quinta-feira, 12 de março de 2015

NOSSA SENHORA DE TODOS OS NOMES (3)

3. NOSSA SENHORA DO Ó

Este estranho título dado a Nossa Senhora tem origem na instituição da chamada 'festa da expectação do parto da Santíssima Virgem' por Santo Ildefonso, então bispo da cidade de Toledo na Espanha, que tinha como objetivo celebrar as santas alegrias de Maria diante de suas expectativas crescentes ao nascimento de Jesus. A data da festa - 18 de dezembro - está inserida na semana que antecede o Natal, período no qual são cantadas as chamadas 'Antífonas do Ó', sete pequenas orações dirigidas a Nosso Senhor  Jesus Cristo, na expectativa do nascimento do Menino - Deus entre os homens.

Neste mesmo contexto, a referência dada às antífonas foi também associada ao nome de Nossa Senhora. Ó é uma interjeição que expressa uma invocação ou chamamento, num contexto geral, mas que é empregada também - e esse é o sentido implícito neste título de Nossa Senhora - para exprimir os anelos da alma da Mãe de Deus na expectativa e ansiedade da espera pelo nascimento do Salvador. Da Espanha, a devoção passou a Portugal e daí ao Brasil, provavelmente ao final do século XVII em Olinda /PE, e depois para São Paulo e Minas Gerais.

Na iconografia dessa devoção, também referida como Nossa Senhora da Esperança, Nossa Senhora é representada no final da gravidez, com o ventre avolumado, em contemplação. Variantes das imagens incluem também a Virgem com a mão espalmada sobre o ventre ou segurando um livro aberto em um das mãos.   




(Capela de Nossa Senhora do Ó, em Sabará/MG)

quarta-feira, 11 de março de 2015

DOR E AMOR DE PERFEIÇÃO

É fácil santificar as provações quando compreendemos o papel da dor no plano divino. 'Quem fará com que minha oração seja ouvida', dizia Jó, 'e que Deus me conceda aquilo que espero, isto é, que Ele se digne esmagar-me, pondo fim aos meus dias à mercê de Sua vontade e me reste ainda este consolo, e que exulte sob os golpes de uma dor implacável, por não haver contestado os decretos do Santo dos Santos?' (Jó 6, 8-10). Que Deus satisfaça, portanto, a sua justiça, contente a sua santidade, exerça o seu poder, e que sua própria bondade proceda livremente, mergulhando-me na dor e retirando dessa mesma dor todos os benefícios que encerra.

São os atributos de Deus que exigem o sofrimento da criatura humana e o fazem servir aos desígnios da sabedoria eterna. Diante da desordem terrível que é o pecado, a justiça incorruptível reclama uma expiação; não pode desistir de seus direitos; Deus deixaria de ser Deus se não castigasse o pecado. Jó, como todos aqueles a quem a santidade da vida valeu grandes esclarecimentos, compreendia a equidade da sentença divina, que condena o homem pecador ao sofrimento. Como todas as almas perfeitas, sentia em si um vivo desejo de pagar suas dívidas à justiça divina. 

As mesmas luzes da graça revelavam-lhe ainda a pureza que o Deus infinitamente santo reclama de Seus amigos e desejava ser purificado pelo sofrimento. Sabia também que a Sabedoria incriada atinge seus fins por vias inteiramente opostas às dos homens e conduz à felicidade pelo sofrimento. Sabia que o Deus infinitamente poderoso e infinitamente bom podia procurar-lhe, por este meio, os mais preciosos bens. Como não pedir então ao Senhor que fosse até ao fim, e completasse nele sua obra, amarga, sem dúvida, porém benfazeja. Esse homem justo não deseja contradizer os decretos do Deus santo, pois se os planos divinos são sabedoria e bondade, pode o homem, infelizmente, fazê-los fracassar, ou, ao menos, impedir-lhe a plena realização. Jó deseja, portanto, e pede que não seja obstáculo aos desígnios de seu Deus.

Deus ficará satisfeito e nisto encontrará a sua glória. Que importa, pois, que eu gema; que importa que uma mísera criatura sofra, se Deus for glorificado, que importa que um ser, um nada, seja esmagado, se Deus ficar contente! Haveria quem protestasse se, para agrado do rei, fosse esmagado um pobre vermezinho, de cujo corpo moído exalasse suave perfume? Ou quem criticasse o consumo de grãos de incenso, queimados para aromatizar uma igreja, deleitar os fieis e honrar a Deus? Pois bem, somos nós esses vermezinhos, esses pobres grãos de incenso; devemos considerar-nos felizes se, por meio de sofrimentos santamente suportados, fizéramos subir até ao trono de nosso Deus um delicioso perfume.

Tais são os pensamentos a que devemos recorrer quando a dor nos oprime, em vez de recordar os fatos que nos entristecem, ou reanimar inutilmente uma ferida que o tempo cicatrizará. Quem maltratasse por prazer uma ferida sua e lhe rasgasse continuamente os tecidos que se refazem, procederia como um louco. Não é menos insensato quem repassa constantemente na memória, as causas de seus sofrimentos, as faltas de seus irmãos para com ele, as injustiças de que se julga vítima, ou os golpes da Providência que o fere. 

Ao contrário, devemos humilhar-nos e reconhecer que tais sofrimentos estão muito aquém do que merecemos, pois, se viéssemos a morrer, passaríamos por um rigoroso purgatório para expiar nossos pecados. Merecemos ser lançados ao fogo; como então podemos nos queixar? Nossas pobres almas, tão manchadas pelo pecado, pelo apego a nós mesmos e a toda espécie de imperfeições, precisam ser purificadas pelo sofrimento para se tornarem agradáveis aos olhos do Deus infinitamente santo. Há em nós como que uma marca que nos desfigura e não pode ser arrancada sem uma acerba dor. E é este o pensamento que torna as almas humildes cada vez mais pacientes, enquanto que a falta de resignação indica um orgulho recôndito.

Deus é justo quando nos experimenta; sua bondade, porém, brilha ainda mais que a sua justiça. Com efeito, Ele quer que essa dor, ao lavar e purificar as almas, lhes dilate, ao mesmo tempo, a beleza e os méritos. A dor passa, o mérito perdura; tantas outras penas já passaram de que nem sequer nos lembramos. Deus, porém, conservou-lhes a lembrança, a fim de recompensar. Momentaneum et leve tribulationis nostrae aeternum gloriae pondus operatur in nobis. Nossas penas são passageiras e leves mas, no grande dia em que se fixar a nossa sorte, cada qual produzirá, e para sempre, novo esplendor de glória.

Deus é justo e santo, Deus é bom quando nos experimenta. Se, na dor, elevarmos para Ele o olhar, de nosso coração partirá um fiat generoso, que será um ato de amor perfeito. Talvez o esforço passageiro dispendido será de efeito transitório e a lembrança do sofrimento nos perseguirá, mau grado nosso. A dor, afastada um momento pela resignação, voltaria ao coração; um novo esforço, porém, produzirá novo ato de submissão. Se fitarmos outra vez os olhos nas grandezas e perfeições de Deus, na sua bondade e santidade infinitas, faremos então outro ato de amor. Tantas vitórias alcançadas sobre a natureza, cem por dia talvez, tantos passos dados no caminho do amor e da perfeição.

(Excertos da obra 'O Caminho que leva a Deus' do Con. Augusto Saudreau)

terça-feira, 10 de março de 2015

ORAÇÃO A JESUS

Querido Jesus: 
Ajudai-me a espalhar a Vossa fragrância onde quer que eu vá. Inundai a minha alma com o Vosso Espírito e com a Vossa vida.

Penetrai e possuí todo o meu ser, tão completamente que toda a minha alma seja uma irradiação de Vós.

Brilhai através do meu ser, e mostrai-Vos de tal forma em mim, que cada alma que eu encontre possa sentir a Vossa presença. Que elas ergam o olhar e não me vejam, mas apenas a Vós, Senhor.

Ficai comigo para que eu comece a brilhar como Vós e brilhe de tal forma que seja a luz dos outros. A luz, ó Senhor, virá toda de Vós, nenhuma será minha, sereis Vós a brilhar diante dos outros através de mim.

Permiti pois que Vos louve da forma que Vós mais amais, brilhando sobre aqueles que Vos rodeiam. Deixai que Vos pregue não por palavras mas pelo meu exemplo, pela força do entendimento, pela influência benéfica daquilo que faço, como prova do amor que o meu coração sente por Vós. Amém.

(Cardeal Henry Newman)

domingo, 8 de março de 2015

A EXPULSÃO DOS VENDILHÕES DO TEMPLO

Páginas do Evangelho - Terceiro Domingo da Quaresma


Neste domingo, o Evangelho nos mostra Jesus manifestando aos ímpios a ira santa de Deus. Há pouco, ocorrera o milagre das Bodas de Caná; estava próxima a Páscoa e, em perfeita conformidade à lei judaica, Jesus também viera visitar o Templo em Jerusalém. E ali, num ambiente tomado por uma completa profanação do espaço sagrado, Jesus expulsa os vendilhões do templo.

Tomado de santo furor, diante a balbúrdia e o tumulto dos homens que profanavam o santuário de Deus, Jesus faz um chicote de cordas e os expulsa com peremptória indignação: 'Tirai isto daqui! Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!' (Jo 2, 16). Aquelas mãos divinas, consumidas em tantos atos de perdão e de misericórdia, tecem agora um chicote! E, com ele em mãos, golpeia e desmantela as bancas e as mesas, espanta vendedores e cambistas, afugenta os animais em correria, esparrama objetos, moedas e víveres pelo chão, movido por uma indignação e um zelo extremos pela profanação do sagrado. O que deve ter sido este cenário!

Paralisados e tomados de pavor, aqueles homens que se atropelam para fugir diante de Jesus e da profanação revelada, ainda ousam pedir um sinal ao Senhor por tais ações. E Jesus lhes dá a resposta pela revelação do mistério da ressurreição do seu corpo, templo perfeitíssimo de Deus: 'Destruí este Templo, e em três dias o levantarei (Jo 2, 19). Jesus não falava do templo físico, mas do templo espiritual que habita em nós, e que contém em plenitude o Corpo, Sangue, Alma e Divindade do Senhor. O primeiro será destruído, porque não era santo. O segundo, por méritos e graças do Salvador, nos abriu as portas da redenção e da eternidade com Deus: 'Quando Jesus ressuscitou, os discípulos lembraram-se do que ele tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra dele' (Jo 2, 22).

O episódio da expulsão dos vendilhões do Templo deveria nos alertar duramente sobre o rigor da Justiça Divina, diante o pecado e a perda de referência ao culto do sagrado. Ai daqueles que, usurpando da graça do livre arbítrio, negam a sua realidade espiritual e convertem as suas vidas em construir templos de barro e produzir frutos sazonais, ditados apenas pelos interesses humanos. Serão réus e depositários da santa ira de Deus, porque 'se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá, pois o santuário de Deus é santo e vós sois esse santuário' (1 Cor 3, 17).

sábado, 7 de março de 2015

OS MAIS BELOS LIVROS CATÓLICOS DE TODOS OS TEMPOS (4)

7. SÃO FRANCISCO DE SALES FILOTEIA ou INTRODUÇÃO À VIDA DEVOTA

Coletânea de orientações espirituais escritas por São Francisco de Sales (1567 - 1622), dedicadas prioritariamente, como explicitado na própria introdução da obra, 'àquelas pessoas que desejam santificar-se vivendo no mundo'. Uma obra de profunda direção espiritual ditada por um santo doutor da Igreja, para levar uma alma que busca elevar-se a Deus pelos caminhos seguros da oração, da prática das virtudes, da fortaleza diante dos obstáculos e das tentações do mundo e da busca perseverante por um contínuo crescimento espiritual.

Eis a síntese de uma obra completa de direção espiritual, dirigida àquelas que são 'as almas generosas (que) vivem no mundo sem impregnar-se do seu espírito (e que) acham a doce fonte da devoção no meio das águas amargas das corrupções mundanas sem queimar as asas de santos desejos de uma vida virtuosa'. Esta alma, instrumento afeto às imperfeições e tibiezas do mundo, mas que ama profundamente a Deus e a Ele quer se unir em santidade por meio da verdadeira devoção é a quem a obra é destinada e a quem o santo chama e se dirige como Filoteia.

A obra é dividida em cinco partes, ao longo das quais se distribuem uma série de conselhos e orientações espirituais, na forma de avisos e/ou exercícios espirituais. A primeira parte contempla os 'Avisos e exercícios necessários para conduzir a alma que começa a sentir os primeiros desejos da vida devota, até possuir uma vontade resoluta e sincera de abraçá-la', incluindo ensinamentos sobre a devoção e a necessidade da devoção a Deus e proposições de uma vida devota face aos pecados e diante os novíssimos do homem.

A segunda parte contempla os 'Diversos avisos para elevar a alma a Deus por meio da oração e da recepção dos sacramentos', incluindo ensinamentos diversos sobre a preparação face às diferentes naturezas da oração e aos sacramentos da confissão e comunhão. A terceira parte contempla os 'Avisos necessários para a prática das virtudes', incluindo ensinamentos diversos sobre a prática das virtudes e a fuga dos vícios do pecado. As duas partes finais da obra incluem, respectivamente, os 'Avisos necessários contra as tentações mais comuns' e os 'Avisos e exercícios necessários para renovar e conservar a alma na devoção'.

8. SÃO PIO X  CATECISMO MAIOR

O Catecismo de São Pio X, escrito e publicado pelo papa Pio X em 1905, é uma referência na Igreja Católica como compêndio de sistematização e consistência da autêntica doutrina do Catecismo Romano, que é apresentada de forma simples, clara e consistente, na forma de perguntas e respostas, numa abordagem uniforme e sequenciada, em função dos tópicos abordados.

O catecismo é estruturado na forma de uma introdução geral e mais cinco partes, incluindo ainda uma chamada 'Lição Preliminar', que faz uma exposição abrangente da doutrina cristã e de suas partes principais. A Introdução contempla as principais orações, meditações e ritos da doutrina católica; a primeira parte faz referência aos elementos do Credo ou Símbolo dos Apóstolos; a segunda parte apresenta s preceitos doutrinários da oração; a terceira parte expõe os mandamentos da Lei de Deus e da Igreja, a quarta parte refere-se aos sacramentos e a quinta e última parte cuida dos complementos da autêntica doutrina cristã, como aqueles relativos às virtudes, às obras de misericórdia e aos novíssimos do homem.

É importante ressaltar a existência de um catecismo mais atualizado da Igreja, o chamado Catecismo da Igreja Católica, que complementa, mas não substitui o Catecismo de Pio X, de forma a torná-lo superado. Entre as grandes virtudes e relevâncias do Catecismo Maior, estão a natureza e a grande concisão dos conceitos abordados (os elementos doutrinários são apresentados de forma bastante simples, sem grandes discussões teológicas ou formais); o sistema direto de perguntas e respostas, que favorece o rápido entendimento das questões e dos possíveis desdobramentos dos preceitos apresentados inicialmente e a lógica e consistência das proposições, fundamentadas na mais autêntica tradição da Igreja e formuladas sem ambiguidades, rodeios ou variantes de outras possíveis interpretações genéricas.

PRIMEIRO SÁBADO DE MARÇO


Mensagem de Nossa Senhora à Irmã Lúcia, vidente de Fátima: 
                                                                                                                           (Pontevedra / Espanha)

‘Olha, Minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todo o momento Me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que a todos aqueles que durante cinco meses seguidos, no primeiro sábado, se confessarem*, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes à hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação.’
* Com base em aparições posteriores, esclareceu-se que a confissão poderia não se realizar no sábado propriamente dito, mas antes, desde que feita com a intenção explícita (interiormente) de se fazê-la para fins de reparação às blasfêmias cometidas contra o Imaculado Coração de Maria no primeiro sábado seguinte.

sexta-feira, 6 de março de 2015

PORQUE HOJE É A PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS


A Grande Revelação do Sagrado Coração de Jesus foi feita a Santa Margarida Maria Alacoque durante a oitava da festa de Corpus Christi  de 1675...

         “Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar seu amor. Como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelas suas irreverências, sacrilégios, e pela tibieza e desprezo que têm para comigo na Eucaristia. Entretanto, o que Me é mais sensível é que há corações consagrados que agem assim. Por isto te peço que a primeira sexta-feira após a oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa particular para  honrar Meu Coração, comungando neste dia, e O reparando pelos insultos que recebeu durante o tempo em que foi exposto sobre os altares ... Prometo-te que Meu Coração se dilatará para derramar os influxos de Seu amor divino sobre aqueles que Lhe prestarem esta honra”.


... e as doze Promessas:
  1. A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de meu Sagrado Coração.
  2. Eu darei aos devotos do meu Coração todas as graças necessárias a seu estado.
  3. Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias.
  4. Eu os consolarei em todas as suas aflições.
  5. Serei seu refúgio seguro na vida, e principalmente na hora da morte.
  6. Lançarei bênçãos abundantes sobre todos os seus trabalhos e empreendimentos.
  7. Os pecadores encontrarão em meu Coração fonte inesgotável de misericórdias.
  8. As almas tíbias se tornarão fervorosas pela prática dessa devoção.
  9. As almas fervorosas subirão em pouco tempo a uma alta perfeição.
  10. Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais empedernidos.
  11. As pessoas que propagarem esta devoção terão os seus nomes inscritos para sempre no meu Coração.
  12. A todos os que comungarem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna.

    ATO DE DESAGRAVO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS 
    (rezai-o sempre, particularmente nas primeiras sextas-feiras de cada mês)

Dulcíssimo Jesus, cuja infinita caridade para com os homens é deles tão ingratamente correspondida com esquecimentos, friezas e desprezos, eis-nos aqui prostrados, diante do vosso altar, para vos desagravarmos, com especiais homenagens, da insensibilidade tão insensata e das nefandas injúrias com que é de toda parte alvejado o vosso dulcíssimo Coração.

Reconhecendo, porém, com a mais profunda dor, que também nós, mais de uma vez, cometemos as mesmas indignidades, para nós, em primeiro lugar, imploramos a vossa misericórdia, prontos a expiar não só as nossas próprias culpas, senão também as daqueles que, errando longe do caminho da salvação, ou se obstinam na sua infidelidade, não vos querendo como pastor e guia, ou, conspurcando as promessas do batismo, renegam o jugo suave da vossa santa Lei.

De todos estes tão deploráveis crimes, Senhor, queremos nós hoje desagravar-vos, mas particularmente das licenças dos costumes e imodéstias do vestido, de tantos laços de corrupção armados à inocência, da violação dos dias santificados, das execrandas blasfêmias contra vós e vossos santos, dos insultos ao vosso vigário e a todo o vosso clero, do desprezo e das horrendas e sacrílegas profanações do Sacramento do divino Amor, e enfim, dos atentados e rebeldias oficiais das nações contra os direitos e o magistério da vossa Igreja.

Oh, se pudéssemos lavar com o próprio sangue tantas iniquidades! Entretanto, para reparar a honra divina ultrajada, vos oferecemos, juntamente com os merecimentos da Virgem Mãe, de todos os santos e almas piedosas, aquela infinita satisfação que vós oferecestes ao Eterno Pai sobre a cruz, e que não cessais de renovar todos os dias sobre os nossos altares.

Ajudai-nos, Senhor, com o auxílio da vossa graça, para que possamos, como é nosso firme propósito, com a viveza da fé, com a pureza dos costumes, com a fiel observância da lei e caridade evangélicas, reparar todos os pecados cometidos por nós e por nossos próximos, impedir, por todos os meios, novas injúrias à vossa divina Majestade e atrair ao vosso serviço o maior número possível de almas.

Recebei, ó Jesus de Infinito Amor, pelas mãos de Maria Santíssima Reparadora, a espontânea homenagem deste nosso desagravo, e concedei-nos a grande graça de perseverarmos constantes até a morte no fiel cumprimento dos nossos deveres e no vosso santo serviço, para que possamos chegar todos à Pátria bem-aventurada, onde vós, com o Pai e o Espírito Santo, viveis e reinais, Deus, por todos os séculos dos séculos. Amém.