sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

20 DE FEVEREIRO - BEM AVENTURADOS JACINTA E FRANCISCO


Jacinta contava apenas sete anos e Francisco apenas nove quando tiveram, juntamente com Lúcia (à época, com 10 anos) as visões de Nossa Senhora em Fátima. Se é verdade que São Domingos Sávio morreu aos 15 anos e Santa Maria Goretti aos onze, é possível que crianças em tal tenra idade sejam capazes de viver e praticar a virtude com zelo heroico e, assim, alcançarem o cimo da santificação? A resposta é sim e este sim se aplica aos pequenos videntes de Fátima. Pois, foi exatamente com base na curtíssima vida de Jacinta e de Francisco Marto que o Papa João Paulo II revogou os decretos impeditivos de Pio XI neste sentido e declarou-os bem aventurados da Igreja em 13 de maio de 2000.

Depois da visão do inferno, Nossa Senhora pediu a ambos orações e sacrifícios pela conversão dos pecadores, e as duas crianças passaram a se esmerar para o pleno cumprimento destas práticas desde então e citam-se inúmeros exemplos de mortificação dados por eles em diversas ocasiões. Em 1918, foram vitimados pela terrível gripe pneumônica que assolou toda a Europa. Durante meses, em meio a internações e operações diversas, os dois irmãos sofreram com grande resignação. 

Em janeiro de 1919, a Santíssima Virgem apareceu-lhes para dar uma surpreendente notícia e convidar Jacinta ao holocausto completo: 'Nossa Senhora veio nos ver e disse que vem buscar o Francisco muito breve para o Céu. E a mim, perguntou-me se queria ainda converter mais pecadores. Disse-lhe que sim. Disse-me que iria para um hospital, que lá sofreria muito; que sofresse pela conversão dos pecadores, em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria e por amor de Jesus.' Francisco morreria em 04/04/1919. Jacinta, internada em um hospital de Lisboa, padeceu com serenidade os tormentos finais da sua enfermidade, até falecer em 20 de fevereiro de 1920.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

O CÉU É AQUI...


DA VIDA ESPIRITUAL (80)

Filho! Ficamos ambos impressionados com a beleza da peça e com a interpretação daquele ator. No palco da vida, muitos também assumem diferentes personagens, tornando-se exímios intérpretes de tudo o que não são e encenando papéis diversos, dependendo do cenário ou da ocasião. O Senhor da Vida, entretanto, não moldou artistas, para nos dispor como personagens de um teatro, para avaliar o nosso desempenho como atores. Ele nos fez instrumentos de sua graça para que, compartilhando entre nós as imperfeições de todos, vivêssemos na Terra como herdeiros dos céus.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

QUARTA DE CINZAS


Memento, homo, quia pulvis es, et in pulverem reverteris

'Lembra-te, homem, que és pó e ao pó retornarás!' (Gn 3,19). A Quarta-Feira de Cinzas é o primeiro dia do tempo da Quaresma, quarenta dias antes da Páscoa. Neste dia por excelência refletimos sobre a nossa condição mortal nesta vida e a eternidade de nossas almas na vida futura. Num tempo em que se valoriza tanto a dimensão física, a beleza do corpo, a imposição das cinzas nos desvela a dura realidade do nosso corpo mortal: apenas pó que há de se consumir em cinzas.

Esse dia dá início, portanto,  a um tempo de profunda meditação sobre a nossa condição humana diante da grandeza e misericórdia de Deus. Tempo para fazer da nossa absurda fragilidade, sustentáculos da verdade e da fé; tempo para fazer de nossa pequenez e miséria, um templo de oração e um arcabouço de graças; tempo para transformar a argila pálida de nossos feitos e conquistas, em patamares seguros para a glória de Deus. Um tempo de oração, jejum e caridade. Um tempo de oração, desagravo, conversão, reparação. E um tempo de penitência, penitência, penitência...

A penitência é traduzida por atos de mortificação, seja na caridade silenciosa de um pequeno gesto, seja na determinação silenciosa de um pequeno 'não!' Pequenos gestos: uma visita a um amigo doente, uma palavra de conforto a quem padece ausências, um bom dia ainda nunca ofertado; ou um pequeno 'não': à abstinência de carne ou refrigerante ou ao fumo; abrir mão de ter sempre a última resposta ou para aquela hora a mais de sono; simplesmente dizer não a um livro, a uma música, a uma revista, a um programa de televisão. 

Propague o silêncio, sirva-se da modéstia; invista no anonimato, não se ensoberbeça, pratique a tolerância, estanque a frivolidade, consuma-se na obediência. Lembra-te que és pó e todas as tuas ações, aspirações e pensamentos vão reverberar em ti as glórias de Deus.

Abre-se hoje o Tempo da Quaresma: 'convertei-vos e crede no Evangelho'. Pois é no Evangelho (Mt 6, 1-6.16-18) que Jesus nos dá os instrumentos para a realização de uma autêntica renovação interior: oração, jejum e caridade. Com estas três práticas fundamentais, o tempo de penitência da quaresma é convertido em caminho de santificação ao encontro de Jesus Ressuscitado que vem, na Festa da Páscoa.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

LADAINHA DA SANTÍSSIMA VIRGEM (II)

LITANIAE LAVRETANAE BEATAE MARIAE VIRGINIS (Parte II)

  Santa Maria, rogai por nós 

 Santa Mãe de Deus, rogai por nós


 Santa Virgem das Virgens, rogai por nós  


Mãe de Jesus Cristo, rogai por nós  

Mater Ecclesiae, ora pro nobis

Mãe da Igreja, rogai por nós 

(título introduzido recentemente nesta sequência, em substituição a 'Mãe intemerata, rogai por nós')

Mãe da Divina Graça, rogai por nós  


Mãe Puríssima, rogai por nós

 Mãe Castíssima, rogai por nós  


 Mãe Sempre Virgem, rogai por nós

 Mãe Intemerata, rogai por nós
  (título substituído por 'Mãe da Igreja, rogai por nós', em sequência diferente)

   Mãe Imaculada, rogai por nós

Mãe Digna de Amor (em lugar de 'Amável') , rogai por nós

 Mãe Admirável, rogai por nós

 Mãe do Bom Conselho, rogai por nós

 Mãe do Criador, rogai por nós

Mãe do Salvador, rogai por nós 

(Ilustrações da obra 'Litanies de la Très-Sainte Vierge', de M. L'Abbé Édouard Barthe, 1851)

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

LADAINHA DA SANTÍSSIMA VIRGEM (I)

A Ladainha da Santíssima Virgem ou Ladainha de Loreto é uma oração de devoção e homenagem a Nossa Senhora, a Mãe de Deus. A ladainha evoca o papel singular de Maria na história da salvação, como a mãe do nosso Salvador, honrando-a com vários títulos, a maioria deles originados em escritos antigos dos Padres da Igreja. Ao longo do tempo, muitos títulos e invocações à Virgem foram removidos, substituídos e inseridos à oração na forma atual (a mais recente adição - Maria, Mãe da Igreja - foi introduzida pelo Papa João Paulo II e não está presente na versão ilustrada apresentada abaixo, de 1851). A origem da ladainha remonta provavelmente o período entre 1150 e 1200, na França, tendo sido adotada oficialmente pelo Santuário de Loreto, a partir de 1558. O Papa Sisto V aprovou seu uso por toda a Igreja em 1587 e a sua recitação pública incorpora uma indulgência parcial.

LITANIAE LAVRETANAE BEATAE MARIAE VIRGINIS (Parte I)


 Senhor, tende piedade de nós 

   Cristo, tende piedade de nós 


  Senhor, tende piedade de nós 


 Jesus Cristo, ouvi-nos


  Jesus Cristo, atendei-nos

 Deus Pai do céu, tende piedade de nós

 Deus Filho Redentor do mundo, tende piedade de nós


  Deus Espírito Santo, tende piedade de nós


Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós 

(Ilustrações da obra 'Litanies de la Très-Sainte Vierge', de M. L'Abbé Édouard Barthe, 1851)

domingo, 15 de fevereiro de 2015

'EU QUERO, FICA CURADO!'

Páginas do Evangelho - Sexto Domingo do Tempo Comum


No tempo de Jesus, os leprosos eram tomados como homens ímpios e imundos; a terrível doença era a simples manifestação externa de pecados gravíssimos ocultos. A exclusão social os exilava em grupos fora das cidades; o temor e o desprezo dos homens acompanhavam as suas chagas visíveis e outras muito piores que não se revelavam fisicamente. As vestes imundas tentavam esconder a lepra do corpo, que devia ser proclamada, em altos brados, a todos os passantes: 'Impuro, impuro!' Um leproso, porém, ousou sobrepor a sua fé a todos os ditames e regulações extremas da lei vigente e vai ao encontro de Jesus e O interpela em súplica confiante: 'Se queres, tens o poder de curar-me' (Mc 1, 40).

Reconhecido de suas misérias e limitações, a fé daquele homem expressa-se em fluxos de humildade e resignação. Mas vai muito além disso; libertando-se das amarras de sua triste e perversa condição humana, manifesta publicamente a sua crença confiante na autoridade e na misericórdia de Jesus, não apenas para afastar os males, mas para fazer milagres para suprimi-los. Aquele homem crê profundamente que Jesus tem o poder divino de fazer a cura impensável e, nessa crença, modela uma das mais belas profissões de fé descritas nos Evangelhos: 'Se queres, tens o poder de curar-me' (Mc 1, 40).

Jesus, movido de compaixão, determinou prontamente: 'Eu quero: fica curado!' (Mc 1, 41). Jesus demonstra, assim, o poder extremado da graça em reação a uma oração fervorosa e confiante. Mas, a ação de Jesus vai além das primeiras aparências pois, ao tocar aquele homem, a lepra já havia desaparecido. Jesus não toca apenas um corpo livre das chagas e sequelas de uma doença repulsiva, mas a alma purificada de um homem livre da doença do pecado. As multidões que cercam Jesus buscam, em maior grau, os fatos que lhes sensibilizam os instintos. Mas a glória de Deus é manifestada ali muito além das coisas sensíveis. 

É o pecado que inocula uma lepra na alma e a priva da graça santificante, das virtudes e dos bens espirituais e, assim, a exclui, não por um tempo da sociedade dos homens, mas da herança eterna das bem aventuranças de Deus. É a cura da alma que nos deve forjar a ousadia da fé ao irmos ao encontro de Jesus pelos caminhos da vida. Que, a exemplo do leproso, a nossa fé possa superar, então, a barreira dos instintos e suplicar a Deus, mais do que tudo, a cura espiritual, para que sejamos homens limpos e santos na peregrinação dos eleitos à pátria celeste.