque este impedimento está explícito no texto do Direito Canônico, por meio do Cân. 1184, que estabelece:

Cân. 1184 — § 1. Devem ser privados de exéquias eclesiásticas, a não ser que antes da morte tenham dado algum sinal de arrependimento: 1.° os apóstatas notórios, os hereges e os cismáticos; 2.° os que escolheram a cremação do corpo próprio, por razões contrárias à fé cristã; 3.° os outros pecadores manifestos, aos quais não se possam conceder exéquias eclesiásticas sem escândalo público dos fiéis.

4. Esses princípios se aplicariam também a uma possível concessão a tais pecadores da chamada missa de sétimo dia?

A não concessão de exéquias eclesiásticas privilegia particularmente a negação das missas exequiais, conforme claramente exposto no Cân. 1185:

Cân. 1185 — Àquele a quem foram recusadas exéquias eclesiásticas, deve também ser-lhe negada qualquer Missa exequial.

5. Assim, um pecador público não pode ser objeto de amparo espiritual pela Igreja Católica?

Podem e devem ser feitas orações e/ou outras intenções privadas em relação à vida de qualquer pessoa, em função do fato de que o julgamento final de cada alma é atributo exclusivamente da infinita justiça e misericórdia de Deus. E porque também são destinadas ao conforto espiritual dos parentes e amigos daquela pessoa. Mas, estas orações e intenções, não podem ser nunca expressas na intenção da alma de um pecador manifesto ou de um herege público na forma de uma missa exequial.

6. É, portanto, inválida a missa exequial nestas condições?

Absolutamente inválida porque as exéquias eclesiásticas, com as quais a Igreja implora o auxílio espiritual para os defuntos e honra os seus corpos e, ao mesmo tempo, leva aos vivos a consolação da esperança, devem celebrar-se em conformidade com as leis litúrgicas vigentes.

7. A missa exequial realizada nestas condições é apenas inválida?

Não, é muito mais grave do que isso, porque estabelece simultaneamente uma ruptura com a liturgia da Igreja e um espetáculo de escândalo público, além da possibilidade de incorporar um sem número de outros sacrilégios, incluindo manifestações e pronunciamentos totalmente antagônicos à sacralidade da liturgia, bem como comunhões sacrílegas, por exemplo. E, além disso, há todo um potencial ciclo de consequências dos que tendem a explorar o fato de forma a atacar a Santa Igreja, o que potencializa tremendamente a gravidade dessa situação. 

8. Mas o pecador impenitente não poderia se salvar no extremo momento da morte?

Possível é porque Deus é Deus. Mas a Igreja é extremamente prudente aos ditames da autêntica fé cristã: quem viveu por livre arbítrio de forma impenitente não pode contestar que a Santa Igreja tome por princípio que se morre como se vive e que, assim, quem vive impenitente morre também de forma impenitente. Os ritos da Santa Igreja não são ecumênicos e são expressamente destinados aos que creem e praticam in totum a doutrina ensinada por Nosso Senhor Jesus Cristo. 

9. Mas a percepção geral atualmente...

Nos tempos atuais, há uma percepção absolutamente falsa e ecumênica de que a salvação é uma coisa fácil e Deus, sendo um abismo de misericórdia, há de salvar todos os homens. A salvação de uma alma é uma luta difícil e obra de uma vida inteira de renúncia ao pecado e de perseverança na graça. Deus é um abismo de misericórdia e um abismo de justiça. A Igreja Católica, ciente disso, tem reiteradamente defendido, seja pela tradição, seja pelos ensinamentos dos Padres da Igreja, que o número dos que se salvam é pequeno, como explicitado cristalinamente pelo próprio Jesus: 'Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita' (Lc 13, 22).

10. O que se pode constatar destes fatos recentes então?

Que o verdadeiro abismo é o pecado. Os que dele se usufruem, nele se refestelam e nele querem aplicar livre e generalizadamente todos os seus arbítrios. E ai daqueles que devendo ser os pastores do rebanho do Senhor e luz do mundo, aliam-se aos lobos por respeito humano, falta de prudência ou simplesmente pelas comezinhas retribuições mundanas. Tornam-se, como outros tantos, iguais pedras de escândalo. 

sábado, 23 de janeiro de 2021

A GNOSE E SUAS DOUTRINAS FALSAS (II)

Dissemos que a Gnose foi apareceu entre os homens pela primeira vez no Pecado Original. Antes de continuar, porém, é importante observar que ela se manifestou antes mesmo disso, na Queda dos Anjos. Pois, uma vez que a essência de uma coisa é determinada pelo seu fim último, podemos identificar a essência da Gnose como a tentativa da criatura de se divinizar. Isso, porém, já havia ocorrido com a rebelião dos anjos. Lúcifer e os outros anjos quiseram fazer-se como Deus, isto é, sem Deus: por seus próprios esforços naturais e sem ajuda. A consequência foi a queda e a transformação de anjos em demônios.

'Quis ut Deus?' respondeu São Miguel Arcanjo, visto que ninguém de fato é como Deus, mas esta era precisamente a afirmação de Lúcifer: ser como Deus, e é esta mesma afirmação que ele mais tarde propôs a Adão e Eva. A gnose remonta, portanto, em sua essência, aos primeiros momentos do universo, ao primeiro ato livre das criaturas racionais. Daí se desenvolveu ao longo dos séculos, assumindo proporções teológicas e morais cada vez mais amplas, percorrendo caminhos diferentes de acordo com as religiões e nações que visita: seja hinduísmo, budismo ou judaísmo; seja a nação persa, a nação egípcia ou qualquer outra.

Vamos nos concentrar na Religião Judaica, considerando, com Don Julio Meinvielle, que esta é a forma de Gnose mais influente no mundo moderno. A Gnose Judaica é uma perversão da Cabala. A Cabala, antes de sua perversão, constituiu a tradição oral do Antigo Testamento. A autêntica fé judaica, que se tornou fé católica com o advento do Senhor, tinha uma tradição dupla: uma tradição escrita e uma tradição oral, precisamente como a fé católica.

A tradição oral, isto é, a Cabala primordial, ensinava aos homens as verdades fundamentais da natureza e da graça necessárias para a salvação; falava da natureza de Deus e de seus atributos, de espíritos puros e do universo invisível; continha até ensinamentos sobre a Santíssima Trindade e a Encarnação de Nosso Senhor antes do seu Advento a este mundo. Esta sublime e mística Tradição, entretanto, passou por um processo de perversão sob a influência da Gnose egípcia. A Gnose egípcia remonta a três mil anos antes da vinda do Senhor e, portanto, ao início dos tempos. A perversão ocorreu durante o exílio do povo judeu no Egito no século 14 antes de Cristo, e depois na Babilônia no século 6 a.C. de uma forma ainda mais prejudicial.

Parte dessa influência consistia em práticas mágicas e outra parte em falsas doutrinas. As falsas doutrinas eram negações da Revelação Divina conforme contido na Fé Judaica pré-cristã e podem, portanto, ser consideradas heresias sensu lato. Esses erros se insinuaram na tradição oral judaica e representam um desenvolvimento das doutrinas gnósticas centrais. Examinemos duas destas doutrinas falsas: a transformação do homem em Deus e o monismo entre Deus e o homem. Vamos examinar essas duas doutrinas em seus vários desenvolvimentos, primeiro à luz da Fé, depois à luz da razão.

I. A transformação do homem em Deus

A doutrina da transformação do homem em Deus é elaborada como um processo de evolução e inclui os seguintes elementos:

(i) o surgimento de Deus, do mundo e do homem a partir do Nada
(ii) a reencarnação;
(iii) a evolução e a realização graduais de Deus e do homem

O surgimento de Deus, do mundo e do homem a partir do Nada

A fé nos ensina que Deus existe eternamente e não tem começo no tempo. Ensina-nos igualmente que o mundo e o homem não vieram a existir por si próprios, mas que Deus os criou e os fez do nada (ex nihilo), mas não do nada como de uma substância preexistente, mas do nada no sentido de que de fato não havia nada e nenhuma substância preexistente. Por outro lado, a razão humana nos ensina que nada pode surgir do nada, pois nada, por definição, não existe.

Reencarnação

Na Carta aos Hebreus (Hb 9,27), se lê: 'É destinado aos homens morrer uma vez, e depois disso, o julgamento'. Além disso, a fé nos ensina que a alma humana é capaz de um desenvolvimento positivo, mas não por meio de reencarnações repetidas, mas pela obra de aperfeiçoamento moral e santificação. A razão ensina que a reencarnação é impossível, pois cada alma humana é o princípio de seu próprio corpo humano: a alma humana não pode conformar um corpo não humano, e não pode conformar um corpo humano que não seja o seu.

A evolução e a realização graduais de Deus e do homem

A fé ensina que Deus é imutável e não muda. São Tiago escreve (Tg 1, 16-17): 'Não se iludam, portanto, meus queridos irmãos. Toda dádiva boa e todo dom perfeito procedem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança, nem sombra de alteração'. A razão nos diz, além disso, que Deus é transcendente e imutável por definição. Se algo muda no homem, não é Deus. Acrescentamos uma última crítica lógica, válida para todas as três doutrinas evolucionistas, ou seja: o maior não pode derivar do menor: a substância não pode proceder do nada; Deus não pode proceder do homem; a alma não pode purificar-se por si mesma no curso de vidas sucessivas.

II. Monismo

O monismo entre Deus e o homem é elaborado na direção de três formas distintas de monismo: (i) um monismo ontológico entre Deus e o universo, onde o universo é considerado em certo sentido como divino (doutrina do panteísmo); (ii) um monismo moral onde o bem e o mal são considerados partes integrantes de uma realidade maior, que não permite nenhum princípio real de distinção entre eles. Este monismo moral é considerado, em última análise, como o próprio Deus; (iii) um monismo lógico no qual até mesmo a verdade e a falsidade se reconciliam uma com a outra.

Monismo entre Deus e o Universo (Panteísmo)

Nós respondemos a este erro como respondemos ao erro do monismo entre Deus e o homem. A fé ensina que Deus é criador: Credo in unum Deum, creatorem coeli et terrae. Deus é, portanto, totalmente independente do universo, que Ele criou com um ato livre de vontade. Não emanou dEle de acordo com a sua natureza; não veio necessariamente à existência. Além disso, a razão nos ensina que o conceito de Deus é um conceito de um ser essencialmente transcendente.

Monismo Moral

O monismo moral é, com efeito, concebido como a tese de que o bem e o mal são uma só coisa e que o mal existe em Deus. A fé nos ensina, em contraste, que o bem e o mal são princípios distintos, opostos um ao outro; que aderindo o homem ao bem , ele é salvo, e aderindo ao mal, ele é condenado. A fé ensina igualmente que Deus é infinitamente bom, o Pai das Luzes, para citar mais uma vez São Tiago (Tg 1, 13): 'Deus é inacessível ao mal e não tenta a ninguém'.

A razão, de acordo com a doutrina de São Tomás, ensina-nos que o bem e o mal não formam uma só entidade, visto que o bem é o próprio Ser, e o mal é a privação do bem. O mal não está em Deus, visto que Deus é infinita e necessariamente bom. Como já dissemos das outras perfeições de Deus, podemos dizer da sua bondade: se Ele não é bom, então Ele não é Deus.

Monismo Lógico

O monismo lógico afirma que o verdadeiro e o falso também constituem uma única realidade. A Gnose sustenta isso, por exemplo, em seu sincretismo, sustentando que todas as religiões e filosofias são iguais. A fé nos ensina, por contraste, que o verdadeiro e o falso são opostos, e o Senhor diz (Mt. 5,37): 'Mas seja a vossa palavra sim, sim: não, não; e o que está além disso provém do mal' .

A razão afirma que o falso é uma negação do verdadeiro. Como diz Aristóteles, é impossível que a mesma coisa, ao mesmo tempo e da mesma forma, seja verdadeira e falsa. Este é o princípio da não contradição, um dos primeiros princípios do pensamento e da metafísica. Se renunciarmos a esses primeiros princípios, renunciaremos à própria racionalidade e à própria possibilidade de compreender e explicar qualquer coisa.

Don Julio Meinvielle sustenta que o absurdo do monismo lógico - que o verdadeiro e o falso formam uma única realidade - é a consequência da absurda tese gnóstica de que o mundo, o homem e Deus emergem do nada. Diríamos, antes, que corresponde a todos os absurdos ensinados pela Gnose: a emergência do nada, a reencarnação, o desenvolvimento de Deus no mundo, o panteísmo, a chamada reconciliação entre o bem e o mal. Em última análise, o Monismo Lógico é o resultado da tese fundamental da Gnose: que o homem pode se tornar Deus. A irracionalidade desta tese resulta da rebelião da vontade contra a Verdade. A tese nada mais é do que a expressão máxima dessa rebelião.

(Excertos da obra 'The New Religion - Gnosis and the Corruption of the Faith', do Pe. Pietro Leone)

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

A GNOSE E A ANTI-RELIGIÃO (I)

O grande teólogo argentino Don Julio Meinvielle escreveu: 'Ao longo da história da humanidade, houve duas formas fundamentais de pensar e de viver: uma é católica e é a Tradição recebida de Deus, por meio de Adão, Moisés e Jesus Cristo: a outra é gnóstica e cabalística, que alimenta o erro de todos os povos, no paganismo e na apostasia, primeiro no judaísmo e depois no próprio cristianismo'.

O primeiro desses grandes sistemas de pensamento e vida é, então, a Fé Católica (incluindo sua fase pré-cristã), e o segundo é a Gnose. O primeiro é a única fé e religião verdadeiras. O segundo, constituindo também um corpo coerente de doutrinas, é essencialmente ateu e oposto à única religião verdadeira, podendo ser descrito como a Anti-Religião e a Anti- Religião por excelência. 

Como devemos definir a Gnose? A palavra 'gnosis' vem do grego e significa 'conhecimento'. Como veremos mais tarde, esse conhecimento é entendido como uma forma de conhecimento arcano voltado para a autodeificação do homem. A gnose, rival perene da fé católica, foi manifestada pela primeira vez entre os homens no evento conhecido como pecado original. 

Consideremos esse evento primordial, conforme narrado no livro de Gênesis: 'a serpente era mais sutil do que qualquer um dos animais da terra que o Senhor Deus havia feito. Ela disse à mulher: Por que Deus te ordenou que você não comesse de todas as árvores do paraíso? E a mulher respondeu-lhe, dizendo: Dos frutos das árvores que estão no paraíso comemos, mas do fruto das árvores que estão no meio do paraíso, Deus nos ordenou que não comêssemos; e que não devemos tocá-lo, para não morrermos. E a serpente disse à mulher: Não, não morrereis. Porque Deus sabe que, qualquer que seja o dia em que dela comerdes, os vossos olhos se abrirão; e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal. E a mulher viu que o fruto da árvore era bom para comer, muito agradável de se ver; e tomou dele e o comeu, e o deu ao seu marido, que também o comeu (Gn 3, 1-6).

O acontecimento aqui descrito, o do pecado original, sempre foi entendido e ensinado pela Santa Igreja como um acontecimento real da parte do primeiro casal humano, Adão e Eva. Foi um pecado de orgulho e desobediência a Deus, causado pela sedução do diabo em forma de serpente: uma ação que, na medida em que foi realizada por representantes de toda a humanidade, trouxe prejuízo não só para eles, mas igualmente para toda a humanidade. Este evento constitui ao mesmo tempo o paradigma da Gnose.

Em primeiro lugar, observamos que a Gnose se baseia na negação da Revelação Divina, na negação da Palavra de Deus, ou seja, que a morte será a consequência de se comer o fruto proibido. Por esta razão, pode ser descrito como herética, mesmo que não seja herético no sentido típico e formal de negar um dogma da fé. Examinemos o sistema da Gnose à luz da Fé Católica: primeiro em sua teologia, depois no conhecimento que pretende oferecer ao homem e, finalmente, em sua moralidade.

I. Teologia Gnóstica

A principal característica da teologia gnóstica é o monismo. A razão para isso é simples: se o homem pode se tornar Deus por meio de seus próprios esforços, o homem deve participar da natureza de Deus: o homem e Deus devem possuir uma única natureza, diferenciada apenas de acordo com o grau e perfeição dessa natureza.

A teologia gnóstica é monística, a passo que a teologia católica, em contraste, é dualista, ensinando que o homem e Deus possuem duas naturezas diferentes: uma natureza humana e uma natureza divina. Essas duas naturezas não se diferenciam apenas e essencialmente de acordo com o seu grau de perfeição, mas sim em sua diversidade ontológica. Além dessa principal característica - o Monismo - a Gnose inclui outra característica - a chamada imanência, pois se o homem e Deus possuem a mesma natureza, se eles não são distintos em sua natureza, então Deus deve ser imanente ao homem.

Em contraste, a filosofia e a teologia católicas ensinam que Deus é transcendente ao homem e, de fato, a todo o universo: a filosofia ensina que Ele está absolutamente acima e além do universo: absolutamente independente dele; a teologia ensina o mesmo com base no dogma professado no Credo de que Deus é o Criador e Juiz do mundo; Ele, que criou o mundo por um ato perfeitamente livre da sua vontade, é também o seu Mestre e Juiz.

Outra característica da teologia gnóstica é a mutabilidade de Deus. Segundo a Gnose, o homem se torna Deus, de modo que, em certo sentido, há um certo movimento e mutabilidade em Deus. A filosofia e a teologia católicas, por outro lado, ensinam que em Deus não há mutabilidade, nem movimento, nem mudança, pois Deus é o próprio Ser, a plenitude do ser, Puro Ato em quem tudo se atualiza.

Em conclusão, então, vemos três erros na teologia gnóstica: o Monismo em contraste com o Dualismo; imanência absoluta em contraste com transcendência; mutabilidade em contraste com a imutabilidade de Deus, ato puro. Observamos que, em relação ao segundo ponto, que a doutrina da imanência absoluta de Deus é logicamente insustentável. Isso porque o conceito de Deus, aprofundado pela reflexão teológica, é um conceito de um Ser necessariamente transcendente ao mundo. Se negarmos a transcendência de Deus, postulando que Ele é unicamente imanente ao mundo, negamos efetivamente a sua própria existência. O mesmo se aplica aos outros erros teológicos da Gnose: o monismo entre Deus e o homem e a mutabilidade de Deus.

II. Conhecimento Gnóstico

Em relação aos tipos de conhecimento pelo qual a Gnose afirma divinizar o homem, podemos fazer as seguintes observações:

(i) o conhecimento a que se refere a passagem do Gênesis consiste em dois tipos: o primeiro tipo é o conhecimento de como ser deificado, o conhecimento de se servir de um meio para um fim: isto é, o conhecimento de uma prática particular; o segundo tipo de conhecimento é o fim proposto a Adão e Eva: o Conhecimento do Bem e do Mal;

(ii) o conhecimento (em ambos os casos) é puramente natural;

(iii) é  distinto da vontade, pois não é objeto do exercício da vontade ou de qualquer ação;

(iv) é buscado para o prazer, acima de tudo para o prazer sensual: 'o fruto da árvore era agradável aos olhos e bom de se comer';

(v) é misterioso: não é acessível a todos, mas oculto, na verdade intencionalmente oculto por Deus, afirmam eles, por motivos questionáveis do próprio Deus.

Vamos comparar este conhecimento oferecido aos nossos primeiros pais pelo diabo com o conhecimento de Deus oferecido ao homem pela Religião Católica:

(i) o conhecimento de Deus, oferecido ao homem pela Religião Católica, também é de dois tipos: o primeiro tipo é a própria Fé, que é um meio para alcançar o fim último do homem no Céu; o segundo é a visão beatífica, que constitui esse fim último. O conhecimento de Deus, em ambos os casos, é o conhecimento da Santíssima Trindade, um conhecimento que é, portanto, infinitamente superior ao oferecido a Adão e Eva;

(ii) este conhecimento é sobrenatural: uma iluminação do intelecto por meio da Graça e da Glória respectivamente; ao passo que, como já dissemos, o conhecimento oferecido a Adão e Eva é de ordem puramente natural;

(iii) o conhecimento de Deus é direcionado para o exercício da vontade na caridade: para realizar cada ação de cada um e para conduzir toda a sua vida pelo amor de Deus durante este exílio terreno, e no seu final para descansar e se deleitar em Deus no paraíso;

(iv) o prazer não é a razão para se buscar o conhecimento, mas é a consequência de ter agido de acordo com esse conhecimento levando-se uma vida virtuosa;

(v) finalmente, o conhecimento de Deus nesta vida, ou seja, a Fé, não é misterioso, nem escondido por Deus, mas revelado ao homem, com o mandato de anunciá-lo a todo o mundo.

Concluindo, então, vemos que o conhecimento gnóstico nada mais é do que uma sombra pálida e um substituto enganoso do verdadeiro conhecimento de Deus: seu objeto não é a Santíssima Trindade, seu modo não é sobrenatural; é divorciado das boas obras, buscado pelo prazer e falsamente apresentado como o verdadeiro bem.

III. Moralidade Gnóstica

Vamos finalmente examinar a moralidade gnóstica como ela se manifesta na passagem do Gênesis, comparando-a com a teologia moral católica:

(i) definimos Gnose como um sistema de autodeificação e, como tal, está em oposição ao Cristianismo, que ensina que a deificação do homem procede somente de Deus;

(ii) o primeiro tipo de deificação consiste na transformação do homem em Deus pela perda de sua identidade; o segundo tipo implica a sua participação em Deus, ainda que mantendo a sua identidade;

(iii) no primeiro caso, o homem se faz Deus: sem Deus, no lugar de Deus e apesar de Deus (São Máximo, o Confessor); no segundo caso, o homem é deificado ao se humilhar diante de Deus;

(iv) o primeiro surge por meio de esforços naturais; o segundo, pela graça sobrenatural de Deus;

(v) o primeiro é uma forma de autodeterminação; o segundo é uma determinação efetuada por Deus;

vi) o primeiro tem origem no conhecimento natural e, como é o caso de todo conhecimento natural, é dominado pelo sujeito e nele absorvido; o segundo tem origem no conhecimento sobrenatural ao qual o objeto deve se sujeitar, sacrificando seu intelecto à Verdade absoluta;

(vii) o conhecimento gnóstico está divorciado das boas obras; o conhecimento católico é essencialmente governado por elas;

(viii) o primeiro é motivado pelo prazer; o segundo, pelo amor;

(ix) o primeiro é acessível apenas a uma elite; o segundo, a todos os homens.

Em síntese, o primeiro é caracterizado pelo orgulho e egoísmo e o segundo, pela humildade e sacrifício. Em suma, pode-se dizer que a Gnose é o egoísmo elevado ao status de religião. A gnose capacita o homem a ser como Deus em um sentido, ou seja, no exercício de seu livre arbítrio para fazer o que deseja, mas ao custo da bem-aventurança eterna. A fé católica, por outro lado, permite ao homem tornar-se semelhante a Deus no exercício de seu livre arbítrio, em harmonia com a ordem estabelecida por Deus: a ordem do objetivo verdadeiro e bom, com o propósito de conhecer e amar a Deus aqui na terra. e depois no paraíso.

No Jardim do Éden existem duas árvores: a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal e a Árvore da Vida. Para comer dos frutos da primeira árvore, o orgulho é necessário; para comer dos frutos da segunda árvore, basta o sacrifício. A primeira representa a Gnose, a rival perene da fé católica; a segunda representa a fé: pois a segunda é a árvore da cruz, cujos frutos são todas as graças e bênçãos de Deus aqui na terra e as alegrias eternas do céu. Para possuí-los, porém, é necessário passar por sofrimentos e sacrifícios, tomando a nossa cruz e levando-a nos passos de Nosso Senhor, a quem seja dada toda honra e toda glória para todo o sempre. Amém.

(Excertos da obra 'The New Religion - Gnosis and the Corruption of the Faith', do Pe. Pietro Leone)

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

OS 12 SINAIS DO ANTICRISTO


Em um sermão proferido em um programa da rádio NBC, em 26 de janeiro de 1947, o hoje Venerável arcebispo Fulton Sheen enumerou os 12 subterfúgios que serão utilizados pelo Anticristo para enganar até os escolhidos na sua fúria demoníaca de destruição da Santa Igreja, porque ele não virá 'vestido de vermelho, com lança, vomitando enxofre ou portando uma cauda como o Mefistófeles em Fausto'. Mais de 70 anos depois, a sua mensagem é absolutamente profética e incomensuravelmente mais clara e impactante para os homens dos tempos atuais. Os doze 'truques' ou sinais, pelos quais poderão ser reconhecidos as artimanhas e as manipulações do Anticristo serão os seguintes:

1. Virá disfarçado sob o título de Grande Humanitário, falando de paz, de prosperidade e de abundância, mas não como meios utilizados para nos conduzir até Deus, mas sim como fins em si mesmo; 
2. Escreverá livros acerca de uma nova ideia de Deus, adaptada à forma como se vive;
3. Irá induzir a fé como se fosse um domínio da astrologia, responsabilizando as estrelas pelos nossos pecados, em vez da nossa vontade;
4. Tenderá a aumentar a culpa nos corações dos homens, pressionados psicologicamente relativamente à repressão das relações sexuais, fazendo-os encolher de vergonha sempre que os seus amigos, familiares e colegas os acusam de não serem abertos e liberais;
5. Redefinirá a tolerância como uma indiferença relativa ao certo e ao errado;
6. Promoverá mais divórcios sob o disfarce de que uma terceira pessoa nas relações humanas é fundamental;
7. Aumentará o amor pelo amor, diminuindo o amor às pessoas em si;
8. Usará a própria religião para destruir a religião;
9. Referir-se-á Cristo dizendo que foi o maior homem que já existiu;
10. Dirá que a sua missão será libertar o homem da escravidão da superstição e do fascismo, os quais acabará por nunca definir;
11. Em meio a um aparente amor pela humanidade e do discurso eloquente sobre a liberdade e igualdade, terá um grande segredo o qual nunca revelará: ele não acredita em Deus. E assim, pelo fato da sua religião ser definida por uma irmandade sem a paternidade de Deus, enganará mesmo os eleitos. 
12. Sustentará uma Contra-Igreja, que será a falsificação da própria Igreja, uma vez que o demônio é a falsificação de Deus. Esta será constituída pelo corpo místico do anticristo que irá, em todas as suas externalidades, assemelhar-se à Igreja e ao corpo místico de Cristo. Em necessidade extrema de Deus, ele conduzirá o homem moderno, em toda a sua solidão e frustração, a querer mais e mais pertencer a uma comunidade que traga a ele uma maior ambição de sentido, sem qualquer necessidade de emenda ou reconhecimento de culpa. Serão tempos nos quais será dada ao demônio uma capacidade de ação jamais vista.

(Fulton Sheen, em 'The Catholic Hour, programa de rádio da NBC, 26 de janeiro de 1947)

sábado, 27 de outubro de 2018

SOBRE A HERESIA DO ESPIRITISMO

O Espiritismo nega todo o Cristianismo: nega o mistério da Santíssima Trindade, nega que Jesus seja Deus, nega a Redenção, nega que Nossa Senhora seja Mãe de Deus, nega a existência de um Deus pessoal e distinto do mundo, nega a espiritualidade da alma, nega a existência do inferno e dos demônios, nega o mistério da graça, nega o céu.

Um espírita não pode ser cristão, e um cristão não pode ser espírita.

A doutrina da reencarnação não condiz com o dogma da ressurreição final, do céu e do inferno. Por isto, o Espiritismo nega simplesmente estes dogmas, apesar de estarem claros na Bíblia. Nega o que é de fé, que Deus ensinou, para erigir fantasias em dogma de fé.

Os espíritas negam não uma ou duas das verdades de fé, mas todas. São hereges! Diz o Direito Canônico: 'Todos os apóstatas da fé, e todos e cada um dos heréticos e cismáticos... incorrem ipso facto em excomunhão... Abraçar o Espiritismo é abraçar a excomunhão.

Caridade é uma virtude teológica que tem Deus por motivo: é amor de Deus, por amor de Deus e amor do próximo por amor de Deus. Quando se ama o próximo e se faz o bem, por amor dos homens, não é caridade, é filantropia. São Paulo diz na Epístola aos Coríntios que podemos ter uma fé de transportar montanhas... mas, se não for por caridade, isto é, por amor de Deus... não vale nada!... No Espiritismo não pode haver caridade!

Ajudar as obras espíritas, colaborar de qualquer modo com o Espiritismo, é favorecer a heresia. E quem favorece qualquer heresia fica excomungado.

Não basta estarmos com a verdade, mas é preciso amar a verdade, por isto querê-la conhecida e seguida por todos. A caridade é a essência do Cristianismo, e o distintivo do cristão. Mas, só podemos dizer que amamos a Deus e amamos o próximo, se fizermos tudo pela glória de Deus e pela salvação de nossos irmãos.


(Excertos da obra 'A Hediondez Espírita', de Dom José Eugênio Corrêa)

sexta-feira, 15 de junho de 2018

'ONDE ERREI, SENHOR?'

Onde errei, Senhor?
se falei o Vosso nome e, em Vosso nome, falei aos homens,
se me alegrei de falar por Vós,
se me ufanei de gritar por Vós,
se me vangloriei de usar o Vosso Santo Nome.

Onde errei, Senhor?
quando me ouviram, não foi por falar de Vós?
quando me temeram, não foi por gritar por Vós?
quando me louvaram, não foi por cantar por Vós?
quando me seguiram, não foi por Vossa causa?

Onde errei, Senhor?
quando empunhei a minha bíblia, não foi por Vós?
quando dominei os evangelhos, não fui outro evangelista?
quando decorei cada versículo da bíblia, não fui outro Jesus?
quando persegui os ímpios não estavas comigo?

Onde errei, Senhor?
não pratiquei a caridade como ensinastes?
não ataquei com rigor Vossos inimigos?
não admoestei tantos a abandonar os vícios?
não prometi o inferno a tantos que não Vos seguissem?

Onde errei, Senhor?
não prometi riqueza aos que Vos servissem?
não profetizei tantas coisas em Vosso Nome?
não pratiquei curas e milagres nas minhas pregações?
não expulsei demônios no meu templo?

Onde errei, Senhor?
se tomei a Vossa Palavra como única medida,
se naveguei toda a minha vida como pastor e guia,
se Vos tomei como única mediação e salvação,
se combati com rigor a igreja que ousava ser a Vossa,
se neguei as heresias dos que Vos chamavam Senhor, Senhor!

Onde errei, Senhor?
se não pratiquei o culto blasfemo de imagens,
se não rezei para santos e santas de altares,
se não me apeguei a sacramentos inventados,
se nunca ousei chamar Nossa Senhora de Mãe de Deus...

Por que, Senhor, Vós me condenastes?

(Um trovão terrível irrompeu e fez calar o ímpio desgraçado)

'Maldito! Nunca fizestes nada que fosse da Vontade do Meu Pai, que está nos Céus; tudo isso que fizestes serviu para a vossa vanglória humana e não para a Minha Glória. Não servistes à Minha Igreja, Santa e Católica, mas a denegristes com a vossa torpe heresia. Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticastes a iniquidade!'

quinta-feira, 22 de março de 2018

PADRES DA IGREJA


Os 'Padres da Igreja' são aqueles cristãos eméritos (quase sempre santos) dos primeiros tempos da Igreja (até o século VII no Ocidente e até o século VIII no Oriente) que ajudaram a definir e a firmar as premissas da fé católica e que combateram heroicamente as heresias vigentes, estruturando as bases da doutrina católica no que hoje chamamos de Tradição da Igreja

Um 'Padre da Igreja' é reconhecido pela Igreja (não explicitamente) com base nas seguintes características:

.ter vivido nos primeiros séculos da Igreja (do século II ao século VIII, aproximadamente);
.ter exposto e defendido publicamente a sã doutrina da Igreja Católica;
.ter praticado as virtudes teologais e morais em plenitude e alcançado uma condição de santidade em vida;
.ter contribuído decisivamente para o acervo dogmático e doutrinário da Tradição da Igreja.

Geralmente os 'Padres da Igreja' são agrupados pela origem (Padres Latinos ou do Ocidente e Padres Gregos ou do Oriente) e pelas épocas em que viveram: nas primeiras comunidades cristãs (até o ano de 313), na época entre os concílios de Niceia (325) e de Calcedônia (451) e a geração seguinte, até o século VII no Ocidente e até o século VIII no Oriente. Geralmente, considera-se Isidoro de Sevilha (560 - 636) como o último dos Padres Latinos e São João Damasceno (675 - 749) como o último dos Padres Gregos. Uma relação bastante geral dos 'Padres da Igreja' é a seguinte (algumas referências incluem também Beda, o Venerável, entre os Padres Latinos):

Padres Latinos:
  • Santo Ambrósio de Milão
  • Santo Arnóbio 
  • Santo Agostinho de Hipona
  • São Bento de Núrsia
  • São Cesáreo de Arlés 
  • São João Cassiano 
  • São Celestino I 
  • São Cornélio 
  • São Cipriano de Cartago 
  • São Dâmaso 
  • São Dionísio  
  • Santo Enódio  
  • Santo Eucherio de Lyon 
  • São Fulgêncio 
  • São Gregório de Elvira  
  • São Gregório Magno  
  • Santo Hilário de Poitiers 
  • São Ildefonso de Toledo 
  • Santo Inocente  
  • Santo Irineu de Lyon 
  • Santo Isidoro de Sevilla 
  • São Jerônimo 
  • Lactâncio 
  • São Leão Magno 
  • Mário Mercator 
  • Mario Victorino 
  • São Martinho de Braga 
  • Minucio Félix  
  • Novaciano  
  • Santo Optato  
  • São Paciano 
  • São Pânfilo de Cesareia  
  • São Paulino de Nola  
  • São Pedro Crisólogo   
  • Rufino de Aquilea  
  • Salviano 
  • São Sirício 
  • Tertuliano 
  • São Venâncio Fortunato 
  • São Vicente de Lérins 


Padres Gregos:

  • Santo Atanásio, o sinaíta 
  • Santo André de Creta 
  • Afraates 
  • Santo Arquelão  
  • Santo Atanásio  
  • Atenágoras 
  • São Basílio Magno 
  • São Cesáreo Nazianzeno 
  • São Clemente de Alexandria 
  • São Clemente Romano 
  • São Cirilo de Alexandria  
  • São Cirilo de Jerusalém  
  • Dídimo, o Cego 
  • Diodoro de Tarso 
  • São Dionísio, o Grande  
  • Santo Epifânio 
  • Eusébio de Cesareia  
  • Santo Eustáquio de Antioquia
  • São Firmiliano  
  • Genádio I de Constantinopla 
  • São Germano 
  • São Gregório Nazianzeno  
  • São Gregório de Nissa  
  • São Gregório Taumaturgo 
  • Hermas 
  • Santo Hipólito  
  • Santo Inácio de Antioquia 
  • Santo Isidoro de Pelúsio 
  • São João Crisóstomo 
  • São João Clímaco 
  • São João Damasceno 
  • São Júlio I  
  • São Justino 
  • São Leôncio de Bizâncio 
  • São Macário 
  • São Máximo, o Confessor 
  • São Militão  
  • São Metódio de Olimpo 
  • São Nilo, o Velho  
  • Orígenes 
  • São Policarpo  
  • São Proclo 
  • Pseudo Dionísio Areopagita 
  • São Serapião 
  • São Severo de Antioquia 
  • São Sofrônio  
  • Taciano 
  • Teodoro da Síria 
  • Teodoreto de Ciro  
  • São Teófilo de Antioquia
Uma breve síntese da origem e atuação de 43 destes Padres da Igreja são apresentadas a seguir (texto compilado diretamente do site www.ecclesia.com.br e adaptado):

1. São Clemente de Roma (†102), Papa (88-97), foi o terceiro sucessor de São Pedro, nos tempos dos imperadores romanos Domiciano e Trajano (92 a 102). No depoimento de Santo Irineu 'ele viu os Apóstolos e com eles conversou, tendo ouvido diretamente a sua pregação e ensinamento' (Contra as heresias).

2. Santo Inácio de Antioquia (†110) foi o terceiro bispo da importante comunidade de Antioquia, fundada por São Pedro. Conheceu pessoalmente São Paulo e São João. Sob o imperador Trajano, foi preso e conduzido a Roma onde morreu nos dentes dos leões no Coliseu. A caminho de Roma escreveu Cartas às igreja de Éfeso, Magnésia, Trales, Filadélfia, Esmirna e ao bispo São Policarpo de Esmirna. Na carta aos esmirnenses, aparece pela primeira vez a expressão 'Igreja Católica'.

3. Aristides de Atenas († 130) foi um dos primeiros apologistas cristãos; escreveu a sua Apologia ao imperador romano Adriano, falando da vida dos cristãos.

4. São Policarpo (†156) foi bispo de Esmirna, e uma pessoa muito amada. Conforme escreve Santo Irineu, que foi seu discípulo, Policarpo foi discípulo de São João Evangelista. No ano 155 estava em Roma com o Papa Niceto tratando de vários assuntos da Igreja, inclusive a data da Páscoa. Combateu os hereges gnósticos. Foi condenado à fogueira; o relato do seu martírio, feito por testemunhas oculares, é documento mais antigo deste gênero.

5. Hermas (†160) era irmão do Papa São Pio I, sob cujo pontificado escreveu a sua obra que ficou conhecida como 'Pastor de Hermas', suas visões de estilo apocalíptico. 

6. São Justino (†165), mártir nasceu em Naplusa, antiga Siquém, em Israel; filósofo, fundou uma escola em Roma. Dedicou a sua Apologia ao Imperador romano Antonino Pio, no ano 150, defendendo os cristãos; foi martirizado em Roma.

7. Santo Hipólito de Roma (160-235) discípulo de santo Irineu (140-202), foi célebre na Igreja de Roma, onde Orígenes o ouviu pregar. Morreu mártir. Escreveu contra os hereges, compôs textos litúrgicos, escreveu a Tradição Apostólica onde retrata os costumes da Igreja no século III: ordenações, catecumenato, batismo e confirmação, jejuns, ágapes, eucaristia, ofícios e horas de oração, sepultamento, etc.

8. Militão de Sardes (†177) foi bispo de Sardes, na Lídia, um dos grandes luminares da Ásia Menor. Escreveu 'Apologia', obra dedicada ao imperador Marco Aurélio.

9. Atenágoras (†180) era filósofo em Atenas, Grécia, autor da 'Súplica pelos Cristãos', apologia oferecida em tom respeitoso ao imperador Marco Aurélio e ao seu filho Cômodo; escreveu também o tratado sobre 'A Ressurreição dos mortos' e foi grande apologista.

10. São Teófilo de Antioquia (†após 181) nasceu na Mesopotâmia e converteu-se ao cristianismo já adulto, tornando-se bispo de Antioquia e grande apologista.

11. Santo Ireneu (†202) nasceu na Ásia Menor, foi discípulo de são Policarpo (discípulo de São João), foi bispo de Lion, na Gália (hoje França). Combateu eficazmente o gnosticismo em sua obra Adversus Haereses ('Refutação da Falsa Gnose') e a 'Demonstração da Preparação Apostólica'. Segundo São Gregório de Tours (†594), São Irineu morreu mártir. É considerado o 'príncipe dos teólogos cristãos'. Salienta nos seus escritos a importância da tradição oral da Igreja e o primado da Igreja de Roma (fundada por Pedro e Paulo).

12. Santo Hilário de Poitiers (316-367), doutor da Igreja, foi bispo de Poitiers, combateu o arianismo, foi exilado pelo imperador Constâncio, escreveu a obra 'Sobre a Santíssima Trindade'.

13. São Clemente de Alexandria (†215) Seu nome era Tito Flávio Clemente e nasceu em Atenas por volta de 150. Viajou pela Itália, Síria, Palestina e fixou-se em Alexandria. Durante a perseguição de Setímio Severo (203), deixou o Egito, indo para a Ásia Menor, onde morreu em 215. Seu grande trabalho foi tentar a aliança do pensamento grego com a fé cristã. 

14. Orígenes (184-254) Nasceu em Alexandria, Egito; seu pai Leônidas morreu martirizado em 202. Também desejava o martírio. Em 203 foi colocado à frente da escola catequética de Alexandria pelo bispo Demétrio. Em 212 esteve em Roma, Grécia e Palestina. A mãe do imperador Alexandre Severo, chamou-o a Antioquia para ouvir suas lições. Morreu em Cesareia durante a perseguição do imperador Décio. 

15. Tertuliano de Cartago (†220), originário do norte da África, era culto e advogado em Roma quando em 195 se converteu ao Cristianismo, passando a servir a Igreja de Cartago como catequista e combateu as heresias do gnosticismo.

16. São Cipriano (†258) Cecílio Cipriano nasceu em Cartago, foi bispo e primaz da África Latina. Era casado. Foi perseguido no tempo do imperador Décio, em 250, morreu mártir em 258. Escreveu a bela obra 'Sobre a unidade da Igreja Católica'. Na obra De Lapsis, sobre os que apostataram na perseguição, narra ao vivo o drama sofrido pelos cristãos, a força de uns, o fracasso de outros. Escreveu ainda a obra 'Sobre a Oração do Senhor, sobre o Pai Nosso'.

17. Eusébio de Cesaréia (260-339) bispo, foi o primeiro historiador da Igreja. Nasceu na Palestina, em Cesareia, discípulo de Orígenes. Escreveu a sua 'Crônica e a História Eclesiástica', além de 'A Preparação e a Demonstração Evangélicas'. Foi perseguido por Dioclesiano, imperador romano.

18. Santo Atanásio (295-373), doutor da Igreja, nasceu em Alexandria, jovem ainda foi viver o monaquismo nos desertos do Egito,onde conheceu o grande Santo Antão (†376), o 'pai dos monges'. Tornou-se diácono da Igreja de Alexandria, e junto com o seu Bispo Alexandre, se destacou no Concílio de Niceia (325) no combate ao arianismo. Tornou-se bispo de Alexandria em 357 e continuou a sua luta árdua contra o arianismo (Ário negava a divindade de Jesus), o que lhe valeu sete anos de exílio. 

19. Santo Hilário de Poitiers (316-367), doutor da Igreja, nasceu em Poitiers, na Gália (França); em 350, o clero e o povo o elegeram bispo, apesar de ser casado. Organizou a luta dos bispos gauleses contra o arianismo. Foi exilado pelo imperador Constâncio, na Ásia Menor, voltando para a Gália em 360, fazendo valer as decisões do Concílio de Niceia. É chamado o 'Atanásio do Ocidente'. Escreveu as obras 'Sobre a Fé' e 'Sobre a Santíssima Trindade'.

20. Santo Efrém, o Sírio (†373) doutor da Igreja é considerado o maior poeta sírio, chamado de 'a cítara do Espírito Santo'. Nasceu em Nísibe, de pais cristãos, por volta de 306 e deve ter participado do Concílio de Niceia (325), segundo a tradição, com o seu bispo Tiago. Foi ordenado diácono em 338 e assim ficou até o fim da vida. Escreveu tratados contra os gnósticos, os arianos e contra o imperador Juliano, o apóstata. Escreveu belos hinos e louvores a Maria.

21. São Cirilo de Jerusalém (†386), doutor da Igreja, bispo de Jerusalém, guardião da fé professada pela Igreja no Concílio de Niceia (325). Autor das 'Catequeses Mistagógicas', esteve no segundo Concílio Ecumênico, em Constantinopla, em 381.

22. São Dâmaso (304-384), papa da Igreja; de origem espanhola, sucedeu o Papa Libério que o ordenou diácono; obteve do Imperador Graciano o reconhecimento jurisdicional do bispo de Roma. Mandou que São Jerônimo fizesse uma revisão da versão latina da Bíblia, a Vulgata. Descobriu e ornamentou os túmulos dos mártires nas catacumbas, para a visita dos peregrinos.

23. São Basílio Magno (329-379), bispo e doutor da Igreja, nasceu na Capadócia; seus irmãos Gregório de Nissa e Pedro, são santos. Foi íntimo amigo de São Gregório Nazianzeno; fez-se monge. Em 370 tornou-se bispo de Cesareia na Palestina e metropolita da província da Capadócia. Combateu o arianismo e o apolinarismo (Apolinário negava que Jesus tinha uma alma humana). Destacou-se no estudo da Santíssima Trindade.

24. São Gregório Nazianzeno (329-390), doutor da Igreja, nasceu em Nazianzo, na Capadócia, era filho do bispo local, que o ordenou padre; foi um dos maiores oradores cristãos. Foi grande amigo de São Basílio, que o sagrou bispo. Lutou contra o arianismo. Sua doutrina sobre a Santíssima Trindade o fez ser chamado de 'teólogo', o que o Concílio de Calcedônia confirmou em 481.

25. São Gregório de Nissa (†394) foi bispo de Nissa e depois de Sebaste, irmão de São Basílio e amigo de São Gregório Nazianzeno. Os três santos brilharam na Capadócia. Foi poeta e místico; teve grande influência no primeiro Concílio de Constantinopla (381) que definiu o dogma da Santíssima Trindade. Combateu o apolinarismo, o macedonismo (Macedônio negava a divindade do Espírito Santo) e o arianismo.

26. São João Crisóstomo (354-407) doutor da Igreja, é o mais conhecido dos Padres da Igreja grega. Nasceu em Antioquia. Tornou-se patriarca de Constantinopla, foi grande pregador. Foi exilado na Armênia por causa da defesa da fé sã. Foi proclamado pelo papa São Pio X, padroeiro dos pregadores.

27. São Cirilo de Alexandria (†444) bispo e doutor da Igreja, sobrinho do patriarca de Alexandria, Teófilo, o substituiu na Sé episcopal em 412. Combateu vivamente o nestorianismo (Nestório negava que em Jesus havia uma só Pessoa e duas naturezas), com o apoio do papa Celestino. Participou do Concílio de Éfeso (431), que condenou as teses de Nestório. É considerado um dos maiores Padres da língua grega e chamado de 'doutor mariano'.

28. São João Cassiano (360-465) recebeu formação religiosa em Belém e viveu no Egito. Foi ordenado diácono por São João Crisóstomo, em Constantinopla e padre pelo papa Inocêncio, em Roma. Em 415 fundou dois mosteiros em Marselha, um para homens e outro para mulheres.

29. São Paulino de Nola (†431) nasceu na Gália (França), exerceu importantes cargos civis até ser batizado. Vendeu seus bens, distribuindo o dinheiro aos pobres, e com sua esposa Terásia passou a viver vida eremítica. Foi ordenado padre em 394 e, em 409, tornou-se bispo de Nola.

30. São Pedro Crisólogo (†450) bispo e doutor da Igreja; foi bispo de Ravena, Itália. Quando Êutiques, patriarca de Constantinopla pediu o seu apoio para a sua heresia (monofisismo - uma só natureza em Cristo), respondeu: 'Não podemos discutir coisas da fé, sem o consentimento do Bispo de Roma'. Temos 170 de suas cartas e escritos sobre o Credo e o Pai Nosso.

31. Santo Ambrósio (†397), doutor da Igreja, nasceu em Tréveris, de nobre família romana. Com 31 anos governava em Milão as províncias de Emília e Ligúria. Ainda catecúmeno, foi eleito bispo de Milão, pelo povo, tendo, então, recebido o batismo, a ordem e o episcopado. Foi conselheiro de vários imperadores e batizou santo Agostinho, cujas pregações ouvia. Deixou obras admiráveis sobre a fé católica.

32. São Jerônimo (347-420), 'Doutor Bíblico'; nasceu na Dalmácia e educou-se em Roma; é o mais erudito dos Padres da Igreja latina; sabia o grego, latim e hebraico. Viveu alguns anos na Palestina como eremita. Em 379 foi ordenado sacerdote pelo bispo Paulino de Antioquia; foi ouvinte de São Gregório Nazianzeno e amigo de São Gregório de Nissa. De 382 a 385 foi secretário do Papa São Dâmaso, por cuja ordem fez a revisão da versão latina da Bíblia (Vulgata), em Belém, por 34 anos. Pregava o ideal de santidade entre as mulheres da nobreza romana e combatia os maus costumes do clero. 

33. Santo Epifânio (†403), Nasceu na Palestina, muito culto, foi superior de uma comunidade monástica em Eleuterópolis (Judeia) e depois, bispo de Salamina, na ilha de Chipre. Batalhou muito contra as heresias, especialmente o origenismo.

34. Santo Agostinho (354-430), Bispo e Doutor da Igreja; nasceu em Tagaste, Tunísia, filho de Patrício e Santa Mônica. Grande teólogo, filósofo, moralista e apologista. Aprendeu a retórica em Cartago, onde ensinou gramática até os 29 anos de idade, partindo para Roma e Milão onde foi professor de retórica na corte do Imperador. Ali se converteu ao cristianismo pelas orações e lágrimas de sua mãe Mônica e pelas pregações de Santo Ambrósio, bispo de Milão. Foi batizado por esse bispo em 387. Voltou para a África em veste de penitência onde foi ordenado sacerdote e depois bispo de Hipona aos 42 anos de idade. Combateu com grande capacidade as heresias do seu tempo, principalmente o maniqueísmo, o donatismo e o pelagianismo, que desprezava a graça de Deus. Santo Agostinho escreveu muitas obras e exerceu decisiva influência sobre o desenvolvimento cultural do mundo ocidental. É chamado de 'Doutor da Graça'. 

35. São Leão Magno (400-461) - papa e Doutor da Igreja; nasceu em Toscana, foi educado em Roma. Foi conselheiro sucessivamente dos papas Celestino I (422-432) e Xisto III (432-440) e foi muito respeitado como teólogo e diplomata. Participou de grandes problemas da Igreja do seu tempo e pôde travar contato pessoal e por cartas com Santo Agostinho, São Cirilo de Alexandria e São João Cassiano. Deixou 96 Sermões e 173 Cartas que chegaram até nós. Participou ativamente na elaboração dogmática sobre o grave problema tratado no Concílio de Calcedônia, a condenação da heresia chamada monofisismo. Leão foi o primeiro Papa que recebeu o título de Magno (grande). Em sua atuação no plano político, a História registrou e imortalizou duas intervenções de São Leão, respectivamente junto a Átila, rei dos Hunos, em 452 e junto a Genserico, em 455, bárbaros que queriam destruir Roma.

36. São Vicente de Lérins (†450) Depois de muitos anos de vida mundana, refugiou-se no mosteiro de Lérins. Escreveu o seu Commonitorium, 'para descobrir as fraudes e evitar as armadilhas dos hereges'.

37. São Bento de Núrcia (480-547) nasceu em Núrcia, na Úmbria, Itália; estudou Direito em Roma, quando se consagrou a Deus. Tornou-se superior de várias comunidades monásticas; tendo fundado no monte Cassino a célebre abadia local. A sua Regra dos Mosteiros tornou-se a principal regra de vida dos mosteiros do ocidente, elogiada pelo papa São Gregório Magno, usada até hoje. O lema dos seus mosteiros era ora et labora. O Papa Pio XII o chamou de 'Pai da Europa' e Paulo VI proclamou-o 'Patrono da Europa', em 24/10/1964.

38. São Venâncio Fortunato (530-600) nasceu em Vêneto na Itália, foi para Poitiers (França). Autor de célebres hinos dedicados à Paixão de Cristo e à Virgem Maria, até hoje usados na Igreja.

39. São Gregório Magno (540-604), papa e doutor da Igreja; nasceu em Roma, de família nobre. Ainda muito jovem foi primeiro ministro do governo de Roma. Grande admirador de São Bento, resolveu transformar suas muitas posses em mosteiros. O papa Pelágio o enviou como núncio apostólico em Constantinopla até o ano 585. Foi feito papa em 590. Foi um dos maiores papas que a Igreja já teve. Promoveu na liturgia o canto gregoriano. Profunda influência exerceram os seus escritos: 'Vida de São Bento' e 'Regra Pastoral', usado ainda hoje.

40. São Máximo, o confessor (580 - 662) nasceu em Constantinopla, foi secretário do imperador Heráclio, depois foi para o mosteiro de Crisópolis. Lutou contra o monofisismo e monotelismo, sendo preso, exilado e martirizado por isso. Obteve a condenação do monotelismo no Concílio de Latrão, em 649.

41. Santo Ildefonso de Sevilha (†636) doutor da Igreja. Considerado o último Padre do ocidente. Bispo de Sevilha, Espanha desde 601. Em 636 dirigiu o IV Sínodo de Toledo. Exerceu notável influência na Idade Média com os seus escritos exegéticos, dogmáticos, ascéticos e litúrgicos.

42. São Germano de Constantinopla (610-733) bispo e Patriarca de Constantinopla (715-30), nasceu em Constantinopla ao final do reinado do imperador Heracleo (610-41); morreu em 733 ou 740. Filho de Justiniano, um patriciano, Germano dedicou seus serviços à Igreja e começou como clérigo na catedral de Metrópolis. Logo depois da morte de seu pai que havia ocupado vários altos cargos de oficial, pelas mãos do sobrinho de Herácleo, Germano se consagrou bispo de Chipre, em data desconhecida.

43. São João Damasceno (675-749) bispo e Doutor da Igreja; é considerado o último dos representantes dos padres gregos. É grande a sua obra literária: poesia, liturgia, filo e apologética. Filho de um alto funcionário do califa de Damasco, cuja corte abandonou para viver no mosteiro de São Sabas, perto de Jerusalém. Tornou-se o pregador titular da basílica do Santo Sepulcro. Enfrentou com muita coragem a heresia dos iconoclastas que condenavam o culto das imagens. Ficaram famosos os seus 'Três Discursos a Favor das Imagens Sagradas'.