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quinta-feira, 25 de dezembro de 2025

FELIZ E SANTO NATAL EM CRISTO!

Desejo a todos os nossos amigos e visitantes um Santo e Feliz Natal! 

CÂNTICO DE NATAL

Ó meu Menino Jesus, 
sede a minha esperança!
Que na gruta da vossa Belém 
eu possa renascer também
como uma outra criança!  

Ó meu Menino Jesus,  
sede minha santa alegria!
Que o meu presépio se faça 
banhando minha alma na graça
de uma pobre estrebaria!

Ó meu Menino Jesus, 
sede minha força e minha fé!
Que a mãe que me vela agora
seja a mesma Nossa Senhora 
da família de Nazaré!

Ó meu Menino Jesus, 
sede farol e minha luz!
Que este Natal de abraços,
se faça caminho de passos
que passam diante da Cruz! 

Ó meu Menino Jesus, 
sede a alma do meu viver!
Que este Natal me converta
em dom, partilha e oferta
para os que vão renascer!
E em dom, oferta e partilha,
onde ainda hoje não brilha
a luz do vosso nascer! 

Ó meu Menino Jesus, 
sede minha paz e todo bem!
Que eu viva a bem aventurança 
de adorar Deus feito criança
numa gruta de Belém!

(Arcos de Pilares)

terça-feira, 23 de dezembro de 2025

7 QUESTÕES SOBRE O NATAL CRISTÃO


I. O que significa celebrar o Natal?

Significa celebrar na Liturgia, memorial do culto cristão, instituído por Jesus nosso Senhor, o mistério e a graça da sua piedosa Vinda, da sua graciosa Manifestação na nossa natureza humana e no nosso mundo, cumprindo as promessas feitas por Deus a Israel.

II. O que é esse Memorial instituído pelo Senhor?

No Israel da Antiga Aliança, toda a obra salvífica do Senhor era celebrada anualmente nas festas instituídas pelo Senhor Deus: a Páscoa, Pentecostes, as Tendas, o Kippur, a Dedicação do Templo... Tudo isto preparava para o Cristo nosso Senhor. Ele veio, realizou a salvação e na noite em que foi entregue, instituiu o Sacramento do seu Corpo e do seu Sangue, Memorial sagrado de tudo quanto Ele fez por nós, cumprindo tudo quanto Deus havia prometido.

Assim, no Sacramento da Ceia, no santo Sacrifício Eucarístico, toda a salvação torna-se presente: a criação do mundo, a história santa do antigo Israel, os atos e gestos salvíficos do Senhor, as graças dadas aos cristãos, a vida da Igreja e até mesmo a sua Vinda no final dos tempos. Na Liturgia, pela força potente do Santo Espírito do Cristo imolado e ressuscitado, tudo, tudo absolutamente, em Cristo Senhor, torna-se contemporaneamente, simultaneamente presente, de modo que, para um cristão, celebrar os santos mistérios litúrgicos é entrar realmente e verdadeiramente em contato com o Mistério da nossa salvação e com cada um dos mistérios especificamente. Na Liturgia, toda a obra da salvação é-nos dada realmente: 'Fazei isto em memória  = memorial ou zikaron, isto é, celebração ritual, eficaz e presentificante ) de Mim!'

III. O Natal é, então, celebração do quê?

É real e verdadeira celebração da Manifestação, da Vinda do Senhor na nossa carne mortal. Celebrar a Eucaristia no Natal é tornar realmente presente sobre o Altar como oferta ao Pai no Espírito Santo o Cordeiro imolado e ressuscitado no Qual tudo, absolutamente tudo da nossa salvação se encontra presente! Cristo é tudo, resume tudo, sintetiza tudo, atrai tudo, realiza tudo! Nele, eucarístico, está a criação do mundo; nele, toda a história de Israel; nele o Natal; nele a Páscoa; nele a vida da Igreja; nele a Glória dos santos; nele o Dia Final, na consumação de tudo!

Cada mistério da nossa fé que celebramos na Liturgia coloca-nos realmente, verdadeiramente em contato com a graça que nos veio daquele mistério. Qem celebra as Eucaristias do tempo sagrado do Natal entra em contato real com a graça da Vinda do Salvador! Este é um luxo, uma graça, uma elegância de Deus que somente recebe quem participa da Liturgia e só na Liturgia é dado!

IV. O Natal é o aniversário de Jesus?

De modo algum! Jamais a Igreja pensou numa coisa dessas! Na Liturgia não se diz: Jesus nasceu há 2000 anos! Diz-se: 'Hoje nasceu para vós um Salvador: Cristo, o Senhor!' A Liturgia, na potência do Espírito, coloca-nos no Hoje de Deus, coloca-nos em contato direto com a graça salvífica do acontecimento que, ocorrido uma vez por todas no passado, torna-se eternamente presente na Glória do Céu, em Cristo, único e eterno sacerdote, que na Tenda eterna do Céu ministra a Liturgia eterna que torna-se presente sobre o Altar da Igreja!

No Natal nunca, de modo algum, por motivo algum, deve-se cantar 'Parabéns' para Jesus! Seria algo totalmente contrário ao significado do Natal cristão!

V. Cristo nasceu no dia 25 de dezembro?

Não, com certeza. E os cristãos sempre souberam disso! Desde o início, esta festa é celebrada em datas diferentes pela Igreja no Oriente e no Ocidente: no Oriente, a 6 de janeiro; no Ocidente, a 25 de dezembro.

Eis os motivos do 25 de dezembro: Segundo antigas tradições, o mundo teria sido criado no dia 25 de março. Neste dia também se celebrava a Festa da Anunciação de Gabriel à Virgem Maria, início da recriação de todas as coisas em Cristo: Ele, vindo ao nosso mundo no seio da Virgem, recriou o mundo envelhecido e caduco pelo pecado. Assim, o 25 de dezembro ocorre nove meses após a celebração da concepção.

Mas, há outro motivo. Depois de o cristianismo já ter se espalhado no Império Romano e os imperadores terem aceitado a fé cristã, surgiu um que apostatou da fé e quis restaurar o paganismo em Roma: Juliano, o Apóstata! Ele fez o possível para restaurar a festa do deus Sol Vencedor em Roma, que ocorria no dia 25 de dezembro, solstício do inverno. Exatamente a época em que o sol começa a ficar mais forte e fazer os dias começarem a ficar mais longos, vencendo o frio e as trevas do inverno. Esta seria a vitória do deus sol sobre as trevas!

Os cristão reagiram fortemente, celebrando aí não o deus sol, mas o verdadeiro Sol da justiça, Luz do Alto que nos veio visitar, vencendo as trevas da idolatria, do pecado e da morte! O verdadeiro Sol Invicto é o Cristo nosso Deus, que vindo à nossa terra, tudo iluminou com a sua piedosa Manifestação. Assim, a data do Natal estabeleceu-se de vez no século IV para toda a Igreja do Oriente e do Ocidente. No dia 6 de janeiro, a Igreja passou a celebrar a Epifania do Senhor. 

VI. Seria realmente errado ver o Natal como aniversário de Jesus?

Totalmente. Comemora-se o aniversário contando os dias de acontecimentos ou pessoas neste tempo. Jesus é o Senhor, entrou na Eternidade, é Senhor do tempo; não mais está preso ao nosso tempo, mas preenche todos os tempos: 'A Ele o tempo e a eternidade'!' - diz a Igreja na Vigília Pascal. 

Comemora-se o aniversário de alguém para festejar sua entrada nesta vida. Jesus entrou nesta vida, neste mundo, por humilhação, por esvaziamento de si mesmo: sendo rico fez-se pobre, sendo Deus fez-se homem, sendo Senhor fez-se servo para nos salvar. Na verdade o nascimento de Jesus segundo a carne é um gesto de humildade e humilhação por amor!

O nascimento definitivo para um cristão é o nascimento para a Glória: dos santos, celebra-se não o dia do nascimento para este mundo, mas o Die Natalis para o Céu, o dia da morte para este mundo.

E o mais importante: nenhuma celebração da Liturgia é de aniversário; nunca é uma recordação do passado que ficou lá trás, mas é um tornar-se realmente presente de um fato ou evento salvífico que se torna atual e atuante na vida dos que celebram os santos mistérios na Liturgia. 

VII. O que é essencial para um cristão celebrar o Natal?

O que é essencial para qualquer festa cristã: participar da santa Liturgia eucarística. É na Eucaristia que todo o mistério da nossa fé, o mistério da nossa salvação, da criação à Parusia do Senhor, faz-se presente: 'Eis o Mistério da fé!' Isto é: ali, no Cordeiro imolado e ressuscitado, tudo faz-se contemporâneo na potência do Espírito! Na Eucaristia, tudo é celebrado na vida cristã e na vida do cristão! Sem a participação na Eucaristia é impossível ser cristão plenamente!

(Dom Henrique Soares da Costa, então Bispo de Palmares/PE)

segunda-feira, 22 de dezembro de 2025

PROPÓSITO PARA A QUARTA SEMANA DO ADVENTO


Jesus e Maria estão de fato tão unidos que quem vê Jesus vê Maria, quem ama Jesus ama Maria e quem é devoto de Jesus também é devoto de Maria. Jesus e Maria são os dois primeiros fundamentos da religião cristã, as duas fontes vivas de todas as nossas bênçãos, os dois termos de nossa devoção e os dois pontos de referência para os quais devemos olhar em todas as nossas ações e exercícios. 

Não é verdadeiro cristão quem não tem devoção à Mãe de Jesus Cristo e de todos os cristãos. Portanto, Santo Anselmo e São Boaventura afirmam que não é possível que aqueles que não são amados por sua Santa Mãe sejam acolhidos por Jesus Cristo, assim como aqueles a quem ela dirige seu olhar benevolente não podem perecer.

Em Maria, devemos olhar e adorar o seu Filho: olhar e adorá-lo apenas a ele. Assim, de fato, ela quer ser honrada, sabendo muito bem que sozinha ela não é nada, mas que seu Filho Jesus é tudo nela: ele é seu ser, sua vida, sua santidade, sua glória, seu poder e sua grandeza. Devemos agradecer a Jesus a glória que desejava receber nela e por ela. Devemo-nos oferecer a ele e pedir-lhe que nos dê a Maria e disponha tudo para que nossa vida e nossas ações sejam consagradas para honrar a sua vida e as suas ações. Devemos pedir-lhe que compartilhe o amor que tinha por ela e suas outras virtudes. Devemos pedir a ele que nos use para honrá-la, ou melhor, para se honrar nela, da maneira que ele quiser.

Que, nesta Quarta Semana do Advento, em recolhimento anterior, possamos reconhecer e honrar Maria como Mãe de nosso Deus e depois como nossa Mãe e Soberana; agradecer-lhe por honrar, glorificar e servir a Jesus Cristo seu Filho e nosso Senhor; depender dela e pedir-lhe que nos guie em tudo o que diz respeito à nossa vida; dar-nos a ela e submeter-se a ela como escravos, implorando-lhe que tome pleno poder sobre nós, disponha de nós segundo sua boa vontade para a glória de seu Filho, e nos una a todo o amor e louvor que ela lhe tributou e lhe oferece novamente por toda a eternidade.

(São João Eudes, excertos e texto adaptado, Ouevres Complètes)

domingo, 21 de dezembro de 2025

EVANGELHO DO DOMINGO

   

'O rei da glória é o Senhor onipotente; abri as portas para que Ele possa entrar!(Sl 23)

Primeira Leitura (Is 7,10-14) - Segunda Leitura (Rm 1,1-7) -  Evangelho (Mt 1,18-24)

  21/12/2025 - QUARTO DOMINGO DO ADVENTO

'TU LHE DARÁS O NOME DE JESUS'


Neste Quarto Domingo do Advento, São Mateus nos revela em palavras o mistério divino da Encarnação do Verbo. Em Maria e José, criaturas humanas personalíssimas, Deus se manifesta através dos Seus anjos, no silêncio da contemplação de desígnios tão extraordinários. No Evangelho de hoje, José, o carpinteiro, será assombrado pelas dúvidas mais inclementes e inesperadas mas, na bondade do coração humano elevado às mais sublimes virtudes, vai corresponder com o seu próprio fiat à Santa Vontade de Deus.

Prometida a José, conforme os costumes judaicos da época, eis que Maria ficou grávida do Espírito Santo, antes das núpcias formais com o carpinteiro de Nazaré. Nossa Senhora guardou para si o maior mistério dos tempos. São José também fez do silêncio a sua obra de graça extremada: 'José, seu marido, era justo e, não querendo denunciá-la, resolveu abandonar Maria, em segredo' (Mt 1,19). E o evangelista vai traduzir com palavras aparentemente simples: 'Enquanto José pensava nisso...' (Mt 1, 20) o turbilhão de sentimentos, dor e humilhação que deveriam estar a afligir o esposo de Maria...

José conhecia a santidade e as graças de Maria do fundo do coração e tal certeza conflitava dramaticamente com a realidade dos fatos cada vez mais evidentes. E, muito provavelmente, José teve medo, de estar diante de algo que sublimava toda a sua dimensão humana, consubstanciado pela manifestação da Encarnação do Verbo proclamada por tantas profecias e revelações. E certamente se consumiu em pensamentos e reflexões contínuas e antagônicas naqueles dias de aflição, até que, testado e pesado no cadinho das sublimes virtudes, teve de Deus a revelação em sonho: 'José, Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e tu lhe darás o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo de seus pecados.Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa: Deus está conosco' (Mt 1, 20-23).

A provação de José é desfeita de imediato pela confirmação angélica da linhagem nobre de Jesus: 'José, Filho de Davi'... (Mt 1, 20), conforme as santas profecias. Desfaz-se a realidade humana e irrompe o mistério sobrenatural do nascimento do próprio Filho de Deus, 'pois ele vai salvar o seu povo de seus pecados' (Mt 1, 21). Do rigor da provação humana ao êxtase da revelação dos Santos Mistérios, José obedeceu em tudo aos desígnios divinos e, assim, tornou-se o primeiro entre os homens a ser servo fiel da Virgem e do Menino.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

SOBRE AS ÚLTIMAS QUATRO COISAS (IX)

 

PARTE II - O JUÍZO FINAL

II. Sobre Como Todos os Homens Aguardarão a Vinda de Cristo no Vale de Josafá

Contemplemos agora as multidões reunidas no lugar do julgamento. Toda a humanidade, todos os seres humanos que já viveram na Terra, bem como todos os espíritos rebeldes que foram expulsos do Céu, serão obrigados a comparecer aqui perante o tribunal de Cristo.

Quem pode tentar enumerar essas multidões incontáveis? O número de habitantes da Terra que vivem nesta época da humanidade é de cerca de 1.400.000.000 [atuais 8.230.000.000]. Essa vasta multidão terá desaparecido em menos de meio século, e outra geração, não menos numerosa, terá tomado seu lugar e preenchido a Terra novamente. Assim continuará até o Dia do Juízo Final. Que multidões incontáveis serão levadas perante o tribunal de Cristo!

Os bons estarão todos juntos, regozijando-se na certeza de sua salvação eterna. Eles estão adornados com vestes gloriosas e brilham como as estrelas do céu. Eles se conhecem, se cumprimentam e trocam felicitações mútuas por sua sorte feliz.

Mas não assim com os maus. Os bons estão à direita e os maus à esquerda. Infelizmente, o número dos maus é muito, muito maior do que o dos bons. Tanto antes como depois da vinda de Cristo, o príncipe das trevas dominou um número muito maior de súditos do que o próprio Cristo. Ai de mim, meu Deus, que multidão imensa haverá à esquerda! O luto e a miséria entre eles serão tão incomparáveis que os bons que estão à direita ficariam, se fosse possível, profundamente comovidos com compaixão.

Pois todos esses incontáveis milhões de seres humanos derramarão sua tristeza e angústia excessivas em lamentações piedosas. Aguardando a vinda do Juiz supremo, eles permanecem juntos, separados dos justos, cheios de confusão por sua própria hediondez e, especialmente, por sua pecaminosidade, agora evidente para todos.

No entanto, acima e além de toda essa miséria, está a consternação que prevalece por causa da vinda do Juiz; é algo que está além do poder das palavras expressar. Pois agora essas criaturas infelizes se tornam plenamente conscientes de quão terríveis são os julgamentos de Deus, aos quais deram tão pouca atenção durante a sua vida. Agora, pela primeira vez, reconhecem que vergonha terrível é para eles terem seus pecados manifestados na presença de todos os Anjos e Santos, na presença também dos demônios e dos condenados. Agora, pela primeira vez, estão conscientes da natureza terrível da sentença que lhes será imposta pelo Juiz, a quem muitas vezes desprezaram insolentemente. Essas e muitas outras coisas contribuem para imbui-los de um medo indescritível da vinda do seu Juiz, de modo que tremem de terror e quase desmaiam de apreensão e alarme. 

Dirão uns aos outros em tom lamentoso: 'Ai de nós, o que fizemos! Como nos enganamos terrivelmente! Por causa das poucas e transitórias alegrias da terra, teremos que passar por uma eternidade de angústia. De que nos servem agora todas as riquezas, os prazeres voluptuosos, o orgulho, as honras do mundo? Nós, tolos, desperdiçamos os bens celestiais e eternos pelas coisas pobres e insignificantes da terra. Ai de nós, o que será de nós quando nosso Juiz aparecer! Ó montanhas, caiam sobre nós; ó colinas, cubram-nos, pois verdadeiramente seria menos intolerável para nós sermos esmagados sob o vosso peso do que ficar diante do mundo inteiro cobertos de vergonha e confusão, e contemplar o rosto irado do justo Juiz!

Pecador infeliz, quem quer que seja você que esteja lendo este texto, não se iluda com a vã esperança de que esta descrição da miséria dos perdidos seja exagerada. Eles reclamarão mil vezes mais alto, e sua dor e miséria serão indescritíveis. Aproveite o curto e precioso tempo de sua existência terrena, faça penitência, faça agora tudo o que você desejaria ter feito no Dia do Juízo Final. Peça a Deus a graça de corrigir sua vida pecaminosa, para que o dia da vinda de Cristo não seja um dia de terror indescritível para você.

Meu Deus, reconheço que, por minha vida pecaminosa, mereço ser banido da vossa presença para sempre. No entanto, me arrependo sinceramente dos meus pecados e vos peço a graça de uma verdadeira conversão, para que eu não espere a vossa vinda entre os condenados. Amém.

(Excertos da obra 'The Four Last Things - Death, Judgment, Hell and Heaven', do Pe. Martin Von Cochem, 1899; tradução do autor do blog)

segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

PROPÓSITO PARA A TERCEIRA SEMANA DO ADVENTO


'Feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim!' (Mt 11,6)

A vigilância perseverante e a conversão sincera nos convidam a viver em plenitude a alegria cristã. Não aquela feita das frivolidades do mundo, superficial e passageira, mas aquela que nos inunda a alma de esperança e de confiança na certeza de que o Senhor está prestes a chegar. Uma alegria que nos ilumina interiormente pela presença salvadora de Deus que vem ao nosso encontro.

Felizes somos nós que cremos, que esperamos, que amamos e adoramos o Senhor da vida. Que nos desapegamos dos risos fáceis e vazios e nos rejubilamos em Cristo; preparando o coração com simplicidade e confiança, aprendemos a reconhecer que o Natal não é apenas uma data a celebrar, mas um mistério a acolher: Deus que vem para permanecer conosco.

A alegria cristã pressupõe a santa alegria da comunidade cristã e, assim, o retrato mais fiel da aleria cristã é a caridade. São João Batista, figura central deste tempo litúrgico, exorta-nos a preparar os caminhos do Senhor com gestos reais de justiça, partilha e humildade. A verdadeira alegria cristã se revela quando o coração se desapega do egoísmo e se abre ao amor.

Maria, Mãe do Advento, infundi em nossos corações a alegria que vivenciastes quando o Filho de Deus estava prestes a habitar entre nós, uma alegria bela e santa, enraizada na fé, sustentada pela esperança e compartilhada no amor ao próximo.

E que, nesta Terceira Semana do Advento, tenhamos o firme propósito de viver em plenitude a virtude da feliz caridade para com nossos irmãos. Um gesto de perdão, uma palavra de consolo, uma ação concreta em aliviar o sofrimento alheio ou um tempo dedicado aos mais necessitados tornam-se sinais concretos de que a alegria cristã, que antecede a vinda do Salvador do mundo, já habita entre nós.

domingo, 14 de dezembro de 2025

EVANGELHO DO DOMINGO

  

'Vinde Senhor, para salvar o vosso povo!(Sl 145)

Primeira Leitura (Is 35,1-6a.10) - Segunda Leitura (Tg 5,7-10) -  Evangelho (Mt 11,2-11)

  14/12/2025 - TERCEIRO DOMINGO DO ADVENTO

'ÉS TU AQUELE QUE HÁ DE VIR?'


Eis o Advento do Senhor: depois da vigilância e da conversão, vivenciados nos domingos anteriores, segue agora o ressoar das trombetas da legítima alegria cristã neste terceiro domingo. Sim, alegria cristã, alegria plena do amor de Cristo, proclamada pelo livro do Profeta Isaías: 'Os que o Senhor salvou voltarão para casa. Eles virão a Sião cantando louvores, com infinita alegria brilhando em seus rostos; cheios de gozo e contentamento, não mais conhecerão a dor e o pranto' (Is 35, 10). Neste deleite da graça, esparge-se a luz do entendimento da fé e amolda-se suavemente a paz divina ao coração humano que palpita inquieto enquanto não repousar definitivamente em Deus.

É neste sentimento de alegria, nascida e vivenciada numa fidelidade extrema ao amor de Deus, que exulta João Batista, ainda que na prisão. Uma alegria de tal plenitude de confiança e de graça, que vai merecer o elogio jubiloso do próprio Jesus: 'Em verdade vos digo, de todos os homens que já nasceram, nenhum é maior do que João Batista' (Mt 11,11). João Batista não está nos palácios reais, aturdido pelos prazeres do mundo; João Batista não se move pelo respeito e pelas condescendências humanas, na inconstância de 'um caniço agitado pelo vento' (Mt 11,7). No deserto ou na prisão, o primado de João é o da plenitude inabalável da fé cristã; nele como se fecha a sucessão dos profetas e se abre o novo tempo da missão dos apóstolos.

Diante da indagação dos discípulos de João Batista: 'És Tu, aquele que há de vir?' (Mt 11,3), Jesus manifesta a glória de Deus e a Vinda do Messias: 'Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados' (Mt 11, 4-5). É como se lhes proclamasse aos corações: 'Nos sinais de tantos portentos e milagres, alegrai-vos, pois a Luz do Mundo está entre vós'. E Jesus vai exortá-los à alegria eterna dos Filhos de Deus: 'Feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim!' (Mt 11,6).

Eis a felicidade eterna trilhada por João Batista, e também a de todos os santos e santas de Deus, que percorreram igualmente a mesma via de santificação. Louvado seja o homem que recebeu do próprio Cristo elogio de tal honra e glória; louvores muito maiores sejam dados aos homens e mulheres que se consumiram de alegria na mesma via de santidade e habitam para sempre as moradas do Pai, porque mesmo 'o menor no Reino dos Céus é maior do que ele' (Mt 11, 11), o maior dentre todos os homens nascidos até então. Nascidos para a eternidade, e herdeiros da Visão Beatífica, no Céu todos se tornam ainda maiores que o João Batista do mundo.

terça-feira, 9 de dezembro de 2025

PROPÓSITO PARA A SEGUNDA SEMANA DO ADVENTO


'Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo' (Mt 3,2)

O pecado é um estado de noite espiritual. O pecador vive nas trevas, e suas obras são obras das trevas. Mas, assim que uma verdadeira conversão do coração abre o caminho para Jesus na alma obscurecida, as sombras da escuridão espiritual desaparecem e a luz difunde ali seu esplendor radiante. Subitamente, torna-se dia; a alma começa a conhecer a si mesma, a compreender a miséria de sua existência anterior e a ver o que significa uma mudança de coração, uma mudança permanente, como a que o Senhor exige dela.

O significado das palavras de Cristo: 'Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?' torna-se imediatamente claro para o pecador arrependido; ele vê quão vã é toda a luta e busca por fortuna, honra e prazer, com as quais os filhos do mundo se esforçam para satisfazer os desejos de seus corações. As escamas caem de seus olhos. Ele decide seguir a Cristo e trilhar o caminho que leva à salvação. Ele olha para o seu modelo e ouve a sua promessa: 'Sou Eu!' Sim, é Ele. Foi somente Ele, a Luz do mundo, quem pôde despertar e iluminar uma alma que dormiu e sonhou por tantos anos na noite e na escuridão do pecado.

Mas agora, cristão, faça a si mesmo a seguinte pergunta: você está verdadeiramente convertido? Você não viveu, talvez por muitos anos, em estado de pecado? Você, cegado pelas seduções e pela falsa luz deste mundo, esqueceu o céu pela terra e, com as verdades eternas do Evangelho ressoando em seus ouvidos, preocupou-se apenas em desfrutar dos bens, honras e prazeres desta vida? Feliz você é, de fato, se o dia já amanheceu para você! Em gratidão por este dom inestimável da conversão, caminhe daqui em diante como um filho da luz e pratique, com zelo redobrado, as obras da graça. Eis agora o tempo de conversão!

Maria, Mãe de misericórdia, refúgio dos pecadores, rogai para que Deus nos conceda a graça de uma firme conversão e que, por nossa vida reformada, possamos provar e viver em plenitude a nossa reconciliação com Deus!  

Que, nesta Segunda Semana do Advento, possamos responder com firme confiança à pergunta: 'Em que estado se encontra minha alma? Sou eu, talvez, como um junco? Sou constante no serviço a Deus?' Que a nossa pronta resposta de constância e perseverança no estado da graça nos tornem dignos de sermos filhos de Deus, herdeiros das moradas eternas e da vida eterna com Deus!

(excertos adaptados dos sermões do Pe. Francisco Xavier Weninger, 1877)

domingo, 7 de dezembro de 2025

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Nos seus dias a justiça florirá(Sl 71)

Primeira Leitura (Is 11,1-10) - Segunda Leitura (Rm 15,4-9) -  Evangelho (Mt 3,1-12)

  07/12/2025 - SEGUNDO DOMINGO DO ADVENTO

TEMPO DE CONVERSÃO 


Neste segundo domingo do Advento, a Igreja, à espera do Senhor Que Vem, celebra, após um primeiro tempo de vigilância, o tempo de conversão, mediante a proclamação na história dos tempos de dois grandes profetas das revelações messiânicas: Isaías e João Batista.

Isaías é o profeta messiânico por excelência, o precursor dos evangelistas. É Isaías quem declara que Jesus será da estirpe de Davi: 'nascerá uma haste do tronco de Jessé e, a partir da raiz, surgirá o rebento de uma flor; sobre ele repousará o espírito do Senhor: espírito de sabedoria e discernimento, espírito de conselho e fortaleza, espírito de ciência e temor de Deus' (Is 11, 1-2). É Isaías quem profetiza o nascimento de Cristo através de uma virgem, são de Isaías as profecias sobre a Paixão e Morte do Senhor, sobre a Santa Igreja de Deus e sobre a pregação de João Batista. Esta manifestação profética, entretanto, extrapola os limites da Antiga Aliança e assume um caráter messiânico: pela conversão, o homem do pecado há de se tornar digno de contemplar a própria glória de Deus: 'Naquele dia, a raiz de Jessé se erguerá como um sinal entre os povos; hão de buscá-la as nações, e gloriosa será a sua morada' (Is 11,10).

E eis que surge então outro profeta, o maior de todos, maior que Isaías, Moisés ou Abraão, aquele que foi aclamado pelo próprio Cristo como 'o maior dentre os nascidos de mulher' (Mt 11,11), que vai fazer o anúncio definitivo da chegada do Messias ao mundo: 'Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo' (Mt 3,2). Como precursor imediato e direto do Messias e arauto desta revelação divina ao povo judeu, João é aquele que foi proclamado por Isaías como sendo 'a voz que grita no deserto', símbolo dos terrenos estéreis e calcinados das almas tíbias e vazias dos homens daquele tempo.

E o deserto de hoje não é ainda mais árido, muitíssimo mais árido, do que nos tempos do Profeta João Batista? O deserto tornou-se uma terra de desolação e infortúnio, na qual o pecado é espalhado como adubo e as blasfêmias contra Deus são os arados. A Igreja de Cristo não se pode sustentar sobre as areias frouxas do deserto das almas tíbias, do ateísmo e da indiferença religiosa. Eis, portanto, a imperiosa necessidade de tempos de conversão. E, nesse sentido, João Batista é tão atual quando da época de sua profecia e sua mensagem ressoa pelos séculos para ser ouvida e vivida, agora como arauto do Senhor da Segunda Vinda: 'Eu vos batizo com água para a conversão, mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. Eu nem sou digno de carregar suas sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo' (Mt 3,11).

sábado, 6 de dezembro de 2025

SOBRE AS ÚLTIMAS QUATRO COISAS (VIII)

     

PARTE II - O JUÍZO FINAL

II. Sobre Como os Bons e os Maus Serão Conduzidos ao Local do Julgamento 

De acordo com a opinião geralmente aceita, o julgamento final será realizado no vale de Josafá, não muito longe de Jerusalém. Essa opinião se baseia nas palavras do profeta Joel: 'reunirei todas as nações e as farei descer ao vale de Josafá' (Jl 4,2). E ainda: 'De pé, nações! Subi ao vale de Josafá, porque é ali que vou sentar-me para julgar todos os povos ao redor!' (Jl 4,12). Não é difícil alegar uma razão pela qual Cristo deveria realizar o julgamento final neste lugar, pois ali está perto do local onde Ele sofreu, e não é justo que, no mesmo lugar, Ele apareça como nosso Juiz? O Monte das Oliveiras, cenário da sua agonia, foi também o da sua gloriosa Ascensão.

Pode-se, no entanto, objetar que o vale de Josafá não poderia conter os milhões e milhões de seres humanos que serão reunidos para o julgamento. Mas quando um local é indicado como o provável teatro do Juízo Final, isso não significa necessariamente que toda a humanidade será reunida nesse espaço limitado.

Consideraremos agora de que maneira seremos reunidos para o julgamento final. Se os justos e os ímpios forem encontrados juntos nos cemitérios e em outros lugares, acontecerá o que Nosso Senhor predisse: 'Assim será no fim do mundo: os Anjos sairão e separarão os maus dos justos' (Mt 13, 49). Pois, uma vez que os bons repousam entre os ímpios, segue-se que, na ressurreição, eles serão encontrados entre os maus. Assim, após a Ressurreição Geral, os santos Anjos virão e separarão os eleitos dos réprobos. São Paulo, falando sobre isso, diz: 'Porque o próprio Senhor descerá do céu com ordem, e com voz de arcanjo, e com trombeta de Deus; e os mortos que estão em Cristo ressuscitarão primeiro. Então nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, para encontrar Cristo nos ares' (1Ts 4,15-16). Ou seja, todos os justos serão levados nas nuvens com esplendor e grande glória pelos anjos ao lugar do julgamento. Agora imagine que visão maravilhosa será quando os santos, com seus corpos glorificados, brilhando como ouro polido à luz do sol, forem transportados pelo ar, escoltados por seus anjos da guarda! Com que exultação e alegria eles seguirão seu caminho triunfal!

E quando todos se reunirem no vale de Josafá, eles se cumprimentarão com amor e se abraçarão com alegria mútua. Pense por um momento, ó cristão, como você se alegraria se tivesse a sorte de se encontrar entre o número dos abençoados. Essa felicidade ainda está ao seu alcance; se você realmente a desejar com toda a força de sua vontade, será contado nessa feliz companhia. Esforce-se para cumprir todos os seus deveres bem e fielmente, e você também um dia se juntará a essa gloriosa e triunfante procissão.

Consideraremos agora como os ímpios serão transportados para o vale de Josafá e o que os aguarda lá. Ai de mim! Seu destino é tão triste que mal me atrevo a descrevê-lo em detalhes. O que esses infelizes pecadores pensarão, o que dirão quando virem os santos anjos levando os eleitos de entre eles e transportando-os com glória e esplendor pelo ar? O Sábio nos dá uma ideia de seus pensamentos quando nos diz: 'Estes, vendo isso, ficarão perturbados com um medo terrível e se surpreenderão com a rapidez da salvação inesperada dos justos; dizendo dentro de si mesmos, arrependidos e gemendo de angústia de espírito: Estes são aqueles que nós outrora ridicularizávamos e tomávamos como parábola de opróbrio. Nós, tolos, considerávamos a vida deles loucura e o seu fim sem honra. Vede como eles estão contados entre os filhos de Deus, e o seu destino está entre os santos' (Sb 5,2-5). Como lhes causará tristeza ver aqueles que antes desprezavam tão profundamente agora honrados e amados pelos Anjos de Deus, e conduzidos por eles em glória e triunfo para encontrar Cristo. E aqueles que antes exibiam suas riquezas, que desprezavam todos os seus semelhantes em seu orgulho arrogante, agora estão entre os Anjos caídos, pobres, miseráveis, desprezados.

Quando os Anjos tiverem conduzido todos os eleitos ao vale de Josafá, eles continuarão a conduzir todos os réprobos para lá, com os espíritos malignos que se misturam com eles. Eles gritarão em alta voz: 'Fora daqui, fora para o julgamento! O Juiz dos vivos e dos mortos ordena que vocês compareçam diante Dele'. Que grito lancinante de angústia essas criaturas infelizes emitirão! Farão o possível para resistir à ordem dos Anjos, mas lutarão em vão; devem obedecer à ordem dos mensageiros de Deus. Juntamente com os espíritos malignos, os condenados serão levados à força para o lugar do julgamento. Que viagem terrível! O ar está repleto de gritos de raiva. Os espíritos das trevas, com malícia e crueldade diabólicas, já descarregam seu rancor atormentando as criaturas infelizes que o pecado tornou suas vítimas. Ouçamos o grito de desespero arrancado dos seres miseráveis: 'Que tolos fomos! Tolos impensados! Aonde nos levou o caminho da transgressão? Ai de nós! Ele nos trouxe ao severo, ao terrivelmente severo tribunal de Deus!'

Ouça, ó pecador, as lamentações dolorosas e as autoacusações dessas pobres criaturas. Cuidado para que você também não se torne um deles. Ore a Deus para que o preserve de um destino tão chocante e diga: 'Deus misericordioso, lembrai-vos do alto preço que pagou por mim e do quanto sofreu por mim. Por causa desse preço inestimável, não permitais que eu me perca, resgatai-me e acolhei-me entre as ovelhas do seu rebanho para que, com elas, eu possa louvar e glorificar a vossa bondade amorosa por toda a eternidade'.

(Excertos da obra 'The Four Last Things - Death, Judgment, Hell and Heaven', do Pe. Martin Von Cochem, 1899; tradução do autor do blog)

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

PROPÓSITO PARA A PRIMEIRA SEMANA DO ADVENTO

 


'Por isso, também vós ficai preparados! Porque, na hora em que menos pensais, o Filho do Homem virá' (Mt 24,44)

Fiquemos, pois, preparados! A preparação começa pelo anseio feliz pela vinda do Senhor e se completa em estarmos prontos para o receber como filhos de Deus.

Assim como Cristo entrou no mundo para salvar toda a humanidade, Ele precisa entrar no nosso coração para salvar a nossa alma! Para isso, temos de ser moradas da graça santificante e hóspedes da Santa Vontade de Deus, resistindo às tentações, às vicissitudes humanas e, principalmente, ao pecado. Precisamos estar preparados no amor às coisas de Deus e no horror ao pecado.

Quem esperamos é Jesus, o Rei dos reis, o Cordeiro Imolado, nosso Salvador e nosso Redentor, Aquele que nos legou as moradas eternas, abriu os Portões do Céu e que pagou um preço de Cruz pelos nossos pecados para que nos tornássemos dignos de sermos filhos de Deus. Quem esperamos é Jesus Cristo, Juiz da história humana, Juiz de cada alma em particular. Esperar Jesus é compartilhar com Ele, desde agora, o lugar preparado para nós na eternidade de Deus.

Peçamos a Maria, Nossa Senhora de todas as graças, aquela que se preparou como obra prima de Deus para receber Jesus, interceder por todos nós, para que, quando Jesus nos vier visitar, possamos estar preparados, com rins cingidos e velas na mão, para receber Jesus com toda alma e coração!

Que, nesta Primeira Semana do Advento, sejamos zelosos em limpar a casa, adornar a manjedoura, remover as manchas dos nossos pecados e perfumar com virtudes o nosso interior, pois, como nos disse o Senhor: 'Buscai primeiro o Reino de Deus' (Mt 6,33). E que, assim, possamos dizer com viva confiança e esperança: 'Vem, Senhor; Vem, meu Jesus, habitar em mim, porque estou preparado!'

domingo, 30 de novembro de 2025

EVANGELHO DO DOMINGO

  

'Que alegria, quando me disseram: Vamos à casa do Senhor!(Sl 121)

Primeira Leitura (Is 2,1-5) - Segunda Leitura (Rm 13,11-14a) -  Evangelho (Mt 24,37-44)

  30/11/2025 - PRIMEIRO DOMINGO DO ADVENTO

'FICAI ATENTOS AO SENHOR QUE VEM!' 


Hoje começa um novo ano litúrgico da Santa Igreja com o Tempo do Advento, período em que os cristãos são conclamados a viver em plenitude as graças da expectativa, da conversão e da esperança, à espera do Senhor Que Vem. O Ano Litúrgico 2025-2026 é o Ano A, no qual os exemplos e ensinamentos de Jesus Cristo são proclamados a cada domingo pelas leituras do Evangelho de São Mateus.

E o novo ano litúrgico começa com Jesus exortando a vigilância aos filhos de Deus: 'Ficai atentos, porque não sabeis em que dia virá o Senhor' (Mt 24,42). Do alto do Monte das Oliveiras e à vista de Jerusalém, Jesus vai alertar os seus discípulos sobre a necessidade de se permanecer vigilantes, na oração e na confiança de uma vida de plenitude cristã, diante das coisas do mundo, que passam e repassam no cotidiano de nossas vidas. Vigilância que se impõe naqueles tempos, na vida futura da Igreja, nos remotos tempos da história: 'Pois nos dias, antes do dilúvio, todos comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. E eles nada perceberam, até que veio o dilúvio e arrastou a todos. Assim acontecerá também na vinda do Filho do Homem' (Mt 24,38-39).

São palavras de salvação, porque a única coisa realmente importante para o homem é a salvação eterna de sua alma. Tudo o mais é efêmero e sem sentido. No fim dos tempos ou no fim de nossa vida, o Juízo Final ou o Juízo Particular vai nos pedir contas essencialmente da nossa vigilância filial à Santa Vontade de Deus, no cumprimento de nossas ações cristãs, no acervo das graças recebidas, na inquietude do coração humano ao encontro do Pai.

Vigiar significa essencialmente não pecar, não ofender a Santidade de Deus com as misérias e as fragilidades humanas, não conspurcar a Infinita Pureza da alma que nos foi legada um dia com a lama dos prazeres, frivolidades e maldades de uma vida profanada pelos valores do mundo. Porque haverá o dia do juízo, no qual os homens serão levados ou deixados para trás: 'Por isso, também vós ficai preparados! Porque, na hora em que menos pensais, o Filho do Homem virá' (Mt 24,44). Vigiar é estar preparado para que sejam santos todos os dias de nossa vida e para que Deus escolha, dentre eles, o mais belo, para receber de volta as almas vigilantes que Ele próprio desenhou para a eternidade.

domingo, 23 de novembro de 2025

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Quanta alegria e felicidade: vamos à casa do Senhor!(Sl 121)

Primeira Leitura (2Sm 5,1-3) - Segunda Leitura (Cl 1,12-20) -  Evangelho (Lc 23,35-43)

  23/11/2025 - SOLENIDADE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO

JESUS CRISTO - REI DO UNIVERSO


Jesus Cristo é o Rei do Universo. Como Filho Unigênito de Deus, Ele é o herdeiro universal de toda a criação, senhor supremo e absoluto de toda criatura e de toda a existência de qualquer criatura, no céu, na terra e abaixo da terra. A realeza de Cristo abrange, portanto, a totalidade do gênero humano, como expresso nas palavras do Papa Leão XIII: 'Seu império não abrange tão só as nações católicas ou os cristãos batizados, que juridicamente pertencem à Igreja, ainda quando dela separados por opiniões errôneas ou pelo cisma: estende-se igualmente e sem exceções aos homens todos, mesmo alheios à fé cristã, de modo que o império de Cristo Jesus abarca, em todo rigor da verdade, o gênero humano inteiro' (Encíclica Annum Sacrum, 1899).

E, neste sentido, o domínio do seu reinado é universal e sua autoridade é suprema e absoluta. Cristo é, pois, a fonte única de salvação tanto para as nações como para todos os indivíduos. 'Não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do Céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual nós devamos ser salvos' (At 4, 12). O livre-arbítrio permite ao ser humano optar pela rebeldia e soberba de elevar a criatura sobre o Criador, mas os frutos de tal loucura é a condenação eterna.

A realeza de Cristo é, entretanto, principalmente interna e de natureza espiritual. Provam-no com toda evidência as palavras da Escritura, e, em muitas circunstâncias, o proceder do próprio Salvador. Quando os judeus, e até os Apóstolos, erradamente imaginavam que o Messias libertaria seu povo para restaurar o reino de Israel, Jesus desfez o erro e dissipou a ilusória esperança. Quando, tomada de entusiasmo, a turba, que o cerca o quer proclamar rei, com a fuga furta-se o Senhor a estas honras, e oculta-se. Mais tarde, perante o governador romano, declara que seu reino 'não é deste mundo'. Neste reino, tal como no-lo descreve o Evangelho, é pela penitência que devem os homens entrar. Ninguém, com efeito, pode nele ser admitido sem a fé e o batismo; mas o batismo, conquanto seja um rito exterior, figura e realiza uma regeneração interna. Este reino opõe-se ao reino de Satanás e ao poder das trevas; de seus adeptos exige o desprendimento não só das riquezas e dos bens terrestres, como ainda a mansidão, a fome e sede da justiça, a abnegação de si mesmo, para carregar com a cruz. Foi para adquirir a Igreja que Cristo, enquanto 'Redentor', verteu o seu sangue; para isto é, que, enquanto 'Sacerdote', se ofereceu e de contínuo se oferece como vítima. Quem não vê, em conseqüência, que sua realeza deve ser de índole toda espiritual? (Encíclica Quas Primas de Pio XI, 1925).

Cristo Rei se manifesta por inteiro pela sua Santa Igreja e, por meio dela, e por sua paixão, morte e ressurreição, atrai para si a humanidade inteira, libertada do pecado e da morte, que será o último adversário a ser vencido. Como herdeiros de Cristo, elevemos ao Pai a súplica de salvação emanada pelas palavras do 'bom ladrão': 'Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado' (Lc 23, 42) e, neste propósito, supliquemos, tal como ele, nos tornarmos dignos também de compartilhar com Cristo Rei a glória da sua realeza eterna.

quinta-feira, 20 de novembro de 2025

SOBRE AS ÚLTIMAS QUATRO COISAS (VII)

    

PARTE II - O JUÍZO FINAL

II. Sobre a Ressurreição dos Mortos

O leitor talvez não leve muito a sério o que foi dito no capítulo anterior, porque nutre a esperança de não estar vivo durante esse período terrível. Mas o que estamos prestes a falar diz respeito a todos, seja quem for. Portanto, que se leia isso com atenção e com séria reflexão.

O primeiro evento que se seguirá ao fim do mundo é a ressurreição geral dos mortos. Todos os homens, sejam eles quem forem, e onde quer que tenham vivido, sem excluir os bebês cuja existência foi apenas um breve momento, ressuscitarão. Com o som solene de uma trombeta, Deus fará com que todos os homens sejam convocados para o Juízo Final. A respeito disso, Cristo disse: 'Ele enviará os seus anjos com trombeta e grande voz, e eles reunirão os seus eleitos dos quatro cantos, desde a extremidade do céu até os confins da terra' (Mt 24,31). E São Paulo nos diz: 'Todos ressuscitaremos, mas nem todos seremos transformados. Num momento, num piscar de olhos, ao som da última trombeta; pois a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis: e nós seremos transformados' (1Cor 15,51-52).

Após a grande conflagração, Deus enviará os seus anjos, que tocarão suas trombetas com um som tão poderoso que ecoará por todo o mundo. O som dessa trombeta será tão solene que fará a terra tremer. Sua voz poderosa despertará os mortos, chamando-os: 'Levantai-vos, ó mortos, e vinde ao julgamento! Levantai-vos, ó mortos, e vinde ao julgamento! Levantai-vos, ó mortos, e vinde ao julgamento!' Alto, contínuo e solene será o som dessa trombeta.

Quão aterrorizados ficarão todos os espíritos malignos e as almas perdidas quando ouvirem esse chamado! Eles uivarão e lamentarão, pois a hora fatal finalmente chegou, a hora que eles esperavam há tanto tempo e com um medo indescritível. Haverá tanta comoção no inferno, tanta raiva, fúria e terror, que se poderia imaginar que os demônios estivessem se despedaçando uns aos outros. 'Ai, ai!' - gritarão em seu desespero -  'Como poderemos enfrentar o rosto de nosso Juiz irado? Como poderemos suportar a vergonha, a agonia que será a nossa parte? Se pudéssemos permanecer aqui, com que alegria o faríamos, por maiores que sejam os tormentos que agora temos de suportar!' Mas todos os seus desejos serão vãos, todas as suas lutas serão inúteis.

Eles não podem escolher, pois devem obedecer à voz da trombeta. A ressurreição geral começa enquanto seu som ainda ecoa por todo o globo. Não pare para perguntar como isso pode ser, pois sabemos que assim será, com base na autoridade irrefutável da onipotência de Deus e a sua palavra, que não pode enganar. Por mais tempo que o corpo de um homem tenha se transformado em pó, quaisquer que sejam as mudanças pelas quais tenha passado, cada parte e cada partícula se unirão para formar novamente o mesmo corpo que era dele durante sua vida. 'E o mar entregou os mortos que nele havia, e a morte e o inferno entregaram os mortos que neles havia' (Ap 20,13).

Considere esta verdade solene, ó cristão, pois ela lhe diz respeito diretamente. Tão certo quanto você está vivo agora, tão certo é que um dia você ressuscitará da sepultura. Coloque este momento terrível vividamente diante de você. Mesmo que você seja piedoso e termine seus dias na graça de Deus, ainda assim, de acordo com o testemunho da Sagrada Escritura e da Igreja Católica, o medo e o tremor se apoderarão de você. Considerando o quão inconcebivelmente rigoroso Deus será em seu julgamento dos homens, até mesmo os justos terão motivos para temer ao comparecerem diante do seu tribunal, como mostraremos a seguir. E se os homens bons e justos têm medo, qual será o medo que você, pobre pecador, sentirá quando a trombeta o chamar para o julgamento! Portanto, corrija seus caminhos e faça as pazes agora com seu Juiz severo, por meio de obras de penitência, enquanto ainda há tempo. Agora, para que te prepares para essa terrível hora da ressurreição, descreveremos primeiro a ressurreição dos bons e, em seguida, a dos réprobos.

Despertadas pelo som solene da trombeta, todas as almas dos justos descerão do Céu e, acompanhadas por seus Anjos da Guarda, se dirigirão ao local onde seus restos mortais foram enterrados. Os túmulos estarão abertos e neles os corpos serão vistos deitados, incorruptos, mas sem vida. O corpo de cada homem bom repousará no túmulo como se estivesse adormecido; estará florido como uma rosa, perfumado como um lírio, brilhante como uma estrela, belo como um anjo e perfeito em todos os seus membros. O que dirá a alma quando contemplar o corpo que lhe pertence deitado diante dela com tanta beleza? Ela dirá: 'Salve, corpo abençoado e amado, como me alegro mais uma vez por me reunir a ti! Como és adorável, como és glorioso, como és agradável, como és perfumado! Vem a mim, para que eu possa casar-me contigo por toda a eternidade'. Então, pelo poder de Deus, o corpo se reunirá à alma e, naquele mesmo instante, voltará à vida.

Ó meu Deus, qual será o espanto do corpo quando se encontrar vivo novamente e moldado em uma forma tão bela! A alma e o corpo se cumprimentarão com amor e se abraçarão com afeto e emoção sincera. A alma dirá assim ao corpo: 'Como eu ansiava por ti, como eu desejava ver este dia! Agora vou conduzi-lo às regiões da bem-aventurança celestial para que possamos nos regozijar juntos para sempre'. E o corpo responderá: 'Bem-vinda, querida alma; é realmente uma alegria sincera para mim estar com você novamente. Quanto maior foi a dor que nossa separação passada me causou, maior é o prazer que nossa reunião agora proporciona'.

Então a alma falará novamente e dirá ao corpo: 'Bendito sejas, meu companheiro escolhido, que me foste tão fiel. Benditos sejam teus sentidos e todos os teus membros, pois sempre se abstiveram do mal'. E o corpo responderá: 'Bendita sejas tu, ó alma querida, pois foi por tua instigação que assim fiz, e tu me incitaste a tudo o que era bom. É a ti que devo minha felicidade atual, portanto, eu te louvo e te engrandeço, e te louvarei e engrandecerei por toda a eternidade'. Assim, o corpo e a alma se regozijarão juntos com uma satisfação inexprimível.

Então, os santos anjos guardiões felicitarão esses seres abençoados e exultarão com eles por sua alegre ressurreição. Em todos os cemitérios e lugares onde muitas pessoas estão enterradas, os abençoados ressuscitarão primeiro com corpos glorificados resplandecentes. Que eles terão precedência sobre os outros pode ser deduzido das palavras de Cristo, quando Ele diz: 'Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a voz do Filho de Deus. E os que fizeram o bem ressuscitarão para a vida, mas os que fizeram o mal ressuscitarão para o juízo' (Jo 5, 28-29).

E como em todo cemitério há muitas pessoas para ressuscitar, e entre elas uma proporção considerável será boa e justa, imagine o prazer que será para elas se verem novamente, revestidas de corpos tão brilhantes e gloriosos. Que Deus permita que eu seja contado entre o número desses indivíduos felizes! Como eu lhe agradecerei de coração se Ele atender ao meu pedido!

A ressurreição dos ímpios seguirá imediatamente a dos justos; mas, como será diferente! Em todos os cemitérios, todas as almas perdidas cujos corpos foram enterrados ali se reunirão e serão obrigadas a assumi-los novamente e a se reunir a eles. Mas quanta relutância, que repulsa elas sentirão ao fazer isso! Quando a alma vir seu próprio corpo, ela recuará com a maior repulsa, tão hediondo ele será, e sentirá que prefere ir direto para o inferno a se unir novamente a ele. Pois os corpos dos réprobos se assemelharão mais a demônios do que a homens, tão assustadores, tão repugnantes, tão ofensivos serão. No entanto, por mais que a alma resista e se oponha à reunião com seu corpo, agora tão hediondo, ela deve se submeter a isso, pois Deus a obriga a isso.

Quem pode descrever o desespero que toma conta do corpo quando, reanimado pelo retorno da alma, ele desperta para a consciência de que está perdido para sempre? Com um grito de raiva, ele exclamará: 'Ai de mim, ai de mim por toda a eternidade! Melhor teria sido para mim mil vezes nunca ter nascido, do que ter chegado a esta ressurreição de miséria!' Então a alma responderá: 'Corpo amaldiçoado, já tive de suportar durante várias centenas de anos os tormentos do Inferno, e agora devo regressar contigo ao fogo eterno. Tu és o culpado por toda esta infelicidade; dei-te bons conselhos, mas tu não os seguiste. Por isso, estás perdido para sempre. Ai de mim, alma infeliz que sou! Ai de mim, agora e para sempre! Tu foste o meio que me trouxe a esta miséria sem fim. Por isso, execro a hora em que vim morar contigo pela primeira vez'. E então o corpo responderá à alma desta maneira: 'Ó alma amaldiçoada, que direito tens de me anatematizar, quando tu mesma és a causa de toda essa miséria? Tu deverias ter me governado com mais firmeza e me impedido de praticar o mal, pois foi com esse objetivo que Deus te uniu a mim. Em vez de te associares a mim em obras de penitência, tu te deleitavas comigo em prazeres pecaminosos. Cabe a mim, portanto, amaldiçoar-te por toda a eternidade, porque foste tu quem nos levou a ambos à perdição eterna'. Assim, a alma e o corpo se amaldiçoarão mutuamente. Tais são as circunstâncias infelizes que acompanharão a ressurreição dos corpos dos condenados em todos os cemitérios e sepulcros, quando eles deixarem a sepultura e entrarem em uma segunda vida.

E agora, leitor, tente imaginar a vergonha e a confusão que pesarão sobre essas pobres criaturas quando se virem novamente pela primeira vez. Maridos e esposas se encontrarão, irmãos e irmãs, pais e filhos, amigos e conhecidos; aqueles que viveram na mesma cidade ou na mesma aldeia e se conheceram desde a infância. Sua vergonha será tão avassaladora que preferirão suportar qualquer tortura física a serem expostos a ela. E seus corpos serão tão horrivelmente feios, tão repugnantes na aparência, que eles estremecerão ao se verem. Quem pode descrever o luto e o lamento que prevalecerão entre essas criaturas infelizes! Sua miséria é realmente indescritível.

Pense, quem quer que seja que leia ou ouça isto, que desespero terrível tomaria conta de você se estivesse entre essas almas perdidas. Em que tom lamentável você choraria com eles seu destino infeliz. 'Ai de nós! O que fizemos? Ai de nós, os mais miseráveis; quem dera nunca tivéssemos nascido! Maldita seja você, minha esposa, que me provocou ao pecado! Malditos sejam vocês, meus filhos, que são a causa da minha condenação! Malditos sejam vocês, meus amigos e conhecidos, pois vocês foram a causa desta calamidade que se abateu sobre mim! Malditos sejam para sempre todos aqueles que foram parceiros da minha vida e parceiros do meu pecado!'

Pense nisso, ó pecador, e deixe seu coração endurecido se abrandar. Sempre que passares pelo cemitério do lugar onde vives, lembra-te de que talvez em breve sejas colocado ali para descansar na sepultura até à ressurreição geral. Por isso, faz bom uso do breve período da vida, para que sejas contado entre os justos e ressuscites com eles para a felicidade eterna, e não com os réprobos para os tormentos eternos. Reze frequentemente assim em seu coração: 'Ó meu Jesus, pela vossa infinita misericórdia, eu vos imploro, pela vossa amarga Paixão e morte e pelo Juízo Final, no qual sereis o Juiz de todo o mundo, concedei-me a graça de viver de tal maneira que, na ressurreição, eu possa ressuscitar na vossa alegria e não na vergonha da perdição. Amém'.

(Excertos da obra 'The Four Last Things - Death, Judgment, Hell and Heaven', do Pe. Martin Von Cochem, 1899; tradução do autor do blog)

domingo, 16 de novembro de 2025

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'O Senhor virá julgar a terra inteira; com justiça julgará(Sl 97)

Primeira Leitura (Ml 3,19-20a) - Segunda Leitura (2Ts 3,7-12) -  Evangelho (Lc 21,5-19)

  16/11/2025 - TRIGÉSIMO TERCEIRO DOMINGO DO TEMPO COMUM

A IGREJA DO FIM DOS TEMPOS


Eis um dia singular daqueles tempos ditosos em que Cristo andou pela terra dos homens: Jesus, os apóstolos e outras tantas pessoas caminhavam juntos, sob a vista esplêndida do Templo de Jerusalém que, erigido por Salomão como obra prima das grandes realizações humanas, era então o centro de peregrinação religiosa de todo o povo judeu. Mesmo abundantes na graça, alguns daqueles eram ainda homens de pouca fé: admiravam o templo físico portentoso da criatura, mas não percebiam o Templo de Deus vivo diante deles no caminho poeirento ao Monte das Oliveiras.

Jesus, ciente desse naturalismo extremo, vai confundi-los: 'Vós admirais estas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído' (Lc 21,6). Menos de quarenta anos depois, a terrível profecia de Jesus seria concretizada por completo. Mas aquelas pessoas, mesmo sob evidências tão claras, pensaram em termos dos fins dos tempos e Jesus, então, vai respondê-los, associando o acontecimento da destruição do Templo tão próxima com a consumação dos séculos, em tempos bem mais remotos: 'Cuidado para não serdes enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu!’ e ainda: ‘O tempo está próximo’. Não sigais essa gente! Quando ouvirdes falar de guerras e revoluções, não fiqueis apavorados. É preciso que estas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim' (Lc 8-9).

E Jesus val lhes falar não apenas dos sinais das guerras e das revoluções, mas também dos terremotos, das pestes, da fome, dos escândalos, de eventos extraordinários no céu. Mas todos estes serão apenas sinais precursores. Antes da grande tribulação, a Igreja e os filhos da Igreja serão caluniados, perseguidos e mortos: estes são os grandes sinais dos tempos do fim. A era das perseguições também deve ser a era dos mártires, a era das testemunhas fieis, dos herdeiros da graça, dos soldados de Cristo revestidos da armadura espiritual de São Paulo: 'Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé' (2 Tm 4,7).

Mas a Divina Providência vai interceder em favor do 'pequeno resto' porque, os perseverantes na fé e fieis a Cristo, que foram odiados por causa do seu nome, não perderão 'um só fio de cabelo da cabeça' (Lc 21, 18) pois Jesus assim o prometeu: 'É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!' (Lc 21, 19). A Igreja caluniada e perseguida, traída pelos seus próprios filhos, porque, muitas vezes, 'Sereis entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos, parentes e amigos' (Lc 21, 16), renascerá triunfante no embate final, pois nasceu de Cristo e, em Cristo, nasceu para a eternidade.