segunda-feira, 20 de outubro de 2025

TESOURO DE EXEMPLOS II (47/50)


47. SANTO ANTONIO DE PÁDUA E A CRUZ

Santo Antônio de Pádua, ainda menino, servia de acólito na igreja da Sé, em Lisboa. Um dia, estando no coro, apareceu-lhe o diabo em forma horrível. Ó menino, sem se amedrontar, fez devotamente o sinal da cruz na grade. O diabo fugiu no mesmo instante. A cruz ficou impressa no mármore, como se este fôra de cera.

48. MORREU COM OS BRAÇOS EM CRUZ

Em 1937, na perseguição comunista, uma distinta senhora de Málaga (Espanha) foi presa pelos vermelhos. Sabendo que ia morrer, entregou a uma companheira uns objetos de ouro que levava consigo escondidos, e disse-lhe: 'Isto é para o Exército espanhol'. 

Depois, despedindo-se, pediu a todos que lhe perdoassem suas culpas e subiu ao caminhão com outras sete senhoras, das quais três eram freiras. No momento de ser fuzilada, ajoelhou-se e, segurando com ambas as mãos o Crucifixo, gritou: 'Viva Cristo-Rei! Viva a Espanha!'

Os vermelhos arrancaram-lhe das mãos à viva força o Crucifixo e o atiraram com raiva ao chão. No momento, porém, da descarga, aquela santa senhora abriu os braços em cruz, a fim de morrer como o Redentor.

49. COMO MORRE UM AVARENTO

Em Paris, estava um velho avarento estendido em seu leito de agonia. Trabalhara sem cessar durante toda a vida, não só nos dias úteis mas também nos domingos e festas de preceito, e isso para amontoar riquezas e mais riquezas. A sua divisa parece ter sido esta: 'Ouro, por ti eu vivo; por ti eu morro!'

Como estava prestes a expirar, pediu que lhe colocassem nas mãos muitas moedas de ouro. Fizeram-lhe a vontade e, assim, expirou. As moedas rolaram pelo chão. Estava morto, afinal, o gozo do ouro... Em nós, deve morrer o pecado. É palavra de São Paulo: 'Nós, cristão, devemos estar mortos para o pecado'.

50. COMO PREGAVA SÃO VICENTE

São Vicente Ferrer percorria as casas em seu ardente apostolado por cidades e vilas. Quando sua voz cheia de santa unção ameaçava castigos ou prometia prêmios eternos, os ouvintes rompiam em soluços e de seus olhos brotavam lágrimas de arrependimento. Ninguém resistia à sua palavra de fogo. 

Uma vez teve de pregar diante de um senhor de muitas posses numa festa solene e aparatosa. São Vicente esqueceu-se naquele dia de beber em suas fontes costumeiras e consultou autores, folheou livros eruditos e preparou períodos eloquentes. O sermão saiu de seus lábios perfeito, magnífico.

Aquele grande senhor quis ouvi-lo de novo no dia seguinte. O santo, arrependido de sua vaidade da véspera, foi prostrar-se, como era seu costume, aos pés do Crucifixo, e preparou-se na meditação e na presença de Deus. Subiu ao púlpito e pregou. Sua palavra foi como sempre cheia de calor e de unção. 

Terminado o sermão, disse-lhe aquele senhor de muitas posses :
➖ Hoje gostei mais do seu sermão; o senhor falou com outra convicção e com outro ardor...
➖ Senhor - replicou humildemente o santo - ontem pregou Vicente, hoje pregou Jesus Cristo! Sapienti sat...

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos' - Volume II, do Pe. Francisco Alves, 1960; com adaptações)