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quarta-feira, 22 de outubro de 2025

VERSUS: A HERESIA DO ARREBATAMENTO


Origem e Proposição: heresia de natureza protestante que prega que, pouco antes da grande tribulação descrita no Livro do Apocalipse, os cristãos fieis serão 'arrebatados' por Cristo antes do julgamento final e, assim, ficarão livres dos castigos e eventos terríveis da grande tribulação [o chamado arrebatamento pré-tribulação].

'Assim será no dia em que se manifestar o Filho do Homem. Naquele dia, quem estiver no terraço e tiver os seus bens em casa não desça para os tirar; da mesma forma, quem estiver no campo não torne atrás. Lembrai-vos da mulher de Ló. Todo o que procurar salvar a sua vida irá perdê-la; mas todo o que a perder irá encontrá-la. Digo-vos que naquela noite dois estarão em uma cama: um será tomado e o outro será deixado; duas mulheres estarão moendo juntas: uma será tomada e a outra será deixada. Dois homens estarão no campo: um será tomado e o outro será deixado' (Lc 17, 30-36).


Contraposição Católica: O texto bíblico refere-se diretamente à Segunda Vinda de Jesus, enfatizando a necessidade de se estar vigilante e preparado para o dia em que o Filho do Homem se manifestar em sua vinda gloriosa. E o texto alerta que esta Segunda Vinda ocorrerá de forma súbita e inesperada, como nos tempos de Noé e Ló, quando tudo parecia seguir sem sobressaltos a rotina dos tempos. Quando o Filho do Homem se manifestar então, a humanidade será dividida em dois destinos antagônicos e irremediáveis: 'um será levado e o outro deixado'.

A heresia do arrebatamento nasce da livre interpretação do texto: 'um será levado e o outro deixado': neste contexto, de duas pessoas próximas, uma seria arrebatada ao Céu e a outra seria deixada para trás, como personagens parceiras, mas como testemunhas completamente distintas dos eventos da grande tribulação (os arrebatados estariam seguros e isentos deste período singular da humanidade). Essa interpretação é absurda, porque o próprio Senhor nos alertou que este tempo de provação extremada seria imposto a todos os homens, sem distinção alguma entre 'mulheres grávidas' ou 'criaturas':

Ai das mulheres que estiverem grávidas ou amamentarem naqueles dias! Rogai para que vossa fuga não seja no inverno, nem em dia de sábado; porque então a tribulação será tão grande como nunca foi vista, desde o começo do mundo até o presente, nem jamais será. Se aqueles dias não fossem abreviados, criatura alguma escaparia; mas, por causa dos escolhidos, aqueles dias serão abreviados (Mt 24,19-22).

Mais ainda: exatamente por causa dos escolhidos, os dias da tribulação serão diminuídos para que os escolhidos possam se salvar [durante e sob os tremendos eventos da grande tribulação e não por meio de um arrebatamento prévio]. Os justos não serão salvos antes da tribulação, mas estes tempos serão abreviados para que possam ser salvos. Ou seja, todos os homens e mulheres serão igualmente testemunhas destes eventos espantosos, porém, com destinos finais muito distintos: aqueles que perderam as suas vidas pelo evangelho [contra o mundo] serão salvos e aqueles que tentarem salvar suas vidas [sem o evangelho] perderão a vida eterna.

'Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra a aflição e a angústia irão apoderar-se das nações pelo bramido do mar e das ondas. Os homens definha­rão de medo, na expectativa dos males que devem sobrevir a toda a terra. As próprias forças dos céus serão abaladas. Então, verão o Filho do Homem vir sobre uma nuvem com grande glória e majestade. Quando começarem a acontecer essas coisas, reani­mai-vos e levantai as vossas cabeças; porque se aproxima a vossa libertação' ( Lc 21, 27-28).

A Igreja Católica professa que Cristo voltará para julgar os vivos e os mortos, no fim dos tempos, de forma visível e gloriosa, mediante a ressurreição dos cristãos já falecidos e pela transformação gloriosa dos fieis em vida, sendo só então todos levados - arrebatados - ao encontro do Senhor para com Ele desfrutar da vida eterna. Ou seja, a comunhão visível da humanidade fiel com Cristo é o último capítulo do fim dos tempos e este 'arrebatamento' é o fruto final da ressurreição [dos justos falecidos de todos os tempos] e da transfiguração [dos escolhidos vivos do fim dos tempos].

'Eis o que vos declaramos, conforme a palavra do Senhor: por ocasião da vinda do Senhor, nós que ficamos ainda vivos não precederemos os mortos. Quando for dado o sinal, à voz do arcanjo e ao som da trombeta de Deus, o mesmo Senhor descerá do céu e os que morreram em Cristo ressurgirão primeiro. Depois nós, os vivos, os que estamos ainda na terra, seremos arrebatados juntamente com eles sobre nuvens ao encontro do Se­nhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor' (1Ts 4,15-17).

sexta-feira, 26 de setembro de 2025

VERSUS: AS DORES FINAIS DA PAIXÃO DE JESUS


Tudo está consumado!
Maria, o discípulo amado, Maria Madalena e as santas mulheres recolheram, em seus braços, o corpo de Jesus descido da cruz. 
Nicodemos e José de Arimateia envolvem o corpo de Cristo em um longo tecido de linho branco e o untam com um perfume precioso, composto de mirra e aloés.
O corpo de Jesus é levado até um um sepulcro novo, talhado na rocha, que ainda não tinha sido utilizado.
A entrada do túmulo é fechada por uma pedra, ficando sob a guarda de soldados romanos.

Quando o corpo de nosso senhor chega até nós na sagrada comunhão, devemos também envolvê-lo com o perfume das santas intenções, com o perfume das boas obras, com a apresentação de um coração puro da inocência, figurada naquele linho sem mancha; com uma rígida determinação de fazer o bem tal qual a pedra do sepulcro; uma consciência inteiramente renovada pela penitência; e, depois da comunhão, devemos cerrar as portas do nosso coração com a pedra e o selo do nosso recolhimento, frente a modéstia, mesuras e atenção com nós mesmos, como guardas vigilantes para impedir que nos arrebatem o tesouro precioso que acabamos de receber.

(Santo Afonso de Ligório)



O discípulo amado leva pela mão a Mãe do Senhor, sua mãe desde a Cruz. 
A Virgem, submersa na sua dor sem fim, carrega nas mãos a coroa de espinhos. 
Nicodemos e José de Arimatéia saem consternados do jardim do sepulcro.
E duas outras Marias choram prostradas à entrada do túmulo. 
As trevas da Sexta-feira Santa se retiram, para dar luz a um princípio de céu claro de primavera.

Ó Maria, ó Mãe, a mais aflita entre todas as mães, compadeço-me de vosso coração, especialmente quando vistes vosso Jesus inclinar a cabeça, abrir a boca e expirar. Por amor deste vosso Filho, morto por minha salvação, recomendai-lhe a minha alma. E vós, meu Jesus, pelos merecimentos das dores de Maria, tende piedade de mim e concedei-me a graça de morrer por vós, como morrestes por mim. Com São Francisco de Assis, vos direi: 'Morra eu, Senhor, por amor de vós que, por amor de meu amor, vos dignastes morrer'.

(Santo Afonso de Ligório)

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

VERSUS: RICOS X POBRES

'Felizes os pobres de espírito porque é deles o reino dos céus' (Mt 5,3). Poderíamos perguntar-nos a que pobres se referia a Verdade ao dizer 'felizes os pobres', se não tivesse acrescentado nada sobre o tipo de pobres de que falava. Pensar-se-ia então que, para merecer o Reino dos Céus, bastaria a indigência de que muitos sofrem devido a uma necessidade penosa e dura. Mas ao dizer: 'felizes os pobres de espírito', o Senhor mostra que o Reino dos Céus deve ser dado aos que são recomendados mais pela humildade da alma, do que pela penúria dos recursos. No entanto, não podemos duvidar de que os pobres adquirem mais facilmente do que os ricos o bem que é esta humildade, pois a doçura é uma amiga da sua indigência, ao passo que o orgulho é o companheiro da opulência dos ricos. 

Porém, também se encontra entre muitos ricos esta disposição de alma que os leva a servirem-se da sua abundância, não para se encherem de orgulho, mas para praticarem a bondade, e que encaram como grande lucro o que gastaram para aliviar a miséria e a infelicidade dos outros... Feliz esta pobreza que não está agrilhoada pelo amor das riquezas materiais; ela não deseja aumentar a sua fortuna neste mundo, antes aspira a tornar-se rica dos bens dos céus.

(São Leão Magno)


Como sois divinamente bom, meu Deus! Se tivésseis chamado os ricos em primeiro lugar, os pobres não teriam ousado aproximar-se de Vós; pensariam que estavam obrigados a manter-se à distância por causa da sua pobreza; ter-vos-iam olhado de longe, deixando que os ricos vos rodeassem. Mas haveis chamado para junto de Vós toda a gente: os pobres, uma vez que assim lhes mostrais, até ao fim dos séculos, que eles são os primeiros a ser chamados, os favoritos, os privilegiados; os ricos porque, por um lado, não são tímidos e por outro, depende deles tornarem-se tão pobres como os pastores. 

Num minuto, se o quiserem, se tiverem o desejo de se assemelhar a Vós, se temerem que as riquezas os afastem de Vós, podem tornar-se perfeitamente pobres. Como sois bom! Como agistes da melhor forma para chamar ao mesmo tempo, para o vosso redor, todos os Vossos filhos, sem nenhuma excepção! E que bálsamo colocastes, até ao fim dos tempos, no coração dos pobres, dos pequenos, dos desdenhados deste mundo, mostrando-lhes, desde o vosso nascimento, que eles são os vossos privilegiados, os vossos favoritos, os primeiros a ser chamados — os sempre chamados para junto de Vós, que quisestes ser um dos seus e estar, desde o vosso nascimento e toda a vossa vida, rodeado por eles.
(São Charles de Foucauld)

sábado, 26 de abril de 2025

VERSUS: ORAÇÕES PARA MORRER COM DEUS

 

ORAÇÃO DA CONFIANÇA PARA MORRER COM DEUS

Ó Deus, meu Pai, Senhor da vida e da morte, que por decreto imutável, em justo castigo de nossas culpas, estabelecestes que todos os homens tem que morrer. Que se cumpram os vossos justos decretos: que os nossos corpos pecadores se transformem em pó mas, pela vossa grande misericórdia, recebei as nossas almas imortais, e quando os nossos corpos ressuscitarem, levai-os para o vosso Reino, para que vos amem e vos louvem para sempre! Eis-me aqui prostrado diante de Vós! Abomino de todo coração as minhas culpas passadas, pelas quais mereci mil vezes a morte. De bom grado morrerei, Senhor, no tempo, no lugar e com todas as suas angústias, tristezas e dores que Vós quiserdes. Aceito esta morte como expiação dos meus pecados e como prova da minha submissão à Vossa Santa Vontade. E, enquanto espero o dia da minha morte, dedicarei em todos os dias de vida que me restam para lutar contra os meus defeitos e crescer no vosso amor, para quebrar todos os laços que atam o meu coração às criaturas e, assim, preparar a minha alma para comparecer à vossa presença. E, neste firme propósito, abandono-me desde agora e sem reservas nos braços da vossa Paternal Providência. Amém.


ORAÇÃO DA PERSEVERANÇA PARA MORRER COM DEUS

'Lembra-te de mim, Senhor, quando estiveres no teu reino', disse o bom ladrão em sua última hora.
Lembrai-vos também de mim, Senhor, em meus últimos momentos.
Ajudai-me nessa hora com o poder dos vossos sacramentos e graças.
Que vossas palavras de absolvição desçam sobre mim.
Que eu seja ungido e selado pelos santos óleos.
Que o vosso Corpo me alimente e que eu me lave com o vosso Sangue divino. 
Que Maria, minha doce Mãe, se incline sobre mim.
Que meu Anjo da Guarda pronuncie aos meus ouvidos palavras de paz. 
Que meus santos de devoção intercedam por mim. 
Com eles e por meio de suas orações, dai-me, Senhor, o dom da perseverança final.
Que eu possa morrer, como desejei viver,
em vossa fé, em vossa Igreja, ao vosso serviço e em vosso Amor. Amém.

quarta-feira, 23 de abril de 2025

VERSUS: A ÚLTIMA AÇÃO DO PAPA FRANCISCO

O QUE ESSA ÚLTIMA AÇÃO DO PAPA FRANCISCO REALMENTE 
SIGNIFICA PARA A IGREJA DE CRISTO?

SINAL DE RECONCILIAÇÃO?


SINAL DE CONTRADIÇÃO?


(vídeo em espanhol)

sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

VERSUS: RISOS X LÁGRIMAS


'Contra todas as maquinações e ardis do inimigo, a minha melhor defesa continua a ser o espírito da alegria. O diabo nunca fica tão contente como quando consegue arrebatar a alegria à alma de um servo de Deus. Ele tem sempre uma reserva de poeira que sopra na consciência através de qualquer orifício, para tornar opaco o que é límpido; mas em vão tenta introduzir o seu veneno mortal num coração repleto de alegria. Os demônios não podem nada contra um servo de Cristo que encontram repleto de santa alegria; enquanto uma alma desgostosa, melancólica e deprimida se deixa facilmente submergir pela tristeza ou absorver por prazeres enganosos'.

(São Francisco de Assis)



'Nem todas as lágrimas são um sinal de falta de fé ou de fraqueza. Uma coisa é a dor natural, outra a tristeza que resulta da descrença. A dor não é a única a manifestar-se com lágrimas; também a alegria tem as suas lágrimas, também o afeto suscita lágrimas, a palavra rega o solo com lágrimas, e a oração, segundo as palavras do profeta, banha de lágrimas o nosso leito (Sl 6,7). Quando os patriarcas eram sepultados, o seu povo também chorava muito. As lágrimas são, pois, um sinal de afeto e não incitações à dor. Chorei, confesso-o, mas também o Senhor chorou (Jo 11,35); Ele chorou por uma pessoa que não era da sua família, enquanto eu choro um irmão. Ele, num só homem, chorou todos os homens; e eu chorar-te-ei, meu irmão, em todos os homens'.

(Santo Ambrósio, em memória da morte do seu irmão)

sexta-feira, 29 de novembro de 2024

VERSUS: ORAÇÃO PARA DEUS X PERSEVERANÇA POR DEUS


'Pedis e não recebeis, porque pedis mal, com o fim de satisfazerdes as vossas paixões' (Tg 4,3)

Pedimos mal porque rezamos mal. Rezamos e pedimos por bênçãos temporais que nos sejam atraentes e vantajosas. Queremos isso e aquilo para nosso agrado e interesse. No espelho das nossas miragens, Deus perscruta a nossa alma. Todo bem e toda graça provêm de Deus e nos é dada, na magnitude dos desígnios divinos, para o bem da nossa alma e para maior glória de Deus. Nada além disso. 'Pedis e não recebeis' porque pedis apenas para vós. A nossa oração de súplica pode ter qualquer boa intenção temporal, mas implica pedi-la sempre com o complemento: ... 'desde que seja para o bem da minha alma e para maior glória de Deus!'

'Até agora não pedistes nada em meu nome. Pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja perfeita' (Jo 16,24)



'Sede alegres na esperança, pacientes na tribulação e perseverantes na oração (Rm 12,12)

De todas as graças espirituais possíveis, pedi insistentemente a graça da perseverança final pois é, por meio dela, que se pode alcançar a vida eterna em Deus. A preservação do estado de graça até o último suspiro do homem nessa terra é um milagre de amor divino porque tal graça só é possível por uma especial concessão divina às almas eleitas, que se alimentam o tempo inteiro com os frutos de uma oração contínua. Oração feita pela mente, pelos lábios, pelas mãos, no descanso ou na labuta diária, em cada gesto concreto da criatura que se molda à santa vontade do Criador.

'pois vos é necessária a perseverança para fazerdes a vontade de Deus e alcançardes os bens prometidos' (Hb 10,36)

quarta-feira, 14 de agosto de 2024

VERSUS: BONDADE DIVINA X MISÉRIA HUMANA

Poderá haver prova mais eloquente da misericórdia de Deus do que assumir nossa miséria? Poderá haver maior prova de amor do que o Verbo de Deus se tornar como a erva do campo por nossa causa? 'Senhor, que é o homem, para dele assim vos lembrardes e o tratardes com tanto carinho?' (Sl 8,5). Por isso, compreenda o homem até que ponto Deus cuida dele; reconheça bem o que Deus pensa e sente a seu respeito. Não perguntes, ó homem, por que sofres, mas por que ele sofreu por ti. Vendo tudo o que fez em teu favor, considera o quanto ele te estima, e assim compreenderás a sua bondade através da sua humanidade. Quanto menor se tornou em sua humanidade, tanto maior se revelou em sua bondade; quanto mais se humilhou por mim, tanto mais digno é agora do meu amor. Diz o Apóstolo: Apareceu a bondade e a humanidade de Deus, nosso Salvador. Na verdade, como é grande e manifesta a bondade de Deus! E dá-nos uma grande prova de bondade Aquele que quis associar à humanidade o nome de Deus.

(São Bernardo)


Todas as delícias e doçuras que a vontade saboreia nas coisas terrenas, comparadas aos gozos e às delícias da união divina, são suma aflição, tormento e amargura. Assim todo aquele que prende o coração aos prazeres terrenos é digno diante do Senhor de suma pena, tormento e amargura, e jamais poderá gozar os suaves abraços da união de Deus. Toda a glória e todas as riquezas das criaturas, comparadas à infinita riqueza que é Deus, são suma pobreza e miséria. Logo a alma afeiçoada à posse das coisas terrenas é profundamente pobre e miserável aos olhos do Senhor, e por isto jamais alcançará o bem-aventurado estado da glória e riqueza, isto é, a transformação em Deus.

(São João de Deus)

quarta-feira, 8 de maio de 2024

VERSUS: A GRANDE TRIBULAÇÃO

Eis os tempos da grande tribulação, em que somos, mais do nunca, chamados para a provação. Uma provação que tem os contornos da própria humanidade e afeta a todos sem distinção, bons e maus, justos e ímpios. Quem haverá de perseverar até o fim em tempos tão tremendos? Quem permanecerá firme na justiça e no temor de Deus? Quem será capaz de seguir sem vacilar a sã doutrina e os ensinamentos de Jesus Cristo? Quem permanecerá de joelhos diante da Cruz sem se embebedar do esgoto do mundo cão? Quem? Quantos? 

(inundação devastadora no RS/Brasil)

'Feliz o homem que suporta a tentação. Porque, depois de sofrer a provação, receberá a coroa da vida que Deus prometeu aos que o amam' (Rm 8,18)


(show de Madonna no RJ/Brasil)

'Mortificai, pois, os vossos membros no que têm de terreno: a devassidão, a impureza, as paixões, os maus desejos, a cobiça, que é uma idolatria. Dessas coisas provém a ira de Deus sobre os descrentes (Cl 3,5-6)

terça-feira, 12 de março de 2024

VERSUS: A CASA E A VOLTA PARA CASA


'Só pode ser na casa. Na casa de família. Na casa que se fecha, não para isolar-se da cidade, mas para abrigar da chuva e do vento a boa sementeira da amizade... Disse que a casa é um segredo. De fato o é. Ou deve ser. Deve ser uma interioridade. Uma intimidade. Uma intimidade de afeições e uma intimidade de aflições. Um mundo de recato. Uma história escondida. Mas dentro desse segredo que abriga uma família há um outro segredo que se esconde da família. Naquela gruta de pedra há uma concha fechada e dentro dessa concha um segredo maior, escondido na intimidade e no segredo da casa. Os esposos se escondem. Escondem-se da casa, dentro da casa. Fecham-se dentro do que já é fechado. Abrigam-se no interior do que já é abrigado. E assim é que, nesse último reduto, nesse último porto, nesse abrigo, nessa concha, preparam não só o amor e a justiça, mas também o fruto dessa justiça e desse amor'.


'Preparar, pelo trabalho, a volta para casa, entre todas as coisas do mundo, é a que tem mais densidade de ventura. Pode o mundo moderno aviltar o trabalho, fazendo do homem uma pura máquina para o serviço de uma babilônia; pode semear obstáculos sem fim entre a mesa do funcionário e aquela soleira de porta onde ele tira do bolso uma chave encantada e toma posse de um reino; podem os pregadores anunciar um regime ideal, em que a casa é um prolongamento da repartição, uma máquina de morar cujos objetos pertencem a todos (o que equivale a dizer que não pertencem a ninguém), e onde o próprio gato receberá um nome oficial; podem socializar, burocratizar, centralizar; e minar os alicerces da família; e arrebatar as crianças para as chocadeiras técnicas onde se ensina que foi um dentista ou um bacharel que fizeram o mundo; debalde farão tudo isso com o auxílio de todos os demônios: o homem não esquece o paraíso que perdeu. Não esquece que seu primeiro pai foi um rico proprietário rural, que dava ele mesmo os nomes aos bichos e usava fartamente, e sem pena, os frutos de sua terra'.

(textos de Gustavo Corção)

sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

VERSUS: VIDA ESPIRITUAL


Consolação Espiritual 

Chamo consolação, quando na alma se produz alguma moção interior, com a qual vem a alma a inflamar-se no amor de seu Criador e Senhor; e quando, consequentemente, nenhuma coisa criada sobre a face da terra pode amar em si mesma, a não ser no Criador de todas elas. E também, quando derrama lágrimas que a movem ao amor do seu Senhor, quer seja pela dor se seus pecados ou da Paixão de Cristo nosso Senhor, quer por outras coisas diretamente ordenadas ao seu serviço e louvor. Finalmente, chamo consolação todo o aumento de esperança, fé e caridade e toda a alegria interior que chama e atrai às coisas celestiais e à salvação de sua própria alma, aquietando-a e pacificando-a em seu Criador e Senhor.


Desolação Espiritual 

Chamo desolação a tudo que é contrário à terceira regra, como obscuridade da alma, perturbação, inclinação a coisas baixas e terrenas, inquietação proveniente de várias agitações e tentações que levam a falta de fé, de esperança e de amor; achando-se a alma toda preguiçosa, tíbia, triste, e como que separada de seu Criador e Senhor. Porque assim como a consolação é contrária à desolação, da mesma maneira os pensamentos que provêm da consolação são contrários aos pensamentos que provêm da desolação.

(Santo Inácio de Loyola)

quarta-feira, 24 de maio de 2023

VERSUS: ORAÇÃO PELO CÉU X ORAÇÃO CONTRA O INFERNO


Oração para obter o paraíso 

Meu Jesus Crucificado, fazei-me conhecer as magníficas recompensas que tendes preparadas para as almas que Vos amam. Dai-me tal desejo do paraíso que, esquecendo a terra, faça nele a minha morada contínua e, pelo resto da minha vida, não aspire senão a sair deste exílio, para ir Vos ver face a face e Vos amar perfeitamente no Vosso reino eterno. Não mereço esta felicidade, sei até que o meu nome esteve outrora escrito no livro dos condenados ao inferno; mas hoje, porque nutro a confiança de estar em graça, Vos conjuro, pelo sangue que derramastes por mim na cruz, inscrevei-me no Livro da Vida. Morrestes para me fazer adquirir o paraíso; eu o quero, ardentemente o desejo, e espero obtê-lo pelos Vossos merecimentos, ó meu Salvador; sim, espero Vos amar um dia com todas as minhas forças e consumir-me todo de amor para convosco; lá, esquecendo-me de mim mesmo e esquecendo-me de tudo o que não é vosso, pensarei somente em Vos amar, só Vos desejarei amar, e nada mais farei do que amar-Vos. Ó meu Jesus, quando chegará esse dia feliz? Ó Maria, Mãe de Deus, as vossas orações devem-me abrir o paraíso: já que sois a minha advogada, cumpri o vosso ofício, tirai-me deste exílio e conduzi-me a Jesus, fruto bendito do vosso ventre. Amém.


Oração para evitar o inferno 

Amadíssimo Jesus, meu Salvador e Juiz, quando vierdes a me julgar, por piedade não me condeneis ao inferno. Nessa negra prisão, não vos poderia amar, mas odiar-vos sempre; como, porém, odiar-vos, se sois tão amável e tanto me haveis amado? Se quereis condenar-me ao inferno, concedei-me ao menos a graça de vos amar de todo o meu coração. Não mereço esta graça por causa dos meus pecados; mas, se não a mereço, para mim a merecestes pelo sangue que derramastes com tanta dor na cruz. Numa palavra, ó meu divino Juiz, infligi-me todas as penas que quiserdes, mas não me priveis da faculdade de vos amar. Mãe do meu Deus, vede o perigo que corro de ser condenado e não poder mais amar o vosso Filho adorável que merece um amor infinito. Vinde em meu socorro e tende compaixão de mim. Amém.

(Excertos da obra 'As Mais Belas Orações de Santo Afonso', do Pe. Saint-Omer)

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

VERSUS: VIDA PRESENTE X VIDA ETERNA


Um homem rico perguntou ao Senhor: 'Mestre, o que devo fazer para ter a vida eterna?' (Mc 10, 17). Ele temia morrer e era forçado a morrer. Ele sabia que uma vida de dor e de tormentos não é vida, e que se lhe deveria antes dar o nome de morte. Apenas a vida eterna pode ser feliz. A saúde e a vida neste mundo não a garantem, tememos demasiado perdê-las: chamai a isto 'temer sempre' e não 'viver sempre'. Se a nossa vida não é eterna, se não satisfaz eternamente os nossos desejos, não pode ser feliz, nem sequer é vida. Quando entrarmos nessa vida, teremos a certeza de aí ficar para sempre. Teremos a certeza de possuir eternamente a verdadeira vida sem qualquer temor, pois encontrar-nos-emos naquele reino sobre o qual se diz: 'E o Seu reino não terá fim' (Lc 1, 33).
(Excertos do 'Sermão 306', Santo Agostinho)


Recordemos outra vez a lição que nos dão os santos; para eles, a verdadeira vida era a vida eterna e a vida presente não era mais que uma sombra. Para eles, a vida eterna era um livro imenso, de que a presente vida era o prefácio, a introdução. Para eles a vida eterna era a pátria verdadeira  e a vida na terra, um 'vale de lágrimas'. Alegravam-se também eles com os raios do sol; escutavam e deliciavam-se com o trinado das avezinhas; lutavam para cumprir o seu dever. Para o cumprirem tão heroicamente como o faziam, tiravam forças do pensamento da vida eterna, tinham nostalgia do Céu. A nostalgia do Céu compele a praticarmos verdadeiros heroísmos. Esta nostalgia faz-nos esquecer as lágrimas e juntar as mãos na oração, para vencermos os ímpetos da cólera, perdoando aos inimigos. Só assim podemos sorrir no meio dos sofrimentos; sabemos que todas as nossas lágrimas caem nas mãos de Deus. Estejamos certos que, por maiores que sejam as tribulações e por mais sombrio que se nos mostre o céu, a luz da vida eterna penetra através da mais escura cerração.

(Excertos da obra 'Jesus Cristo Rei', Mons. Tihamer Toth, 1956)

sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

VERSUS: IGREJA CATÓLICA X IGREJA CATÓLICA


Publicado recentemente em italiano (em 12 de janeiro deste ano), a obra Nient'altro che la Veritá - Nada Além da Verdade - constitui um relato pessoal das experiências do arcebispo Georg Gänswein como secretário pessoal de Bento XVI, que se estende até a morte e o funeral do papa emérito. A obra revela um profundo desentendimento entre os dois pontífices em relação à chamada liturgia extraordinária da Santa Missa.

Num contexto de franca exclusão, o papa Bento XVI praticamente libertou as amarras e as restrições à celebração do chamado Rito Tridentino, com a publicação do motu proprio Summorum Pontificum de 2007, permitindo, a partir de então, a livre manifestação litúrgica da missa na 'Forma Extraordinária' (rito antigo) em complemento às celebrações da missa na 'Forma Ordinária' (rito atual, pós 1962). Em 2021, estas proposições foram duramente rescindidas pelo Papa Francisco no motu proprio Traditiones Custodes (restrições que ficaram ainda mais rígidas posteriormente por meio de deliberações específicas da Congregação para o Culto Divino e os Sacramentos do Vaticano).

Na obra citada, o arcebispo Gänswein revelou que o papa Bento XVI ficou profundamente consternado com essa decisão e que a considerava um grande erro do papa Francisco, pelo que compartilhava a dor de milhares de sacerdotes e leigos católicos apegados ao Rito Antigo e que não encontravam justificativas para essa quase total supressão (tal o nível de limitações e exigências formais que envolvem atualmente a celebração desse rito). Trata-se de um posicionamento dúbio e frontalmente antagônico entre dois pontífices da Igreja, o que é particularmente preocupante.


O cardeal australiano George Pell recentemente falecido (10 de janeiro deste ano), arcebispo-emérito de Sydney e prefeito da Secretaria para a Economia do Vaticano entre 2014 e 2019, foi um dos colaboradores mais próximos do papa Francisco. No último artigo que escreveu antes de sua morte - publicado no periódico The Spectator - criticou duramente o atual documento normativo do presente Sínodo proposto pelo Papa Francisco, que tem sessões finais previstas para serem realizadas em Roma em 2023 e 2024. 

O Cardeal Pell designa o documento básico do atual Sínodo Por uma Igreja Sinodal, que congrega e sistematiza as principais proposições coligidas nas etapas preliminares das discussões, como 'um dos documentos mais incoerentes já enviados por Roma', como um manifesto de  'jargão neomarxista' e 'hostil de maneira significativa para a tradição apostólica'. Foi ainda mais longe, ao caracterizar o projeto deste Sínodo com assertivas duríssimas como  'pesadelo tóxico' e 'um derramamento de boa vontade da Nova Era'. Não é também nem de longe uma crítica qualquer ou uma crítica a mais nestes tempos tremendos para a religião católica, para o papado e para a Santa Igreja de Deus. 

sexta-feira, 4 de novembro de 2022

VERSUS: PROSTITUIÇÃO DO CORPO E DA ALMA

'Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação; que eviteis a impureza; que cada um de vós saiba possuir o seu corpo santa e honestamente, sem se deixar levar pelas paixões desregradas, como os pagãos que não conhecem a Deus; e que ninguém, nesta matéria, oprima nem defraude a seu irmão, porque o Senhor faz justiça de todas estas coisas... Pois Deus não nos chamou para a impureza, mas para a santidade' (I Ts 4, 3-7)

Qual é o pior tipo de prostituição?

 das pessoas que vendem o corpo...

               ... das pessoas que vendem a sua consciência...

                            ... ou das pessoas que vendem a própria alma 

(às vezes em um voto)? 

        

'Mostrou o demônio a Cristo todos os reinos do mundo e suas glórias; disse-lhe que tudo aquilo lhe daria de uma vez se lhe dobrasse o joelho. Parece que faz estremecer a grandeza desta tentação! Mas o demônio é o que havia de tremer dela. Desarmou-se a si e armou-nos a nós. Tu, demônio, ofereces-me de um lanço todo o mundo, para que caia, para que peque, para que te dê a minha alma: logo a minha alma, por confissão tua, vale mais que todo o mundo. A minha alma vale mais que todo o mundo? Pois não te quero dar o que vale mais pelo que vale menos: vade retro! Pode-nos o demônio dar ou prometer alguma coisa que não seja menos que o mundo? Claro está que não! Pois aqui se desarmou para sempre; nesta tentação perdeu todas, se nós não temos perdido o juízo... homens loucos, homens furiosos, homens sem entendi­mento nem juízo, é possível que, sendo as nossas almas na estimação do mesmo demônio tão preciosas, no vosso conceito, e no vosso desprezo, hão de ser tão vis? 


O demônio, quando me quer roubar, quando me quer perder, quando me quer enganar, não pode deixar de confessar que a minha alma vale mais que todo o mundo; e eu, sendo essa alma minha, não há de haver no mundo coisa tão baixa, tão vã e tão vil, pela qual a não dê sem nenhum reparo? Quis furor est? Que loucura, que demência, que furor é este nosso? Muito mais obrigada está a nossa alma ao demô­nio, muito mais lhe deve que a nós. Ele a honra, nós a afrontamos... Ou que coisa pode haver de tanto peso, e de tanto preço, pela qual se haja de vender a alma, ou se haja de trocar? Este é o caso e a suposição em que estamos, nem mais, nem menos. Oferece-nos o demônio o mundo, e pede-nos a alma. Considere e pese bem cada um se lhe está bem este contrato, se lhe está bem esta venda, se lhe está bem esta troca. Mas nós trocamos e vendemos, porque não pesamos'.

(Excertos - Sermão da Primeira Dominga da Quaresma, Pe. Antônio Vieira, 1655)

sábado, 2 de julho de 2022

VERSUS: PERDÃO X PERDÃO


Há uma misericórdia no Céu à qual se chega através da misericórdia na terra. E há dois tipos de esmola: uma é boa e a outra melhor. Uma consiste em dar pão aos pobres; a outra, em perdoar imediatamente ao teu irmão que pecou contra ti. Com a ajuda do Senhor, apressemo-nos a praticar estes dois tipos de esmola, para podermos receber o perdão eterno e a verdadeira misericórdia de Cristo.

Pois Ele mesmo disse: 'Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai celeste vos perdoará a vós. Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai vos não perdoará as vossas' (Mt 6,14-15). E o Espírito Santo então clama: 'Um homem guarda rancor contra outro homem e pede a Deus que o cure? Não tem compaixão pelo seu semelhante e pede o perdão dos seus pecados? (Eclo 28, 3-4).

Apressemo-nos, enquanto pudermos e enquanto vivermos, a praticar esses dois tipos de esmola e a distribuí-la aos outros. Assim, no dia do nosso julgamento, poderemos dizer com confiança: 'Dá-nos, Senhor, porque demos'.

(São Cesário de Arles)


Cristo nos pede duas coisas: que condenemos os nossos pecados e perdoemos os dos outros; e que façamos a primeira por causa da segunda, que nos será então mais fácil, pois aquele que pensa sobre os seus pecados será menos severo para com os seus companheiros de miséria. E que não perdoemos apenas com a boca, mas do fundo do coração, para não voltarmos contra nós próprios o ferro com que pensamos trespassar os outros. Que mal pode fazer-te o teu inimigo, em comparação com o que podes fazer a ti próprio com o teu azedume?

Considera pois quantas vantagens retiras de uma ofensa acolhida com humildade e mansidão. Desse modo, em primeiro lugar - e é o mais importante - mereces o perdão dos teus pecados. E, depois, porque exercitas a paciência e a coragem. Em terceiro lugar, adquires a mansidão e a caridade, pois aquele que é incapaz de se zangar com os que lhe fizeram mal será ainda mais caridoso com os que o amam. Em quarto lugar, arrancas totalmente a cólera do teu coração, o que é um bem incomparável; evidentemente, aquele que liberta a sua alma da cólera também se desembaraça da tristeza: não desperdiçará a sua vida em tristezas e vãs inquietações.

É que nós punimo-nos a nós próprios quando odiamos os outros; só fazemos bem a nós próprios quando os amamos. Além disso, todos te respeitarão, mesmo os teus inimigos, ainda que sejam os demônios. Melhor ainda, se assim te comportares, até deixarás de ter inimigos.

(São João Crisóstomo)

segunda-feira, 23 de maio de 2022

VERSUS: SOBRE A BELEZA FEMININA

1. Não tenhas ciúme da mulher que repousa no teu seio, para que ela não empregue contra ti a malícia que lhe houveres ensinado. 

2. Não entregues tua alma ao domínio de tua mulher, para que ela não usurpe tua autoridade e fiques humilhado. 

3. Não lances os olhos para uma mulher leviana, para que não caias em suas ciladas.

4. Não frequentes assiduamente uma dançarina, e não lhe dês atenção, para que não pereças por causa de seus encantos.

5. Não detenhas o olhar sobre uma jovem, para que a sua beleza não venha a causar tua ruína. 

6. Nunca te entregues às prostitutas, para que não te percas com os teus haveres. 

7. Não lances os olhos daqui e dali pelas ruas da cidade, não vagueies pelos caminhos. 

8. Desvia os olhos da mulher elegante, não fites com insistência uma beleza desconhecida. 

9. Muitos pereceram por causa da beleza feminina, e por causa dela inflama-se o fogo do desejo. 

10. Toda mulher que se entrega à devassidão é como o esterco que se pisa na estrada. 

11. Muitos, por haver admirado uma beleza desconhecida, foram condenados, pois a conversa dela queima como fogo. 

12. Nunca te sentes ao lado de uma estrangeira, não te ponhas à mesa com ela; 

13. não a provoques a beber vinho, para não acontecer que teu coração por ela se apaixone, e que pelo preço de teu sangue caias na perdição.

(Eclesiástico 9, 1-13)


1. Vós, também, ó mulheres, sede submissas aos vossos maridos. Se alguns não obedecem à palavra, serão conquistados, mesmo sem a palavra da pregação, pelo simples procedimento de suas mulheres,

2. ao observarem vossa vida casta e reservada. 

3. Não seja o vosso adorno o que aparece externamente: cabelos trançados, ornamentos de ouro, vestidos elegantes; 

4. mas tende aquele ornato interior e oculto do coração, a pureza incorruptível de um espírito suave e pacífico, o que é tão precioso aos olhos de Deus.

(I Pedro 3, 1-4)

sábado, 30 de abril de 2022

VERSUS: A IGREJA E O MUNDO SÃO INIMIGOS MORTAIS

A origem de toda a decadência dos valores cristãos da atual geração está irremediavelmente vinculada ao conceito falso e apóstata de que é possível uma reconciliação plena e eficaz entre as coisas de Deus e as coisas do mundo. Esse pensamento norteia grande parte do clero e uma imensa maioria dos leigos católicos e alimenta os princípios pervertidos do liberalismo, do ecumenismo, do indiferentismo e do materialismo tóxico.

Não se colhem frutos bons de árvores más. Não rebentam frutos bons de sementes podres. Não há nenhuma possibilidade de se reunir, num mesmo cesto, as graças de Deus e os pecados dos homens. Não existe possibilidade alguma de se camuflar ou extirpar a inimizade irreconciliável entre o mundo e a Igreja de Cristo, porque este confronto intenso e duradouro foi explicitado e imposto por Deus desde o princípio da criação:

'Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar' (Gn 3,15)

Há e haverá sempre uma guerra inevitável e tremenda nesta vida entre duas raças - os filhos da Mulher (Nossa Senhora) e, portanto, os descendentes de Nosso Senhor Jesus Cristo e os filhos da serpente (satanás) que vivem e morrem apenas pelas coisas do mundo. Os primeiros labutam no espaço de uma vida confinada entre o efêmero e o eterno com Deus, incensados pela oração, penitência, perseverança e pela fé. Os filhos do mundo respiram e trabalham em favor da insensatez e da insanidade do mundo, submersos pelo indiferentismo da eternidade e moldados pelos atalhos fáceis e diabólicos do prazer, do livre manuseio e usufruto do corpo e das ideias, do dinheiro, do poder, da ambição desenfreada, do culto da libertinagem, do desvario da criatura feita e moldada pela própria criação.

Essa guerra é contínua e tende a ficar cada vez maior em dois momentos: quando o mal se arvorar de possuir todas as mentes ou quando o bem se acovardar em todos os corações. O reino do anticristo será o momento do apogeu destas duas condições conjugadas. No primeiro caso, nunca na história humana, o demônio se sentiu tanto à vontade para possuir e dominar todas as mentes: heresias, blasfêmias e falsas ideologias campeiam livremente sem freios e com afagos diversos, induzindo a condição humana ao aniquilamento espiritual pela defesa intransigente e a prática criminosa do aborto, da ideologia de gênero, do ateísmo militante, do aviltamento das boas obras. Por outro lado, o bem se retrai, se envergonha da verdade, se acovarda da luta, se beneficia do comodismo, se ilude com a cumplicidade:

Quando veio a primeira chuva, disseram que tinha sido um acaso.
Quando veio a segunda chuva, acharam apenas uma coincidência.
Quando veio a terceira chuva, fingiram que nem se molharam.
Quando veio a primeira tempestade, comportaram-se como se fosse apenas mais uma chuva.
Quando ventos ruinosos e terríveis inundações se juntaram à tempestade, acharam tudo ainda muito normal.
Quando veio, enfim, o dilúvio,
não acharam e nem pensaram mais nada,
porque estavam todos mortos*.


O preço da cumplicidade é a morte de todos. Porque, não havendo possibilidade de amizade entre Deus e o mundo, quem se coloca em favor do mundo impõe-se como inimigo de Deus, como 'adúltero' da verdade, nas palavras perturbadoras de São Tiago:

'Adúlteros, não sabeis que o amor do mundo é abominado por Deus? Todo aquele que quer ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus' (Tg 4,4).

Na epístola, São Tiago assevera que o amor ao mundo constitui abominação a Deus, que os amigos do mundo são adúlteros e inimigos de Deus. Esta é a premissa que conforma e molda a sã doutrina católica, a pedra angular que fundamenta a Igreja de Cristo. Se essa igreja abandona esta premissa e passa a interagir amigavelmente com o mundo, ela tende a tornar-se refém do mundo, a adulterar a Verdade que a proclama como única, santa, apostólica e verdadeira, a voltar-se contra Deus e a preparar com tapete vermelho os terríveis tempos da chegada do anticristo nesta terra.

* livre exercício pelo autor do blog da ideia central de um famoso poema de Maiakóvsky

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

VERSUS: SEREI O VOSSO DEUS OU O VOSSO FLAGELO

'Se seguirdes minhas leis e guardardes os meus preceitos e os praticardes, eu vos darei a chuva nos seus tempos. 

A terra dará o seu produto e as árvores da terra se carregarão de frutos. 

A debulha do trigo se estenderá até a colheita da uva, e a colheita da uva até a sementei­ra; comereis o vosso pão à saciedade, e ha­bitareis em segurança na vossa terra. 

Darei paz à vossa terra e vosso sono não será perturbado. Afastarei da terra os ani­mais nocivos, e a espada não passará pela vossa terra. 

Quando perseguirdes os vossos inimigos, cairão sob vossa espada. 

Cinco dentre vós perseguirão um cento, e cem dos vossos perseguirão dez mil, e os vossos inimigos cairão sob vossa espada. 

Eu me voltarei para vós, e vos farei crescer; eu vos multiplicarei e ratificarei a minha aliança convosco. 

Comereis as colheitas antigas, bem conservadas, e lançareis fora as velhas, para dar lugar às novas. 

Porei o meu taber­ná­culo no meio de vós, e a minha alma não vos rejeita­rá.

Andarei entre vós: serei o vosso Deus e vós sereis o meu povo'. 

(Lv 26, 3-12)


'Mas se não me escutardes e não guardardes os meus mandamentos, 

se desprezardes os meus preceitos e vossa alma aborrecer as minhas leis, de sorte que não pratiqueis todos os meus mandamentos e violeis minha aliança, eis como vos hei de tratar: 

enviarei terríveis flagelos sobre vós: a tísica e a febre que enfraquecerão vossa vista e vos farão desfalecer. Debalde semeareis a vossa semente, porque vossos inimigos a comerão. 

Voltarei minha face contra vós e sereis vencidos pelos vossos inimigos: eles vos dominarão, e fugireis sem que ninguém vos persiga. 

Se nem ainda assim me ouvirdes, castigarei sete vezes mais pelos vossos pecados. 

Quebrarei o orgulho de vosso poder, tornarei o vosso céu como ferro e a vossa terra como bronze. 

Inutilmente se gastará a vossa força, pois vossa terra não dará os seus produtos, e as árvores da terra não produzirão os seus frutos. 

Se me puserdes obstáculos e não quiserdes ouvir-me, vos ferirei sete vezes mais, conforme os vossos pecados. 

Mandarei contra vós as feras do campo, que devorarão vossos filhos, matarão vossos animais e vos reduzirão a um pequeno número, de modo que os vossos caminhos se tornarão desertos. 

Se apesar desses castigos não vos quiserdes corrigir, e vos obstinardes em resistir-me, eu vos resistirei por minha vez e vos ferirei sete vezes mais, por causa dos vossos pecados. 

Farei cair sobre vós a espada para vingar a minha aliança. Se vos ajuntardes em vossas cidades, lançarei a peste no meio de vós e sereis entregues nas mãos de vossos inimigos'. 

(Lv 26, 14 - 25)

quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

VERSUS: BLASFÊMIA X BLASFÊMIA


'Hoje não há uma só blasfêmia ou imoralidade que seja proibida. Uma obra moderna pode consistir em uma dança desenfreada com a participação de todos os demônios e de todos os porcos. Pode incluir qualquer coisa e qualquer pessoa, exceto alguém capaz de exorcizar os demônios e espantar os porcos'.

(G. K. Chesterton)




'Quando ouvires o teu próximo blasfemar, repreende-o com veemência; se necessário, quebra-lhe a boca, santificando assim as tuas mãos'.

(São João Crisóstomo)