quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

SOMOS TEMPLOS DO ESPÍRITO SANTO

O Espírito Santo não vem tão somente honrar-nos com a sua presença, mas é também portador de um incomparável tesouro; é ele próprio este tesouro, ou antes, não é ele apenas um tesouro, mas o penhor de um tesouro ainda maior. Assim como agora gozamos do Espírito Santo, na doçura de seu amor, um dia desfrutaremos do Pai e do Filho em sua natureza e sua glória divina. Diz o Apóstolo: 'É ele o penhor de nossa herança' (Ef 1, 14). Como tal herança se confunde com Deus, não pode também o seu penhor deixar de ser Deus. Somente uma garantia divina pode assegurar-nos uma herança divina e dar-nos antecipadamente o gozo de Deus.

Ah! que pouco caso fazemos do valor deste tesouro, da esperança que nos fornece semelhante penhor divino! Mal nos esforçamos por apreciá-lo! Só gozamos do Espírito Santo, espírito de amor divino, na medida em que recebemos, este mesmo amor. Quanto mais o amamos, tanto mais de nós se aproxima; quanto mais se introduz ele em nossa alma, mais experimentamos sua celestial doçura, mais crescem em nós o desejo e a confiança de possuir, um dia, não apenas o penhor, a garantia, mas ainda o tesouro de Deus integralmente. Ao contrário, se não cultivarmos este amor, seremos nós culpados de não percebermos em nossa alma a presença do Espírito Santo, até merecermos perdê-lo.

Não o permita Deus. Se não aprecias a presença do Espírito Santo em tua alma, atrais sobre ti a maior desventura e lhe causas a mais grosseira injúria. Se um rei da terra resolvesse recolher-se à casa de um pobre, não é verdade que cometeria este uma revoltante injúria não o querendo receber, ou, se tendo-o recebido não quisesse dele cuidar, ou o expulsasse de sua casa? Pois bem, com teu proceder indiferente e de desprezo, dizes ao Espírito de Deus: 'Não venhas à minha casa!' Assemelhas-te aos homens de que fala Jó: 'Consideram o Onipotente como alguém que nada pode, enquanto é ele que cumula de bens as suas casas'.

O Espírito Santo vem a ti para se dar a ti, para fazer-te feliz. Vem na qualidade de Amo e de Senhor, para tomar posse de ti, como de seu templo. Fala o Apóstolo: 'Ignorais serdes templos do Espírito Santo que recebestes de Deus, e não vos pertenceis a vós mesmos?' Recebestes o Espírito Santo, estais consagrados, como se fôreis seu templo, a ele pertenceis. Quanto fizerdes devê-lo-eis dirigir em sua honra, cumprindo ser tudo digno dele. Não servireis a outros deuses ao mesmo tempo que a ele, nem profanareis o templo do verdadeiro Deus. 'Porquanto que há de comum' - diz o Apóstolo - 'entre o templo de Deus e dos ídolos?' Vós sois o templo de Deus vivo, como diz o Senhor: 'Habitarei em meio deles, entre eles andarei, serei seu Deus e eles constituirão meu povo'. Haverá ação mais atroz do que a de manchar e desonrar o templo do Altíssimo?

(Excertos da obra 'Maravilhas da Graça Divina' de Mathias Scheeben)

PALAVRAS DE SALVAÇÃO


Como São Gregório Nazianzeno nos ensina a combater os ataques do demônio:

Se o demônio te tentar pelo orgulho, se ele te mostrar, em um instante, todos os reinos do mundo, como se lhe pertencessem e vos oferecesse com a condição de o adorares, despreza a este miserável, confia no selo que levas impresso em tua alma e diz-lhe: 'Eu sou a imagem de Deus; não como tu, um decaído pelo orgulho da glória celeste; eu estou revestido de Cristo, então és tu quem deves me adorar!' Vencido com estas palavras, o demônio, cheio de confusão, voltará às trevas.

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

OS 4 FINS DO SANTO SACRIFÍCIO DA MISSA

COROA DO ADVENTO


É uma coroa de ramos verdes e flores, normalmente montada sobre um suporte arredondado, em aro de arames ou madeira, sobre a qual são inseridas quatro velas (uma tradição nomeia estas quatro velas como vela da Profecia, vela de Belém, vela dos Pastores e vela dos Anjos), que significam as quatro semanas de preparação para o Natal, ou seja, o Advento.  As velas são acesas à medida que avançam os quatro domingos de Advento. Assim, no início da primeira semana de Advento, acende-se a primeira vela. No segundo Domingo, duas e assim sucessivamente até que, nas vésperas do Natal e no quarto domingo, todas as velas estão acesas  [pode-se colocar uma quinta vela, branca e montada no centro do arranjo, na Noite de Natal: para expressar que a chegada do Natal é ainda mais importante que o próprio Advento; outra alternativa é depositar uma imagem do Menino Jesus dentro da própria coroa de Advento].

É o símbolo cristão por excelência que nos lembra, em meio a tantas manifestações fantasiosas e comerciais, que o Natal  é Luz - a Luz do Cristo que Vem para tornar novas todas as coisas e dissipar as trevas de um mundo de pecado. A coroa simboliza a  dignidade e  a realeza que Cristo, a salvação da humanidade e a plenitude dos tempos. A sua forma circular indica a perfeição, plenitude a que devemos aspirar em nossas vidas de cristãos. O círculo não tem princípio, nem fim, sendo sinal do amor de Deus que é eterno, sem princípio e nem fim e também símbolo da aliança do nosso amor a Deus e ao nosso próximo que também não pode ter fim. Os ramos verdes significam o poder de Cristo sobre a vida e a natureza, dons de Deus. Deus nos oferece a sua graça, o seu perdão misericordioso e a glória da vida eterna no final de nossa vida. Verde é a cor da vida e da esperança, simbolismo da aproximação gradual que o Advento nos convida à preparação da vinda de Cristo Jesus, Luz e Vida para todos. 

A coroa de Advento pode ser acesa durante as celebrações litúrgicas, durante o canto de entrada, logo no início da celebração após breve introdução, antes do ato penitencial, antes das leituras ou mesmo após a homilia. Em família ou num grupo de catequese, a prática da Coroa do Advento deve ser acompanhada por um simples e piedoso momento de oração. Pode começar por uma estrofe de um canto de Advento, seguida de uma leitura de uma passagem bíblica própria do tempo do Advento, antes ou mesmo depois de se acender a vela. A oração pode ser concluída por alguma meditação complementar, pela reza de um Pai Nosso, Ave-Maria e Glória ou por uma outra estrofe do canto de Advento.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

10 COISAS QUE VOCÊ DEVE SABER SOBRE O ADVENTO

1. A palavra Advento significa vinda ou chegada (do latim 'ad-venio' - 'chegar') e constitui um tempo litúrgico que só existe nas Igrejas do Ocidente, desde o século VI, quando era celebrado como um tempo de seis semanas, que foram então reduzidas para quatro semanas por São Gregório Magno (590-604).

2. O Advento é um tempo de celebração de dois adventos do Senhor: tempo de esperança, conversão, penitência e júbilo pela celebração do aniversário da primeira vinda de Jesus Cristo ao mundo como a encarnação de Deus e de preparação e feliz expectativa pela sua vinda final como juiz, na nossa morte e no fim do mundo.

3. O Advento é o tempo litúrgico que começa no domingo mais próximo à festa de Santo André Apóstolo (30 de novembro) e compreende, portanto, quatro domingos.

4. O primeiro domingo do Advento pode ser adiantado até 27 de novembro (período máximo do Advento com vinte e oito dias) ou ser atrasado até o dia 3 de dezembro (período mínimo do Advento com vinte e dois dias).

5. O tempo do Advento pode ser subdividido em três períodos distintos por ordem de relevância: (i) os quatro domingos do Advento (domingos tão especiais que nenhuma solenidade tem precedência sobre eles; assim, por exemplo, se o dia 08 de dezembro for um domingo, a solenidade da Imaculada Conceição é automaticamente transferida para o dia seguinte); (ii) a semana entre 17 a 24 de dezembro, por corresponder ao período mais imediato de preparação do Natal; (iii) os demais dias do tempo do Advento.

6. O primeiro domingo do Advento nos exorta a praticar a vigilância; o segundo, a conversão; no terceiro celebramos a alegria da vinda do Senhor (o chamado 'Domingo Gaudete') e no quarto domingo, a Anunciação e o Fiat de Nossa Senhora.

7. Com o Advento, tem início um novo Ano Litúrgico nas Igrejas do Ocidente, que são divididos em Anos A, B e C, sendo narrados nestes anos os Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, respectivamente (2017-2018 é o Ano B, com os Evangelhos de São Marcos).

8. Nas missas do Advento, omite-se o 'Glória', cântico associado diretamente ao nascimento de Jesus e que somente volta a ser entoado na Noite de Natal; canta-se, porém, o 'Aleluia', como referência a um tempo que é também de piedosa e alegre expectativa e não exatamente de penitência quaresmal. 

9. No tempo do Advento, os paramentos são roxos para assinalarem o caráter penitencial deste período, com uma breve mudança no terceiro domingo, no qual é utilizada a cor rosa, símbolo da nossa expectativa alegre e confiante como pausa nos tempos penitenciais do Advento. 

10. Por ser um tempo de penitência e conversão, a confissão é altamente recomendável neste período e as palavras de ordem são sobriedade e moderação. Não são propícios luzes coloridas, enfeites natalinos ou decoração festiva; não são estes os verdadeiros símbolos do Advento cristão.

A LINHAGEM REAL DE JESUS CRISTO

(publicado originalmente no Grupo Estudos Católicos Monárquicos) 

domingo, 17 de dezembro de 2017

TESTEMUNHA DA LUZ

Páginas do Evangelho - Terceiro Domingo do Advento


Neste domingo, Terceiro Domingo do Advento, mais uma vez, a mensagem profética que ressoa pelos tempos vem da boca de João Batista. Em Betânia, além do Jordão, diante da expectativa da chegada do Messias e da interrogação dos sacerdotes e dos levitas sobre a sua identidade, João Batista foi sucinto e categórico em suas respostas: 'Eu não sou o Cristo'. 'Eu não sou Elias'. 'Eu não sou o Profeta' (Jo 1, 20 - 21). E sintetiza tudo: 'Eu batizo com água; mas no meio de vós está aquele que vós não conheceis, e que vem depois de mim. Eu não mereço desamarrar a correia de suas sandálias' (Jo 1, 26 - 27). Eis o primado de João: Jesus vem, a sua Vinda é iminente: alegrai-vos todos porque o céu vai tocar a terra e fazer novas todas as coisas.

Eis o Advento do Senhor: depois da vigilância e da conversão, vivenciados nos domingos anteriores, segue agora o ressoar das trombetas da legítima alegria cristã neste terceiro domingo. Sim, alegria cristã, alegria plena do amor de Cristo, proclamada nas palavras do Profeta Isaías: 'Exulto de alegria no Senhor e minh’alma regozija-se em meu Deus; ele me vestiu com as vestes da salvação, envolveu-me com o manto da justiça e adornou-me como um noivo com sua coroa ou uma noiva com suas joias' (Is 61, 10) e também na Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses: 'Estai sempre alegres! Rezai sem cessar. Dai graças em todas as circunstâncias, porque essa é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus Cristo'' (1 Ts 5, 16 - 18).

João Batista 'não era a luz, mas veio dar testemunho da luz' (Jo 1, 8). Ele é a voz passageira que anuncia a Palavra Eterna, como nos ensina Santo Agostinho: 'O som da voz te faz entender a palavra; e, quanto te fez entendê-la, o som desaparece, mas a palavra que foi transmitida permanece em teu coração' (Sermão 293, 3). Neste deleite da graça, esparge-se a luz do entendimento da fé e amolda-se suavemente a paz divina ao coração humano que palpita inquieto enquanto não repousar definitivamente em Deus.

O testemunho de João Batista é a nossa herança de fé, na alegria daqueles que acolhem o Messias, a Luz do mundo. Eis aí o verdadeiro caminho da felicidade, trilhado apenas por aqueles que vivem a alegria da espera do Senhor Que Vem, perseverantes na oração e na fé que move montanhas e que inquieta o coração humano até o encontro definitivo com Deus. Benditos sejam os homens e mulheres que se consumem de alegria nesta via de santidade, porque possuirão para sempre as moradas na Casa do Pai. Nascidos para a eternidade, e herdeiros da Visão Beatífica, no Céu todos se tornarão testemunhas da Luz ainda maiores que o João Batista deste mundo.