segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

ORAÇÃO: CONFITEOR

Oração penitencial de súplica dirigida ao perdão e à misericórdia de Deus, recitada desde os princípios do Cristianismo como sinal de humildade e contrição. A forma tradicional da oração, somente concluída provavelmente no século VIII, é apresentada abaixo em latim, com a sua correspondente versão para o português. Sua inclusão como Ato Penitencial na Santa Missa data do século XI.


Confiteor Deo omnipotenti, beatae Mariae semper Virgini, beato Michaeli Archangelo, beato Ioanni Baptistae, sanctis Apostolis Petro et Paulo, et omnibus Sanctis, quia peccavi nimis cogitatione, verbo et opere: mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa. Ideo precor beatam Mariam semper Virginem, beatum Michaelem Archangelum, beatum Ioannem Baptistam, sanctos Apostolos Petrum et Paulum, et omnes Sanctos, orare pro me ad Dominum Deum nostrum. Amen.

Confesso a Deus Todo-poderoso, à bem-aventurada sempre Virgem Maria, ao bem-aventurado Miguel Arcanjo, ao bem-aventurado João Batista, aos santos Apóstolos Pedro e Paulo, e a todos os santos, que pequei muitas vezes por pensamentos, palavras e ações, por minha culpa, minha culpa, minha máxima culpa. Por isso, peço à bem-aventurada sempre Virgem Maria, ao bem-aventurado Miguel Arcanjo, ao bem-aventurado João Batista, aos santos Apóstolos Pedro e Paulo, e a todos os santos, que oreis por mim a Deus, Nosso Senhor. Amém.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

O JUGO DAS TENTAÇÕES

Páginas do Evangelho - Primeiro Domingo da Quaresma


Se há algo que liga de forma admirável todo o universo da criação é o zelo imposto à fidelidade e à obediência aos desígnios de Deus. O que significa dizer que criatura alguma não perpassou por tais provas de fidelidade sem o jugo das tentações. A primeira prova foi imposta aos anjos e uma miríade deles se condenou. Depois, Adão e Eva sucumbiram à tentação e o pecado deles marcou indelevelmente a história humana. Sob o jugo cotidiano de tentações diversas, todos nós percorremos nosso vale de lágrimas.

Mas Jesus, embora não possuindo a mais remota imperfeição, também foi tentado. E não, uma, duas ou três vezes como nos revelam as Sagradas Escrituras, mas muitas outras vezes naqueles 'quarenta dias no deserto' (Lc 4, 2). Aquele que disse de si 'Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida' (Jo 14,6) foi sempre exemplo. Sabendo de nossas imperfeições e da ação diabólica sobre a natureza humana, Jesus quis mostrar as provas e os riscos de nossa caminhada terrena: seremos tentados, mas temos todos os meios disponíveis para superar a malícia do tentador. Assim, Jesus submeteu-se às tentações do demônio no deserto para 'compadecer-Se de nossas fraquezas' e, em tudo, menos no pecado, assumir incondicionalmente a dimensão do homem.

E este Primeiro Domingo da Quaresma nos lembra as três tentações sofridas por Jesus e descritas nos Evangelhos. Depois de quarenta dias, em jejum e oração, Jesus teve fome. Jesus teve fome, como qualquer ser humano privado de alimento por longo tempo. A manifestação maligna ousou, então, tentar Jesus: diante a suspeição de ser Jesus o Filho de Deus pairava a incontestável condição humana de um homem debilitado pela fome. E, por isso, a primeira tentação tem essa via, em que o vômito maligno titubeia por ânsias de dubiedade: 'Se és Filho de Deus, diz a esta pedra que se converta em pão' (Lc 4,3). Ao que Jesus, citando as Escrituras, responde: 'Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra de Deus' (Lc 4,4), porque Jesus poderia alcançar o seu sustento por vias naturais mas, principalmente, para mostrar a ascensão da vida espiritual sobre a dimensão puramente física. 

A segunda tentação foi a tentativa de idolatria, diante da soberba do poder diabólico, exposta pelo brilho feérico e a falsa concessão de 'todos os reinos do mundo'. Quantos homens não se perdem nessa vereda diante de migalhas de luxo e esplendor mesquinhos? Jesus vai responder ao espírito maligno: 'Adorarás o Senhor teu Deus, e só a Ele servirás' (Lc 4,8). Satanás sentiria reverberar em seus ouvidos a sentença de Miguel: 'Quem, como Deus?'. E chegaria a ousadia satânica a uma terceira tentação, misto de vanglória e desmedido orgulho, ainda mais abominável porque supostamente amparada nos próprios textos das Escrituras: 'Se és Filho de Deus, atira-te daqui abaixo! Porque a Escritura diz... Eles te levarão nas mãos para que não tropeces em alguma pedra' (Lc 4, 9.11). Jesus, uma vez mais, se submete ao desvario diabólico, para desmascarar suas ciladas e malícias e reduzi-lo como macaqueador de Deus: 'Não tentarás o senhor teu Deus' (Lc 4,12). A lição do Mestre sobre os benefícios das tentações e das provas humanas torna-se cristalina: não devemos temer o demônio, mas sim, o pecado, pois é o pecado que nos deixa à mercê da ação maligna de todos os demônios.

sábado, 13 de fevereiro de 2016

ORAÇÕES DE SANTO EFRÉM, O SÍRIO


ORAÇÃO PARA A QUARESMA

Senhor e Mestre da minha vida, 
afasta de mim o espírito da preguiça, 
o espírito da dissipação, do domínio e da vã loquacidade.

(Prostração)

Concede a teu servo o espírito da temperança, 
da humildade, da paciência e da caridade.

(Prostração)

Sim, Senhor e Rei, 
concede-me que eu veja as minhas faltas 
e que não julgue o meu irmão, 
pois Tu és bendito pelos séculos dos séculos. Amém.

(Prostração)


ORAÇÃO A NOSSA SENHORA

Ó pura e imaculada Virgem Maria, Mãe de Deus, vós que sois nossa imaculada e santíssima Mãe, a esperança dos desesperados e dos pecadores, nós vos louvamos e suplicamos vosso auxílio. Guardai-nos, ó santa e imaculada Virgem Maria, de todo mal que nos cerca e de todas as tentações do demônio.

Sede nossa intercessora e advogada na hora da morte e do julgamento final; protegei-nos do fogo que não se apaga e das trevas exteriores e nos tornai dignos da glória do vosso Filho. Ó doce e clementíssima Virgem Maria, sois o nosso porto seguro e nosso refúgio sagrado no coração de Deus, ao qual seja dada a honra, a glória e o louvor pelos séculos dos séculos. Amém.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

GLÓRIAS DE MARIA - NOSSA SENHORA DE LOURDES

Em Lourdes, Nossa Senhora apareceu à Bernadette Soubirous, para confirmar o dogma de sua imaculada conceição e para ratificar os valores incomensuráveis da oração, da penitência e da verdadeira vida de devoção a Deus. Nas palavras da própria vidente, eis o relato da primeira de um total de 18 aparições:

'A primeira vez que fui à gruta, era quinta-feira, 11 de fevereiro [quinta-feira anterior à quarta-feira de cinzas]. Após o jantar, saí para recolher galhos secos [a lenha para aquecer a casa simples de sua família havia acabado, durante um período de tempo particularmente frio] com a minha irmã Toinette e uma vizinha chamada Jeanne Abadie. Após procurarmos lenha em outros lugares sem sucesso, nos deparamos com o canal do moinho. Perguntei, então a elas se queriam ver onde a água do canal se encontrava com o Gave [rio Gave]. Elas me responderam que sim. Seguimos o canal do moinho até que nos encontramos diante de uma gruta [gruta de Massabielle], não podendo mais prosseguir.

Jeanne e minha irmã tiraram rapidamente os seus tamancos e atravessaram o fluxo que não era intenso. Após atravessarem o canal, começaram a esfregar os pés, dizendo que a água estava gelada. Isso aumentou a minha preocupação [Bernadette sofria de asma e não podia se expor à friagem]. Chegou a pedir a Jeanne [maior e mais forte que ela] para levá-la nos ombros, no que não foi atendida: 'Se você não consegue vir, fique aí então!' Apanhando galhos secos ali perto, as duas se afastaram e eu as perdi de vista. Tentei ainda buscar uma passagem mais embaixo sem ter que tirar os sapatos, colocar pedras no canal, mas não consegui passar. 

(gruta à época das aparições; em primeiro plano, o canal que Bernadette não conseguiu atravessar)

Então, regressei diante da gruta e comecei a tirar os sapatos, para fazer a travessia como elas fizeram. Tinha acabado de tirar a primeira meia, quando ouvi um barulho como de uma ventania. Então girei a cabeça para um lado e para o outro e não vi nada, nem nenhum movimento das folhas das árvores. Continuei a tirar os sapatos e nisso ouvi, mais uma vez, o mesmo barulho. Olhando em direção à gruta, vi um arbusto - um único arbusto encravado nas aberturas da rocha - balançando fortemente. Quase no mesmo tempo, saiu do interior da gruta uma nuvem de cor dourada e, logo depois, uma senhora, jovem e muito bonita, como eu nunca tinha visto antes, veio e se colocou na entrada da abertura, suspensa sobre uma roseira [mais tarde, instada a descrever a aparição, Bernadette a descreveu assim: 'Ela tinha a aparência de uma jovem de dezesseis ou dezessete anos e estava vestida com uma túnica branca, um véu também branco, uma cinta azul e os pés desnudos e ornados com uma rosa dourada em cada pé, ambos encobertos pelas últimas dobras do seu manto. Ela segurava na mão direita  um rosário de contas brancas com uma corrente de ouro brilhando como as duas rosas em seus pés]. 


Sorrindo para mim, fez um sinal para que eu me aproximasse. Eu pensei estar sendo vítima de uma ilusão. Esfreguei os olhos; porém, ao olhar outra vez, ela continuava ali e, sorrindo, me deu a entender que eu não estava enganada. Tirei o meu terço do bolso e, caindo de joelhos, tentei rezá-lo. Queria fazer o sinal da cruz, mas não conseguia sequer levar a mão à testa. A senhora fez com a cabeça um sinal de aprovação e, tomando o seu próprio terço, começou a oração e, somente então, pude fazer o mesmo. Assim que fiz o sinal da cruz, desapareceu o grande medo que sentia e fiquei tranquila. Deixou-me rezar o terço sozinha, somente acompanhando as contas com os dedos, em silêncio; somente rezando oralmente o Gloria  comigo, ao final de cada dezena. Ao final da recitação do terço, a senhora voltou ao interior da gruta e a nuvem dourada desapareceu com ela.

Assim que a senhora desapareceu, Jeanne e a minha irmã regressaram, encontrando-me de joelhos no mesmo lugar onde tinham me deixado, fazendo troça da minha covardia. Mergulhei os pés no canal e a água estava bem aquecida e elas aparentemente não se importaram com isso. Perguntei às duas se não haviam visto algo na gruta: 'Não'. Me disseram, então: 'Por que nos pergunta isso?' 'Ó, por nada, por nada', respondi tentando mostrar indiferença. Pensava sem parar em tudo o que tinha acabado de ver. No retorno à casa, diante da grande insistência delas, contei-lhes tudo o que acontecera, pedindo que não dissessem nada a ninguém.


À noite, em casa, durante a oração familiar, fiquei tão perturbada que comecei a chorar. Minha mãe me perguntou qual era o problema. Minha irmã começou a responder por mim e eu fui obrigada a contar os acontecimentos daquele dia. 'São ilusões' - respondeu minha mãe - 'tire essas coisas da cabeça e não volte mais à Massabielle'. Fui dormir, mas eu não conseguia tirar da memória o rosto e o sorriso doce da senhora. Era impossível acreditar que eu podia estar enganada'.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

QUARTA DE CINZAS


Memento, homo, quia pulvis es, et in pulverem reverteris

'Lembra-te, homem, que és pó e ao pó retornarás!' (Gn 3,19). A Quarta-Feira de Cinzas é o primeiro dia do tempo da Quaresma, quarenta dias antes da Páscoa. Neste dia por excelência refletimos sobre a nossa condição mortal nesta vida e a eternidade de nossas almas na vida futura. Num tempo em que se valoriza tanto a dimensão física, a beleza do corpo, a imposição das cinzas nos desvela a dura realidade do nosso corpo mortal: apenas pó que há de se consumir em cinzas.

Esse dia dá início, portanto,  a um tempo de profunda meditação sobre a nossa condição humana diante da grandeza e misericórdia de Deus. Tempo para fazer da nossa absurda fragilidade, sustentáculos da verdade e da fé; tempo para fazer de nossa pequenez e miséria, um templo de oração e um arcabouço de graças; tempo para transformar a argila pálida de nossos feitos e conquistas, em patamares seguros para a glória de Deus. Um tempo de oração, jejum e caridade. Um tempo de oração, desagravo, conversão, reparação. E um tempo de penitência, penitência, penitência...

A penitência é traduzida por atos de mortificação, seja na caridade silenciosa de um pequeno gesto, seja na determinação silenciosa de um pequeno 'não!' Pequenos gestos: uma visita a um amigo doente, uma palavra de conforto a quem padece ausências, um bom dia ainda nunca ofertado; ou um pequeno 'não': à abstinência de carne ou refrigerante ou ao fumo; abrir mão de ter sempre a última resposta ou para aquela hora a mais de sono; simplesmente dizer não a um livro, a uma música, a uma revista, a um programa de televisão. 

Propague o silêncio, sirva-se da modéstia; invista no anonimato, não se ensoberbeça, pratique a tolerância, estanque a frivolidade, consuma-se na obediência. Lembra-te que és pó e todas as tuas ações, aspirações e pensamentos vão reverberar em ti as glórias de Deus.

Abre-se hoje o Tempo da Quaresma: 'convertei-vos e crede no Evangelho'. Pois é no Evangelho (Mt 6, 1-6.16-18) que Jesus nos dá os instrumentos para a realização de uma autêntica renovação interior: oração, jejum e caridade. Com estas três práticas fundamentais, o tempo de penitência da quaresma é convertido em caminho de santificação ao encontro de Jesus Ressuscitado que vem, na Festa da Páscoa.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

O PECADO DO ESCÂNDALO

Umas das coisas que mais afligiram o Coração de Jesus, durante a sua vida terrestre, e que haviam de afligi-lo ainda no céu, se ali houvesse tristeza, é o pecado de escândalo. Para compreender isso, devemos considerar quão cara é a Deus cada alma de nossos próximos. Criou-as ele à sua imagem e semelhança (Gn 1, 26), e amando-as desde a eternidade, criou-as para que fossem rainhas no paraíso, onde há de torná-las participantes de sua própria felicidade e dar-se-lhes a si mesmo em galardão: Ego ero merces tua magna nimis (Gn 15, 1) ― 'Eu serei o teu galardão infinitamente grande'.

Depois, o que não tem feito, o que não tem padecido o Verbo encarnado por amor dessas almas, para remi-las da escravidão do demônio, na qual caíram pelo pecado? Chegou a nada menos do que a dar por elas o seu sangue e a sua vida. se, em vez de uma só morte, seu Pai lhe tivera exigido mil; se, em vez de ficar três horas na cruz, tivera de ficar nela até o dia do juízo; se afinal tivera de sofrer para salvação de cada um, o que padeceu para salvação de todos os homens juntos, Jesus Cristo não teria hesitado em fazer tanto. Tão grande é o amor que ele tem às almas. ― Julgai por aí, quão amargo desgosto causam ao Coração de Jesus os escandalosos, que lhe fazem perder tantas almas, roubam-lhe e assassinam tantas filhas tão diletas. Diz São Bernardo, que a perseguição que o Senhor sofre da parte daqueles pérfidos algozes, é mais cruel do que a que sofreu da parte dos que o crucificaram.

Tendo os filhos de Jacó vendido a José, apresentaram ao pai a túnica deste tingida no sangue de um cabrito, dizendo-lhe: Vide utrum tunica filii tui sit (Gn 37, 32) ― 'Vê se é ou não a túnica do teu filho'. Do mesmo modo nos podemos figurar que, quando uma pessoa peca, induzida ao pecado por um escandaloso, os demônios apresentam a Deus o vestido daquela pessoa, tingida do sangue de Jesus Cristo, isto é, a graça perdida por aquela alma escandalizada. Se Deus pudesse chorar, choraria então mais amargamente do que Jacó, dizendo: Fera pessima devoravit eum (Gn 37, 33) ― 'Uma fera péssima a devorou'.

Afim de não afligirmos mais o Coração de Jesus, guardemo-nos, especialmente nestes dias, de darmos ao próximo qualquer escândalo ou mau exemplo, não somente em coisas graves, senão também nas leves. Abstenhamo-nos sobretudo e sempre de toda palavra que possa ofender a bela virtude, lembrando-nos que uma palavra indecente, muito embora dita de gracejo, pode ser causa de mil pecados. ― Se no passado tivemos a desgraça de dar, de qualquer modo, ao próximo ocasião de pecado, saibamos que o Coração aflito de Jesus exige de nós uma rigorosa satisfação, reparando ao menos pelo bom exemplo o mal que fizemos.

Meu amabilíssimo Jesus, eu também sou um daqueles desgraçados cujo mau exemplo encheu de amargura o vosso divino Coração. Ah Senhor! como pudestes sofrer tanto por mim, prevendo as injúrias que Vos havia de fazer? Mas já que me suportastes até este momento, e quereis a minha salvação, dai-me uma grande dor de meus pecados, uma dor que iguale à minha ingratidão.

Senhor, odeio e detesto sumamente os desgostos que Vos causei. Se no passado desprezei a vossa graça, agora estimo-a mais do que todos os reinos da terra. Amo-Vos, Jesus, meu Deus, amo-Vos sobre todas as coisas, e de todo o meu coração. Não quero mais viver senão para Vos amar e fazer que os outros também Vos amem. Vós mesmo abrasai-me cada vez mais em vosso amor, lembrando-me sempre, quanto fizestes e padecestes por mim. ― A mesma graça, peço a vós, ó Maria! Suplico-vos que a alcanceis por mim, pela dor que o vosso divino Filho sentiu e que vós mesma sentistes pela previsão dos escândalos do mundo. 

Excertos da obra 'Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo Primeiro: Desde o primeiro Domingo do Advento até Semana Santa' de Santo Afonso Maria de Ligório.