Amanhã tem início a Quaresma de 2021, marcada e inserida em tempos particularmente difíceis e angustiantes para a humanidade. Eis o tempo da conversão, eis o tempo precioso e uma oportunidade única para uma verdadeira conversão e para uma vivência segura e consciente da nossa fé cristã. O blog apresenta nesta semana três profundas reflexões sobre este período singular, profundamente distintas do arrazoado ecumênico atual que tanto camufla e entorpece a doce doutrina de Cristo. Na aba lateral, são indicadas várias outras reflexões que são bastante características para este período de oração e penitência, listadas sob o título 'Leituras para os Tempos da Quaresma'. Boas leituras e ótimas reflexões a todos para que sejamos cristãos autênticos e fieis servidores da Santa Igreja de Cristo!
terça-feira, 16 de fevereiro de 2021
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021
HISTÓRIAS QUE OUVI CONTAR (XXI)
Eis a visão que tive em Matspo naquele crepúsculo inglório: pensei ter visto milhares e milhares - milhões de milhões - de formigas movendo como um organismo único e flexível sobre uma encosta gigantesca. O exército colossal de formigas se arremetia sobre uma planície aberta ao pé da encosta, enquanto se nutria e continuava, sem lacuna alguma, de novas frentes tremendas que afluíam e se projetavam, em hordas repentinas e sucessivas, sobre o alto da colina que engolia por completo o horizonte. Não havia céu, nem sol, nem nuvens, nem terra: apenas a dimensão ilimitada da visão única diante dos meus olhos, como uma visão apocalíptica do nada.
Estava eu em algum ponto indefinido e a tal distância da colina que me era impossível discernir quaisquer elementos ou especificidades da visão: tudo era um borrão cinematográfico onde a única percepção possível era a de um movimento singular e absolutamente regular de uma massa que nascia, deslizava e se espraiava numa avalanche controlada e que avançava em velocidade incalculável em minha direção. Não se viam formigas, nem grupos de formigas, nem divisões formadas por formigas; o que se via era o todo como se não houvesse partes e nem frações movendo como um organismo em tsunami diante dos meus olhos petrificados nas órbitas.
Havia alguma coisa - ou alguém? - ao meu lado, um pouco atrás de mim, e essa sensação era tão forte e tão sensível quanto a própria visão. Mas, como meus olhos, meu corpo estava imobilizado de qualquer vontade ou reação. Meu corpo se resumia nos meus olhos fixados na avalanche desmedida que se empurrava contra mim num cenário descomunal: sem saídas, sem rotas de fuga, sem alternativa alguma, sem refúgio possível, sem uma mínima possibilidade de me curvar, virar, deitar, correr ou fugir. E aquilo vinha, em velocidade inimaginável, diretamente na minha direção.
Eu e meu corpo morto tínhamos apenas uma posse: a visão do infinito contra um ponto no vazio. E ainda mais, a certeza de algo ou alguém do meu lado, cuja presença me era óbvia e sensível, mas cujo significado não detinha qualquer explicação ou percepção. A nuvem começou a ter então espasmos de sombras, o volume passou a assumir contornos finitos e ovalados. E eu comecei a ter as dores do parto medonho do medo. Aquilo era muito além do pesadelo mais tenebroso que ousasse imaginar.
Minhas retinas gemeram de pavor quando simplesmente compreendi que as formas em movimento - as milhões de formas em movimento ordenado - não eram formigas! Não eram formigas e nem eram bandos ou manadas de animais desembestados em fúria colina abaixo: eram... fetos! Fetos, milhões e milhões de fetos, unidos como organismo vivo numa procissão horripilante. Milhões de fetos abortados, milhões de fetos que nunca nasceram, milhões e milhões de fetos que foram criados mas que nunca viveram. Eu sabia tudo sobre eles, como médico; eles sabiam tudo sobre mim, como vítimas das dezenas e dezenas de abortos que fizera.
A multidão dos não nascidos agora transformada num plasma vivo de extensão infinita vinha sobre mim, com um juízo mais pesado que montanhas de chumbo. E agora eu percebia que não havia alguém apenas do meu lado mas, ainda que não pudesse me virar, pressenti a multidão de homens e mulheres atrás de mim, enfileirados como estátuas preenchidas de vazio e de pavor, todos vivos apenas para a visão dos mortos. E, mais do que nunca, com o brilho do cristal de maior pureza, tive a certeza absoluta de que havia uma encosta íngreme atrás de mim e um abismo sem fim ao final da encosta. E que aquele abismo seria preenchido por estátuas de vazio e de pavor.
('Histórias que Ouvi Contar' são crônicas do autor deste blog)
domingo, 14 de fevereiro de 2021
EVANGELHO DE DOMINGO
12. 'EU QUERO, FICA CURADO!'
sábado, 13 de fevereiro de 2021
O MILAGRE DA EVACUAÇÃO DE DUNQUERQUE
'Estive no canal da Mancha, e é um braço de mar difícil. Para mim, o primeiro milagre de Dunkirk foi o clima. O que tornou tudo possível foi essa ridícula aparência de mar calmo, como o Canal nunca é. Não foi tão absurdo Hitler acreditar que a evacuação não teria como ser bem-sucedida: quem poderia esperar que alguém fosse conseguir atravessar o canal em um barco a remo?' [Joshua Levine, autor do livro].
Durante a filmagem, uma tempestade danificou o molhe reconstruído [especialmente para o filme] e arrancou a passarela de madeira no topo. 'O mar é poderoso'', contou Nathan [Nathan Crowley, produtor de design do filme], 'foi o que descobrimos. Foi uma grande preocupação'. Nosso engenheiro da Warner Brothers disse: 'É uma estrutura incrível, mais forte do que a maioria dos cais permanentes em que já estive'. Mas, como era uma estrutura aberta, as ondas bateram embaixo e arrebentaram as tábuas'...Chris [Cristopher Nolan, diretor do filme] e sua equipe não tiveram o bom tempo milagroso da evacuação, mas, se não ficaram satisfeitos historicamente, conseguiram satisfação artística: 'Tempo ruim fica muito melhor no filme', explicou Nathan, 'ter o sol no cinema não é bom, embora fosse mais historicamente verdadeiro'.
A Luftwaffe, que foi impedida pelas condições climáticas naquele 28 de maio, também saiu prejudicada na manhã seguinte, cheia de nuvens baixas. Goering [Hermann Göring, comandante da Luftwaffe] ficou furioso mas, apesar de todo o seu poder, não conseguia fazer retroceder as nuvens. Entretanto, uma melhora no clima, ao meio-dia, permitiu que os alemães lançassem ataques maciços consecutivos, dois dos quais não encontraram resistência. Foi o dia em que o Crested Eagle afundou, bem como muitos outros navios, e o molhe foi erroneamente abandonado durante várias horas...
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021
TESOURO DE EXEMPLOS (49/51)
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021
CAMPANHA DA ANTI-FRATERNIDADE 2021
'por falta de pastor foram minhas ovelhas entregues à pilhagem, e serviram de pasto às feras, pois os meus pastores não têm o mínimo cuidado com elas' (Ez 34, 8)