sexta-feira, 21 de junho de 2024

PALAVRAS DE SALVAÇÃO

'Os homens receberam de Deus um poder que não foi dado aos anjos nem aos arcanjos. Nunca foi dito aos espíritos celestes: 'O que ligardes e desligardes na Terra será ligado e desligado no Céu'. Os príncipes deste mundo só podem ligar e desligar o corpo. O poder do sacerdote vai mais além; alcança a alma, e exerce-se não só em batizar, mas ainda mais em perdoar os pecados. Não coremos, pois, ao confessar as nossas faltas. Quem se envergonhar de revelar os seus pecados a um homem, e não os confessar, será envergonhado no Dia do Juízo na presença de todo o Universo'.

(São João Crisóstomo)  

quinta-feira, 20 de junho de 2024

ORAÇÃO DA CONFIANÇA EM DEUS


Não olheis para a frente com medo das mudanças e circunstâncias desta vida;
em vez disso, olhai para elas com plena confiança;
à medida que vão surgindo,
Deus, a quem pertenceis, no seu amor, permitir-vos-á tirar proveito delas.

Ele vos guiou até aqui na vida, 
e guiar-vos-á com segurança através de todas as provações;
e, quando não puderdes suportar, 
Deus vos acalentará em seus braços.

Não temais o que possa acontecer amanhã;
o mesmo Pai eterno que hoje está convosco
cuidará de vós nesse dia e em todos os dias.

Ele há de vos proteger do sofrimento,
ou vos dará uma força inabalável para o suportar.

Ficai, pois, em paz e deixai de lado
todos os vossos pensamentos e imaginações ansiosas.
Assim seja.

(São Francisco de Sales)

quarta-feira, 19 de junho de 2024

TESOURO DE EXEMPLOS (341/345)

 

341. O SENHOR MESMO O VERÁ

Um capelão da Escola Militar de Saint Cyr acabava de pregar sobre o inferno, quando um capitão ironicamente o interrogou:
➖ Padre, no inferno seremos assados, fritos ou cozidos?
➖ Capitão, o senhor mesmo o verá quando lá estiver.
O capitão riu-se da resposta, mas aquelas palavras não lhe davam sossego. Lutou cinco anos contra a sua incredulidade, mas por fim converteu-se.

342. CASTIGO DA IRA

Após a grande guerra, emigrou para a América um homem de Neusadeuz, na Galícia. Passados alguns anos sua esposa, que o tinha dado por morto, recebeu uma carta do ausente. Aberto o envelope, encontrou apenas o retrato e a assinatura do marido. Desenganada por não encontrar o que esperava, atirou ao fogo a fotografia. No dia seguinte recebeu outra carta do marido, avisando que, no quadro da fotografia, ela encontraria escondidos seiscentos dólares, auxílio que lhe enviava. Foi tamanha a tristeza daquela mulher, vítima de seu mau gênio, que logo depois faleceu.

343. AMOR AOS INIMIGOS

O arcebispo de Paris, Mons. Darboy foi preso e injustamente condenado a ser fuzilado pelos revolucionários de 1870. Enquanto aqueles desumanos lhe apontavam contra o peito os fuzis, gritou: 'Meus filhos, esperai um momento, que pela última vez vou dar-vos a bênção pastoral'. Ainda estava dando a bênção, quando uma descarga prostrou por terra o bondoso arcebispo.

344. BATISMO DE SANGUE

Santa Emerenciana, ainda catecúmena (portanto, ainda não batizada), ia orar junto ao sepulcro de Santa Inês. Ali a encontraram os pagãos e a mataram a pedradas. Pelo batismo de sangue, voou para o céu e a Igreja a venera como mártir, isto é, como santa.

345. QUANDO MUDARÁS DE VIDA?

São Tomás Moro disse muitas vezes a um libertino: 'Muda de vida, que já é tempo!', ao que o outro respondia: 'Não temas, amigo, em caso de morte repentina, tenho esta jaculatória: Perdão, Senhor!'

Uma vez, ao passar a cavalo sobre a ponte do rio Tâmisa, o cavalo empacou e atirou o infeliz ao rio, onde, não sabendo nadar, pereceu afogado. Os amigos, que o acompanhavam, ouviram-lhe as últimas palavras, que, por certo, não eram uma jaculatória, mas uma blasfêmia. Dirigindo-se ao cavalo disse: 'Que o diabo te carregue a ti e a mim!'

Com Deus não se brinca impunemente, diz São Paulo. Por isso é temerário pretender receber na hora da morte aquela graça que agora repeles e desprezas.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)

terça-feira, 18 de junho de 2024

INTROIBO AD ALTARE DEI


'Introibo ad altare Dei, ad Deum qui laetificat juventuten meam!

'Subo ao altar de Deus, o Deus que alegra minha juventude!'

(palavras iniciais do sacerdote, ao subir ao altar, antes de rezar a Missa na forma extraordinária do rito romano)

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Fazei-me justiça, ó Deus, e defendei minha causa contra uma nação ímpia. Livrai-me do homem doloso e perverso,

pois vós, ó meu Deus, sois a minha fortaleza; por que me repelis? Por que devo andar triste sob a opressão do inimigo?

Lançai sobre mim a vossa luz e fidelidade; que elas me guiem, e me conduzam ao vosso monte santo, aos vossos tabernáculos.

E me aproximarei do altar de Deus, do Deus de minha alegria e exultação. E vos louvarei com a cítara, ó Senhor, meu Deus!

Por que te deprimes, ó minha alma, e te inquietas dentro de mim? Espera em Deus, porque ainda hei de louvá-lo: Ele é minha salvação e meu Deus.

(Salmo 42)

segunda-feira, 17 de junho de 2024

A BELEZA SALVARÁ O MUNDO

(imagem gerada por IA, original de ChurchPop)

De toda a criação, Maria é a obra prima de Deus

domingo, 16 de junho de 2024

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Como é bom agradecermos ao Senhor' (Sl 91)

Primeira Leitura (Ez 17,22-24) - Segunda Leitura (2Cor 5,6-10) -  Evangelho (Mc 4,26-34)

  16/06/2024 - DÉCIMO PRIMEIRO DOMINGO DO TEMPO COMUM

29. O REINO DE DEUS 


No Evangelho deste Décimo Primeiro Domingo do Tempo Comum, Jesus utiliza-se de duas parábolas para explicitar às multidões o sentido maior do Reino de Deus no mundo, consubstanciadas na mesma ideia central do trabalho fecundo e silencioso das boas sementes lançadas em terra fértil que se desenvolvem para produzir muitos frutos. A semente do Evangelho deve ser convertida em apostolado e no reino militante da Santa Igreja Católica pelos caminhos do mundo.

A primeira parábola compara o Reino dos Céus à boa semente lançada em terra fértil: 'O Reino de Deus é como quando alguém espalha a semente na terra' (Mc 4, 26). Na terra que é o campo do Senhor, ou seja, o mundo, Deus planta sempre a boa semente, plena de fertilidade e capaz de produzir muitos frutos. E, enquanto todos dormem e se entregam aos seus afazeres cotidianos, a boa semente 'vai germinando e crescendo', produzindo folhas e grãos, e frutos que amadurecem e que geram outras muitas sementes. E eis que a terra boa de plantar torna-se então farta na colheita: pelas mãos dos homens e pela graça divina escondida no ventre da terra.

A segunda parábola compara o Reino dos Céus a uma minúscula semente de mostarda: 'O Reino de Deus é como um grão de mostarda que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes da terra' (Mc 4, 31). De fertilidade ímpar, a pequena semente produz um vigoroso arbusto, tão alto que as aves podem fazer ninhos em seus ramos: 'Quando é semeado, cresce e se torna maior do que todas as hortaliças, e estende ramos tão grandes, que os pássaros do céu podem abrigar-se à sua sombra' (Mc 4, 32). O Reino de Deus se desenvolve tal como a pequena semente: no escondimento, quase imperceptível na sua evolução, mas vigoroso e extraordinário na grandeza e dimensão dos seus frutos! O caminho da santificação é essencialmente simples e tranquilo, mas sempre impelido por uma torrente de bênçãos e graças.

O Reino de Deus é obra única e exclusiva do Pai. Nos mistérios insondáveis dos seus divinos desígnios, Deus arma a teia da vida e da propagação da civilização cristã através de um mundo conturbado que parece, por muitas vezes, querer abortar a semente lançada e conspurcar os seus frutos. Mas Deus utiliza de suas graças abundantes para fazer jorrar a água viva do Evangelho do chão rude e pedregoso talhado por uma humanidade pecadora e licenciosa das verdades eternas. Que o nosso propósito seja o de mostrar-nos ao Pai, não escondidos atrás das muralhas do nosso orgulho e das nossas vaidades, mas como frágeis vasos de argila, expostos como instrumentos dóceis à ação da graça divina para praticarmos sempre o bem, de forma generosa e perseverante. Supliquemos a Deus a graça de sermos fecundos nesta semeadura, deixando a Ele, e somente a Ele, a tarefa de colher os frutos dos nossos pequenos trabalhos e obras, de acordo com a sua Santa Vontade.

sábado, 15 de junho de 2024

O DOGMA DO PURGATÓRIO (LXXXIII)

Capítulo LXXXIII

Razões de Justiça - As Lágrimas Infrutíferas para as Almas do Purgatório - O Exemplo de Santa Margarida de Cortona

Acabamos de falar da obrigação de justiça que incumbe aos herdeiros a execução de legados piedosos. Há um outro dever de estrita justiça que diz respeito aos filhos: estes são obrigados a rezar pelos pais falecidos. Reciprocamente, os pais são obrigados, por direito natural, a não esquecer perante Deus os seus filhos que os precederam na eternidade. Infelizmente, há pais que permanecem inconsoláveis pela perda de um filho ou de uma filha querida e que, em vez de rezarem por eles, não lhes dedicam senão lágrimas infrutíferas. Ouçamos o que diz Tomé de Cantimpre sobre este assunto; o fato ocorreu na sua própria família.

A avó de Tomé tinha perdido um filho em quem depositava as suas maiores esperanças. Dia e noite chorava por ele e recusava toda a consolação. No excesso de sua dor, esqueceu-se do grande dever do amor cristão e não pensou em rezar por aquela alma que lhe era tão cara. O infeliz objeto desta estéril ternura definhava entre as chamas do Purgatório, sem receber qualquer alívio nos seus sofrimentos. Finalmente, Deus teve piedade dele. Um dia, quando estava mergulhada nas profundezas da sua dor, esta mulher teve uma visão milagrosa. Viu, numa bela estrada, um cortejo de jovens, belos e radiantes como anjos, que avançavam cheios de alegria para uma cidade magnífica. Compreendeu que eram almas do Purgatório que faziam a sua entrada triunfal no Céu. Olhou para eles, ansiosamente, para ver se, entre as suas fileiras, não encontraria o seu filho. Infelizmente, ele não estava lá. Então, ele apareceu muito atrás dos outros, triste, sofredor e fatigado, com as vestes encharcadas de água. 'Ó meu querido, objeto da minha dor' - disse ela - 'como é possível que fiques atrás dessa procissão radiante? Gostaria de te ver à frente destes teus companheiros'.

'Mãe' - respondeu ele em tom queixoso - 'são essas tuas lágrimas que derramas sobre mim que umedecem e encharcam as minhas vestes e que retardam a minha entrada na glória do Céu. Deixa-te abandonar a uma dor cega e inútil. Abre o teu coração a sentimentos mais cristãos. Se me amas verdadeiramente, alivia-me nos meus sofrimentos; aplica-me algumas indulgências, reza orações, dá esmolas, obtém para mim os frutos do Santo Sacrifício da Missa. É por este meio que provareis o vosso amor, pois assim me livrareis da prisão onde definho e me levareis para a vida eterna, que é muito mais desejável do que a vida terrestre que me destes'. Então, a visão desapareceu e a mãe, assim admoestada e reconduzida aos verdadeiros sentimentos cristãos, em vez de se entregar a uma tristeza desmedida, aplicou-se à prática de toda boa obra que pudesse aliviar e socorrer a alma de seu filho.

A grande causa desse esquecimento, dessa indiferença, dessa negligência culpada e dessa injustiça para com os mortos é a falta de fé. Pois não vemos que os verdadeiros cristãos, aqueles animados por um espírito de fé, fazem os mais nobres sacrifícios em favor de seus amigos que partiram? Descendo em espírito às chamas penais, contemplando ali os rigores da justiça divina, ouvindo a voz dos mortos que imploram a sua compaixão, não pensam senão em aliviar essas pobres almas e consideram como seu dever mais sagrado obter para os seus pais e amigos defuntos todos os sufrágios possíveis, segundo os seus meios e condições. Felizes os cristãos que demonstram a sua fé pelas suas obras e que são misericordiosos pois, por sua vez, obterão misericórdia.

A Beata (Santa) Margarida de Cortona foi inicialmente uma grande pecadora mas, depois de sua conversão, apagou as suas desordens passadas com grandes penitências e obras de misericórdia. A sua caridade para com as pobres almas não tinha limites; sacrificava tudo tempo, repouso e as satisfações, para obter de Deus onipotente a sua libertação. Compreendendo que a devoção para com as almas santas, quando bem orientada, tem como primeiro objetivo os nossos pais, sendo o seu pai e a sua mãe falecidos, nunca deixou de oferecer por eles as suas orações, mortificações, vigílias, sofrimentos, comunhões e as missas a que tinha a felicidade de assistir. Em recompensa da sua piedade filial, Deus revelou-lhe que, com todas as suas orações, havia sido abreviado o longo período de sofrimento que os seus pais teriam de suportar no Purgatório e que, assim, ela havia obtido a libertação antecipada das almas dos seus pais para a glória eterna no Paraíso.

Tradução da obra: 'Le Dogme du Purgatoire illustré par des Faits et des Révélations Particulières', do teólogo francês François-Xavier Schouppe, sj (1823-1904), 342 p., tradução pelo autor do blog.