quarta-feira, 14 de julho de 2021

PALAVRAS DE SALVAÇÃO

'Sem uma paixão, nada se alcança: a vida não tem um objetivo; arrasta-se uma vida inútil! Pois bem, na ordem da salvação, é necessário sentir também uma paixão que nos domine e faça produzir, para a glória de Deus, todos os frutos que o Senhor espera. Ame apaixonadamente tal virtude, tal verdade, tal mistério. Dedica-lhe a sua vida, consagra-lhe os seus pensamentos e trabalhos; sem isso, nunca alcançarás nada. No Juízo, Nosso Senhor nos censurará por seu amor. 'Você me amou menos que as criaturas! Você não fez de Mim a felicidade da sua vida! Você me amou o suficiente para não Me ofender mortalmente; mas não para viver de Mim!' Haverá quem diga: 'Que exagero!' Mas o que é o amor senão exagero? Exagerar é ir além da lei; pois bem, o amor deve exagerar!'.

(São Pedro Julião Eymard) 

terça-feira, 13 de julho de 2021

A VIDA OCULTA EM DEUS: OS 'TEMPOS MENORES' DA UNIÃO E AS NOVAS BUSCAS DE DEUS


A intimidade consciente da alma com Deus não se mantém constantemente no seu grau mais elevado. Com efeito, embora em certos momentos esteja muito viva, geralmente tende a ser bastante latente, oclusa, semiconsciente. Em uma palavra, ainda não é perfeita. Nestes longos momentos que poderiam ser chamados de 'tempos menores' da vida interior, a união ainda continua existindo. Deus ainda é o bem da alma e a alma ainda é o bem de Deus. Deus não duvida da alma, assim como a alma não duvida de Deus. Em ambos os lados existe ainda a fidelidade mais sensível.

E, no entanto, às vezes Deus parece se afastar. Se alguém perguntar ao interior da alma: 'Onde está o teu Deus? Ele não te abandonou?', ela responderia com toda a sinceridade do seu coração: 'É verdade que já não sinto mais tanto a sua presença comigo, mas ele não me abandonou. Na verdade, sei onde está e o que faz: pastoreia entre lírios'. Pois Jesus tem outras ovelhas que ama e que cuida. E eles constituem o seu rebanho.

Mas Deus continua a se ocultar e as horas vão passando. A esperança persiste viva em nossos corações. Uma vez que Deus se esconde, não há que se procurá-lo? E se Ele continua se escondendo, como é seu direito, não devemos buscá-lo sempre e continuamente como nosso dever? A alma interior deve então, mais do que tudo, proclamar muito alto e sinceramente, apesar disso lhe custar tanto, o direito de seu Deus dedicar-se a ela quando e como quiser.

Há bem pouco bastaria à alma recolher-se, e mirar-se no íntimo de si mesma, para aí encontrar o seu Deus e deleitar-se da paz e da alegria da sua presença e da sua posse. Mas eis que agora, não importa o quanto faça para retomar aquela intimidade interior que é como a fonte do repouso para estar com 'Aquele a quem o seu coração ama', ela não o possui e não o encontra, porque Deus assim o quer. Momentos dolorosos da vida interior, em que parece que as graças de outrora nada mais foram do que um raio que se desfez na noite e que nunca mais voltará a brilhar! Se a força divina não a sustentasse sem que ela soubesse e se a paz, uma paz profunda, não desse a certeza de que está tudo bem mesmo assim, a alma interior tenderia a abandonar a sua busca e prostraria desanimada. Mas não é isso que devemos fazer: devemos perseverar sempre!

A alma interior não pode resignar-se à ausência de Deus. Ela o procurou onde o encontraria, onde Ele se dignava a dar-se a ela, isto é, no íntimo de si mesma, mas foi em vão. O que fazer então? Ficar na inação estéril não é possível. O amor que não age não é verdadeiro. Se o Amado não vem à alma, a alma deve ir a Ele. Levantar-me-ei e andarei pela cidade, procurando o Amado da minha alma. Mas onde pode estar? Qual direção tomar para encontrá-lo? Ele não pode estar senão nesta cidade que é a sua, a cidade de Deus: 'Se percorrêssemos toda a cidade, se visitássemos todas as praças e todas as ruas da cidade, uma a uma, por acaso não o encontraríamos?'

E é assim que começa aquela busca incessante. A alma interior busca encontrar Aquele a quem ama no Céu, mais do que em qualquer outro lugar, pois é lá que Ele mora. E lá descortina tudo e lá percorre por todos os caminhos. Ela implora aos anjos e aos santos, e especialmente à Bem-aventurada Virgem Maria, que os façam encontrar o seu Deus. E todos a ouvem com gentileza e se solidarizam com ela. Eles a encorajam a perseverar. Mas, aparentemente, todos seguem uma ordem comum para se calarem. O silêncio deles é como um véu que envolve e recobre o Santo dos Santos. A alma compreende, então, que, apesar de seu forte desejo e insistência, esse véu não será desvelado. Vós sois um Deus oculto, ó meu Deus! Só Vós podeis iluminar as trevas e revelar-se à alma que o ama. Quando o fareis?

A alma então se volta para as almas do Purgatório. Talvez elas possam lhe dizer onde está o seu Deus e como fazer para encontrá-lo. Mas, infelizmente, também não tem melhor sorte com elas. 'O mal que padeces' - respondem estas almas - 'é o mesmo que sofremos. Não nos preocuparíamos com o fogo que nos atormenta se possuíssemos Aquele que também amamos. O que aumenta a nossa dor, tal como aumenta a sua, é que não sabemos quando esse Deus, tão justo e tão bom mesmo em seus rigores, se dignará a se mostrar finalmente a nós. Parece-nos que esse 'mal de amor' nunca vai ter fim. Pobre alma, que busca se acolher em quem lhe é ainda mais infeliz! Se o nosso Deus dignar-se a lhe devolver a alegria da sua doce presença, lembre-se de nós e suplique a Ele que venha nos encontrar também o mais rápido possível'. 

É preciso, portanto, voltar à terra e bater à porta daquelas almas que sabemos estar mais perto de Deus. Normalmente elas também se escondem. Mais que tudo, elas escondem cuidadosamente o segredo de suas vidas, mas percebemos quem são. Meio que adivinhamos quem são. E, discretamente, com receio de que nos afastem, as interrogamos: 'Como descobrir onde Deus se esconde? Como atrair sobre nós a presença de um Deus tão bom? Como podemos manter a sua presença em nós? Como trazê-lo à nossa volta se está longe? Certamente há uma  forma de acessá-lo e conquistá-lo. Quem poderia e gostaria de me ensinar isso? Queria tanto aprender e pagaria tudo para saber como! Quem se sensibilizaria por mim? Quem iluminaria o meu caminho, quem compartilharia esse segredo, quem me daria todas as respostas? Quem me permitiria, enfim, buscar e finalmente encontrar o meu Deus?' Todas essas perguntas permaneceriam sem resposta. Pois mesmo as almas mais santas seriam impotentes enquanto Deus não quiser fazer este encontro. E a alma desolada continuaria assim repetindo o grito doloroso do seu coração: 'Procurei por Deus e não o encontrei'.

Deus quer que a alma interior se submeta humildemente, como uma criança, àqueles que o representam legitimamente nesta terra. Ele permanece esperando por este último ato para recompensar todos os atos da alma de uma só vez. Por outro lado, a Deus agrada intervir quando toda a esperança parece perdida e, assim, manifestar a sua onipotência. Quer que tenhamos bem em conta que Ele é livre para dar quando e como quiser. A alma não ignora isso. E assim deixa ao seu Deus o cuidado e a hora de manifestar a sua recompensa. Enquanto isso, continua a sua caminhada e a sua busca incessante, até que o seu desejo seja enfim concedido. E, de repente, a alma encontra-se face a face diante de Deus. E, tal como outrora Maria Madalena, ouve também ser chamada pelo nome e, então, não é capaz de exclamar nada mais do que uma única frase: 'Meu Deus!'

Que alegria então, meu Deus, quando uma alma que Vos buscou por tanto tempo e com tanta dor, finalmente Vos encontrasse! Se fosse dada a pensar racionalmente, nem seria capaz de acreditar em tal coisa! Mas nem tem tempo para isso. A presença de Deus a imobiliza e, de certa forma, também o seu próprio pensamento. Deus aí está. O olhar da alma está posto em Deus, somente em Deus, fixado em Deus e por Deus cativado. Ó como é bom e suave contemplar-Vos, ó meu Deus, 'beleza sempre antiga e sempre eterna'! E, Vos contemplar, ainda que de forma imperfeita e velada no desterro dessa vida, já não é Vos possuir? É isso que experimenta a alma bem aventurada quando Deus se digna a aparecer a ela: parece que, verdadeiramente, contemplar-Vos já é possuir-Vos! E isso não é uma ilusão do seu coração.

(Excertos da obra 'A Vida Oculta em Deus', de Robert de Langeac; Parte II -  A Ação de Deus; tradução do autor do blog)

domingo, 11 de julho de 2021

EVANGELHO DO DOMINGO

'Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade, e a vossa salvação nos concedei!' (Sl 84)

 11/07/2021 - Décimo Quinto Domingo do Tempo Comum

33. A MISSÃO DOS APÓSTOLOS

Em Nazaré, Jesus não pôde realizar milagre algum. Ali, foi rejeitado e caluniado pelos seus próprios conterrâneos, movidos pelos escrúpulos humanos dos mistérios da iniquidade. Pois foi dessa mesma Nazaré da incredulidade humana, que Jesus moveu os seus discípulos à missão de um apostolado universal, de forma a levar a Boa Nova a todas as criaturas, a todos os povos e a todas nações: 'Toda a autoridade me foi dada no céu e sobre a terra. Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei!' (Mt 28, 18 - 20). Provavelmente para enfatizar a todos eles a dureza da missão que lhes era confiada: as sementes devem ser lançadas, os frutos dependerão da acolhida do coração humano.

Jesus escolheu Doze Apóstolos para esta missão universal. No simbolismo dos números bíblicos, doze é o número da perfeição: 'Sede perfeitos como vosso Pai é perfeito’ (Mt 5, 48). E os enviou 'dois a dois' (Mc 6,7) para que cada um deles tivesse no outro a contrapartida da fortaleza, da vigilância e da perseverança para o pleno cumprimento de uma missão particularmente difícil: 'Eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos (Mt 10, 16). E Jesus os exorta, nesta missão, a uma plena disposição de alma, a uma entrega absoluta nas mãos da Providência: 'Recomendou-lhes que não levassem nada para o caminho, a não ser um cajado; nem pão, nem sacola, nem dinheiro na cintura. Mandou que andassem de sandálias e que não levassem duas túnicas' (Mc 6, 8 - 9). E lhes deu o dom da cura e o 'poder sobre os espíritos impuros' (Mc 6, 7) 

Não é preciso levar alforge ou vestimenta especial, apenas a entrega complacente à Santa Vontade de Deus. É imperioso o serviço da vocação; os frutos pertencem aos ditames da Providência. O reino de Deus deve ser proclamado para todos, em todos os lugares, mas a Boa Nova será recebida com jubilosa gratidão num lugar ou indiferença profunda em outro; aqui vai gerar frutos de salvação, mais além será pedra de tropeço. Em outros lugares ainda, será rejeitada simplesmente e, nestes, a sentença não será velada: 'Se em algum lugar não vos receberem, nem quiserem vos escutar, quando sairdes, sacudi a poeira dos pés, como testemunho contra eles!' (Mc 6, 11).

Eis a síntese do apostolado cristão para os homens de sempre: anunciar o Evangelho de Cristo ao mundo inteiro. Ser missionário e se fazer apóstolo, aí estão as marcas de identidade de um cristão no mundo. De todos os cristãos: os primeiros doze apóstolos, os outros setenta e dois, os cristãos de todos os tempos, eu e você. Como cordeiros entre lobos, como emissários da paz entre promotores das guerras, os cristãos estão no mundo para torná-lo um mundo cristão. O apostolado começa com o bom exemplo, expande-se com o amor ao próximo, multiplica-se pela caridade. E ainda que fôssemos capazes de domar a natureza e realizar prodígios, a felicidade cristã não está nos eventos temporais aqui na terra, mas na Eterna Glória daqueles que souberam combater o 'bom combate' (2Tm 4,7).

sábado, 10 de julho de 2021

A CRUZ QUE SE LEVA É LENHO DE SANTIDADE (I)


Palavras de Jesus a Santa Gemma Galgani:

'Sabe, minha filha, por que gosto de mandar cruzes às almas que me são queridas? Porque desejo possuir a sua alma por inteiro e, por isso, a cerco de cruzes e a envolvo nas tribulações, para que não escape de minhas mãos; e, por isso, envolvo suas atividades em espinhos, para que ela não se apegue a ninguém, mas sinta todo o contentamento somente em mim. É a única maneira de vencer o demônio e alcançar a salvação: minha filha, quantos teriam me abandonado se eu não os tivesse crucificado! A cruz é um presente precioso demais, e muitas virtudes são aprendidas com ela!'

sexta-feira, 9 de julho de 2021

O DOGMA DO PURGATÓRIO (XI)

Capítulo XI

A Dor do Sentido: Tormento do Fogo e Tormento do Frio - Venerável ​​Beda e a Ressurreição de Drithelm

Se a dor da perda não nos causa senão uma fraca impressão, é muito diferente em relação à dor dos sentidos; o tormento do fogo ou a tortura de um frio cortante e intenso apavoram a nossa sensibilidade. É por isso que a Divina Misericórdia, desejando despertar um santo temor em nossas almas, fala pouco da dor da perda, mas continuamente nos é mostrado o fogo, o frio e outros tormentos, que constituem a dor dos sentidos. Isso é o que vemos no Evangelho, e em revelações particulares, pelas quais Deus se grada em manifestar aos seus servos de vez em quando os mistérios da outra vida. Vamos mencionar uma dessas revelações. Em primeiro lugar, vejamos o que o piedoso e erudito Cardeal Belarmino cita do Venerável Beda

A Inglaterra foi testemunha em nossos dias, escreve Beda, de um prodígio singular, que pode ser comparado aos milagres dos primeiros tempos da Igreja. Para estimular os vivos a temer a morte da alma, Deus permitiu que um homem, depois de ter dormido o sono da morte, voltasse à vida e revelasse o que tinha visto no outro mundo. Os detalhes terríveis e inéditos que ele relata, e sua vida de extraordinária penitência, que correspondeu às suas palavras, produziram uma impressão viva em todo o país. Vou agora retomar as principais circunstâncias desta história. 

Havia em Northumberland um homem chamado Drithelm que, com a sua família, levava uma vida cristã. Ele adoeceu em com a sua enfermidade aumentando a cada dia, entrou em estado terminal e morreu, para grande desolação e tristeza de sua esposa e filhos. Velaram toda a noite em lágrimas diante dos seus restos mortais mas, no dia seguinte, antes do seu enterro, eles o viram de repente voltar à vida, levantar-se e colocar-se em uma postura sentada. Ao ver isso, foram tomados de tanto medo que todos fugiram, com exceção da esposa, que, tremendo, ficou sozinha com o marido ressuscitado. 

Ele a tranquilizou imediatamente: 'Não tema', disse ele, 'É Deus quem me restaura a vida. Ele deseja mostrar, na minha pessoa, um homem ressuscitado dos mortos. Ainda tenho muito tempo para viver nesta terra, mas a minha nova vida será muito diferente daquela que levei até agora'. Então, ele se levantou cheio de saúde, foi direto para a capela ou a igreja do lugar, e ali permaneceu muito tempo em oração. Ele voltou para casa apenas para se despedir daqueles que lhe eram queridos na terra, aos quais declarou que viveria apenas para se preparar para a morte, e os aconselhou a fazer o mesmo. 

Em seguida, dividiu a sua propriedade em três partes, dando uma para os seus filhos, outra para a sua esposa e reservou a terceira parte para dar em esmolas. Depois de ter distribuído tudo aos pobres e ficar reduzido à indigência extrema, foi bater à porta de um mosteiro e implorou ao abade do lugar que o recebesse como religioso penitente, que ele se tornaria o servo de todos os outros. O abade reservou-lhe uma cela isolada, a qual ocupou pelo resto de sua vida. Três exercícios dividiam o seu tempo - oração, o trabalho mais difícil e penitências extraordinárias. Os jejuns mais rigorosos ele considerava como nada. No inverno, ele mergulhava em água congelada e permanecia ali por horas e horas em oração, enquanto recitava todo o Saltério de Davi.

A vida mortificada de Drithelm, seus olhos sempre abaixados e até mesmo as suas feições indicavam uma alma atingida pelo medo dos julgamentos de Deus. Ele manteve um silêncio perpétuo mas, ao ser pressionado a relatar, para a edificação dos outros, o que Deus havia manifestado a ele após sua morte, ele assim descreveu sua visão:

'Ao deixar o meu corpo, fui recebido por uma pessoa benevolente, que me acolheu. Seu rosto estava brilhante e ele parecia rodeado de luz. Ele me levou a um grande vale profundo e de imensa extensão, que tinha fogo de um lado e era todo gelo e neve do outro; de um lado braseiros e caldeirões de fogo e, de outro, o frio mais intenso e o sopro de um vento glacial. Este vale misterioso estava cheio de inúmeras almas, que, sacudidas como por uma furiosa tempestade, eram jogadas de um lado para o outro. Quando não podiam mais suportar a violência do fogo, buscavam alívio em meio ao gelo e à neve mas, encontrando ali apenas uma nova tortura, lançavam-se novamente no meio das chamas.

Eu contemplei em estupor essas vicissitudes contínuas de tormentos horríveis e, até onde a minha vista podia se estender, não vi nada além de uma multidão de almas que sofriam sem ter repouso algum. Os aspectos delas me inspiraram medo. A princípio, pensei tratar-se do inferno, mas meu guia, que caminhava diante de mim, voltou-se para mim e disse: 'Não; este não é, como você pensa, o inferno dos réprobos. Você sabe' - continuou ele - 'que lugar é este?' 'Não', respondi. 'Saiba', ele resumiu, 'que este vale, onde você vê tanto fogo e tanto gelo, é o lugar onde permanecem as almas daqueles que, durante a vida, negligenciaram confessar os seus pecados, e que adiaram a sua conversão até o fim. Graças a uma misericórdia especial de Deus, eles tiveram a felicidade de se arrepender sinceramente antes da morte, de confessar e detestar os seus pecados. É por isso que eles não estão condenados, e no grande dia do julgamento entrarão no Reino dos Céus. Vários deles, entretanto, vão alcançar a sua libertação antes desse tempo final, pelos méritos de orações, esmolas e jejuns, oferecidos em seu favor pelos vivos, e especialmente, em virtude do Santo Sacrifício da Missa oferecido para o alívio de suas almas'.

Assim foi a descrição feita por Drithelm. Quando perguntado por que ele tratou seu corpo tão rudemente e por que havia mergulhado na água congelada, ele respondeu que tinha visto tormentos e frio de outro tipo. Quando os seus irmãos expressavam surpresa por ele poder suportar tais austeridades extraordinárias, ele respondia ter visto 'penitências muito mais excruciantes'. Até o dia em que aprouve a Deus chamá-lo para si em definitivo, não cessou de afligir o seu corpo e, ainda que alquebrado pela idade, nunca aceitava nenhum tipo de alívio.

Este evento produziu uma sensação profunda na Inglaterra; um grande número de pecadores, tocados pelas palavras de Drithelm e atingidos pela austeridade de sua vida, converteram-se sinceramente. Este fato, acrescenta Belarmino, parece-me de verdade incontestável, pois, além de estar conforme às palavras da Sagrada Escritura que diz que 'os mortos passam das águas da neve ao calor do fogo abrasador' (Jó, 24, 19), o Venerável Beda relata o fato como sendo recente e evento bem conhecido. Mais do que isso, seguiu-se ao mesmo a conversão de um grande número de pecadores, sinal da obra de Deus, que costuma fazer prodígios para produzir frutos nas almas.

Tradução da obra: 'Le Dogme du Purgatoire illustré par des Faits et des Révélations Particulières', do teólogo francês François-Xavier Schouppe, sj (1823-1904), 342 p., tradução pelo autor do blog)

PARA VIVER A DIVINA MISERICÓRDIA UM DIA POR SEMANA⁹

 

Ó Sangue e Água que jorrastes do Coração de Jesus como fonte de misericórdia para nós,
eu confio em Vós!

'Fala ao mundo da Minha Misericórdia, que toda a humanidade conheça a Minha insondável misericórdia. Este é o sinal para os últimos tempos; depois dele virá o dia da justiça. Enquanto é tempo, recorram à fonte da Minha Misericórdia'

Intenção do Dia - Nona Semana

levar a nossa cruz com paciência e resignação

Ó meu Jesus de infinita misericórdia / ajudai-me a levar a minha cruz / com paciência e resignação perfeita / pelos caminhos do mundo rumo ao Céu