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quinta-feira, 1 de maio de 2025

01 DE MAIO - SÃO JOSÉ OPERÁRIO


São José, São José carpinteiro,
dai-me o cinzel do entalhador
para que eu molde almas, muitas almas,
com a sagrada face do Senhor...


São José, modelo de virtudes,
imprimi em mim virtuoso labor
para que eu seja luz, luz que alumie,
os santos caminhos do Senhor...


São José, homem de oração,
dai-me a graça da vida interior
para que eu leve ovelhas, muitas ovelhas,
 ao rebanho do Bom Pastor...
  

São José, São José missionário,
guiai-me no apostolado do amor
pelos homens, para que muitos se salvem,
 na infinita misericórdia do Senhor...



 São José, esposo de Maria,
ungi-me a fronte com especial fervor
de levar as almas, todas as almas,
às fontes da graça do Senhor...


São José, São José camponês,
dai-me o arado e fazei-me semeador
que eu possa dar frutos, muitos frutos,
nas vinhas gloriosas do Senhor...


São José, homem justo na fé,
fazei de mim esteio consolador
de todos que sofrem, dos que padecem,
crucificados como o Senhor...



São José, São José operário,
fazei de mim um santo trabalhador
que eu seja obra de muitos nomes
nas moradas eternas do Senhor...

('Poema a São José', de Arcos de Pilares)

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domingo, 27 de abril de 2025

EVANGELHO DO DOMINGO

  

'Dai graças ao Senhor porque Ele é bom! Eterna é a sua misericórdia!' (Sl 117)

Primeira Leitura (At 5,12-16) - Segunda Leitura (Ap 1,9-11a.12-13.17-19) -  Evangelho (Jo 20,19-31)

  27/04/2025 - SEGUNDO DOMINGO DA PÁSCOA
DOMINGO DA MISERICÓRDIA

'MEU SENHOR E MEU DEUS!'


O segundo domingo do tempo pascal é consagrado como sendo o 'Domingo da Divina Misericórdia', com base no decreto promulgado pelo Papa João Paulo II na Páscoa do ano 2000. No Domingo da Divina Misericórdia daquele ano, o Santo Padre canonizou Santa Maria Faustina Kowalska, instrumento pelo qual Nosso Senhor Jesus Cristo fez conhecer aos homens o seu amor misericordioso: 'Causam-me prazer as almas que recorrem à minha misericórdia. A estas almas concedo graças que excedem os seus pedidos. Não posso castigar, mesmo o maior dos pecadores, se ele recorre à minha compaixão, mas justifico-o na minha insondável e inescrutável misericórdia'.

No Evangelho deste domingo, Jesus já havia se revelado às santas mulheres, a Pedro e aos discípulos de Emaús. Agora, apresenta-se diante os Apóstolos reunidos em local fechado e, uma vez 'estando fechadas as portas' (Jo 20, 19), manifesta, assim, a glória da sua ressurreição aos discípulos amados. 'A paz esteja convosco' (Jo 20, 19) foi a saudação inicial do Mestre aos apóstolos mergulhados em tristeza e desamparo profundos. 'A paz esteja convosco' (Jo 20, 21) vai dizer ainda uma segunda vez e, em seguida, infunde sobre eles o dom do Espírito Santo para o perdão dos pecados: 'Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos' (Jo 20, 22-23), manifestação preceptora da infusão dos demais dons do Espírito Santo por ocasião de Pentecostes. A paz de Cristo e o Sacramento da Reconciliação são reflexos incomensuráveis do amor e da misericórdia de Deus.

E eis que se manifesta, então, o apóstolo da incredulidade, Tomé, tomado pela obstinação à graça: 'Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei' (Jo 20, 25). E o Deus de Infinita Misericórdia se submete à presunção do apóstolo incrédulo ao lhe oferecer as chagas e o lado, numa segunda aparição oito dias depois, quando estão todos novamente reunidos, agora com a presença de Tomé, chamado Dídimo. 'Meu Senhor e meu Deus!' (Jo 20, 28) é a confissão extremada de fé do apóstolo arrependido, expressando, nesta curta expressão, todo o tesouro teológico das duas naturezas - humana e divina - imanentes na pessoa do Cristo.

'Bem-aventurados os que creram sem terem visto!' (Jo 20, 29) é a exclamação final de Jesus Ressuscitado pronunciada neste Evangelho. Benditos somos nós, que cremos sem termos vistos, que colocamos toda a nossa vida nas mãos do Pai, que nos consolamos no tesouro de graças da Santa Igreja. E bem aventurados somos nós que podemos chegar ao Cristo Ressuscitado com Maria, espelho da eternidade de Deus na consumação infinita da Misericórdia do Pai.

domingo, 20 de abril de 2025

EVANGELHO DO DOMINGO

  

'Este é o dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e nele exultemos!' (Sl 117)

Primeira Leitura (At 10,34a.37-43) - Segunda Leitura (Cl 3,1-4 ou 1Cor 5,6b-8) -  Evangelho (Jo 20,1-9)

  20/04/2025 - DOMINGO DE PÁSCOA

PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO


Este é o dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e nele exultemos! A mão direita do Senhor fez maravilhas, a mão direita do Senhor me levantou. Não morrerei, mas, ao contrário, viverei para cantar as grandes obras do Senhor! Aleluia! Aleluia! Aleluia!

Eis o grande dia do Senhor, em que a vida venceu a morte, a luz iluminou as trevas, a glória de Deus se impôs aos valores do mundo. Jesus veio para fazer novas todas as coisas, abrir o caminho para o Céu, eternizar a glória de Deus na alma humana. Cristo Ressuscitado é a razão suprema de nossa fé, penhor maior de nossa esperança, causa de nossa alegria, plenitude do amor humano. Como filhos da redenção de Cristo, cantamos jubilosos a Páscoa da Ressurreição: 'Tende confiança! Eu venci o mundo' (Jo 16, 33).

O Triunfo de Cristo é o nosso triunfo pois o o Homem Novo tomou o lugar do homem do pecado. Mortos para o mundo, tornamo-nos herdeiros da ressurreição da nova vida em Deus: 'Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres. Pois vós morrestes, e a vossa vida está escondida, com Cristo, em Deus (Cl 3, 1-3).

Entremos com Pedro no sepulcro agora vazio de Jesus: 'Viu as faixas de linho deitadas no chão e o pano que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não posto com as faixas, mas enrolado num lugar à parte' (Jo 20, 6 -7). Este sepulcro vazio é a morte do pecado, a vitória da vida sobre a morte: 'Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?' (1 Cor 15, 55). Jesus ressuscitou! Bendito é o Senhor dos Exércitos que, com a sua Ressurreição, derrotou o mundo e nos fez herdeiros do Céu! Este é o dia da alegria suprema, do triunfo da vida, do gáudio eterno dos justos. Este é o dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e nele exultemos!

terça-feira, 15 de abril de 2025

O SENHOR DOS PASSOS DO ÚLTIMO ENCONTRO

A Procissão do Encontro, em muitas regiões, acontece na Quarta-feira Santa à noite; em outras, é comumente realizada na tarde do Domingo de Ramos.

Neste momento em que o Senhor de todos os passos e caminhos encontra a Senhora de todas as dores, a Terra inteira se detém e os Céus esperam... Potestades e coortes angélicas se calam, os santos e santas de Deus se emudecem, o Purgatório congela, os infernos são calcinados e a humanidade hiberna... neste momento extremo, tudo o mais se retém no mais íntimo dos recolhimentos.

Eis o Homem! O Senhor dos Passos, desfalecido em dores, esmagado pelo horror ao pecado, incensado de misericórdia até a última gota de sangue, ergue os olhos ensanguentados à Mãe de Todas as Dores e estremece de angústia. O coração de Deus pulsa fragilmente dentro do corpo flagelado; o coração de Deus é flagelado pela visão da Mãe de todas as dores. Neste momento de agonia extrema, Jesus sabe que Maria tem que partilhar com Ele esse Calvário de dores. E, ainda assim, o Senhor dos Passos do Último Encontro levanta os olhos aos Céus, num murmúrio de misericórdia infinita pelos homens de todos os tempos: 'Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem' (Lc 23,34 a).

Os gritos, as imprecações, os sentidos nublados e a dor extrema, tudo conspira contra esse olhar entre a Mãe e o seu Filho amado. São agora dois corações dilacerados pelos flagelos humanos e divinos. A angústia física é superada pela miséria dos nossos pecados; as chagas do corpo não exprimem nem de longe as necroses da alma. O Senhor dos Passos do Último Encontro ainda se desvela com o filho resgatado de última hora: 'Hoje estarás comigo no paraíso' (Lc 23,43).

E segue a trilha da última caminhada com a mesma determinação dos tempos de Caná. E Jesus grita, dentro de nossas mentes e almas, que nada nos pode separar do amor de Deus: nem as mãos e os pés ensanguentados, nem as chagas, nem os cravos, nem a coroa de espinhos, nem o flanco aberto, nem a agonia de três horas na Cruz podem fazer Deus, o Senhor dos Passos do Último Encontro, afastar os olhos de sua Mãe e de uma misericórdia infinita pela humanidade pecadora: 'Mulher eis aí o teu filho, filho eis aí a tua mãe' (Jo 19,26-27).

Aos pés da Cruz, está a Mãe de todas as dores, o discípulo amado e as santas mulheres. Maria está de pé aos pés da Cruz para estar mais perto do Filho que lhe escapa ao último abraço. Sangue e lágrimas é o cenário derradeiro do Filho do Homem e daquela que Ele tornou a Mãe de Deus. No silêncio da Terra e do Céu, pasmos diante dos mistérios da graça, parece quebrada a unidade do universo e o Senhor dos Passos do Último Encontro invoca então ao Pai o seu lamento: 'Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonastes?!' (Mc 15,34).

E o silêncio do Céu permanece como uma cortina de chumbo sobre o Calvário. A natureza não ousa um estremecimento qualquer. Tudo se reveste de uma atmosfera estranha e perturbada, que não se pode explicar com palavras. E o tempo dos homens flui devagar entre as testemunhas da Paixão. O estertor da crucificação se molda à realidade dos fatos consumados. Enquanto o riso e o pranto se encolhem, subjugados pelo indiferentismo de homens moldados pela rotina do castigo, o Senhor dos Passos do Último Encontro é agora mortalmente açoitado pelos sentidos: 'Tenho sede' (Jo 19,28 b).

Jesus tem sede de água. Jesus tem sede de almas. Jesus tem sede de conversão e de salvação dos homens de todos os tempos. Por isso, morre pregado numa cruz, humilhado entre dois ladrões, objeto de escárnio e zombaria dos que o sacrificam. Jesus tem sede do amor de cada criatura de Deus, criada para a glória de Deus, criada para ser salva pelo mistério da Cruz! Jesus tem sede de mim, de você, dos homens de ontem e de hoje, Jesus tem sede de amar e de ser amado pela humanidade inteira. E, ciente desta ânsia de amar,  o Senhor dos Passos do Último Encontro conclui então o seu mandato de amor: 'Tudo está consumado' (Jo 19,30 a).

Eis a hora extrema da Paixão e Morte do Senhor. Tudo está feito, tudo está consumado. O senhor de todas as coisas faz-se agora senhor de coisa alguma e apenas se deixa consumir numa morte de cruz para resgatar o homem como criatura eterna do Pai. O Senhor dos Passos do Último Encontro volve os seus olhos turvados pelas sombras da morte ao olhar angustiado de sua Mãe aos pés da Cruz. Na angústia tremenda dos corações despedaçados, a paz de Deus os retém num último abraço e, volvendo os olhos para o Céu, O Senhor dos Passos do Último Encontro exala finalmente o seu último suspiro: 'Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito' (Lc 23,46 b).

domingo, 13 de abril de 2025

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?' (Sl 21)
 
Primeira Leitura (Is 50,4-7) - Segunda Leitura (Fl 2,6-11) -  Evangelho (Lc 19,28-40)

  13/04/2025 - DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO DO SENHOR

HOSANA AO FILHO DE DAVI!


No Domingo de Ramos, tem início a Semana Santa da paixão, morte e ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Jesus entra na cidade de Jerusalém para celebrar a Páscoa judaica com os seus discípulos e é recebido como um rei, como o libertador do povo judeu da escravidão e da opressão do império romano. Mantos e ramos de oliveira dispostos no chão conformavam o tapete de honra por meio do qual o povo aclamava o Messias Prometido: 'Hosana ao Filho de Davi: bendito seja o que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel; hosana nas alturas'.

Jesus, montado em um jumento, passa e abençoa a multidão em polvorosa excitação. Ele conhece o coração humano e pode captar o frenesi e a euforia fácil destas pessoas como assomos de uma mobilização emotiva e superficial; por mais sinceras que sejam as manifestações espontâneas e favoráveis, falta-lhes a densidade dos propósitos e a plena compreensão do ministério salvífico de Cristo. Sim, eles querem e preconizam nele o rei, o Ungido de Deus, movidos pelas fáceis tentações humanas de revanche, libertação, glória e poder. Mas Jesus, rei dos reis, veio para servir e não para reinar sobre impérios forjados pelos homens. '... meu reino não é deste mundo' (Jo 18, 36). Jesus vai passar no meio da multidão sob ovações e hosanas de aclamação festiva; Jesus vai ser levado sob o silêncio e o desprezo de tantos deles, uns poucos dias depois, para o cimo de uma cruz no Gólgota.

Neste Domingo de Ramos, o Evangelho evoca todas as cenas e acontecimentos que culminam no calvário de Nosso Senhor Jesus Cristo: os julgamentos de Pilatos e Herodes, a condenação de Jesus, a subida do calvário, a crucificação entre dois ladrões e a morte na cruz... 'Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito' (Lc 23,46). E desnuda a perfídia, a ingratidão, a falsidade e a traição dos que se propõem a amar com um amor eivado de privilégios e concessões aos seus próprios interesses e vantagens.

A fé é forjada no cadinho da perseverança e do despojamento; sem isso, toda crença é superficial e inócua e, ao sabor dos ventos, tende a se tornar em desvario. Dos hosanas de agora ao 'Crucifica-o! Crucifica-o!' (Lc 23, 20) de mais além, o desvario humano fez Deus morrer na cruz. O mesmo desvario, o mesmo ultraje, a mesma loucura que se repete à exaustão, agora e mais além no mundo de hoje, quando, em hosanas ao pecado, uma imensa multidão, em frenesi descontrolado, crucifica Jesus de novo em seus corações!

sábado, 12 de abril de 2025

FRASES DE SENDARIUM (L)

'Ama Maria e receberás uma graça especial; invoca Maria e obterás vitória; honra Maria e conseguirás a eterna recompensa' 

(Thomas de Kempis)

Quem dera aos homens ter na fé uma pequena chama deste incêndio de Amor chamado Maria! Ama a Mãe de Deus com toda a gigantesca força de tua fragilidade. Maria... uma oração inteira dentro de uma só palavra. Maria... numa oração apenas, toda a eternidade!

domingo, 6 de abril de 2025

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria!' (Sl 125)

Primeira Leitura (Is 43,16-21) - Segunda Leitura (Fl 3,8-14) -  Evangelho (Jo 8,1-11)

  06/04/2025 - QUINTO DOMINGO DA QUARESMA

JESUS E A MULHER ADÚLTERA 


Neste Quinto Domingo da Quaresma, o Evangelho ratifica, mais uma vez, o testamento da misericórdia infinita de Deus. Deus, sendo Amor e Misericórdia infinitos, quer a salvação do homem e espera, com imensos tesouros da graça e paciência, a volta do filho pródigo ou a conversão da mulher adúltera, a floração da figueira ainda estéril, o encontro da dracma perdida ou o reencontro com a ovelha desgarrada.

Jesus está no templo, depois de uma noite de orações no Monte das Oliveiras, pregando sabedoria e misericórdia ao povo reunido à sua volta. E eis que, de repente, é interrompido pela entrada súbita de um bando de fariseus que trazem consigo uma mulher apanhada em adultério. Os fariseus interrogam Jesus, então, com malícia diabólica: 'Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. Moisés, na Lei, mandou apedrejar tais mulheres. Que dizes tu?' (Jo 8, 4-5). O dilema impetrado pela iniquidade era sórdido: Jesus, condenando a pecadora à morte, violaria a lei romana ou salvando-lhe a vida, desconsideraria a Lei de Moisés. Qualquer que fosse a sua decisão, manifestada publicamente no Templo, Jesus estaria exposto às violações e sanções das leis romanas ou às do Sinédrio.

Diante da investida maliciosa, 'Jesus, inclinando-se, começou a escrever com o dedo no chão' (Jo 8, 6). Trata-se da única referência a Jesus escrevendo nas Escrituras. O que teria Jesus escrito no chão? Palavras ou uma frase inteira? Os nomes ou a relação dos pecados dos homens à sua volta? Com o dedo no chão...seria o piso de uma das áreas internas do Templo de terra solta ou areia? Num piso de pedra, como entender a escrita do dedo de Jesus? Perguntas sem respostas ecoando pelos tempos. Mas, certamente, foi algo que lhes dissipou o frêmito. Por que diante ainda de questionamentos de outros e ante a resposta contundente de Jesus: 'Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra' (Jo 8, 7), começaram a sair em silêncio, um a um, a começar dos mais velhos. Não ficou nenhum dos acusadores e a mulher adúltera se viu, então, sozinha diante de Jesus. E Jesus manifesta à mulher pecadora a imensa misericórdia de Deus e a graça do perdão: 'Eu também não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais' (Jo 8, 11).

Naquele dia, no templo, os fariseus transtornados de orgulho tornaram-se réus de sua própria malícia e suspeição; a mulher, exposta à execração pública pelo pecado cometido, obteve a graça do perdão. Naquele dia, no templo, não sabemos exatamente o que Jesus escreveu no chão, mas foi algo que marcou indelevelmente o tesouro das graças divinas, numa mensagem gravada a ferro e a fogo no coração humano: 'Quero a misericórdia e não o sacrifício...' (Mt 12, 7).

quinta-feira, 3 de abril de 2025

A INIQUIDADE DAS PALAVRAS MORTAS

O mal é uma aberração da graça divina, sua negação explícita, o aviltamento da verdade. É tão chulo e tão demoníaco, que quase nunca se expõe por inteiro ou toma a forma concreta da iniquidade. Tal medida seria um desastre e o inferno estaria quase vazio. Mas o inferno não está nem um pouco vazio. E isso se deve intrinsecamente não ao mal em si, mas à banalidade do mal.

A banalidade do mal é a iniquidade vestida de miragens, a fronte diabólica escondida atrás da máscara de algo bom. Se o fedor da carniça pudesse ser sentido ao primeiro encontro, não existiria o esgoto da miséria humana. Ninguém seria presa fácil da armadilha se pudesse reconhecer de pronto a cara, as trevas e o mal cheiro abjeto do mal reinante. Não é assim que funciona a maligna trama.

É preciso enganar o homem com um discurso tentador, com ações e palavras incertas e certeiras. A premissa fundamental é que 'nada é realmente como o que foi ensinado ou aprendido', as palavras têm sentidos e ressignificados, a tolerância sem limites é o limite maior de todas as virtudes, posições firmes e contundentes são refugos de uma mentalidade patriarcal, conservadora e deprimente. Aplique-se esses princípios, em todos os níveis e todo o tempo, em todos os elementos da norma moral, social e cultural de uma sociedade e ter-se-á uma contextualização real e concreta do que consiste o aniquilamento completo de uma civilização. 

Neste labirinto de estratagemas, ouro vira barro e lama reluz como ouro. As palavras têm substâncias diferentes e já não vale o sentido literal das mesmas. O que era pecado ou infâmia torna-se louvável e valioso. O bem é desconstruído em todos os seus alicerces e o mal aflora como novidade e inovação. O homem é mergulhado num redemoinho de tentações por todos os vícios, prazeres e direitos sem fim, que começam no próprio corpo e que terminam na insanidade dos sentidos. 

Nada é sim ou não, e tudo é possível. Pode ser na ideologia de gêneros, na questão do aborto, na relação entre a igreja e o estado, no clima da Terra, no livre pensamento, na arte e nos costumes, na sexualidade humana ou no direito dos animais. Essa metralhadora giratória não tem limites angulares, mas abarca tudo e a todos. Constrói falácias e as vendem como 'verdades científicas' e distorce dogmas e preceitos religiosos com um ecumenismo chulo e vadio. 

É uma guerra atroz e sem armas. Armas no sentido de armas. É uma guerra mortal em que se matam primeiro as palavras. Com palavras mortas, frases e discursos perdem o contexto e a força da linguagem. Palavras vazias não enchem corações e nem movem moinhos. Resultam apenas na efusão da barbárie e do caos generalizado: o bem e o mal ficam submersos nas mesmas águas poluídas. Não existe a verdade e, sim, meias-verdades; nem mocinhos e nem bandidos; apenas os que são os detentores das mais-verdades e os 'outros'. 

Talvez o inferno seja, no rigor das palavras eternas que não mudam, o destino final dos que quiseram matar a Deus matando as palavras dos homens ou comprando simplesmente o silêncio do bons, o que seria, a rigor, apenas uma segunda morte de palavras mortas.

quarta-feira, 2 de abril de 2025

FRASES DE SENDARIUM (XLIX)

 

'Senhor, dai-me tudo o que me une a Vós; afastai de mim tudo o que me separe de Vós' 

(São Nicolau de Flue)

Deus é o Infinito Amor e te escolheu entre os Filhos da Luz desde os tempos do Nada. Este Amor subsiste apenas pelo teu amor: as chamas do Amor Infinito que incendeiam tua alma se alimentam das fagulhas esmaecidas do teu limitado amor humano... 

terça-feira, 11 de março de 2025

FRASES DE SENDARIUM (XLVIII)

'O Calvário proclama que as nossas dores serão santificadas, se unidas à Cruz de Cristo'

 (São Josemaria Escrivá)

Senhor, não vos peço não ter tentações ou sofrimentos e nem que se cumpra as minhas humanas vontades, mas que o teu propósito para mim se realize em plenitude em cada dia da minha vida.

sábado, 8 de março de 2025

A INQUIETUDE DE DEUS

Na vida cotidiana moderna, a ciência e o progresso ditaram uma nova religião que impõe, como premissa absoluta, o esquecimento de Deus. Os clichês são os mesmos e variados, mas todos centrados na ideia de uma razão suprema, de uma ciência deificada, de um culto à tecnologia e ao progresso como irmãos siameses do conhecimento e da felicidade verdadeiros. Essa onda se infla do próprio estertor: o vazio de Deus.

O orgulho é a raiz de todos os pecados e de todos os desvarios. E o orgulho é patético em todas as suas raízes, porque é absolutamente incompatível com a miséria humana. O que é o homem na dimensão do homem? Um saco de ossos desconjuntados que usa e abusa do livre arbítrio para gestar do nada uma fotografia de coisa alguma. Que vai morrer de AVC ou de câncer, que vira um demente diante de uma cólica renal, que se aniquila diante de uma tragédia pessoal.

Para retaliar essa realidade esmagadora, a criatura assume o papel de náufrago nas águas turvas de sua incredulidade, e esconde-se de Deus por trás das máscaras da fuga ou da indiferença. Um homem sem Deus vive de quebrar espelhos, na crença doentia de que o ato de quebrar o espelho possa garantir a inexistência da imagem. 

Deus não está ali, porque espelhos se quebram e espelhos quebrados são apenas espelhos quebrados, que não valem nada. É na alma - imagem de Deus e não espelho do homem - que Deus inquieta o coração humano. É essa alma que pulsa, independentemente de espelhos quebrados todos os dias, pela nostalgia de Deus. É essa alma que reage ao estupor físico e mental do livre-arbítrio contra o esvaziamento da imagem e semelhança de Deus, que grita contra o indiferentismo e o orgulho reinantes, que incendeia escombros em cinzas. Eis aí onde mora a inquietude de Deus.

Em que minuto de sua vida tão valiosa essa inquietude vai fazer você se encontrar com Deus? Cada minuto de sua vida, Ele espera por você, pela imagem da graça divina gravada na sua alma. Ou esse minuto nunca vai existir e a sua vida, tão valiosa, não vai valer nada além de espelhos quebrados?

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

AOS PÉS DA CRUZ DE CRISTO


Eu sei que muitas vezes as palavras não dizem nada
os gestos de carinho tornam-se vãos
o consolo parece trazer ainda mais sofrimento

Nas noites mais sombrias dos tempos
quando a angústia nos consome por completo
com dentes de uma besta faminta

Quando a dor parece ser o único respiro,
o coração jaz em pulsações descontroladas
e a mente perturbada perde a luz da alma

Enfim, quando as lágrimas prostrarem-se turvas
no redemoinho das margens rasas, 
é hora de avançar para águas mais profundas

Lembre-se que houve um dia mais escuro
e de uma dor tão tamanha
que foi preciso o próprio Deus morrer por nós.

E que há um lugar onde Ele sempre vai estar 
à espera do filho pródigo que volta,
das noites traiçoeiras da alma,
para encontrar alívio e consolação,
para repousar e para alcançar a paz de novo.

Aos pés da Cruz de Cristo.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

FRASES DE SENDARIUM (XLVII)

'A nossa contrição deve ser feita com dois olhares: um sobre nós com o ódio ao pecado; outro sobre Deus na esperança do perdão divino' 

(São Francisco de Sales)

No espelho de sua Infinita Sabedoria, Deus nos permite um olhar de toda uma vida para dentro de nós mesmos e nos deixa decidir se queremos refletir a nossa imagem de filhos no Coração de sua Infinita Misericórdia ou no Coração de sua Infinita Justiça...

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

POEMAS PARA REZAR (LIX)

O TEMPO

Mas não é que já estamos no final de fevereiro?
Mas não parece que foi ontem o ano que passou?
Janeiro se foi...
... e março logo vai chegar.
Entre janeiro e março, fevereiro vai ser aquele que passou
ou um fevereiro que nunca vai terminar.

Entre janeiro e março, para tantos, a vida voou esquecida das horas;
para outros, porém, ficou retida num dia qualquer de fevereiro
com a dimensão da eternidade.
Para tantos, um mês qualquer com outros tantos dias para cuidar de tantas coisas por cuidar
e, para outros, porém, um tempo que não existe mais.
Ó tempo, tão desprezado na vida,
como será desejado na hora da morte
e não valerá mais coisa alguma!

Quando o tempo for um anjo sem asas
que a morte do nada arrancou
vai valer todo o ouro do mundo
mas será só areia que o vento levou...

O tempo que vale todo o ouro do mundo é agora!

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

FRASES DE SENDARIUM (XLVI)


'A virtude mais necessária é o amor. Sim, digo e direi mil vezes: a virtude de que mais se precisa é o amor' 

(Santo Antônio Maria Claret)

Nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem as potestades, nem as alturas, nem os abismos, nem outra qualquer criatura nos poderá apartar do amor que Deus nos testemunha em Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm 8, 38-39).

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

'O VINHO BOM'


Como a heresia é sempre inoculada na sã doutrina de Cristo na forma de uma gota de veneno incorporada a uma bela taça de vinho, convivemos hoje com realidades tão amargas e distorcidas que ainda as tomamos como vinho:

(i) ecumenismo: vinho ruim, miserável mesmo, para atender as mazelas aromáticas de bebedores de aguardente;

(ii) a comunhão na mão: vinho azedo e oxidado, vendido como vinagre;

(iii) livre liberdade de consciência católica: vinho mofado e mal cheiroso, tomado com náuseas, fechando-se bem as narinas.

Santa e bela Igreja Católica de todos os tempos: onde está o 'vinho bom' das Bodas de Caná?

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

O QUE LEVO DE HOJE PARA A ETERNIDADE?

Na balança das graças recebidas e compartilhadas, o que se leva desta vida é a vida que se leva: para você se lembrar agora, neste momento, do que realmente pesaria de bom no dia de hoje para a sua eternidade com Deus. Uma oração? A fé convertida em obras? Um sacramento ou uma penitência? Uma leitura espiritual? Um momento de recolhimento com Deus? A aceitação de bom grado de uma angústia ou sofrimento? Um silêncio contemplativo ou um murmúrio de agradecimento à Bondade Divina? Uma súplica de perdão ou uma vitória contra as tentações? Uma prática da caridade? 

Ó Misericórdia Infinita de Deus, naquele dia tremendo em que deverei prestar contas a Vós dos frutos, dons e graças que recebi durante uma vida inteira, o que poderei vos oferecer deste dia de hoje? Quais virtudes, frutos ou graças perpassaram, no dia de hoje, pelas minhas mãos, pela minha mente, pelo meu coração? Quaisquer ou quantos possam ter sido, não são nossos: a única coisa que é nossa é a determinação da nossa vontade de oferecê-los ao Senhor de todos eles e agradecer por termos sido instrumentos da graça do Pai neste dia que passa (e que você pode, mais do que nunca, colher frutos de vida eterna). Não importa o tamanho da listagem ou o que se memorizou, importa a oferta de coração! E, para ganhar tudo, ofereça tudo! Que tudo nesse dia - tudo mesmo! - seja o nosso nada convertido em oração! 

em geral, os tipos e as cores identificam a natureza dos diferentes dons ou virtudes cristãs; p.ex, FORTALEZA é uma virtude cardeal (em roxo) e também um dos sete dons do Espírito Santo (em vermelho)

sábado, 25 de janeiro de 2025

FRASES DE SENDARIUM (XLV)


'A caridade é a alma da fé' 

(Santo Antônio de Pádua)

A caridade é a mãe de todas as virtudes, assim como a soberba é a raiz de todos os pecados. Sê humilde e pratica a caridade em tudo e com todos os teus irmãos, em todas as situações. Espelha-te no bom samaritano em todos os caminhos de tua vida!

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

FRASES DE SENDARIUM (XLIV)


'Apesar de conhecer toda a profundeza da misericórdia divina, admirei-me que Deus permita que a humanidade exista’

(Santa Faustina Kowalska, ao ser dada a conhecer por Jesus dos pecados cometidos pelos homens durante os dias de carnaval)

'Ó Sangue e Água, que jorrastes do Coração de Jesus, como fonte de misericórdia para nós, eu confio em vós!'

terça-feira, 31 de dezembro de 2024

FRASES DE SENDARIUM (XLIII)

'Que se faça em mim o que Deus quiser, como Deus quiser e quando Deus quiser' 

(Beata Maria Maravilhas de Jesus)

Que a tua vida possa ser um somatório constante de minutos (segundos!) de filial observância aos preceitos da graça, de confiança plena e de um abandono completo à vontade do Pai como instrumento vivo de Deus entre os homens.